"Segunda Confissão de Fé Helvética" 18. Dos ministros da Igreja, sua instituição e deveres (III)
Ordens dos
papistas. Com o passar o tempo, muitas
outras designações de ministros na Igreja foram introduzidas na Igreja de Deus.
Alguns foram ordenados patriarcas, outros arcebispos, outros sufragâneos;
também metropolitanos, arquidiáconos, diáconos, subdiáconos, acólitos,
exorcistas, cantores, porteiros e não sei quantos outros, como cardeais, reitores
e priores; abades maiores e menores; ordens mais elevadas e inferiores. Não
estamos preocupados, porém, acerca de todas estas, de como foram uma vez e são
agora. Basta-nos a doutrina apostólica no que concerne aos ministros.
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A respeito
dos monges. Como sabemos com certeza que
os monges e as ordens, ou seitas de monges, não são instituídas nem por Cristo,
nem pelos apóstolos, ensinamos que elas nada valem para a Igreja de Deus; antes
são perniciosas. Pois, embora anteriormente fossem toleráveis - quando eram solitários,
ganhando a vida com suas próprias mãos, e não eram carga para ninguém e, como
os leigos, eram por toda parte obedientes aos pastores das igrejas - agora,
porém, o mundo todo vê e sabe a que são semelhantes. Eles formulam não sei que
votos; mas levam vida totalmente contrária aos seus votos, de modo que os
melhores deles merecem ser incluídos entre aqueles de quem o apóstolo fala:
“Estamos informados de que entre vós há pessoas que andam desordenadamente, não
trabalhando” etc. (2ª Tess. 3.11 ). Portanto, não temos tais pessoas em nossas
igrejas, nem ensinamos que devem existir nas igrejas de Cristo.
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Os
ministros devem ser chamados e eleitos. Ninguém deve usurpar a honra do ministério eclesiástico; isto é,
apoderar-se dele por suborno ou quaisquer enganos, ou por sua própria escolha.
Que os ministros da Igreja sejam chamados e eleitos por eleição legal e
eclesiástica; isto é, que sejam eleitos escrupulosamente pela Igreja ou por
aqueles que dela receberam delegação para tal fim, na devida ordem, sem qualquer
tumulto, divisões ou rivalidade. Não se eleja qualquer um, mas homens idôneos,
que se distingam por suficiente cultura sagrada, piedosa eloquência, sabedoria
simples, e por fim, pela moderação e reputação honrada, segundo a regra
apostólica fixada pelo apóstolo em 1ª Timóteo, capítulo 3, e Tito, capítulo 1.
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Ordenação. E os que foram eleitos sejam
ordenados pelos anciãos com orações públicas e imposição das mãos. Aqui
condenamos todos quantos concorrem por conta própria, não sendo nem escolhidos,
nem enviados, nem ordenados (Jer. 23). Condenamos os ministros ineptos e os
desprovidos dos dons necessários a um pastor.
Ao mesmo
tempo, reconhecemos que a inocente simplicidade de certos pastores na Igreja
Antiga por vezes aproveitou mais à Igreja do que a erudição multiforme, refinada
e elegante mas demasiado enfatuada de outros. Por esse motivo não rejeitamos,
nem mesmo hoje, a simplicidade honesta de alguns, que não é, porém, de modo
algum ignorante.
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O
sacerdócio de todos os crentes. Sem
dúvida, os apóstolos de Cristo designam todos os que creem em Cristo como
“sacerdotes”, não por causa de qualquer ofício, mas porque, por Cristo, todos
os fiéis, feitos reis e sacerdotes, podemos oferecer sacrifícios espirituais a
Deus (Êx. 19.6; 1ª Ped. 2.9; Apoc. 1.6). Portanto, o sacerdócio e o ministério
são bem diferentes um do outro. O sacerdócio, como acabamos de dizer, é comum a
todos os cristãos; o mesmo não acontece com o ministério. Nem abolimos o
ministério da Igreja pelo fato de termos repudiado o sacerdócio papístico da
Igreja de Cristo.
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Sacerdotes
e sacerdócio. Sem
dúvida nenhuma, na nova aliança de Cristo não existe mais essa forma de
sacerdócio como existia entre o povo antigo; o qual incluía unção externa,
roupagens santas e inúmeras cerimônias que eram tipos de Cristo, que aboliu
tudo isso pela sua vinda e cumprimento desses tipos. Mas ele mesmo permanece o
único sacerdote para sempre e para não subtrairmos qualquer coisa dele, não
chamamos sacerdote a nenhum dos ministros. Pois o próprio Senhor nosso não
nomeou nenhum sacerdote na Igreja do Novo Testamento, que, tendo recebido
autoridade do sufragâneo, ofereçam sacrifício diariamente, isto é, a própria
carne e sangue do Senhor, pelos vivos e mortos, mas ministros que ensinem e
administrem os sacramentos.
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Os muitos
cargos e ou funções inventados dentro da Igreja romana não têm fundamento nas
escrituras, e tornaram o governo daquela igreja extremamente complexo. O ensino
bíblico e apostólico, no entanto é muito simples. Em cada igreja eram
instituídos presbíteros/bispos e diáconos para governarem a congregação, a
exemplo da igreja de Filipos: “Paulo
e Timóteo, servos de Jesus Cristo, a todos os santos em Cristo Jesus, que estão
em Filipos, com os bispos e diáconos” (Filipenses 1.1). O apóstolo ensina em 1ª Timóteo 3 e
também Tito 1, sobre as qualificações dos bispos e diáconos. Naturalmente que é
uma santa função servir como ministro do Senhor, mas também é uma grande
responsabilidade. Então que sirvam somente os que realmente forem chamados por Deus.
Esse chamado inclui a aprovação da congregação do Senhor, mediante eleição. Uma
das grandes doutrinas restauradas na Grande Reforma foi exatamente o sacerdócio
universal dos crentes – todo crente é um sacerdote e pode chegar-se a Deus através
da mediação do Senhor Jesus Cristo, que é nosso único e eterno Sumo Sacerdote. Isso,
porém, é diferente de ser um ministro chamado por Deus para uma função específica
na igreja. Entre os crentes, Deus levanta os bispos e diáconos para governar a
sua congregação; e entre os bispos Deus capacita alguns para o ministério da
pregação. Mas isso não os torna superiores aos demais oficiais que Deus levantou
para outras funções, antes são todos iguais em autoridade e honra.
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