"Segunda Confissão de Fé Helvética" 18. Dos ministros da Igreja, sua instituição e deveres (VI)

Os deveres do ministro. São vários os deveres dos ministros, no entanto, em geral se restringem a dois, nos quais todos os outros estão incluídos: o ensino evangélico de Cristo e a legítima administração dos sacramentos. É dever dos ministros reunir a assembleia sagrada e nela expor a Palavra de Deus, e aplicar toda a doutrina à razão e ao uso da Igreja, de modo que o que for ensinado seja útil aos ouvintes e edifique os fiéis. É dever dos ministros, afirmo, ensinar os ignorantes e exortar; e estimular os indecisos ou ainda os que caminham lentamente à avançar no caminho do Senhor, consolar e confirmar os pusilânimes, e armá-los contra as multiformes tentações de Satanás; corrigir os que pecam; reconduzir ao caminho os transviados; levantar os caídos; convencer os contradizentes; expulsar do rebanho do Senhor os lobos; repreender, prudente e severamente os crimes e os criminosos; não serem coniventes nem se calarem perante o crime. Mas, além de tudo isso, é seu dever administrar os sacramentos, recomendar o uso justo deles e, pela sã doutrina, preparar todos para recebê-los; conservar também os fiéis numa santa unidade; e impedir os cismas, enfim catequizar os ignorantes, recomendar à Igreja as necessidades dos pobres, visitar, instruir e conservar no caminho da vida os enfermos e os afligidos por várias tentações. Além disso, devem cuidar das orações públicas ou das súplicas em ocasiões de necessidade, juntamente com o jejum, isto é, procurar uma santa abstinência; e cuidar o mais diligentemente possível de tudo o que diz respeito à tranquilidade, à paz e à salvação das igrejas. 
E para que o ministro possa realizar todas estas coisas da melhor maneira e mais facilmente, requer-se especialmente dele que tema a Deus, seja constante na oração, entregue-se à leitura sagrada e, em todas as coisas e em todas as ocasiões, seja vigilante, e pela pureza de vida deixe sua luz brilhar diante de todos os homens. 
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A responsabilidade do ministro da Palavra é muito grande e sua tarefa é ampla e variada. Ele tem que investir seu tempo nas mais diversas e importantes atividades. Poucas profissões exigem tanto preparo como o ministro do Evangelho. Por isso mesmo ele não é um profissional. Seu trabalho é o sacerdócio e a salvação de almas humanas é a sua ocupação. Nenhum trabalho exige tanta força, tanto física quanto emocional. Poucos trabalhos desgastam tanto. Por isso também ninguém está preparado para esta função e tampouco alguém é capaz. Aí entra a soberana graça dAquele que faz o chamado. Sim, todo ministro conhece suas fraquezas e limitações. Assim todo ministro fiel sente-se desqualificado e incapacitado para o ministério. Pregar a Palavra, expor a doutrina, evangelizar, alimentar o rebanho com a Palavra de Deus, ensinar, exortar, encorajar, repreender, confrontar os contradizentes, dirigir orações públicas, administrar fielmente os sacramentos. E tudo isso com muito amor, porque ele cuida do rebanho do Senhor. Os ministros precisam de cuidados, do amor da atenção e da oração da igreja, para que seu trabalho seja realizado com fidelidade e para a glória de Deus. 

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