A Confissão Rochelle - XXVI - A unidade da Igreja

 26. A unidade da Igreja

Nós cremos, portanto, que ninguém deve se separar e se contentar consigo mesmo, mas todos juntos devem guardar e manter a unidade da Igreja, se submetendo ao ensinamento comum e ao jugo de Jesus Cristo, onde quer que seja o lugar que Deus queira estabelecer uma ordem eclesiástica verdadeira, ainda que o poder público e as leis se oponham. Nós cremos que todos aqueles que não se submetem a esta ordem, ou se separam, contrariam a ordenança de Deus.

Sl 5.8; 22.23; 42.5; Ef 4.12; Hb 2.12; At 4.17,19,20; Hb 10.25.

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Comentário: Unidade é diferente de união, diferente de ecumenismo. União e ecumenismo são resultado do esforço humano. Unanimidade pode existir até mesmo em torno duma mentira. Unidade fala de algo inerente ao ser porque para que haja unidade é preciso haver uma conformidade, uma harmonia, uma homogeneidade, uma identificação. O que estamos querendo dizer é que a Igreja não tem unidade porque os homens se esforçam para criá-la, aliás não somos chamados a criar unidade, mas a guardá-la, a preservá-la - Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” - Efésios 4.3. A Igreja de Cristo é uma e única, logo somos chamados a compreender esse fato, essa realidade e, manter essa unidade e, jamais criar divisões na Igreja. É grande pecado dividir o corpo de Cristo. A Igreja de Cristo é una, santa, católica e apostólica. Somos exortados pelas Escrituras sagradas a preservar a sua unidade. Una, significa singularidade, quer dizer que Jesus Cristo só tem uma Noiva. Todos quantos são chamados e tirados do mundo e regenerados, são parte dessa Igreja. Não há outro rebanho; ele mesmo disse que só há um rebanho e um só Pastor Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor” - João 10.16. A Igreja de Cristo tem uma catolicidade e identidade temporal, geográfica, histórica, doutrinária, litúrgica. Temporal, porque todo salvo dentre os filhos de Adão, de todos os tempos, pertencem a essa Igreja; ela inclui desde o primeiro homem que creu em Deus e no Mediador e, foi redimido, até o último eleito que será recolhido antes da volta de Cristo. Geográfica, porque só existe uma Igreja no mundo; ela está espalhada entre as nações e, contém homens de todas as tribos, povos, raças e línguas; nela estão todos os salvos de cada geração. Histórica, porque, obviamente, se ela é única deve ter também uma única história desde o seu nascimento até a completa glorificação. Doutrinária, porque, obviamente, a Igreja tem um único fundamento que é Cristo Jesus. Seus apóstolos e profetas lançaram esse fundamento. Logo onde quer que esteja a Igreja a sua doutrina é a mesma, e nem poderia ser diferente. Duas igrejas locais que pertencem a grande Igreja católica e apostólica, devem, necessariamente ter a mesma doutrina; isto é identidade e catolicidade doutrinária. Litúrgica, significa que onde quer que haja uma congregação da Igreja de Cristo, sua liturgia deve ter uma identidade. Pode haver pequenas variações por causa de costumes locais, ou culturas, mas todas as congregações pertencentes a Igreja de Cristo, independente de onde estejam, devem ser identificadas também pela sua liturgia. A liturgia da Igreja não muda de acordo com tradições, costumes, gostos e preferências dos homens, mas permanece a mesma desde o princípio. Quando falamos de liturgia estamos falando de culto. E culto a Deus é algo muito sério pelo qual Deus tem grande zelo. Ninguém está autorizado a introduzir no culto ao Senhor novos atos, novas práticas, novos instrumentos, novos métodos. Assim, a Igreja de Cristo tem esta singularidade; não há nada como a Igreja; ela é a única agência de salvação no mundo; fora da Igreja não há salvação e nem salvos; embora a Igreja não salve, nem os crentes salvem uns aos outros, mas todos quantos Cristo salva Ele agrega a Igreja. Algo precisa ser dito sobre divisões que surgem no meio da Igreja, justamente por causa de heresias e corrupções. Quando surgem tais divisões temos duas reações: primeira de tristeza, porque toda divisão na Igreja é lamentável e a princípio injustificável. Há, contudo, que se dizer que muitas vezes uma separação é necessária, para que a sã doutrina seja mantida, a Palavra de Deus não seja vilipendiada, almas não sejam enganadas, a glória de Deus não seja tocada. Nesse caso a separação traz alívio a consciência, pois ela se justifica. A própria Palavra de Deus orienta os santos a separarem-se dos infiéis - E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles” - Romanos 16.17.Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso SENHOR Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que andar desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu” - 2a Tessalonicenses 3.6. Então, há situações que exigem uma posição pela verdade e pela glória de Deus e, um enfrentamento aos inimigos de Deus. Apenas nesse caso uma divisão é justificada, pois a verdade vem antes da unidade.

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