A Confissão de Fé Escocesa


John Knox

O principal autor deste documento foi John Knox em 1560. Knox foi um homem piedoso cuja data e o local de nascimento são incertos, sendo aceita a data de 1513 como a mais provável. É possível que Knox tenha nascido no povoado de Haddington, às margens do rio Tyne, distrito de Lothian Oriental, cerca de 30 Km a leste de Edinburgo.
Knox foi um sacerdote católico-romano que converteu-se as doutrinas reformadas. Influenciado pelos ideais da reforma zuingliana na Escócia, e mais tarde em Genebra tornou-se aluno de João Calvino.
Knox foi responsável por fundar a igreja presbiteriana escocesa, nas bases calvinistas. Em 1558 publicou o "Primeiro Clarim Contra o Monstruoso Governo de Mulheres", dirigido a Maria Tudor, em que ele dizia ser contra a natureza, Deus, e sua Palavra, uma mulher governar, pois isso era “a subversão da boa ordem, de toda justiça e equidade”.
Sua teologia era profundamente calvinista. Sua obra, Tratado Sobre a Predestinação (1559) segue de perto as formulações de Calvino e Beza, quando ensina que Deus escolheu soberanamente alguns para a salvação e outros para a condenação eterna, afirmando que a salvação do homem depende exclusivamente da graça divina.
Morreu em 24 de novembro de 1572 em Edimburgo, deixando um grande legado para a igreja reformada.
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Prefácio

Os Estados da Escócia, com seus habitantes, professando o evangelho santo de Jesus Cristo: para os seus compatriotas, e para todos os outros reinos e nações, professando o mesmo Senhor Jesus com eles, deseja graça, misericórdia, e paz de Deus o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, com um espírito de justo julgamento, para saudação, etc.
Durante muito tempo, queridos irmãos, nós tivemos o desejo de notificar ao mundo, a soma daquela doutrina a qual nós professamos, e pela qual nós temos recebido infâmia e perigo. Mas tal foi a fúria de Satanás contra nós, e contra a verdade eterna de Jesus Cristo, recentemente nascida entre nós, que até este dia nenhum tempo foi concedido a nós para clarear nossas consciências, como alegremente nós teríamos feito. Como nós temos sido lançados a um ano inteiro de passado, a maior parte de Europa (como nós supomos) entende. Mas vendo que a infinita bondade de nosso Deus (que nunca faz sofrer o aflito completamente para não ser confundido), acima de qualquer expectativa, nós obtivemos algum descanso e liberdade, nós não pudemos, mas passo adiante esta breve e simples confissão de tal doutrina como é proposta a nós, e como nós acreditamos e professamos; em parte para satisfação de nossos irmãos cujos corações, não temos dúvida, temos sido ainda feridos apesar da ira que ainda temos de não aprender a falar bem; e em parte pelo parar as bocas de insolentes blasfemadores que corajosamente amaldiçoam aquilo que eles nem mesmo ouviram, e o que nem ainda entendem.
Não que julguemos que tal cancerosa malícia pode ser curada por esta nossa simples confissão. Não, nós sabemos que o doce sabor do evangelho é, e deve ser, morte para os filhos de perdição. Mas nós temos respeito principalmente para com nossos irmãos fracos e enfermos, para quem nós comunicaríamos o fundo de nossos corações, para que eles não sejam aborrecidos ou levados por diversos rumores que Satanás espalha [contra] nós, para derrotar este nosso empreendimento religioso; protestando que, se qualquer homem notar nesta nossa confissão, que qualquer artigo ou sentença seja repugnante para com a Palavra santa de Deus, isto nos agradará, por sua gentileza, e pela causa da caridade cristã, nos prevenir destes mesmos escritos; e nós, por nossa honra e fidelidade, prometemos a ele satisfação da boca de Deus (quer dizer, de suas Escrituras Santas), ou qualquer reforma que ele prove em que temos nos extraviado. Para Deus nós levamos as histórias de nossas consciências, que de nossos corações nós detestamos todas as seitas heréticas, e todos os professores de doutrina errônea; e que, com toda humildade, nós abraçamos a pureza do evangelho de Cristo que é o único alimento de nossas almas; e isto é tão precioso para nós, que nós estamos determinados a sofrer a extremidade do perigo mundano, ao invés de que nós sofreremos ao ser defraudados pelo mesmo. Pela espera nós somos certamente persuadidos, que aquele que de alguma forma negar a Cristo Jesus, ou ter vergonha dele, na presença dos homens, será negado diante do Pai, e diante de seus santos anjos. E então, pela ajuda do poderoso Espírito do nosso mesmo Senhor Jesus, nós firmemente propomos ficar juntos até o fim, na confissão desta nossa fé, como se seguem nestes artigos.
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Comentário: Este é mais um dos grandes documentos nascidos do grande movimento do século XVI, o único movimento reconhecido como legítimo de restauração da Igreja de Cristo. Obviamente que estes documentos não foram inspirados e, portanto, não estão em pé de igualdade com as sagradas escrituras. Esses santos homens tiveram a humildade de reconhecer que poderiam cometer erros, e se anteciparam dizendo: "se qualquer homem notar nesta nossa confissão, que qualquer artigo ou sentença seja repugnante para com a Palavra santa de Deus, isto nos agradará, por sua gentileza, e pela causa da caridade cristã, nos prevenir destes mesmos escritos; e nós, por nossa honra e fidelidade, prometemos a ele satisfação da boca de Deus (quer dizer, de suas Escrituras Santas), ou qualquer reforma que ele prove em que temos nos extraviado". Contudo, a Igreja deveria manter esses documentos em seus arquivos e estudá-los sistematicamente em suas congregações, pois são verdadeiros tesouros. Estudados juntamente com a Palavra de Deus, são eficientes e servem como balizas para manter as igrejas nos trilhos. As igrejas que têm soberbamente desprezado esse precioso material produzido pelos reformadores, têm-se perdido em grandes heresias e falsos ensinos. Que Deus nos dê a humildade, a piedade, a coragem, o zelo e a sabedoria daqueles santos. 

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