"Segunda Confissão de Fé Helvética" 11. De Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, único Salvador do mundo
Cristo é verdadeiro Deus. Além disso, ensinamos que o Filho
de Deus, nosso Senhor Jesus Cristo, foi, desde a eternidade, predestinado ou
pré-ordenado pelo Pai para ser o Salvador do Mundo. E cremos que ele nasceu,
não somente quando da Virgem Maria assumiu a carne, nem apenas antes que se
lançassem os fundamentos do mundo, mas antes de toda a eternidade e certamente
pelo Pai, de um modo inexprimível. Isaías diz: “E da sua linhagem quem dela
cogitou?” (cap. 53.8). E Miquéias diz “E cujas origens são desde os tempos antigos,
desde os dias da eternidade” (Miq 5.2). Também São João disse no Evangelho: “No
princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus”, etc.
(cap. 1.1). Portanto, quanto à sua divindade, o Filho é co-igual e
consubstancial com o Pai; verdadeiro Deus (Fp 2.11), não de nome ou por adoção
ou por qualquer dignidade, mas em substância e natureza, como disse o apóstolo
São João: “Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” (1ª João 5.20). São Paulo
também diz: “A quem constituiu herdeiro de todas as cousas, pelo qual também
fez o universo. Ele, que é o resplendor da glória e a expressão exata do seu
ser, sustentando todas as cousas pela palavra do seu poder” (Heb 1.2 ss). E no
Evangelho o Senhor mesmo também disse: “Glorifica-me, ó Pai, contigo mesmo, com
a glória que eu tive junto de ti, antes que houvesse mundo” (João 17.5). Em
outro lugar do Evangelho também está escrito: “Os judeus ainda mais procuravam
matá-lo, porque... também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual
a Deus” (João 5.18).
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As seitas.
Abominamos, pois, a doutrina ímpia de Ário e de todos os arianos contra o Filho
de Deus, e especialmente as blasfêmias do espanhol, Miguel Serveto, e de todos
os servetanos, que Satanás, por meio deles, retirou do inferno, por assim
dizer, e vai espalhando por todo o mundo, audaciosa e impiamente.
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A dupla natureza
do Salvador não pode ser questionada senão por uma mente ímpia e perversa que
tem motivações diversas e usa dessa prática para encobrir e justificar seus
próprios pecados. Primeiramente é certo que as profecias deviam se cumprir. E
uma análise cuidadosa dos profetas revela esse fato maravilhoso. Além disso uma
compreensão das necessidades do homem caído nos levam ao perfil daquele que
seria o Salvador dos eleitos. Em Adão toda a humanidade pecou e obviamente para
redimir o povo de Deus um homem, alguém da raça humana, deveria morrer como
Substituto. Alguém para nos substituir à altura tinha que ser humano como nós.
Nascer, crescer, viver, morrer como nós; sentir como nós, estar sujeito às
mesmas circunstâncias que nós. Assim foi nosso Senhor Jesus neste mundo, tão
humano quanto podia tornar-se, sem o pecado. Mas nosso Salvador necessariamente
tinha que ser Deus mesmo. Os nossos inimigos, dos quais estávamos prisioneiros,
são tão malignos e poderosos, que, nenhuma criatura, jamais poderia nos livrar
deles. O pecado é um mal eterno, essencialmente maligno, eternamente maldito
que nem o inferno dará cabo dele. Nunca conseguiríamos dominar um só pecado sem
a graça de Deus. Satanás é um dos querubins mais poderosos que o Senhor criou e
jamais um ser humano poderia combate-lo. Nosso Redentor tinha que ser ninguém
menor do que o próprio Deus. Ainda mais, os sacrifícios que o sacerdotes
humanos ofereciam eram imperfeitos e precisavam ser repetidos. Nosso Sacerdote
deveria oferecer um sacrifício que fosse perfeito e que tivesse efeitos e
validade eternos. Resumindo, o único padrão de justiça, de santidade, de
perfeição que satisfaz a Deus é o Seu próprio. Nenhum humano poderia fazer um
sacrifício que satisfizesse Deus, a não ser Seu próprio Filho. Quando Deus
chama seus eleitos neste mundo, atribui a cada um deles a justiça de Cristo,
por isso a salvação não pode ser alcançada pelo homem, porque este jamais
conseguiria atingir a justiça perfeita ainda que não houvesse caído.
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