O Catecismo de Heidelberg - Dia do Senhor 33


88. Quantas partes há na verdadeira conversão do homem?
Duas: a morte do velho homem e o nascimento do novo homem.
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Conversão não é o mesmo que educação religiosa, conhecimento das doutrinas cristãs, não é adotar a filosofia e os princípios bíblicos, ter uma boa conduta moral, nem é estar convencido da verdade do evangelho. Engloba tudo isso, mas vai muito além. A verdadeira conversão implica uma morte e uma ressurreição, uma mudança radical. Muitos dos que congregam com o povo do pacto podem ter muitas experiências, conhecimento doutrinário, convicção da verdade e ainda assim estarem longe da verdadeira conversão. Isto porque a conversão é uma mudança de coração e de natureza. É uma experiência de morte e ressurreição, isto é o homem velho morre e nasce um novo homem, que é uma nova criação de Deus. Com o velho homem morrem todos os antigos hábitos e antigos valores que são substituídos por um comportamento totalmente novo, com uma nova cosmovisão; surge uma nova leitura da vida, um novo propósito e estilo de vida. O novo homem é uma nova criação de Deus. Ele nasce na família de Deus, desenvolve uma relação com Deus como seu Pai e com os demais santos como seus irmãos na fé.  
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89. O que é a morte do velho homem?
É a profunda tristeza por causa dos pecados e a vontade de odiá-los e evitá-los, cada vez mais. 
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Somente o nascido de Deus tem desejo de se ver livre do pecado, porque o velho homem deleita-se nele e não se preocupa com a questão do pecado. Quando o Espírito Santo vem a nós, Ele revela a glória de Deus e a nossa natureza depravada e perversa. Então percebemos quão grandemente temos ofendido a Deus e quão merecedores do inferno somos. Desde então passamos a odiar o pecado e a fazer tudo para evitá-lo. O santo anseia por se ver livre da presença do pecado, o que se dará quando ele deixar este mundo para estar com Cristo.
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90. O que é o nascimento do novo homem?
É a alegria sincera em Deus, por Cristo, e o forte desejo de viver conforme a vontade de Deus em todas as boas obras.
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O regenerado descobre o verdadeiro sentido da vida que é desfrutar a Deus e glorificá-lo, e isso enche seu coração da verdadeira paz e alegria. O crente não é alegre porque resolveu todos os seus problemas deste mundo, mas porque encontrou o Salvador da sua alma. Seus problemas presentes não foram resolvidos e as vezes até aumentaram, mas a paz e a alegria que invadiram sua alma, a comunhão com Cristo, a certeza da vida eterna, sobrepujam em muito o desconforto que os problemas deste mundo lhe causam.
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91. Que são boas obras?
São somente aquelas que são feitas com verdadeira fé conforme a lei de Deus e para sua glória; não são aquelas que se baseiam em nossa própria opinião ou em tradições humanas.
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Boas obras, segundo a Bíblia ensina, têm origem, significado e resultado diferentes das boas ações que são praticadas pelos homens naturais. Os homens naturais e mesmo ímpios, até praticam boas ações, ajudam seus semelhantes, fazem benfeitorias para os necessitados. Contudo tais obras têm motivações erradas, não glorificam a Deus e trazem juízo sobre o praticante. Muitos desejam alcançar o favor de Deus dessa forma, desprezando assim o Salvador. Pois quem pratica boas obras para negociar a sua salvação com Deus está desprezando o Filho de Deus e será condenado por isso. Diferentemente, as obras dos crentes têm origem em sua nova natureza, revelam um coração regenerado, trazem glória para Deus e acumulam galardão para os que as praticam. Por isso a Bíblia diz que “somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Efésios 2.10). Assim uma boa obra envolve fé em Cristo, que só o salvo tem; uma motivação correta, que não tem qualquer interesse oculto envolvido; um objetivo correto, que é glorificar a Deus. 

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