"Segunda Confissão de Fé Helvética" 15. Da verdadeira justificação dos fiéis (Parte II)

Somos justificados por causa de Cristo. É absolutamente certo que todos nós somos por natureza pecadores e ímpios, e diante do tribunal de Deus somos acusados de impiedade e réus de morte, mas, só pela graça de Cristo, sem qualquer mérito nosso ou consideração por nós, somos justificados, isto é, absolvidos dos pecados e da morte por Deus, o juiz. Que é, com efeito, mais claro do que o que disse São Paulo? “Pois todos pecaram e carecem da glória de Deus, sendo justificados gratuitamente, por sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus” (Rom 3.23 ss). 
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Não há nada nas escrituras tão claro e cristalino quanto o ensino da justificação gratuita, graciosa, absolutamente sem qualquer merecimento por parte do pecador. À mais superficial leitura tanto do Antigo quanto do Novo Testamento esse ensino salta aos nossos olhos majestosamente. Nenhuma justiça humana é aceita diante do tribunal divino. Nenhuma obra de justiça humana jamais alcança o padrão da justiça divina. Diante de Deus nenhum homem é justo nem contém justiça satisfatória, nem poderá realizar uma boa obra que alcance o elevado padrão da sua justiça. Logo, ou Deus mesmo proverá um meio para atribuir justiça ao homem fora dele, ou condenará a todos sob sua perfeita justiça. Nenhum descendente de Adão, por mais santo, piedoso, dedicado a Deus, jamais poderia alcançar o padrão da justiça eterna. Logo nenhum filho de Adão poderia salvar-se a si mesmo pelas suas boas obras ou caridade. Diante de Deus o pecador é um verdadeiro mendigo em imundos farrapos. Tudo o que tem são andrajos fedorentos e nada mais. Ele não tem nada, absolutamente nada que o recomende diante da santidade de Deus. O homem em seu pecado é um lixo desprezível, um inútil, prestes a ser descartado no monturo dos dejetos. Seu melhor não presta para nada. É preciso compreender bem o estrago que o pecado fez em nossa vida, para apreciarmos e valorizarmos a graça de Deus. Oh, maravilhosa graça! Cada justificado por Deus recebeu a justiça de Outro. A cada justificado Deus atribuiu a justiça de Seu Filho, Jesus Cristo. É essa justiça que assegura nossa entrada no céu, nada mais, nada menos.  

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