A Confissão Rochelle - VIII - A Providência de Deus

 8. A providência de Deus

Nós cremos não somente que Deus criou todas as coisas, mas que ele as governa e as conduz, dispondo tudo o que acontece no mundo e dirigindo tudo segundo sua vontade. Certamente nós não cremos que Deus seja o autor do mal ou que alguma culpa lhe possa ser atribuída, porque, ao contrário, sua vontade é a regra soberana e infalível de toda a retidão e verdadeira justiça. Mas Deus dispõe de meios admiráveis para se servir dos demônios e dos ímpios, de tal sorte que ele converte em bem o mal que eles fazem e pelos quais são culpados.

Assim, confessando que nada pode ser feito sem a providência de Deus, nós adoramos com humildade aquilo que nos está encoberto, sem questionarmos aquilo que ultrapassa nosso conhecimento. Pelo contrário, aplicamos à nossa vida pessoal o que a Escritura nos ensina, para estarmos descansados e em segurança; porque Deus, a quem todas as coisas foram submetidas, vela por nós com um cuidado tão paternal que não cairá nenhum cabelo de nossa cabeça que não seja de sua vontade. E, entretanto, mantém os demônios e todos os nossos inimigos em prisão, de sorte que eles não podem nos fazer o menor mal, sem sua permissão.

Sl 104; 119.89-96; 147; Pv 16.4; Mt 10.29; At 2.23; 4.28; 17.24,26,28; Rm 9.11; Ef 1.11; Sl 5.5; Os 13.9; 1 Jo 2.16; 3.8; Jó 1.22; At 2.23,24; 4.27,28; Rm 9.19,20; 11.33; Mt 10.30; Lc 21.18; Gn 3.15; Jó 1.12; 2.6; Mt 8.31; Jo 19.11.

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Comentário: A providência é maravilhosa e tremenda. Chamamos também de governo providente porque de fato, providência é seu governo soberano sobre toda a criação, sobre todas as criaturas, seus atos livres, as circunstâncias que as envolvem e seu destino final. Não há nada que se possa fazer contra a providência, antes todas as coisas, sejam boas ou más, sejam intencionais ou sem intenção, sejam conscientes ou inconscientes por parte das criaturas, cumprem os decretos providenciais. Nada há desgovernado ou fora de controle em toda a criação antes da queda, durante a queda e após a queda. O que vemos aparentemente desgovernado, de fato são coisas fora do seu lugar definitivo. Nem o presente estado de coisas é definitivo, nem todas as criaturas estão em seus lugares definitivos. Jesus Cristo já pagou o preço para a completa reversão da queda, mas ainda a terra não está em seu estado definitivo, nem os anjos caídos, nem os homens caídos e os eleitos estão todos em seus lugares definitivos, inferno e céu respectivamente. Mas o Senhor está sustentando, preservando, governando e conduzindo todas as coisas para o fim que ele próprio decretou desde o princípio. Significativo é o fato de ele governar os próprios atos livres de suas criaturas. Ele não criou anjos e homens robotizados que obrigatoriamente fazem sua vontade, mas criaturas livres e voluntárias. Exatamente por serem criaturas livres que algumas caíram em desobediência, tanto anjos quanto homens, fazendo-o voluntariamente. Por isso também afirmamos que Deus não é autor do mal, mas este nasceu no coração das criaturas rebeldes que escolheram não se submeter a Deus nem seguir sua vontade. Todavia mesmos estas, seguem cumprindo os eternos, misteriosos e insondáveis decretos de Deus. Por isso também dizemos que os homens redimidos buscam voluntariamente a vontade de Deus, enquanto que os ímpios em sua desobediência, cumprem involuntariamente os decretos de Deus.

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