O Catecismo de Heidelberg Comentado
O Catecismo de Heidelberg – Sua História
O grande movimento religioso do século XVI, conhecido como a Grande Reforma Protestante, que marcou e mudou a história da Igreja, deu origem a muitos escritos, com o objetivo de trazer a Igreja de volta às Escrituras, entre eles estão as declarações doutrinárias - as confissões de fé e os catecismos. E um dos mais extraordinários desses documentos escritos naquele período foi o famoso Catecismo de Heidelberg - o mais importante documento confessional da Igreja Reformada Alemã, que veio a tornar-se também, a mais amplamente aceita das confissões de fé protestantes. Ele surgiu na cidade de Heidelberg, Alemanha, a pedido do Eleitor Frederico III, governador entre 1559 e 1576, da mais influente província alemã, chamada Palatinado. Frederico queria um catecismo que fosse conciliador e combinasse o melhor da sabedoria luterana e reformada, que servisse para instruir as pessoas comuns nos elementos básicos da fé cristã. Confiou a importante tarefa a dois homens notáveis: Zacarias Ursinus e Gaspar Olevianus, talentosos teólogos de orientação suíça, ambos muito jovens, mas muito experientes. Ursinus foi nomeado professor de teologia - ele havia iniciado os seus estudos teológicos com Philipp Melanchton (principal colaborador de Martinho Lutero) e também estudou pessoalmente com João Calvino. Olevianus era um protestante reformado francês que também havia estudado com Calvino e apreciava os escritos de Melanchton. Este tornou-se o pastor da principal igreja de Heidelberg. Seus nomes ficariam permanentemente associados ao produto mais influente do movimento reformado alemão - o Catecismo de Heidelberg, publicado no dia 19 de janeiro de 1563. Zacarias Ursinus (1534-1583) nasceu na cidade de Breslau (hoje na Polônia), passou sete anos em Wittenberg (1550-1557) sob a orientação de Melanchton, ao qual se apegara fortemente. Ali ele estudou lógica, dialética e teologia. Gaspar Olevianus (1536-1587) nasceu em Treves, na fronteira de Luxemburgo. Ursinus e Olevianus trabalharam no Colégio da Sabedoria, a escola de teologia criada por Frederico III. Olevianus atuou principalmente como pregador e Ursinus como professor. Nasceu o Heidelberg, uma das peças mais preciosas da herança reformada, e foi publicado sob o título Catecismo ou Instrução Cristã como tem sido transmitida nas Igrejas e Escolas do Palatinado Eleitoral. Uma edição latina publicada em 1563 foi usada como base para várias traduções para o inglês. O Catecismo Palatino, como veio a ser chamado, teve também ampla aceitação na Escócia e depois de sua aprovação e reconhecimento pelo Sínodo de Dort (1618-1619) aumentou grandemente a sua autoridade. A importância do Catecismo de Heidelberg como um guia para a vida cristã é evidenciada pelas suas muitas edições e traduções. Somente nas últimas décadas do século XVI foram feitas quarenta e três edições e traduções. No século XVII, no Brasil, foi traduzido para o Tupi, a língua mais falada aqui naquela época, antes do Português ser oficializado. Hoje, seguramente, mais de 200 versões são conhecidas. O Catecismo é uma belíssima exposição da fé calvinista e reformada. São 129 perguntas e respostas, que fazem uma perfeita exposição sistemática da doutrina bíblica, dividida em 52 seções, para ser aplicada uma a cada Domingo. Ele enfatiza três coisas: 1) cada homem necessita saber de sua miserável condição diante de Deus; que está condenado a perdição eterna sob a ira de Deus; 2) ele pode ser salvo dessa condição; como? crendo e confiando unicamente em Jesus Cristo, o Mediador; 3) como ele deve viver como salvo: em total gratidão a Deus, durante toda a sua vida, sempre crescendo mais e mais através dos meios da graça de Deus.
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Parte 1 - Nossa Miséria
Dia do Senhor 1
P. 1: Qual é o seu único consolo, na vida e na morte?
R.: Que não pertenço a mim mesmo, mas pertenço, de corpo e alma, tanto na vida quanto na morte, ao meu fiel Salvador Jesus Cristo.
Ele pagou completamente todos os meus pecados com o seu sangue precioso e me libertou de todo o domínio do diabo.
Ele também me guarda de tal maneira que, sem a vontade de meu Pai
celeste, nem um fio de cabelo pode cair da minha cabeça; na verdade, todas as coisas cooperam para a minha salvação.
Por isso, pelo seu Espírito Santo, ele também me assegura a vida eterna e me faz disposto e pronto de coração para, de agora em diante, viver para ele.
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Comentário: Devemos ter consciência de que somos do Senhor, primeiro por direito de criação, segundo por direito de redenção e terceiro por direito de preservação e conservação. Deus é quem dá a vida, tanto a natural quanto a espiritual. A nossa vida espiritual é uma vida de fé e é o próprio Deus que nos faz perseverar na fé. De modo que é Ele que nos mantém tanto física quanto espiritualmente. Se devemos tudo a Ele, então somos dele - “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam” - Salmos 24.1. Quão tolo é o homem que supõe ser dono de si próprio. Frágil como somos, nada é mais consolador do que saber que temos um Dono e que Ele é o Grande Senhor Jesus Cristo. Não reconhecer a Deus e não servi-lo é o maior pecado da humanidade. A grande maioria sempre viveu como se Deus não existisse. Assim, todos os homens são igualmente pecadores e culpados diante de Deus. Porém, aqueles que são chamados à fé em Cristo e, conscientemente passam a servi-lo em amor, esses são resgatados da escravidão do pecado, têm sua culpa perdoada e passam a ser habitados pelo Espírito Santo de Deus e preservados do mal deste mundo. Esses são os eleitos de Deus que habitarão com Ele para sempre. Esse é o nosso maior consolo.
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P. 2: O que você precisa saber para viver e morrer nesse consolo?
R.: Primeiro, como são grandes meus pecados e minha miséria;
Segundo, de que modo sou liberto de todos os meus pecados e miséria.
Terceiro, de que modo devo ser grato a Deus por tal libertação.
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Comentário: O pecador tem uma doença eterna, incurável que o levará fatalmente à morte eterna, a menos que ele receba a Cristo como seu Salvador. Jesus Cristo é grande Médico e somente Ele pode nos curar. O pecado causa a morte física de todo homem, mas além dessa morte ele causa também a morte espiritual, a qual de fato, veio primeiro. A redenção que Deus proveu através de Cristo Jesus, redime o espírito do crente, mas seu corpo irá morrer; contudo, depois que for abatido pela morte, um dia Deus o ressuscitará e unirá corpo à alma novamente, dessa vez para sempre. Essa é a cura eterna, o corpo glorificado nunca mais pecará e nem adoecerá. Por essa tão grande cura que é a nossa salvação devemos ser muito gratos a Deus e servi-lo com grande alegria. É isso que o Catecismo ensina: sermos conscientes da multidão dos nossos pecados e nossa total depravação - “Toda a cabeça está enferma e todo o coração fraco. Desde a planta do pé até a cabeça não há nele coisa sã, senão feridas, e inchaços, e chagas podres não espremidas, nem ligadas, nem amolecidas com óleo” - Isaías 1.5-6. Também estarmos conscientes que apenas e tão somente em Jesus Cristo temos esperança - “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” - Atos 4.12. E finalmente sermos eternamente gratos a Ele por sua grande misericórdia por nós - “Que darei eu ao Senhor, por todos os benefícios que me tem feito?” - Salmos 116.12. Sermos povo do Senhor é o nosso maior privilégio, quem não é cristão e não adora a Deus através de Jesus Cristo, não está reconciliado com Deus, mas está em rebelião contra Ele e será tratado como seu inimigo - “E quanto àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim” - Lucas 19.27.
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Dia do Senhor 2
P. 3: Como você sabe dos seus pecados e miséria?
R.: Pela lei de Deus.
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Comentário: Os padrões absolutos de Deus nos expõem, revelando toda nossa maldade, corrupção e fraquezas. Como um espelho, a Lei revela a nossa feiura, assimetria e sujeira; como um esquadro e um prumo expõe as nossas deformidades; como um gabarito expõe a nossa incapacidade. Seus padrões são tão elevados que homem algum jamais os poderia alcançar – “Por isso nenhuma carne será justificada diante dele pelas obras da lei, porque pela lei vem o conhecimento do pecado” - Romanos 3.20.
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P. 4: O que a lei de Deus exige de nós?
R.: Aquilo que Cristo nos ensina resumidamente em Mateus 22:37-40 - "Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento. Este é o grande e primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Destes dois mandamentos dependem toda a Lei e os Profetas".
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Comentário: Todo o ensino das Escrituras Sagradas se resume nisso: Amar a Deus acima e antes de tudo, e em seguida o amar ao próximo como a si próprio. Amar a Deus significa obedecê-lo, temê-lo, o adorá-lo e agradá-lo sempre – “Teme a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo o homem” - Eclesiastes 12.13. Amar o próximo significa respeitá-lo, servi-lo, buscar viver em paz com ele e empenhar-se para que em tudo ele vá bem – “Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas” - Mateus 7.12.
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P. 5: Você consegue guardar tudo isso perfeitamente?
R.: Não. Por natureza, sou inclinado a odiar a Deus e a meu próximo.
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Comentário: Homem algum, jamais cumpriu toda a Lei de Deus, pois a Lei é espiritual e nós somos carnais – “Porque bem sabemos que a lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido sob o pecado. Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que aborreço isso faço” - Romanos 7.14-15. E o homem natural ama apenas a si mesmo. A Deus e ao próximo, ele ama na medida em que estes o sirvam e satisfaçam seus interesses pessoais. Esse é seu amor: interesseiro e carnal. Então ele, de fato, não ama nem a Deus e nem ao seu próximo, antes os odeia. Por isso diz a Escritura: “Porque também nós éramos noutro tempo insensatos, desobedientes, extraviados, servindo a várias concupiscências e deleites, vivendo em malícia e inveja, odiosos, odiando-nos uns aos outros” - Tito 3.3. Por isso contamos com a Graça de Deus para nos capacitar à obediência. Rogamos a Deus que torne a obediência de Cristo nossa obediência e confiamos que Ele nos aperfeiçoará a cada dia.
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Dia do Senhor 3
P. 6: Então, Deus criou o homem assim tão mau e perverso?
R.: Não, pelo contrário, Deus criou o homem bom e à Sua imagem, isto é, em verdadeira justiça e santidade, de modo que ele pudesse conhecer corretamente a Deus, o seu Criador, amá-lo de coração, e viver em eterna felicidade para o louvar e glorificar.
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Comentário: Depois que Deus terminou a criação, incluindo o homem, avaliou sua obra, aprovou-a e deu nota máxima. “E viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” - Gênesis 1.31. Ninguém, além do próprio Deus poderia avaliar sua criação. E Ele declarou que tudo o que havia criado era perfeito. Não havia nenhum erro, nem defeito ou deformidade, fosse física ou moral. Tudo era muito bom. Quanto ao homem, a única criatura feita à imagem e semelhança do Criador, tinha tudo o que precisava para conhecer a Deus, comungar com Ele e desfrutar da sua amizade para sempre. Adão, contudo, perdeu tudo isso com a queda. Situação que foi revertida com a morte de Cristo na cruz. Na cruz a queda foi revertida e a maldição removida. Um dia veremos a manifestação plena desta vitória e os santos resplandecerão à imagem de Deus – “Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai” - Mateus 13.43, e por toda a eternidade Ele habitará entre nós – “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus” - Apocalipse 21.3.
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P. 7: De onde veio, então, a natureza corrompida do homem?
R.: Da queda e desobediência dos nossos primeiros pais, Adão e Eva, no Paraíso. Pois ali, a nossa natureza tornou-se de tal modo corrupta, que somos todos concebidos e nascidos em pecado.
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Comentário: Adão sendo nosso representante máximo, o cabeça da humanidade, quando desobedeceu a Deus e caiu em pecado, consequentemente colocou toda a sua descendência sob a mesma condição: caída e condenada. O apóstolo Paulo explica assim: “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” - Romanos 5.12. Assim, cada bebê que nasce neste mundo, traz dentro dele a semente do pecado. O homem nada traz à este mundo exceto o seu pecado. Essa é a única propriedade a que tem direito – o pecado e suas mazelas. Todas as demais coisas que ele obtêm neste mundo, de fato não lhe pertencem, pois quando deixar esta vida, todas as coisas ficarão aqui, exceto o seu pecado, este continuará com ele para sempre. A única maneira de se ver livre dessa propriedade indesejada é ser redimido por Cristo. O redimido deixará tudo inclusive o pecado e partirá, livre da presença do pecado para sempre.
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P. 8: Mas somos tão corruptos que não somos capazes fazer bem algum e somos inclinados a todo mal?
R.: Sim, a menos que sejamos gerados novamente pelo Espírito de Deus.
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Comentário: O pecado é essencialmente maligno. Mesmo o menor pecado tem tanta malignidade que seria suficiente para alimentar o inferno eternamente. Então ele corrompe e contamina completamente - pensamentos, vontade, motivações, emoções, impedindo o homem de fazer qualquer coisa pura aos olhos de Deus. Mesmo as nossas melhores obras são contaminadas e trazem a coloração turva, o odor fétido, o sabor salobre do pecado. Ainda as obras dos regenerados não são perfeitas e nem totalmente agradáveis, mas, por causa de Cristo, o Pai as considera, pois elas não objetivam alcançar o favor de Deus, mas são feitas por fé e amor, em gratidão a Deus.
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Dia do Senhor 4
P. 9: Mas Deus não age injustamente com o homem ao exigir em sua lei aquilo que o homem não consegue cumprir?
R.: Não, pois Deus criou o homem de tal forma que este era capaz de cumprir essa lei. Mas o homem, sob a instigação do diabo, em desobediência deliberada, privou-se a si mesmo e a todos os seus descendentes desses dons.
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Comentário: Ocorre que antes da queda o homem tinha condições de obedecer a Deus, mas cedendo à tentação e à cobiça, aspirou por novidades. Mais do que Deus lhe havia dado e ainda lhe daria Adão jamais teria por outros meios, mas seduzido pela mulher, por sua vez seduzida pela Serpente, Adão desobedeceu a lei de Deus. A sedução era: “sereis como Deus” – Gênesis 3.5. O fato é que nem Adão e nem Eva sabiam bem o que a Serpente estava sugerindo. Mas a curiosidade e a cobiça, somado o desejo de novidade e de ter mais do que tinham levou-os a desprezar a lei de Deus. Como Deus lhes havia alertado, o desastre foi inevitável e o resultado imediato: morte espiritual, separação da vida e da comunhão com Deus. Tiveram seus olhos abertos, para que? Para ver suas vergonhas. Conheceram o bem, mas não tinham o poder para realizá-lo; conheceram o mal e não podiam evitá-lo. Depois da queda Deus continua exigindo obediência. Isso não só é justo, como é bom para o homem, pois a lei lhe estabelece limites seguros e restrições saudáveis. O bom Deus também promete o seu Espírito Santo, que nos capacita para a obediência. No mais, que nenhuma criatura se atreva a julgar Deus ou avaliá-lo. Tudo o que Deus faz é bom, justo, e tem santos propósitos e motivações.
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P. 10: Deus permitiria que tal desobediência e apostasia ficassem sem castigo?
R.: Certamente que não, pois tanto o nosso pecado original quanto os nossos pecados presentes o deixam terrivelmente irado.
Por isso, ele os castigará com justo juízo, agora e eternamente, conforme declarou: “Maldito todo aquele que não permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para praticá-las” (Gálatas 3.10).
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Comentário: Deus não apenas exige obediência aos seus mandamentos, como se ira contra a quebra deles pelos homens – “Ninguém vos engane com palavras vãs; porque por estas coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência” - Efésios 5.6. Para quem os despreza há uma punição temporal, nesta vida, e ainda a punição eterna para os que se perdem – “Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos” – Mateus 25.41. E “Os quais, por castigo, padecerão eterna perdição, ante a face do Senhor e a glória do seu poder” – 2ª Tessalonicenses 1.9.
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P. 11: Mas Deus não é também misericordioso?
R.: Deus é, verdadeiramente misericordioso, mas também é justo.
A sua justiça requer que o pecado cometido contra a sua suprema majestade seja castigado também com a pena máxima, quer dizer, com o eterno castigo do corpo e da alma.
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Comentário: A ira de Deus não é uma paixão como a ira humana. Ele não é um ser temperamental, inconstante, mutável. Sua ira é um atributo, que, como todos os demais atributos, é eterna. Assim como o amor e a misericórdia de Deus são eternos, assim também a sua ira é eterna. E esse atributo seu não pode contemplar o pecado, a injustiça, a iniquidade. Por isso a Escritura diz que Ele tanto age com misericórdia longânima, quanto se ira com ira eterna – “Saberás, pois, que o Senhor teu Deus, ele é Deus, o Deus fiel, que guarda a aliança e a misericórdia até mil gerações aos que o amam e guardam os seus mandamentos” – Deuteronômio 7.9. E “O Senhor é Deus zeloso e vingador; o Senhor é vingador e cheio de furor; o Senhor toma vingança contra os seus adversários, e guarda a ira contra os seus inimigos” – Naum 1.2. E ainda “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda a impiedade e injustiça dos homens, que detêm a verdade em injustiça” – Romanos 1.18. Assim, seus atributos podem manifestar-se ao mesmo tempo. Como o Senhor Jesus Cristo fez: “E, olhando para eles em redor com indignação, condoendo-se da dureza do seu coração, disse ao homem: Estende a tua mão. E ele a estendeu, e foi-lhe restituída a sua mão, sã como a outra” – Marcos 3.5. Ele irou-se e afligiu-se ao mesmo tempo, tendo misericórdia daqueles homens pecadores perdidos.
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Parte 2 - Nossa Salvação
Dia do Senhor 5
P. 12: Se pelo justo julgamento de Deus merecemos tanto o castigo temporal quanto o eterno, como, então, poderemos escapar dessa punição para sermos novamente recebidos em graça?
R.: Deus requer que sua justiça seja satisfeita. Por isso, nós mesmos devemos satisfazer completamente essa justiça, ou outro deve fazê-lo por nós.
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Comentário: A santa justiça de Deus requer que o pecado cometido contra a sua suprema majestade não permaneça sem a devida punição. Todo pecado é punido com o máximo rigor, com o máximo poder, com a máxima exatidão. Deus avisou a Adão que se ele o desobedecesse seguramente seria punido com a morte – “Mas da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque no dia em que dela comeres, certamente morrerás” - Gênesis 2.17. E assim aconteceu, ele pecou e a morte entrou no nosso mundo – “Portanto, como por um homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim também a morte passou a todos os homens por isso que todos pecaram” - Romanos 5.12. Todos pecaram e ninguém escapará do juízo de Deus. Todo pecado será castigado com a morte – “Eis que todas as almas são minhas; como o é a alma do pai, assim também a alma do filho é minha: a alma que pecar, essa morrerá” - Ezequiel 18.4. Porém, quando um pecador crê em Jesus Cristo e arrepende-se de seus pecados, recebe o perdão de Cristo, porque Ele morreu para resgatar seu povo dos pecados deles. Assim, os cristãos verdadeiros não serão mais punidos, porque Jesus já o foi no lugar deles. Contudo, quanto aos demais, os que não creem em Cristo, serão infalivelmente justiçados e condenados ao castigo eterno. Todo pecado que não foi punido na cruz será punido no inferno. Os pecados dos crentes foram atribuídos a Cristo e punidos nele na cruz do Calvário. Os descrentes terão que acertar sozinhos sua dívida com a justiça divina.
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P. 13: Podemos, nós mesmos, satisfazer essa justiça?
R.: Certamente que não. Pelo contrário, todos os dias aumentamos a nossa dívida para com Deus.
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Comentário: Homem algum, jamais, poderia satisfazer a justiça de Deus e assim dar conta de seus próprios pecados. A melhor justiça do mais santo dos homens não daria conta de nem mesmo um único pecado. E nós temos multidões deles e só fazemos aumentá-los. A única justiça que satisfez a Deus foi a Sua própria, por isso a justiça de seu Filho o satisfez, pois Jesus é Deus e tem a justiça eterna – “Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade, para extinguir a transgressão, e dar fim aos pecados, e expiar a iniquidade, e trazer a justiça eterna, e selar a visão e a profecia, e ungir o Santo dos santos” - Daniel 9.24.
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P. 14: Qualquer mera criatura pode satisfazê-la por nós?
R.: Não.
Primeiro, porque Deus não castigará outra criatura pelo pecado que o homem cometeu.
Segundo, porque nenhuma mera criatura pode suportar o peso da ira eterna de Deus contra o pecado, nem liberar outros dela.
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Comentário: Homem por homem, essa é a justiça da lei. Se alguém iria tomar o nosso lugar deveria ser outro homem, isto é, outro da família humana. Deveria ser da nossa raça, mas sem o nosso pecado. Não poderia, portanto, ser um homem terreno, teria que vir do céu. Para suportar a ira eterna pelos pecados da humanidade não poderia ser um simples mortal. Por isso o Filho eterno se encarnou, veio ao mundo fazer o que ninguém mais poderia: expiar os nossos pecados e nos salvar, o que era completamente impossível a nós. Jesus Cristo é o único homem divino da história do tempo e da eternidade; nele, Deus se fez carne - “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade” – João 1.14; “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” – Isaías 9.6. Aquele menino que nasceu, era também o Deus Forte, Pai da Eternidade..., por isso ele pôde vencer não apenas o pecado, mas também Satanás, o mundo e a morte; pôde suportar a ira divina contra os nossos pecados e nos atribuir a justiça eterna. Amém.
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P. 15: Que tipo de mediador e libertador temos que buscar?
R.: Alguém que seja verdadeiro homem e justo, e mais poderoso que todas as criaturas, isto é, alguém que seja ao mesmo tempo verdadeiro Deus.
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Comentário: Só há um Mediador entre o Deus Santo e o homem caído – “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” - 1ª Timóteo 2.5. Deus mesmo o estabeleceu, portanto, ele é único perfeitamente justo e absolutamente suficiente para realizar a redenção. Antes de Cristo, Deus perdoava todo aquele que se aproximava dele confiando no Cordeiro que viria – “E disse Abraão: Deus proverá para si o cordeiro para o holocausto” - Gênesis 22.8; “Ele foi oprimido e afligido, mas não abriu a sua boca; como um cordeiro foi levado ao matadouro, e como a ovelha muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a sua boca” - Isaías 53.7. Depois que Cristo veio, Deus perdoa todo aquele que se aproxima dele confiando no Cordeiro que já veio – “No dia seguinte João viu a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” - João 1.29.
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Dia do Senhor 6
P. 16: Por que o mediador tem que ser um verdadeiro homem e homem justo?
R.: Tem que ser verdadeiro homem, porque a justiça de Deus exige que a mesma natureza humana que pecou pague pelo pecado. Tem que ser homem justo, porque alguém que, por natureza já é pecador, não pode pagar pelos pecados dos outros.
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Comentário: Como o pecado entrou no mundo por um homem, a expiação e redenção deveriam também ser feitas por um homem. Porém esse homem não poderia ser um pecador como os demais. Os cordeiros dos sacrifícios, que eram tipos do Cordeiro de Deus que viria, deviam ser sem quaisquer defeitos – “O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula” - Êxodo 12.5. “E, quando alguém oferecer sacrifício pacífico ao Senhor, separando dos bois ou das ovelhas um voto, ou oferta voluntária, sem defeito será, para que seja aceito; nenhum defeito haverá nele” - Levítico 22.21; da mesma forma também o nosso representante, tinha que ser necessariamente imaculado – “Àquele que não conheceu pecado, o fez pecado por nós” - 2ª Coríntios 5.21. Jesus é sacerdote santo, que nunca pecou – “… porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” - Hebreus 4.15; “Mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e incontaminado” - 1ª Pedro 1.19.
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P. 17: Por que ele deve ser, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus?
R.: Ele tem que ser verdadeiro Deus para que, pelo poder da sua natureza divina, possa suportar em sua natureza humana o peso da ira de Deus, e conquistar e restituir para nós a justiça e a vida.
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Comentário: Nenhuma criatura moral, fosse homem ou anjo, jamais poderia suportar o que Jesus Cristo suportou, isto é, todo o furor da ira eterna de Deus pelos nossos pecados. Na cruz o Senhor suportou as “angústias do inferno”- Salmo 116.3, quando experimentou a total ausência da graça e da assistência de Deus. Ele disse: “A minha alma está profundamente triste até a morte” - Marcos 14.34. Para enfrentar Satanás e seus demônios e derrotá-los, o nosso resgatador deveria ser além de homem como nós, também Deus. A missão de reverter os estragos da queda só poderia ser cumprida pelo Filho Eterno. O maior brado de vitória que este mundo ouviu foi o do Senhor Jesus na cruz, quando consumou a nossa redenção: “Está consumado!” - João 19.30.
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P. 18: Mas que Mediador é esse que é, ao mesmo tempo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem e homem justo?
R.: O nosso Senhor Jesus Cristo, “o qual se nos tornou, da parte de Deus, sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1a Coríntios 1.30).
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Comentário: Jesus Cristo é o nosso Campeão – o nosso Davi que enfrentou Golias para salvar o Israel de Deus. Assim como a vitória de Davi foi a vitória de Israel, também a vitória de Cristo é a nossa vitória, sua justiça é a nossa justiça, sua obediência à Lei é a nossa obediência. Todas as conquistas de Jesus, nosso Irmão mais velho nos são atribuídas pelo nosso Pai.
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P. 19: Como você sabe disso?
R.: Pelo santo Evangelho, que o próprio Deus revelou pela primeira vez no Paraíso.
Depois, ele o proclamou pelos santos patriarcas e profetas, e o prefigurou pelos sacrifícios e demais cerimoniais da lei.
E, finalmente, o cumpriu por meio do seu único Filho.
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Comentário: A Bíblia Sagrada, do começo ao fim, narra duas histórias: a da criação e a da redenção; a redenção é uma nova criação. Ela começa falando da história da criação num plano, mas noutro plano se desenrola o maravilhoso plano da redenção. Essas duas histórias caminham juntas de Gênesis ao Apocalipse. Com a morte de Jesus Cristo na cruz do Calvário, a maldição é removida, a queda é revertida e um novo tempo começa. Hoje vemos o plano da redenção com muito mais clareza do que os crentes do Antigo Testamento. Um dia haverá a completude da redenção e a plena manifestação do reino de Deus. Será a consumação de todas as coisas e estaremos na esfera da nova criação.
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Dia do Senhor 7
P. 20: Então, todos os homens são salvos por Cristo exatamente como pereceram por meio de Adão?
R.: Não. Só são salvos os que, pela verdadeira fé, são enxertados em Cristo e aceitam todos os seus benefícios.
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Comentário: A redenção não é automática, mas o Espírito Santo a revela e a aplica aos que creem. Todos quantos são chamados do mundo, devem publicamente professar a sua fé e confiar totalmente em Cristo para a sua salvação. Apenas esses receberão os benefícios da sua morte e ressurreição – “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome... Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado” - João 1.12 e 3.18.
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P. 21: O que é a verdadeira fé?
R.: A verdadeira fé é a convicção com que aceito como verdade tudo aquilo que Deus nos revelou em sua Palavra.
É também a firme certeza de que Deus garantiu – não só a outros, mas também a mim – perdão de pecados, justiça eterna, e salvação, por pura graça e somente pelos méritos de Cristo.
O Espírito Santo opera essa fé em meu coração, por meio do Evangelho.
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Comentário: Fé é conhecer a Deus e confiar plenamente nele. Conhecer, reconhecer, crer e confiar plenamente em Seu Filho como o único mediador entre Deus e os homens. É confiar que o Filho de Deus morreu por mim, assim como por cada um dos que creem e vêm a Ele quando são chamados. Fé não é visualização, superstição, nem sonho, mas é confiança perseverante até o fim, até a morte. Não podemos sentir nem mensurar a fé, mas podemos saber se ela está no lugar certo. Ela não deve estar em nós mesmos, isto é, nossa experiência, justiça, nem na nossa própria fé, nem ainda em anjos, nem nos santos, mas apenas em Jesus Cristo. A verdadeira fé, a fé que salva, é um dom de Deus e ela direciona o crente para Jesus Cristo e a Ele unicamente. A fé salvífica jamais foca outro mediador fora daquele que o Pai estabeleceu. Portanto para alguém ser salvo não basta que tenha fé, nem mesmo que tenha muita fé, mas sua fé precisa estar em Cristo – “Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna” - João 6.47; “Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna” - 1ª João 5.13. Então, não é crer em alguma coisa, em qualquer coisa ou em qualquer um, mas crer no Filho de Deus – Jesus Cristo. Essa é a fé bíblica.
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P. 22: Então, em que o cristão deve crer?
R.: Em tudo que nos está prometido no Evangelho e que nos é ensinado resumidamente pelos artigos da nossa católica e indubitável fé cristã.
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Comentário: Todo cristão deve crer na doutrina dos apóstolos de Cristo – “E perseveravam na doutrina dos apóstolos” - Atos 2.42, pois isso é todo o Conselho de Deus para a Igreja – “Porque nunca deixei de vos anunciar todo o conselho de Deus” - Atos 20.27. De fato, o Credo dos Apóstolos, o Symbolum Apostolicum, nos dá um perfeito resumo da doutrina de Cristo por meio dos seus profetas e apóstolos.
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P. 23: Que artigos são esses?
R. 1. Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra;
2. e em Jesus Cristo, seu Filho Unigênito, nosso Senhor;
3. que foi concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria;
4. padeceu sob o poder de Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado, desceu ao inferno;
5. no terceiro dia ressurgiu dos mortos;
6. subiu ao céu e está sentado à direita de Deus Pai Todo-Poderoso;
7. donde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
8. Creio no Espírito Santo;
9. na santa Igreja católica, na comunhão dos santos;
10. na remissão dos pecados;
11. na ressurreição do corpo;
12. e na vida eterna. Amém.
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Comentário: Crer em Deus Pai é crer, honrar e adorar o único Deus vivo e verdadeiro. Crer em Jesus Cristo é confiar inteiramente no mediador que o Pai estabeleceu para nossa salvação. Crer na concepção virginal é crer nas duas naturezas de Cristo – sua humanidade e sua divindade. Quando o Credo diz que Ele nasceu da virgem Maria e padeceu sob o governo de Pôncio Pilatos, está situando estes acontecimentos na História, para mostrar que nossa fé tem lastro na história secular a qual comprova esses fatos. Professar que cremos em sua morte, crucificação e ressurreição, significa crer em todos os seus atos redentivos, em sua vitória sobre todos os inimigos e poderes do inferno. Crer no Juízo Final é aguardar a promessa que o Senhor nos fez que voltaria para os seus. Esse dia do juízo será, ao mesmo tempo, horrível para os ímpios e glorioso para os fiéis. Crer no Espírito Santo é crer na perfeita e Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Professa a santidade e catolicidade da Igreja é crer que ela é santa e uma só; daí também a comunhão dos santos, pois há muitos membros, mas uma única Cabeça, formando um só Corpo. Crer na remissão de pecados é crer na salvação pela graça que foi conquistada por Cristo – Jesus nos redimiu. Crer na ressurreição é esperar o novo corpo glorificado que o Senhor nos dará no último dia, corpo no qual viveremos eternamente com o Senhor. Amém.
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Dia do Senhor 8
P. 24: Como se dividem esses artigos?
R.: Em três partes:
- A primeira parte nos ensina sobre Deus, o Pai, e a nossa criação;
- A segunda parte nos ensina sobre Deus, o Filho, e a nossa redenção;
- A terceira parte nos ensina sobre Deus, o Espírito Santo, e a nossa santificação.
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Comentário: Apesar de o Credo separar cada parte dessa forma, para melhor compreensão do leitor, de fato, o Pai, o Filho e o Espírito Santo, são eternamente juntos; eles estão juntos na criação, bem como na redenção, assim também na nossa santificação. Eles são inseparáveis, trabalham e operam eternamente juntos. O Senhor Jesus disse: “... Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” – João 5.17, como quem diz: “Meu Pai trabalha e eu trabalho com ele; trabalhamos juntos”. O Credo confessa essa unidade da Trindade.
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P. 25: Visto que só existe um único Deus, por que é que você fala em três Pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo?
R.: Porque o próprio Deus se revelou de tal maneira em sua Palavra, que essas três Pessoas distintas são o único, verdadeiro e eterno Deus.
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Comentário: O Credo dos Apóstolos, conhecido como o Símbolo, se apresenta em três partes principais onde cada uma enfatiza uma das Pessoas da Trindade. Isto mostra que a fé histórica da Igreja de Cristo sempre expressou essa doutrina, que embora não tenha nome nas Escrituras, pode ser largamente percebida tanto no Antigo quanto no Novo Testamento. Elohim é uma palavra plural que se refere a um só Deus e compreende ao mesmo tempo três Pessoas Benditas: O Pai, o Filho e o Espírito Santo. Não podemos compreender esta doutrina com a nossa mente natural, mas devemos crê-la pois é assim que o verdadeiro Deus se revela no Sagrado Livro. Um milagre não é verdadeiro só se eu puder explicá-lo, mas se Deus o fez. Da mesma forma uma doutrina não é verdadeira só se eu puder compreendê-la, mas se Deus a disse, se está no seu Livro. Seria grande estupidez de nossa parte, criaturas caídas que somos, desejar compreender tudo quanto Deus é e o que Ele faz. Há três atributos principais que são inerentes a Deus e incomunicáveis: Onipotência, Onisciência e Onipresença. Só Deus tem esses atributos. Uma vez que são incomunicáveis, nenhuma criatura os recebeu. Mas o Deus Pai, o Deus Filho e o Deus Espírito Santo são todos tanto onipotentes, quanto oniscientes, quanto onipresentes. A Bíblia apresenta cada um deles tendo todos esses atributos intransmissíveis. E como Deus é um só, estes três constituem o único e verdadeiro Deus, Aquele que é Santo, Santo e Santo. Ele é o Deus da Igreja e o Senhor Jesus disse que cada membro efetivo do seu povo deve ser selado “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” - Mateus 28.19. O apóstolo invocou a bênção sobre a Igreja dizendo: “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com todos vós. Amém” - 2ª Coríntios 13.13. O Credo Apostólico colocou a Igreja junto com Espírito Santo. É o Espírito que chama os eleitos de Deus, lhes revela o Evangelho de Cristo e o Cristo do Evangelho; Ele os regenera, dá-lhes fé e arrependimento e os congrega num corpo, a Igreja.
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Deus Pai e a nossa criação
Dia do Senhor 9
P. 26: Em que você crê quando diz: “Creio em Deus Pai, Todo-Poderoso, Criador do céu e da terra”?
R.: Creio que o eterno Pai do nosso Senhor Jesus Cristo, que criou do nada, o céu e a terra e tudo o que neles há, e também os sustenta e governa por seu conselho e providência eternos é o meu Deus e o meu Pai, por causa do seu Filho Jesus Cristo.
Creio nele tão completamente, que não tenho nenhuma dúvida de que ele me suprirá de tudo o que é necessário ao corpo e à alma, e que também converterá em bem para mim toda a adversidade que me enviar nessa vida conturbada.
Ele assim pode fazer porque é Deus Todo-Poderoso e o quer fazer porque é Pai Fiel.
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Comentário: Os cristãos são criacionistas, pois é o que a Bíblia diz; ela diz que Deus é o Criador de tudo quanto existe. O livro de Gênesis começa dizendo: “No princípio criou Deus os céus e a terra” - Gênesis 1.1. E o Evangelho de João começa assim: “No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” - João 1.1-3. Ele pensou, planejou, decretou e ordenou a existência, a manutenção, o propósito de todas as coisas criadas. Ele decretou a vida de cada ser e todas as circunstâncias que os envolvem em toda a sua vida do começo ao fim. Uma vez tudo criado, Ele sustenta, mantêm, governa e dirige tudo e todos para o fim que decretou – “Mas o nosso Deus está nos céus; fez tudo o que lhe agradou” - Salmo 115.3. Toda a criação depende de Deus para continuar existindo e sem Ele toda criação entraria em colapso. Portanto nosso Deus não é apenas o Criador, mas também o sustentador, mantenedor, gestor de toda a sua criação. Sendo nosso Pai, confiamos que Ele sempre nos sustentará, nos dando tanto provisão material quanto espiritual; guardando-nos do maligno e fazendo com que o mal que nos sobrevêm nesta vida, sempre promova o nosso bem maior – “E sabemos que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito” - Romanos 8.28. Saber que esse Deus maravilhosíssimo é o nosso Pai através de Jesus Cristo, é algo que nos dá toda segurança, tranquilidade e consolação. O Senhor Jesus ensinou: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” - Mateus 7.11. Então, quando confessamos que cremos em Deus Pai Todo-poderoso, estamos dizendo que sabemos que Ele nos adotou em Jesus Cristo e tem uma providência especial para nós; e que estamos absolutamente descansados nele tanto para manter nossa vida e integridade física quanto espiritual. Confiamos que com a sua graça cruzaremos o deserto deste mundo e chegaremos à terra da promissão, porque Aquele que fez a promessa é fiel – “Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu” - Hebreus 10.23.
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Dia do Senhor 10
P. 27: O que você entende por “Providência de Deus”?
R.: A Providência de Deus é o seu onipotente e onisciente poder, por meio do qual, com sua mão, ele sustenta continuamente o céu e a terra e todas as criaturas, governando-os de tal modo que ervas e plantas, chuva e seca, abundância e escassez, comida e bebida, saúde e doença, riqueza e pobreza, na verdade, todas as coisas, não nos vêm por acaso, mas procedem da sua mão paternal.
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Comentário: Muitos simplificam a definição de providência, apenas como sendo Deus dando provisão material aos seus filhos. É isso também, mas não apenas isso. Providência é Deus sustentando, mantendo, governando, dirigindo toda a criação para um fim que Ele mesmo decretou em Seu conselho eterno. Tudo o que acontece na criação vem da providência e é governado por ela. Deus mantém controle absoluto sobre todas as criaturas e seus atos, tanto no céu como na terra, as visíveis e as invisíveis; Ele governa e administra o tempo e a eternidade. Nenhuma criatura é independente ou autônoma. Deus é quem determina e ordena os tempos, os dias e todas as circunstâncias que envolve cada uma delas. Não existe um só pensamento em todo o universo criado que seja desconhecido de Deus. Ele conhece nossas palavras, ações, reações, também nossos pensamentos e motivações que as geraram. Por isso o salmista disse: “Senhor, tu me sondaste, e me conheces. Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento... Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó Senhor, tudo conheces” - Salmo 139.1-4. Deus tem absoluta ciência de tudo quanto acontece em todo o universo criado, sustentado e governado por Ele. Ele sabe, vê e ouve tudo, seja do tempo passado, presente ou futuro, em tempo real. Ele cuidará de nós pois sua promessa é fiel e Ele nos ama. Disso já nos deu prova – “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?” - Romanos 8.32.
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P. 28: Que benefício há em sabermos que Deus criou todas as coisas e que continuamente as sustenta pela sua Providência?
R.: Podemos ser pacientes na adversidade, agradecidos na prosperidade e, quanto ao futuro, podemos confiar firmemente em nosso Deus e Pai Fiel, porque criatura alguma poderá nos separar do seu amor; pois todas elas estão de tal modo em sua mão que, sem a sua vontade, elas não podem nem mesmo se mover.
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Comentário: Sabendo que tudo quanto existe e acontece está sob a gerência precisa de Deus, o nosso Pai, temos consolo nas adversidades. Estamos num mundo caído e momentos difíceis fazem parte desta vida, mas o Senhor converte toda dor, perda, sofrimento em benefícios espirituais. Todo sofrimento que passamos nesta vida está repleto do amor de Deus por nós. Quanto mais conhecimento da Providência tanto mais temos paciência e esperamos em Deus. Temos a bendita promessa de que nem homens, nem anjos, nem privações, nem escassez de coisas materiais, nem perseguições, nem ameaças, nada nos tirará dos braços de amor do nosso Deus e Pai. Até a mais poderosa, maldosa, maligna e cruel das criaturas caídas, está nas mãos do Senhor Jesus Cristo e só faz o que lhe é concedido e ordenado – “E disse o Senhor a Satanás: Eis que tudo quanto ele tem está na tua mão; somente contra ele não estendas a tua mão. E Satanás saiu da presença do Senhor” - Jó 1.12. Temos muito que agradecer ao nosso bondoso Pai. A ingratidão é um grande pecado, que invariavelmente é potencializada com as murmurações. Devemos aprender a contabilizar as bênçãos que temos e não as que não temos. Então veremos que temos muito mais do que merecemos. Nosso maior privilégio é sermos filhos de Deus em Cristo.
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Deus Filho e nossa salvação
Dia do Senhor 11
P. 29: Por que razão o Filho de Deus é chamado de “Jesus”, que quer dizer “Salvador”?
R.: Porque Ele nos salva de todos os nossos pecados, e porque em nenhum outro devemos buscar ou podemos encontrar salvação.
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Comentário: O Filho Eterno santificou e imortalizou o nome “Jesus” que significa “Javé salva” ou simplesmente “Salvador”. “Jesus”, assim como “Josué”, era um nome até comum naqueles dias, mas o Filho de Deus era a realidade desse nome, Ele era o que o nome dizia. Por isso recebeu esse nome: “E dará à luz um filho e chamarás o seu nome Jesus ; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” - Mateus 1.21. Jesus Cristo não é um salvador, mas é o único Salvador. Todos quantos tiverem de ser salvos, o serão através dele, conforme está escrito: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” - Atos 4.12. Só existe um povo salvo na terra. Esse povo é composto por homens e mulheres, judeus e gentios de todas as nações, povos e raças, de todos os tempos, e todos têm um Salvador comum: Jesus Cristo – “Depois destas coisas olhei, e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro, trajando vestes brancas e com palmas nas suas mãos; E clamavam com grande voz, dizendo: Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono, e ao Cordeiro” - Apocalipse 7.9-10. O Cordeiro é Jesus Cristo, que tomou o nosso lugar sob a ira divina e a maldição da Santa Lei, a fim de nos tornar aceitáveis diante de Deus e nos reconciliar com Ele.
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P. 30: Aqueles que buscam com fervor a sua salvação ou bem-estar nos antos, em si mesmos, ou em outra coisa qualquer, também creem no único Salvador Jesus?
R.: Não. Embora se gloriem nele com palavras, eles na verdade negam a Jesus como o único Salvador.
Pois, das duas coisas, só uma é verdadeira: ou Jesus é um Salvador incompleto, ou aqueles que, pela verdadeira fé aceitam esse Salvador, têm que achar nele tudo o que é necessário para a sua salvação.
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Comentário: A Bíblia Sagrada fala da “fé que uma vez foi dada aos santos” - Judas 1.3; e de outra fé que até os demônios têm – “Tu crês que há um só Deus; fazes bem. Também os demônios o creem, e estremecem” - Tiago 2.19. A primeira salva enquanto que a segunda para nada aproveita. A fé que os crentes autênticos têm, os direciona exclusivamente para Jesus Cristo. Já a fé dos reprovados não, por isso professam crer em Deus e Seu Filho, Jesus Cristo, mas também confiam nos santos e em outros ídolos; confiam também em si próprios, ou seja, em sua justiça pessoal, suas obras e méritos; confiam em superstições, tais como orações fortes, propósitos, visualizações, objetos ou elementos sagrados, relíquias, lugares sagrados; ou confiam ainda em suas experiências espirituais. Eles têm uma fé pulverizada e essa não é a fé bíblica. Assim, não confiam plenamente e somente em Nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo, ainda que professem crer nele. Uma fé desse tipo desonra e insulta a Deus, por isso é uma fé reprovada. Os crentes autênticos têm sua fé e confiança única e exclusivamente em Cristo Jesus. Jamais confiam em boas obras, justiça e méritos pessoais, experiências sobrenaturais, ou em outros mediadores, sejam mortos ou vivos. Também não confiam em coisas, objetos, nem em palavras supersticiosas. Mas apenas e tão somente em nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo.
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Dia do Senhor 12
P. 31: Por que razão ele é chamado de “Cristo”, que quer dizer “Ungido”?
R.: Porque Ele foi ordenado por Deus, o Pai, e ungido com o Espírito Santo, para ser: nosso supremo Profeta e Mestre, que nos revelou completamente o propósito secreto e a vontade de Deus quanto à nossa redenção; nosso único Sumo Sacerdote, o qual por um único sacrifício do seu corpo nos remiu e intercede continuamente por nós diante do Pai; e nosso Rei eterno, que nos governa pela sua Palavra e por seu Espírito, e que nos defende e preserva na redenção que ele conquistou para nós.
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Comentário: “Cristo” vem do Grego e quer dizer Ungido, “Messias” vem do Hebraico, que também significa Ungido. Os reis, sacerdotes e profetas de Israel eram ungidos de Deus. O Senhor Jesus é a expressão máxima de todas aquelas funções e ministérios, reunindo e expressando em si mesmo todas elas. Ele é o Grande Sumo-sacerdote; dele está escrito: “Jurou o Senhor, e não se arrependerá: tu és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” - Salmo 110.4. Também é o Grande Profeta [e Mestre]: “O Senhor teu Deus te levantará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, como eu; a ele ouvireis” - Deuteronômio 18.1, e ainda é o Grande Rei: “Eu, porém, ungi o meu Rei sobre o meu santo monte de Sião. Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho, eu hoje te gerei” - Salmo 2.6-7. Depois de Cristo não há mais rei, sacerdote nem profeta na sua Congregação, conforme no Antigo Testamento. Agora todos os crentes são, em Cristo e com Ele, reis, profetas e sacerdotes. A igreja é um reino sacerdotal, profético que reina com Cristo -”E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém” – Apocalipse 1.6.
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P. 32: Por que você é chamado de cristão?
R.: Porque, pela fé, sou membro de Cristo e, por isso, partilho da sua unção par poder: como profeta, confessar o seu nome; como sacerdote, apresentar a mim mesmo como sacrifício vivo de gratidão a ele; e, como rei, de livre e boa consciência, combater o pecado e o diabo nessa vida, e no porvir reinar eternamente com ele sobre tidas as criaturas.
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Comentário: O cristão é aquele que ouviu de Cristo, crê nele, segue-o e o obedece de coração. Ele está em Cristo e o imita, e o Espírito Santo o conforma a Cristo dia a dia. Estando em Cristo, participa com Ele de todas as suas vitórias e seus benefícios redentivos. Ele reina com Cristo sobre o pecado e o mal: “Porque, se pela ofensa de um só, a morte reinou por esse, muito mais os que recebem a abundância da graça, e do dom da justiça, reinarão em vida por um só, Jesus Cristo” - Romanos 5.17. Como um profeta ele anuncia a Palavra de Cristo ao mundo: “E vós tendes a unção do Santo, e sabeis tudo... E a unção que vós recebestes dele, fica em vós, e não tendes necessidade de que alguém vos ensine; mas, como a sua unção vos ensina todas as coisas, e é verdadeira, e não é mentira, como ela vos ensinou, assim nele permanecereis” - 1ª João 2.20, 27. Como sacerdote ele oferece, através de Cristo, sacrifícios espirituais a Deus. Tudo isso o crente é em Cristo e juntamente com Ele: “E nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai; a ele glória e poder para todo o sempre. Amém” - Apocalipse 1.6.
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Dia do Senhor 13
P. 33: Por que ele é chamado “Filho Unigênito” de Deus, se nós também somos filhos de Deus?
R.: Porque somente Cristo é, por natureza, o eterno Filho de Deus.
Nós, porém, somos filhos de Deus por adoção, pela graça, por causa de Cristo.
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Comentário: Jesus Cristo é chamado de único Filho de Deus porque Ele é o Filho Eterno, gerado eternamente do Pai – “E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade... Deus nunca foi visto por alguém. O Filho Unigênito, que está no seio do Pai, esse o revelou” - João 1.14, 18. Ele é Deus como o Pai. Os crentes são chamados de filhos de Deus num outro sentido – são adotivos, criados no tempo e abençoados com o privilégio dessa herança – “Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome” – João 1.12; “Porque não recebestes o espírito de escravidão, para outra vez estardes em temor, mas recebestes o Espírito de adoção de filhos, pelo qual clamamos: Aba, Pai. O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” – Romanos 8.15-16. Jesus sempre será Deus Criador junto com o Pai, enquanto que nós sempre seremos criaturas. Todos os homens são filhos de Deus em Adão, porém nem todos são filhos de Deus em Cristo Jesus. Em Adão todos estão sob a ira de Deus e um dia serão chamados à prestação de contas e receberão a condenação eterna por causa de seus pecados. Já os homens que foram reconciliados com Deus e adotados na família de Deus, são os verdadeiros filhos de Deus em Cristo Jesus; esses são amados com o amor eterno, objeto do amor especial de Deus. Esses são destinados à eternidade no novo céu e nova terra. Quando Jesus veio a este mundo era apenas o Unigênito, mas quando retornou à glória eterna, foi como o Primogênito – “Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o Primogênito entre muitos irmãos” – Romanos 8.29. Assim no que diz respeito à sua divindade, ele é o Unigênito do Pai, e em relação à sua humanidade ele é o Primogênito. Na sua posição gloriosa de Unigênito do Pai, sempre será único e será sempre o nosso Deus.
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P. 34: Por que você o chama de “nosso Senhor”?
R.: Porque ele nos comprou e nos resgatou, corpo e alma, de todos os nossos pecados, não com ouro nem prata, mas com o seu precioso sangue, e nos libertou de todo o domínio do diabo, para nos tornar sua possessão.
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Comentário: Jesus tem direito sobre nós por criação, por redenção e por preservação – “Mas agora, assim diz o Senhor que te criou, ó Jacó, e que te formou, ó Israel: Não temas, porque eu te remi; chamei-te pelo teu nome, tu és meu. Quando passares pelas águas estarei contigo, e quando pelos rios, eles não te submergirão; quando passares pelo fogo, não te queimarás, nem a chama arderá em ti” – Isaías 43.1-2. Ele nos criou, redimiu e mantém nossa vida física e espiritual. Então é o nosso Senhor, nosso Dono, nosso Amo, nosso Deus. Ele próprio ensinou seus discípulos que era o Senhor – “Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou” – João 13.13. Também Sua divindade foi reconhecida pelos seus discípulos – “E Tomé respondeu, e disse-lhe: Senhor meu, e Deus meu!” – João 20.28. O crente crê, confessa e confia em Jesus Cristo como seu Senhor, Salvador e Deus, pois disso depende a nossa salvação – “Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que eu sou, morrereis em vossos pecados” - João 8.24. Se num certo sentido Jesus é o nosso irmão Primogênito, por outro é o nosso Senhor e Deus.
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Dia do Senhor 14
P. 35: O que você confessa quando diz que Cristo “foi concebido por obra do Espírito Santo; e nasceu da virgem Maria”?
R.: O eterno Filho de Deus, que é e permanece verdadeiro e eterno Deus, tomou sobre si a verdadeira natureza humana da carne e do sangue da virgem Maria, pela operação do Espírito Santo.
Por isso, ele é também a verdadeira semente de Davi, semelhante a seus irmãos em tudo, porém sem pecado.
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Comentário: Aquele que é eterno e habita a eternidade entrou no tempo; o Criador vestiu-se de criatura; o Deus infinito e ilimitado, limitou-se a um corpo humano. O todo-poderoso assume a forma de fraqueza; o Santo é feito pecado por nós; o rico e majestoso fez-se servo humilde e pobre. Este é o grande, maravilhoso e incompreensível mistério da encarnação, que propiciou a nossa redenção. Conquanto o Senhor Jesus fez-se verdadeiro homem, nunca deixou de ser Deus. Jesus Cristo não é metade homem e metade Deus, mas tem duas naturezas distintas: em sua deidade é verdadeiro Deus e em sua humanidade é verdadeiro homem. Antes da encarnação o Verbo era Deus, depois da encarnação Ele passou a ter duas naturezas: a divina e a humana. A profecia dizia: “Portanto o mesmo Senhor vos dará um sinal: Eis que a virgem conceberá, e dará à luz um filho, e chamará o seu nome Emanuel... Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu, e o principado está sobre os seus ombros, e se chamará o seu nome: Maravilhoso, Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz” - Isaías 7.14 e 9.6. Uma virgem teria um filho que se chamaria Emanuel [Deus conosco]; Deus Forte; Pai da Eternidade... Isto é, esse “Homem” que nasceria seria também Deus. Ele era em tudo como nós, exceto em relação com o pecado - “Por isso convinha que em tudo fosse semelhante aos irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote naquilo que é de Deus, para expiar os pecados do povo... Porque não temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado” - Hebreus 2.17 e 4.15.
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P. 36: Que benefício você recebe por Cristo ter sido concebido e nascido sem pecado?
R.: Ele é nosso Mediador, e com sua inocência e perfeita santidade, cobre aos olhos de Deus, o meu pecado, no qual fui concebido e nascido.
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Comentário: Jamais alguém pôde acusar o Senhor Jesus de pecado, nem mesmo numa ínfima particularidade. Ele jamais errou, nunca cometeu qualquer injustiça, nem se achou nele desobediência ou rebeldia. Jesus nunca precisou voltar atrás e pedir perdão ou desculpas por algo que tivesse feito ou falado que não fosse perfeitamente justo, bom, puro, honesto e verdadeiro - “Porque nos convinha tal sumo sacerdote, santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que os céus” - Hebreus 7.26. Todos os cordeiros oferecidos no Antigo Testamento que eram uma sombra de Jesus Cristo, deveriam ser sem defeito, quanto mais o Cordeiro de Deus que é a realidade daqueles tipos - “O cordeiro, ou cabrito, será sem mácula, um macho de um ano, o qual tomareis das ovelhas ou das cabras” - Êxodo 12.5. Aquele que nasceu sem pecado, cobre com seu manto de santidade, todos que nascem em pecado mas creem e confiam nele.
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Dia do Senhor 15
P. 37: O que você confessa quando que ele “padeceu”?
R.: Durante todo o tempo em que viveu sobre a terra, e especialmente no final, Cristo suportou, no corpo e na alma, a ira de Deus contra o pecado de toda a raça humana.
Assim, por seu sofrimento, como o único sacrifício de expiação, ele redimiu o nosso corpo e a nossa alma da condenação eterna e conquistou para nós a graça de Deus, a justiça e a vida eterna.
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Comentário: Ninguém sofreu tanto neste mundo quanto o Senhor Jesus Cristo. Tudo começou quando Ele abriu mão da glória celestial para vir habitar neste mundo caído na pessoa de um pobre galileu, sob o governo de Roma; um ato de renúncia e abdicação que por si só lhe trouxe sofrimento e humilhação indizíveis. Depois devemos considerar que Ele é total, absoluta e essencialmente santo, sendo o pecado para Ele algo que ocasiona e infringe um desconforto, uma angústia, uma dor, tão desesperadores, que nós como homens caídos e pecadores que somos, não temos condições de avaliar. O profeta anunciou: “Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões, e moído por causa das nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” - Isaías 53.4-5. Ele foi ferido e moído não apenas no último dia, mas durante toda a sua vida aqui na terra. Contudo o ápice do sofrimento realmente foi na cruz, pois ali Ele recebeu sobre si o impacto da ira eterna de Deus contra os nossos pecados. Foi na cruz que Jesus experimentou as angústias do inferno e foi terrivelmente massacrado pelo peso do juízo de Deus sobre os pecados da humanidade. Sofreu as agruras do inferno para que pudéssemos gozar da paz com Deus sendo reconciliados com Ele.
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P. 38: Por que ele “padeceu sob” o julgamento de “Pôncio Pilatos”?
R.: Embora inocente, Cristo foi condenado por um juiz terreno, e assim ele nos livrou do severo juízo de Deus que haveria de cair sobre nós.
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Comentário: A frase “Sob Pôncio Pilatos” situa a morte de Jesus na história secular, que é testemunha da estada do Filho de Deus entre nós. Também o Senhor Jesus Cristo foi considerado inocente por Pilatos, mas ainda assim ele o entregou para ser crucificado. Então Jesus foi condenado a morte pelo próprio tribunal que o considerou inocente. Por duas vezes o Juiz disse: “Não acho nele crime algum” - João 18.38 e 19.4. Sua inocência foi testemunhada pelo próprio tribunal que o condenou. O Senhor Jesus não morreu pelos seus pecados mas pelos nossos.
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P. 39: Há algum sentido especial em Cristo ter sido crucificado e não ter morrido de outro modo?
R.: Sim. Por causa disso, tenho a certeza de que ele levou sobre si a maldição que estava sobre mim, pois quem era crucificado era maldito de Deus.
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Comentário: A lei declarava malditos todos quantos fossem pendurados num madeiro. Para que Jesus tomasse sobre si mesmo a maldição da queda deveria ser posto num madeiro. Assim Ele foi feito maldição por nossa causa. Ali na cruz Ele reverteu a queda, removendo toda maldição que estava no mundo. Um dia veremos isso claramente, porque muito do que Jesus conquistou na cruz e em sua ressurreição ainda não se manifestou plenamente. Sua morte, pregado num madeiro também cumpriu antigas profecias e do próprio Senhor Jesus - “Pois me rodearam cães; o ajuntamento de malfeitores me cercou, traspassaram-me as mãos e os pés” - Salmo 22.16; … “e olharão para mim, a quem traspassaram; e pranteá-lo-ão sobre ele, como quem pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora amargamente pelo primogênito” - Zacarias 12.10; “E o entregarão aos gentios para que dele escarneçam, e o açoitem e crucifiquem, e ao terceiro dia ressuscitará” - Mateus 20.19. De modo que Ele não poderia ter sido morto de outra maneira, o que o inimigo tentou mas sem sucesso [Atirá-lo ao precipício Lucas 4.29-30; Apedrejando-o João 8.59 e 10.31].
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Dia do Senhor 16
P. 40: Por que foi necessário que Cristo se humilhasse até a morte?
R.: Por causa da justiça e da verdade de Deus, a satisfação pelos nossos pecados não poderia ocorrer de outra forma senão pela morte do Filho de Deus.
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Comentário: A santa e reta justiça de Deus exige que o pecado seja expiado com a morte - “A alma que pecar, essa morrerá...”, “Porque o salário do pecado é a morte” - Ezequiel 18.4, 20; Romanos 6.23. Porque o homem desobedeceu a Deus deveria morrer. Se não ele, alguém deveria sofrer tal penalidade em seu lugar. Deus escolheu o Seu Cordeiro e O sacrificou no lugar do homem pecador. Só por isso Deus pode perdoar os pecados dos filhos da queda; Ele o faz àqueles que humildemente se chegam a Ele reconhecendo sua culpa. Esses recebem a justiça conquistada pela morte de Jesus Cristo; assim não precisam mais morrer eternamente. Aqueles que supõem que para Deus é muito fácil perdoar pecados estão enganados, porque não há nada mais difícil para Ele fazer do que isso. Se fosse fácil para Ele perdoar, não teria visto seu Filho sendo esmagado e moído na cruz em nosso lugar. Esse foi o preço para que pudesse perdoar aqueles que vêm a Ele rogando seu perdão. Também para Jesus não foi nada fácil. A conta não ficou mais suave para Ele do que seria para nós. Não, Ele pagou total e exatamente o que deveríamos pagar.
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P. 41: Por que ele foi “sepultado”?
R.: O seu sepultamento testifica que ele realmente morreu.
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Comentário: Todos os atos da redenção foram testemunhados por muitas pessoas. Nada aconteceu em algum lugar escondido que não pudesse ser largamente comprovado. O nascimento de Jesus, sua vida, seus milagres, sua morte, sua ressurreição e ascensão, tudo foi visto, conferido e comprovado por muitas testemunhas oculares, por crentes e até por não crentes. E quando Jesus enviou os discípulos a pregar, disse-lhes que começassem ali mesmo em Jerusalém, no mesmo cenário em que tudo havia acontecido. Foi o que fizeram. Começaram a pregar que Jesus Cristo havia ressuscitado a partir de Jerusalém. Os inimigos não poderem negar ou desmentir a mensagem dos discípulos é prova contundente da veracidade dos fatos.
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P. 42: Se Cristo morreu por nós, por que nós ainda temos que morrer?
R.: A nossa morte não é o pagamento pelos nossos pecados, mas ela põe um fim aos nossos pecados e é a entrada para a vida eterna.
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Comentário: Nossa morte é apenas física. Aprouve a Deus realizar em nós a redenção em duas etapas: uma no nosso espírito, que se dá quando cremos em Cristo e o recebemos pela fé; outra se dará quando recebermos o nosso corpo glorificado, no último dia ou dia do Juízo Final. O crente aqui na terra é uma alma redimida que habita um corpo caído. Um dia esse corpo morrerá e sua alma irá para o Senhor, onde aguardará o novo corpo, no qual viverá eternamente com o Senhor e todos os santos. Nossa alma já está livre do pecado para sempre, mas nosso corpo ainda sofre as consequências da queda. Um dia nosso corpo envelhece, adoece e morre. Então nossa alma estará livre da presença do pecado para sempre. Um dia os dois, alma e corpo unir-se-ão novamente e para sempre. A realidade do não crente é diferente. Ele é uma alma não redimida vivendo num corpo caído. Até aqui a diferença entre o não crente e o crente é só na área espiritual, por fora nada se vê. Mas quando o não crente vai para a sepultura, começa a grande diferença. Sua alma não redimida será amalgamada ao pecado para sempre e irá para o inferno. Um dia ele também terá seu corpo de volta, mas apenas para receber a condenação e a punição eternas que será no lago de fogo.
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P. 43: Que outros benefícios recebemos do sacrifício e morte de Cristo na cruz?
R.: Pela morte de Cristo, a nossa velha natureza é crucificada, morta e sepultada com ele, para que os desejos malignos da carne não reinem mais sobre nós, e possamos nos oferecer a ele como sacrifício de gratidão.
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Comentário: A escritura afirma que fomos substituídos e incluídos na morte de Cristo na cruz. Quando Ele morreu, não apenas tomou o nosso lugar como substituto, senão que também nos fez morrer juntamente com Ele. Por isso diz: “Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado” - Romanos 6.6. Fomos unidos a Cristo de forma que tudo o que aconteceu com Ele também se deu a nós que cremos.
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P. 44: Por que razão se acrescenta: “desceu ao inferno”?
R.: A angústia, a dor, o terror e a agonia indizíveis que Cristo suportou em todos os seus sofrimentos, especialmente na cruz, dão-me a certeza e consolo de que, por maiores que sejam as minhas tristezas e tentações, ele me livrou da angústia e do tormento do inferno.
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Comentário: As agruras que o Senhor Jesus sofreu não podemos mensurá-las, pois foram infinitamente mais do que qualquer mortal poderia suportar. Ele disse aos discípulos: “A minha alma está cheia de tristeza até a morte; ficai aqui, e velai comigo” - Mateus 26.38. Os Salmos proféticos messiânicos se cumpriram: “Tristezas do inferno me cingiram, laços de morte me surpreenderam...”, “Os cordéis da morte me cercaram, e angústias do inferno se apoderaram de mim; encontrei aperto e tristeza” - Salmo 18.5; 116.3. O maior sofrimento do inferno é a total e completa ausência da graça de Deus. O Senhor Jesus experimentou essa realidade na cruz. Nunca precisaremos experimentar o que isto significa. Neste mundo caído, por mais que alguém sofra, ainda há a presença da graça comum de Deus que permeia toda a criação. Mas no inferno não há qualquer medida de graça ou de misericórdia, ali haverá tão somente juízo, ira e punição. Contudo, os que nele confiam não precisam mais temer o inferno; Ele já sofreu em nosso lugar e a Justiça Eterna jamais punirá o mesmo pecado duas vezes.
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Dia do Senhor 17
P. 45: Como fomos favorecidos com a ressurreição de Cristo?
R.: Primeiro, pela ressurreição, Cristo venceu a morte para nos tornar participantes da justiça que ele conquistou para nós pela sua morte.
Segundo, pelo seu poder, nós também somos ressuscitados para uma nova vida.
Terceiro, a ressurreição de Cristo é, para nós, a garantia da nossa ressurreição gloriosa.
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Comentário: Tudo quanto os inimigos mais queriam era poder provar que Jesus não havia ressuscitado, justamente pela grande importância desse ato redentivo. Se pudessem prová-lo, abortariam o cristianismo e o matariam antes de nascer. Aquele que havia dito ressuscitaria depois de três dias não ressuscitara; os inimigos teriam mostrado o túmulo selado e inviolado - “E indo eles, seguraram o sepulcro com a guarda, selando a pedra” - Mateus 27.66; ou pior, enquanto os discípulos anunciavam Jesus ressurreto, os adversários teriam apresentado o Seu corpo morto. Seria o fim. Mas a história não é essa e os fatos que ela registrou são outros. O plano do aborto foi abortado. Qualquer um poderia correr até a sepultura onde Ele fora posto e verificar os fatos ocorridos. A enorme pedra que fechava a saída estava do lado com o lacre romano violado. E ninguém foi punido por esse crime, pois quem rompeu o lacre romano foi um anjo - “E eis que houvera um grande terremoto, porque um anjo do Senhor, descendo do céu, chegou, removendo a pedra da porta, e sentou-se sobre ela” - Mateus 28.2. A sepultura estava limpa, nela não havia nem cheiro de morte. Jesus ressuscitou! Ele não veio aqui para perder, Ele mesmo disse: Eu venci o mundo. Quem presenciou a ressurreição foram soldados romanos, que foram subornados para dar uma versão pífia e infame dos acontecimentos. Deveriam dizer que os discípulos de Jesus vieram a noite sorrateiramente, passaram por toda a guarda romana, sem serem vistos, pois todos os soldados dormiram ao mesmo tempo. Então quebraram o lacre romano e rolaram a enorme pedra da boca do sepulcro, roubaram o corpo de Jesus e desapareceram. Tudo isto sem que alguém ouvisse qualquer barulho. Ninguém acreditou nessa versão. Todo o esforço que os inimigos já fizeram para tentar desmentir a ressurreição de Jesus só faz revelar a sua importância e a proclama ainda mais alto. Pela sua ressurreição Jesus venceu a morte, assegurando também a nossa vitória. Quem crê e recebe Jesus Cristo ressurreto tem em si mesmo a vida ressurreta, jamais morrerá eternamente, a sepultura não lhe significa mais nenhuma ameaça. Jesus fez uma promessa maravilhosa a todos os crentes – “Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá” - João 11.25. Todos os que creem em Cristo ressuscitam duas vezes: a primeira ressurreição é em seu espírito, quando este é vivificado pelo Espírito Santo; a segunda ressurreição será no último dia quando seu corpo sairá do pó e será glorificado na semelhança do corpo de Jesus Cristo - “Mas a nossa cidade está nos céus, de onde também esperamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, que transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso, segundo o seu eficaz poder de sujeitar também a si todas as coisas” - Filipenses 3.20-21.
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Dia do Senhor 18
P. 46: O que você confessa quando diz que Cristo “subiu ao céu”?
R.: Que Cristo, à vista dos seus discípulos, foi levado da terra ao céu, e que lá permanece para o nosso benefício, até que venha novamente para julgar os vivos e os mortos.
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Comentário: Jesus veio do céu como Deus e para lá retornou como Homem-Deus. A encarnação mudou a história do tempo e da eternidade. Céu e terra nunca mais foram os mesmos depois da encarnação, morte, ressurreição e ascensão de Cristo Jesus. Hoje um Homem está assentado no trono juntamente com Deus e reina com Ele sobre todo a Criação – “Ao que vencer lhe concederei que se assente comigo no meu trono; assim como eu venci, e me assentei com meu Pai no seu trono” - Apocalipse 3.21. A ascensão de Jesus Cristo foi vista por centenas de testemunhas, para que ficasse bem documentado e comprovado mais um ato da redenção - “E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o recebeu, ocultando-o a seus olhos” - Atos 1.9. Assim como Ele foi, também voltará para julgar o mundo no último dia - “Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céu o vistes ir” - Atos 1.11; “Mas Deus... tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” - Atos 17.30-31.
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P. 47: Quer dizer, então, Cristo, não está conosco até a consumação dos séculos, conforme ele nos prometeu?
R.: Cristo é verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Segundo sua natureza humana, ele não está mais na terra, mas segundo sua natureza divina, majestade, graça e Espírito, jamais se ausentou de nós.
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Comentário: Um dos atributos de Cristo, que é peculiar a Deus é a onipresença. Ele pode estar em todos os lugares ao mesmo tempo. Podemos dizer também que todos os lugares estão em sua presença em tempo real, isso é onisciência. Ou ainda que seu domínio se estende sobre todos os lugares da Criação, isso é onipotência. Ainda quando Jesus estava em aqui na terra Ele dizia também estar no céu - “Ora, ninguém subiu ao céu, senão o que desceu do céu, o Filho do homem, que está no céu” - João 3.13. Isto é só era possível porque Ele sempre foi Deus, e, portanto, onipresente, onisciente e onipotente. Assim Ele sempre pôde estar tanto na terra quanto no céu.
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P. 48: Mas se a natureza humana não estiver presente onde quer que a natureza divina esteja, não estariam as duas naturezas de Cristo separadas uma da outra?
R.: De maneira nenhuma, pois a sua divindade é ilimitada e está presente em toda parte. Por isso, conclui-se que, apesar de sua natureza divina ultrapassar a natureza humana que ele assumiu, ela está dentro dessa natureza humana e a ela permanece unida como pessoa.
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Comentário: As duas naturezas de Jesus Cristo são inseparáveis, mas Ele pode manifestar-se tanto de uma quanto de outra forma. Não podemos compreender a maneira sobrenatural de Jesus falar e agir. Na oração sacerdotal Ele disse não estar aqui, enquanto aqui estava - “E eu já não estou mais no mundo, mas eles estão no mundo, e eu vou para ti … Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Mas agora vou para ti, e digo isto no mundo...” - João 17.11-13.
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P. 49: De que modo somos abençoados com a ascensão de Cristo ao céu?
R.: Primeiro, ele é o nosso Advogado no céu diante do Pai.
Segundo, temos a nossa carne no céu como a garantia segura de que ele, o nosso Cabeça, também nos levará para si, como membros seus.
Terceiro, ele nos enviou o seu Espírito como penhor, pelo poder do qual buscamos as coisas do alto, onde Cristo está assentado à direita de Deus, e não as que são da terra.
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Comentário: Temos um representante da família humana assentado no trono de Deus (co)reinando com Ele. Esse mesmo é o que esteve aqui na terra e deu a sua vida em resgate pelos nossos pecados. Sua presença ali é lembrança contínua de nossa redenção. É como se já estivéssemos lá, e é o que o apóstolo afirma - “E nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus” - Efésios 2.6. A garantia de que um dia estaremos todos com Ele na glória eterna é que nos deu como penhor o seu próprio Espírito - “... tendo nele também crido, fostes selados com o Espírito Santo da promessa. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão adquirida, para louvor da sua glória” - Efésios 1.13-14. “Temos pois confiança, em que somos filhos de Deus, tendo este penhor, que o Filho natural de Deus assumiu corpo do nosso corpo, carne da nossa carne, ossos dos nossos ossos, para estar unido a nós; o que nos é próprio, Ele recebeu em sua pessoa, a fim de que, o que Ele tem de propriamente seu, nos pertença; assim Ele fosse em comunhão conosco, Filho de Deus e Filho do Homem. Por essa razão, esperamos que herança a celestial será nossa, visto que o Filho de Deus, que tem todos os direitos sobre ela, adotou-nos como seus irmãos” - João Calvino.
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Dia do Senhor 19
P. 50: Por que se acrescenta “está sentado à mão direita de Deus”?
R.: Porque Cristo ascendeu ao céu para manifestar-se lá como o Cabeça da sua igreja, e é por meio dele que o Pai governa todas as coisas.
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Comentário: É do seu trono celestial que Jesus Cristo governa este mundo e todo o universo da sua criação. Ele disse que o Pai lhe deu toda a autoridade - “É-me dado todo o poder no céu e na terra” - Mateus 28.18. Deus o exaltou como o único Cabeça da Igreja, a qual governa pela Sua Palavra e Seu Espírito Santo - “Que manifestou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos, e pondo-o à sua direita nos céus. Acima de todo o principado, e poder, e potestade, e domínio, e de todo o nome que se nomeia, não só neste século, mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas a seus pés, e sobre todas as coisas o constituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daquele que cumpre tudo em todos” - Efésios 1.20-23.
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P. 51: De que maneira a glória de Cristo, nosso Cabeça, nos beneficia?
R.: Primeiro, pelo seu Espírito Santo, ele derrama sobre nós, seus membros, os dons celestiais.
Segundo, pelo seu poder, ele nos defende e preserva de todos os inimigos.
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Comentário: Todo dom, toda bênção, toda boa dádiva estão em Cristo. Fora dele não há bênçãos, não há dons, não há vida, por isso, Cristo é tudo o que precisamos, pois tudo quanto precisamos está nele. Bem como nele está a nossa segurança e proteção. Fora de Cristo tudo é trevas, tudo é instável, escorregadio e movediço; longe dele não há segurança e proteção, assim os únicos que estão seguros são aqueles que estão em suas mãos - “E dou-lhes a vida eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da mão de meu Pai” - João 10.28-29.
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P. 52: Que consolo lhe dá o fato de que Cristo “há de vir para julgar os vivos e os mortos”?
R.: Que em todas as minhas aflições e nas perseguições, eu, de cabeça erguida e cheio de ânimo, espero vir do céu, como Juiz, aquele mesmo que antes se submeteu ao juízo de Deus por minha causa, e removeu de sobre mim toda a maldição.
Ele lançará todos os seus e meus inimigos na condenação eterna, mas levará para si mesmo, para a alegria e glória celestiais, a mim e a todos os seus escolhidos.
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Comentário: Nosso consolo é que Aquele que se assentará no Grande Trono Branco para julgar a humanidade é o mesmo que esteve pendurado naquela cruz no Monte Calvário. Quem nele crê é redimido e reconciliado com Deus. Nossa segurança é que não nos condenará visto que Ele mesmo já nos justificou. Um dia estaremos num lugar onde não haverá mais pecado, nem dor, nem injustiças, mas só alegria e paz para sempre. Para os ímpios, o Juízo Final será o começo da desgraça total e morte eterna, mas para os salvos será o começo de uma bem-aventurança eterna. Estar em Cristo, servi-lo em obediência e amor - eis a verdadeira sabedoria, eis o sentido da vida.
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Deus Espírito Santo e nossa Santificação
Dia do Senhor 20
P. 53: O que você crê sobre o Espírito Santo?
R.: Primeiro, creio que ele é verdadeiro e eterno Deus, juntamente com o Pai e o Filho.
Segundo, creio que ele foi dado também a mim para, pela verdadeira fé, me tornar participante de Cristo e de todos os seus benefícios, para me consolar, e para permanecer comigo para sempre.
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Comentário: Deus Pai nos falou pelo seu Filho Jesus Cristo, revelando-se em sua Pessoa - “Ninguém conhece o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar” - Mateus 11.27. Quando Jesus foi para o céu, o Espírito Santo veio para a terra a fim de revelar a Pessoa de Cristo - “... aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu Filho em mim...” - Gálatas 1.15-16. Só pode conhecer a Cristo aquele a quem o Espírito Santo O revelar, e só conhece o Pai aquele a quem Cristo O revelar. Tudo começa com o Espírito Santo. Quando ouvimos a Palavra de Deus, o Espírito abre o nosso entendimento espiritual e ilumina nossa mente. Primeiro entendemos a nossa pecaminosidade, depravação, miséria espiritual. Descobrimos que o pecado está em nós e precisamos de socorro imediato. Este é um sinal de que o Espírito Santo está agindo no coração do homem. Em seguida Ele revela a Cristo e a obra da redenção, mostrando que há esperança, que há um caminho de volta, que há um mediador estabelecido por Deus. Quando vimos a Cristo chegamos ao Pai, porque adoramos o Pai na face de Cristo - “Quem me vê a mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai? Não crês tu que eu estou no Pai, e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo de mim mesmo, mas o Pai, que está em mim, é quem faz as obras. Crede-me que estou no Pai, e o Pai em mim” - João 14.9-11. O Espírito Santo não se revela a Si mesmo, mas a Cristo. Ele não fala de Si mesmo, mas fala de tudo quanto recebeu do Pai e de Cristo. Ele não se manifesta para glorificar-se a Si mesmo, mas a Cristo. Contudo Ele recebe adoração, honra e glória juntamente com o Pai e o Filho, pois onde o Pai é adorado na face de Cristo, a Trindade Santa é adorada e servida. Deus Pai e Deus Filho habitam o crente na Pessoa do Espírito Santo - “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu Pai o amará, e viremos para ele, e faremos nele morada” - João 14.23. Essa é a maior benção e privilégio que temos - sermos moradia de Deus - “Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” - 2ª Coríntios 6.16. É a presença do Espírito Santo de Deus em nós que nos assegura a salvação eterna. Ele é o penhor que temos da parte de Deus de que a obra será completada - “Mas o que nos confirma convosco em Cristo, e o que nos ungiu, é Deus, o qual também nos selou e deu o penhor do Espírito em nossos corações” - 2ª Coríntios 1.21-22.
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Dia do Senhor 21
P. 54: O que você crê sobre “a santa Igreja católica”?
R.: Creio que, desde o começo até o fim do mundo, o Filho de Deus reúne para si mesmo, dentre todo o gênero humano, uma igreja eleita para a vida eterna, a qual protege e preserva na unidade da verdadeira fé, pelo seu Espírito e pela sua Palavra.
E creio que eu sou e serei para sempre um membro vivo dela.
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Comentário: Deus tem um povo na terra - sua Igreja. Embora as igrejas sejam locais no que diz respeito ao seu governo e administração, todavia todas as igrejas locais seguem a mesma doutrina, formando a grande Igreja católica. Onde quer que a Palavra de Deus seja pregada, o Espírito Santo chama e congrega aqueles que quer para que formem ali uma congregação. Deus mesmo irá prover o governo para aquela igreja local que é através de um conselho formado por anciãos [presbíteros e diáconos]. A nova igreja local deve estar unida às demais igrejas locais para que a unidade e comunhão sejam mantidas e fortalecidas. Enquanto o mundo existir o Senhor continuará chamando seus eleitos. Aliás, essa é a principal razão pela qual o mundo existe.
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P. 55. O que você crê sobre “a comunhão dos santos”?
R.: Primeiro, creio que todos os crentes, juntos e cada um em particular, como membros, como membros de Cristo, têm comunhão com ele e participam de todos os seus tesouros e dons.
Segundo, creio cada um tem o dever de usar os seus dons com disposição e alegria para o benefício e o bem-estar dos outros membros.
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Comentário: A comunhão mantém a unidade da Igreja. Cada crente individualmente é membro do corpo de Cristo e precisa interagir com os demais membros, dando e recebendo. O Senhor nos abençoa tanto diretamente como indiretamente através dos nossos irmãos. Cada membro tem uma função e todas as funções são importantes para a boa saúde do corpo. Todos temos dons que recebemos de Deus e devemos usá-los para edificar os demais. É uma mutualidade, onde abençoamos uns aos outros. No corpo de Cristo ninguém é maior ou menor, somos todos iguais. Contudo, os mais velhos devem ensinar os mais novos, os mais experientes aconselhar os que estão chegando, e assim por diante. Todos ocupados com a expansão do reino de Deus na terra.
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P. 56: O que você crê sobre “a remissão dos pecados”?
R.: Creio que Deus, por causa da satisfação que Cristo realizou, não se lembrará mais dos meus pecados nem da minha natureza pecaminosa, contra a qual devo lutar durante toda a minha vida, mas que concederá graciosamente a justiça de Cristo, para que eu jamais entre em condenação.
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Comentário: Deus, em Cristo, nos reconciliou consigo mesmo - “Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados” - 2ª Coríntios 5.19. A encarnação, o sofrimento, a morte e ressurreição do Senhor tiveram como fim expiar os nossos pecados e nos reconciliar com Deus. Assim, Deus nos abençoou com seu perdão, livrando-nos da culpa do pecado, da sua escravidão e sedução, só restando nos livrar da presença do pecado para sempre, o que também já está assegurado, porque nos selou com o Espírito Santo e no-lo deu como penhor. Enquanto estamos neste mundo estamos sujeitos a pecar mas podemos recorrer ao trono da graça que achamos misericórdia, porque a promessa é que jamais seremos condenados - “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus” - Romanos 8.1. E nem seremos derrotados, antes “em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” - Romanos 8.37.
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Dia do Senhor 22
P. 57: Que consolo lhe traz “a ressurreição do corpo”?
R.: Que depois desta vida, não apenas a minha alma, será levada imediatamente para Cristo, meu Cabeça, mas que também esta minha carne, ressuscitada pelo poder de Cristo, será reunida à minha alma e feita a semelhança do corpo glorioso de Cristo.
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Comentário: Imediatamente após nossos pulmões cessarem de respirar e o nosso coração parar, nossa alma subirá para estar com o Senhor, onde aguardaremos a ressurreição do último dia. Naquele grande dia nosso corpo sairá do domínio da morte, o último inimigo será vencido e cumprir-se-á a vitória - “Ora, o último inimigo que há de ser aniquilado é a morte... E, quando isto que é corruptível se revestir da incorruptibilidade, e isto que é mortal se revestir da imortalidade, então cumprir-se-á a palavra que está escrita: Tragada foi a morte na vitória” - 1ª Coríntios 15.26, 54. No último dia da humanidade dar-se-á a maximização ou plenificação da redenção. Veremos a manifestação plena do novo céu e da nova terra e os crentes glorificados. Será revelado tudo quanto Jesus conquistou em Sua vinda aqui - “O qual convém que o céu contenha até aos tempos da restauração de tudo, dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde o princípio…” ; “De tornar a congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos, tanto as que estão nos céus como as que estão na terra” - Atos 3.21; Efésios 1.10.
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P. 58: Que consolo lhe traz o artigo sobre a “vida eterna”?
R.: Já agora sinto em meu coração o princípio da alegria eterna, pois, depois desta vida, obterei a perfeita bem-aventurança que nenhum olho jamais viu, nenhum ouvido ouviu, nem o coração humano pode conceber. Uma bem-aventurança para se louvar a Deus eternamente.
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Comentário: Quando falamos de vida eterna nos referimos a certo tipo de vida e não apenas a sua duração. Quando recebemos a Cristo como nosso Senhor e Salvador, Ele nos dá dessa vida eterna. Ele disse que vida eterna é conhecê-lo e ao Pai - “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” - João 17.3. Quem crê em Cristo tem a vida eterna - “Aquele que crê no Filho tem a vida eterna…” ; “Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho” - João 3.36; 1ª João 5.11. Mas também vida eterna, é claro, se refere a eternidade que passaremos com Deus. Em sua intercessão por nós Jesus pediu ao Pai - “E não rogo somente por estes, mas também por aqueles que pela sua palavra hão de crer em mim…” ; “Pai, aqueles que me deste quero que, onde eu estiver, também eles estejam comigo, para que vejam a minha glória que me deste; porque tu me amaste antes da fundação do mundo” - João 17.20, 24. Alguém que vive neste mundo caído, rodeado de todas as injustiças, guerra, ódio, inveja, corrupção, perversões, fraquezas, e os demais estragos causados pelo pecado, simplesmente não é capaz de imaginar o que será o céu. Mas lá é o nosso destino, assegurado por Cristo.
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A Justificação
Dia do Senhor 23
P. 59: Que proveito há para você que agora crê em tudo isso?
R.: O proveito é que, em Cristo, sou justo diante de Deus e herdeiro da vida eterna.
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Comentário: Tendo crido em Cristo, Deus nos justificou, isto é, imputou-nos a justiça de Seu Filho, a única justiça que O satisfaz. Uma vez recebido essa justiça tornamo-nos aptos para o céu. Nenhum homem jamais chegará ao céu exibindo com justiça própria. A condição para lá entrarmos é primeiro, termos sido convidados e segundo, trajarmos as vestes nupciais do Rei - “E os servos, saindo pelos caminhos, ajuntaram todos quantos encontraram, tanto maus como bons; e a festa nupcial foi cheia de convidados. E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? E ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores; ali haverá pranto e ranger de dentes” - Mateus 22.10-13. Essas vestes nupciais são a justiça do Senhor Jesus Cristo.
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P. 60: Como é que você é justo diante de Deus?
R.: Somente pela verdadeira fé em Jesus Cristo. Embora a minha consciência me acuse de haver pecado gravemente contra os mandamentos de Deus, sem nunca ter obedecido nem sequer um deles e de ainda ser inclinado a todo mal, Deus, no entanto, sem que houvesse em mim qualquer mérito próprio, somente pela sua graça, imputa-me a perfeita satisfação, justiça e santidade de Cristo.
Deus me concede isso como se eu nunca tivesse tido cometido pecado algum, e como se eu mesmo tivesse cumprido toda a obediência que Cristo cumpriu por mim, se tão somente eu aceitar esse dom crendo fielmente com o coração.
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Comentário: A justiça de Deus manifestou-se em Cristo; ela é traduzida por justiça de Cristo. Só Ele tem a justiça aceita para a nossa salvação; de fato Ele é a nossa justiça, a qual recebemos pela fé. A justificação é um dom, a fé é outro; assim somos justificados graciosamente. De que outra forma alguém poderia ser justificado? Somos todos quais mendigos necessitados diante de Deus; só obtemos algo dele se Ele nos der. Mas aqueles a quem o Senhor contempla com Seu precioso dom, é declarado justo, como se jamais houvesse pecado, antes houvesse cumprido e obedecido toda a lei. Isto é a verdadeira felicidade – ser perdoado por Deus e recebido em Sua Família Real.
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P. 61: Por que você diz que é justo somente pela fé?
R.: Eu digo isso não porque sou agradável a Deus graças ao valor da minha fé, pois somente a satisfação, a justiça e a santidade de Cristo é a minha justiça diante de Deus.
É somente pela fé posso receber e fazer dessa justiça a minha própria justiça.
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Comentário: É pela fé que recebemos tudo quanto Deus nos prometeu, contudo a fé é apenas o meio pelo qual entramos na terra da promissão. Tudo quanto Cristo fez, cumprindo a justiça de Deus e obedecendo perfeitamente sua santa Lei, foi creditado em nossa conta; só por isso é que fomos aceitos. Logo, o valor não está em nossa fé, e sim na obra de Cristo. Como posso não descansar na suficiência do sacrifício de Cristo, uma vez que a justiça de Deus foi satisfeita por Ele? Por em dúvida tudo quanto Deus falou e realizou em nosso favor, seria ofensivo e blasfemo.
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Dia do Senhor 24
P. 62: Mas por que as nossas boas obras não nos podem ser a nossa justiça diante de Deus ou ao menos parte dessa justiça?
R.: Porque a justiça que pode subsistir diante o juízo de Deus deve ser absolutamente perfeita e totalmente de acordo com a sua a lei; entretanto, até mesmo as nossas obras nesta vida são todas imperfeitas e contaminadas com o pecado.
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Comentário: A única justiça que satisfaz o padrão de Deus é a Sua própria. Nenhuma criatura tem justiça suficiente e eficiente para subsistir perante o Seu trono. Sendo assim, as nossas melhores obras são imperfeitas e contaminadas - “Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da imundícia; e todos nós murchamos como a folha, e as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam” - Isaías 64.6. Isso não significa que Deus não se agrade de boas obras, ao contrário, todos devemos praticá-las. Contudo, que ninguém tenha a intenção de negociar com Deus a questão dos seus próprios pecados. Desse assunto apenas o Senhor Jesus Cristo pode tratar e Ele o fez quando morreu na cruz do Calvário em nosso lugar.
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P. 63: Se as nossas boas obras não merecem nada, por que Deus promete recompensá-las, nesta vida e na futura?
R.: Essa recompensa não é por mérito, mas é um dom da graça.
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Comentário:
Naturalmente,
como
já dissemos, a
boas obras agradam a Deus. Todos deveriam praticar apenas boas obras
e nunca más obras. Quem vive praticando o que é bom é como um
agricultor que sempre planta boas sementes - deverá colher coisas
boas. Quem semeia o mal colhe coisas más. Contudo Deus já deu o
veredito para aqueles que não creem em Cristo: já estão condenados
–
“Quem
crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado;
porquanto não crê no nome do Unigênito
Filho de Deus – João
3.18.
Isto
quer dizer que nenhuma justiça será aceita diante do Seu tribunal a
não ser a justiça de Cristo, e nenhuma boa obra será considerada
naquele dia a não ser a obra de Cristo. Mesmo os galardões dos
santos serão apenas dons graciosos de Deus. Galardão é Deus
coroando Suas próprias obras nas vidas dos Seus filhos. Isto porque,
quando fazemos coisas boas é porque o Espírito Santo está agindo
em nós, brecando-nos
em direção ao mal e nos motivando ao bem.
Do contrário jamais faríamos qualquer bem. E mesmo
sendo regenerados pelo Espírito Santo, ainda
conseguimos contaminar as boas obras que Ele
opera em
nós e por nosso meio.
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P. 64: Esse ensinamento não torna as pessoas descuidadas e ímpias?
R.: Não, pois é impossível que os que são enxertados em Cristo pela verdadeira fé não produzam frutos de gratidão.
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Comentário: Os anistiados por Jesus Cristo têm o coração cheio de gratidão e desejam servi-lo como resposta ao Seu imenso amor. É impossível aqueles que foram amados não amar Aquele que os amou sendo nós ainda pecadores – “Mas Deus prova o seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores” - Romanos 5.8. Não há como mudar a natureza da árvore. Ela sempre dará fruto ou não de acordo com sua natureza. Quem tem a nova vida de Cristo implantada em si, produzirá os frutos espirituais oriundos dessa vida. O ímpio o é por natureza, assim também o piedoso. Cada qual comprova sua natureza pelos seus frutos.
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A Palavra e os Sacramentos
Dia do Senhor 25
P. 65: Visto que somente a fé é o que nos torna participantes de Cristo e de todos os seus benefícios, de onde vem esta fé?
R.: Vem do Espírito Santo, que a opera em nosso coração pela pregação do evangelho, e a fortalece pelo uso dos sacramentos.
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Comentário: A fé é um dom precioso de Deus que nos dá acesso à graça onde temos a plena redenção: justificação, regeneração, reconciliação, santificação, adoção e perseverança até a morte. A fé é um sentido espiritual que abre a porta da alma para compreendermos e recebermos os benefícios da obra de Cristo. Para o homem natural o evangelho não passa de uma linda história, mas para o homem de fé o mesmo evangelho é o poder de Deus para sua salvação, porque ele vê o que o homem natural não pode ver. Um homem natural lê a Bíblia e não enxerga o plano da redenção. Para ele a Bíblia é uma grande parábola; é como se fosse um enigma código de barras ou num QRCode. Mas o homem espiritual possui a fé que funciona como o leitor e decodificador; ele vê Cristo em cada parte da Bíblia. Isto é o que o que o Espírito Santo faz através da fé: abre uma janela interior no nosso coração e a luz entra na nossa alma dissipando as trevas. Essa fé salvífica é produzida em nós por obra do Espírito Santo quando ouvimos o evangelho. Sempre que comemos e bebemos da mesa do Senhor, na comunhão da igreja, nossa fé é fortalecida. De um modo geral todas as bênçãos da graça fortalecem nossa confiança e afirmam nossa segurança no Senhor.
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P. 66: O que são sacramentos?
R.: Os sacramentos são sinais e selos santos e visíveis.
Foram instituídos por Deus para que, pelo uso deles, ele pudesse, o mais claramente possível, nos declarar e selar a promessa do evangelho.
E esta é a promessa: que Deus nos concede graciosamente perdão de pecados e vida eterna por causa do único sacrifício de Cristo ofertado na cruz.
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Comentário: Chamamos sacramentos, as ordenanças que o Senhor instituiu e deixou para a Igreja cumprir enquanto estiver na terra, até a Sua volta. Eles são os sinais visíveis da redenção que Cristo nos propiciou, morrendo na cruz. Esses sinais exteriores apontam para a realidade interior que o Espírito Santo operou em nós. Não são os selos externos que asseguram a salvação e sim a sua correspondência interior, que é a obra do Espírito Santo. Mas, como diz o Catecismo, os selos garantem que estamos na esfera das promessas. Quem crer firmemente e receber o selo exterior terá sua correspondência em si.
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P. 67: Então, tanto a Palavra quanto os sacramentos têm por objetivo direcionar a nossa fé para o sacrifício de Jesus Cristo na cruz como a única base para a nossa salvação?
R.: Sim, pois o Espírito Santo nos ensina no evangelho e nos garante pelos sacramentos que toda a nossa salvação baseia-se no sacrifício único de Cristo por nós na cruz.
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Comentário: Nosso recebimento dos sacramentos fortalece nossa fé porque traz à nossa memória tudo quanto Cristo realizou por nós. Cada vez que vemos um batizado ou que participamos da mesa do Senhor, lembramos que somos filhos da Aliança e que somos selados com o Espírito Santo para a redenção eterna. A presença do Senhor está nos sacramentos; não nos elementos físicos mas em Espírito conosco.
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P. 68: Quantos sacramentos Cristo instituiu na nova aliança?
R.: Dois: o santo batismo e a santa ceia.
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Comentário: O batismo foi instituído em lugar da antiga circuncisão e a Santa Ceia no lugar da antiga Páscoa. Para o batismo usamos apenas a água. Para a Ceia usamos o pão e o vinho. Nenhum outro elemento físico deve ser usado para simbolizar alguma coisa espiritual, apenas esses três elementos.
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O Santo Batismo
Dia do Senhor 26
P. 69: De que modo o santo batismo lhe faz saber e lhe assegura que o único sacrifício de Cristo na cruz lhe beneficia?
R.: Do seguinte modo: Cristo instituiu esse lavar exterior e, com ele, deu a promessa de que, tão certo como a água remove a sujeira do corpo, assim também o seu sangue e Espírito removem a impureza da minha alma, isto é, todos os meus pecados.
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Comentário: O batismo é o sinal exterior, no nosso corpo, de uma realidade interior, no nosso espírito. O efeito da água por fora aponta para a ação do Espírito Santo por dentro - lavar, limpar, purificar - “E da parte de Jesus Cristo... que nos amou, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados...” - Apocalipse 1.5. Apenas o selo exterior não salva, mas ele assegura que aquela pessoa está na esfera das promessas da Aliança de Deus. O tal tem um privilégio que não é oferecido a todos, mas aos que Deus escolhe.
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P. 70: Que significa ser lavado com o sangue e o Espírito de Cristo?
R.: Ser lavado com o sangue de Cristo significa receber de Deus o perdão de pecados, por meio da graça, por causa do sangue de Cristo derramado por nós em seu sacrifício na cruz.
Ser lavado com seu Espírito significa renovado pelo Espírito Santo e santificado para sermos membros de Cristo, para que morramos mais e mais para o pecado e vivamos uma vida santa e irrepreensível.
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Comentário: Há muitas maneiras de expressar a mesma realidade, isto é, o fato de que em Cristo fomos perdoados, justificados, santificados, aceitos, como está escrito: “... mas haveis sido lavados, mas haveis sido santificados, mas haveis sido justificados em nome do Senhor Jesus, e pelo Espírito do nosso Deus” - 1ª Coríntios 6.11. Através de seu sacrifício na cruz, Jesus Cristo nos tornou propícios a Deus. A obra de Cristo na cruz foi única, completa, perfeita e eterna; contudo em nós ela é aplicada a cada dia pelo seu Espírito que em nós habita e nos traz à memória os atos da redenção. Pelo fato de habitarmos num corpo caído [ainda não redimido] que se adéqua muito bem ao sistema deste mundo caído, precisamos do Espírito Santo para mortificar todos os desejos, cobiças, concupiscências, impulsos, inclinações e motivações carnais que ainda tentam nos influenciar. O verdadeiro crente leva muito a sério essa luta e o Senhor o faz mais que vencedor em todas essas coisas.
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P. 71: Onde Cristo prometeu que nos lavaria com o seu sangue e Espírito tão certo como somos lavados com a água do batismo?
R.: Na instituição do batismo, onde ele afirma: “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo” (Mateus 28:19).
“Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer será condenado” (Marcos 16:16).
Essa promessa se repete onde a Escritura chama o batismo de lavar regenerador (Tito 3:5) e de purificação dos pecados (Atos 22:16).
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Comentário: Os sacramentos são instituições e ordenanças do Senhor, portanto sua autoridade é implícita. Na Antiga Aliança Ele havia instituído a circuncisão e a páscoa, ambos com derramamento de sangue. Na Nova Aliança Ele instituiu o batismo e a ceia, agora sem sangue derramado, pois o Cordeiro de Deus havia chegado para se oferecer a si mesmo num único e eterno sacrifício. Nosso Senhor tanto ordenou que os discípulos fossem batizados com água quanto prometeu que eles seriam batizados com o Espírito Santo. O efeito purificador da água no corpo aponta para a lavagem do Espírito Santo na alma. Por isso Ananias disse a Paulo: “E agora por que te deténs? Levanta-te, e batiza-te, e lava os teus pecados, invocando o nome do Senhor” - Atos 22.16. Claro está que ele não estava atribuindo qualquer poder inerente a água do batismo, mas estava associando esse selo exterior com a sua correspondência interior. A água não purifica o espírito, o batismo não regenera e nem mesmo assegura por si só a salvação. Contudo, é o sinal que Deus coloca sobre os filhos da Aliança. O fato de Deus enviar o evangelho à uma casa já é uma grande bênção, pois ali os céus se abriram e Deus está chamando à reconciliação. Quem souber apreciar essa bênção e privilégio alcançará misericórdia.
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Dia do Senhor 27
P. 72: Então, esse lavar exterior com água por si mesmo remove os pecados?
R.: Não, pois somente o sangue de Jesus Cristo e o Espírito Santo nos purificam de todo pecado.
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Comentário: Nunca elementos materiais tiveram qualquer poder espiritual, mas apenas apontam para a obra do Espírito Santo e a representam. Assim era com elementos usados na Antiga Aliança [sangue, água, óleo, incenso, fogo] assim é na Nova Aliança. Não há qualquer poder na água do batismo, como não há nenhum poder no pão e no vinho da eucaristia. A água nos remete à lavagem que o Espírito Santo operou em nossas vidas, purificando as nossas almas de toda contaminação do pecado. O crente autêntico teve sua alma lavada, apenas seu corpo continua sob os efeitos da queda, mas sua alma foi redimida, liberta - “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” - João 8.36. Então, não há elementos físicos que sejam purificadores; a água que lava e regenera é o Espírito Santo.
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P. 73: Então, por que o Espírito Santo chama o batismo de “lavar regenerador” e de “purificação dos pecados”?
R.: Deus fala assim por razões muito importantes. Ele nos quer ensinar que o sangue e Espírito de Cristo removem os nossos pecados, assim como a água remove a sujeira do corpo. Porém, ainda mais importante, ele nos quer assegurar por meio dessa garantia e sinal divinos que somos tão verdadeira e espiritualmente purificados dos nossos pecados, assim como somos fisicamente lavados com a água.
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Comentário: O selo exterior está intimamente ligado com a correspondência interior. Quem recebe o selo físico é porque tem a promessa de Deus e Ele nunca falha. Se aquele que foi selado confiar e confessar sua fé no Senhor, estará salvo - “Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu” - Hebreus 10.23. Todos quantos foram selados exteriormente devem confiar inteiramente no Senhor Jesus Cristo para sua salvação. Esses estão mais perto do que os que nunca receberam o selo.
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P. 74: As crianças pequenas também devem ser batizadas?
R.: Sim. Assim como os adultos, as crianças pertencem à aliança e à Igreja de Deus.
Através do sangue de Cristo, a redenção do pecado e o Espírito Santo, que opera a fé, são prometidos a elas, da mesma forma que aos adultos.
Portanto, por meio do batismo, como sinal da aliança, elas devem ser enxertadas na Igreja de Cristo e distinguidas dos filhos dos incrédulos.
Na antiga aliança, isso era feito pela circuncisão, que, na nova aliança, foi substituída pela instituição do batismo.
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Comentário: Se entendermos que a antiga circuncisão foi substituída pelo batismo, como de fato foi, então naturalmente que as crianças devem receber agora o batismo. A circuncisão era realizada no oitavo dia de vida e indicava que aquele indivíduo era um filho da Aliança e tinha sobre si as promessas e as obrigações do Pacto. A marca divina autentica e diferencia os filhos da Aliança dos demais, revela seu status e mostra sua relação com o verdadeiro Deus. A Igreja do Novo Testamento não é algo totalmente novo no sentido que nada tem a ver com a antiga Igreja. Ao contrário, o apóstolo diz que o tronco é o mesmo, e que nós fomos enxertados onde eles estavam - “E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado... Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!” - Romanos 11.17-19, 24. Deste modo há uma continuidade da comunidade de Israel, que agora inclui também os gentios. Somos os filhos de Jafé habitando nas tendas de Sem - “Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne... Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto... Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus” - Efésios 2.11-13, 19. Nós fomos chamados a participar de um povo que já existia, portanto tinha suas leis e tradições. A circuncisão era uma prática desde os primórdios daquele povo. Apenas o selo foi mudado, agora ele não tem derramamento de sangue, mas no mais tudo continua como no passado, tendo sido ainda ampliada, agora também as mulheres recebem o selo, o que não acontecia na Igreja antiga. O quinto mandamento é direcionado primeiramente à todos os filhos; por isso diz: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá” – Êxodo 20.12. Deus se dirige às crianças como membros da Aliança da mesma forma que se dirige aos seus pais - “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo... E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” - Efésios 6.1, 4. “Vós, filhos” e “Vós, pais” significa que todos são membros da Igreja e todos estão na esfera das promessas - “Porque a promessa vos diz respeito a vós, [e] a vossos filhos...” - Atos 2.39. Se as crianças não fossem consideradas membros da Congregação não poderiam ser circuncidadas nem batizadas. Por isso hoje usar a expressão “batismo infantil” tem o mesmo sentido de um israelita no passado usar “circuncisão infantil”. É quase redundante, porque a circuncisão só era feita em adulto se fosse um prosélito e o batismo só deve ser feito em adulto só se nunca pertenceu ao Israel de Deus.
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A Santa Ceia
Dia do Senhor 28
P. 75: De que modo a santa ceia lhe faz saber e lhe assegura que você tem parte no único sacrifício de Cristo na cruz e em todos os seus dons?
R.: Do seguinte modo: Cristo ordenou-me, e a todos os crentes, comer do pão partido e beber do cálice, em sua memória.
Juntamente com esse mandamento ele deu as seguintes promessas:
Primeira, tão certo como vejo com os meus olhos o pão do Senhor partido por mim e o seu cálice dado a mim, assim também foi o seu corpo ofertado por mim e o seu sangue derramado por mim na cruz.
Segunda, tão certamente quanto recebo das mãos do ministro e provo com a minha boca o pão e o cálice do Senhor como sinais seguros do corpo e do sangue de Cristo, assim também ele mesmo, com o seu corpo crucificado e o seu sangue derramado, alimenta e nutre a minha alma para a vida eterna.
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Comentário: Há uma força muito grande nas palavras do Senhor Jesus: “Tomai, comei, isto é o meu corpo... E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue” - Mateus 26.26-28. “Meu corpo”, “meu sangue”. Todos sabemos que naquela hora o pão não foi transformado na carne de Cristo e nem o vinho em seu sangue, senão isto teria sido registrado pelos escritores sagrados. O pão continuou sendo essencialmente pão e o mesmo se deu com o vinho. A substância dos elementos não foi alterada. Contudo cada participante experimentou uma íntima comunhão com o corpo de Cristo e seu sangue. Não foi uma refeição comum, e sim havia algo de espiritual presente ali, não nos elementos físicos obviamente, mas no momento da comunhão. Assim quando participamos da ceia do Senhor, tomamos o pão e o cálice e, pela fé, com os olhos da alma, vemos o corpo e o sangue de Cristo ali representados. O apóstolo adverte a qualquer que se chega à mesa do Senhor, que o faça com fé, com discernimento e temor; sem isso estará comendo e bebendo para sua própria condenação - “Portanto, qualquer que comer este pão, ou beber o cálice do SENHOR indignamente, será culpado do corpo e do sangue do SENHOR. Examine-se pois o homem a si mesmo, e assim coma deste pão e beba deste cálice. Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do SENHOR. Por causa disto há entre vós muitos fracos e doentes, e muitos que dormem” - 1a Coríntios 11.27-30.
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P. 76: O que significa comer o corpo crucificado de Cristo e beber seu sangue derramado?
R.: Primeiro, aceitar de todo coração todo o sofrimento e morte de Cristo, e assim receber o perdão dos pecados e a vida eterna.
Segundo, ser unido cada vez mais ao santo corpo de Cristo pelo Espírito Santo, que vive tanto nele quanto em nós.
Portanto, embora Cristo esteja no céu e nós estejamos na terra, somos carne da sua carne e osso dos seus ossos, e vivemos eternamente e somos governados por um único Espírito, assim como os membros do nosso corpo o são por uma única alma.
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Comentário: Comemos do corpo e bebemos do sangue de Cristo não apenas diante da mesa do Senhor, mas devemos fazê-lo todos os dias, porque comer e beber é receber da seiva da videira. Precisamos alimentar a nossa alma diariamente e não apenas uma vez por semana ou mês. Contudo, participar da mesa do Senhor com a irmandade é algo insubstituível. Ao redor da mesa do Senhor expressamos nossa comunhão e unidade indivisível para a glória de Deus. Cristo é o nosso alimento contínuo.
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P. 77: Onde foi que Cristo prometeu que ele quer alimentar e refrigerar os crentes com seu corpo e seu sangue tão certamente quanto eles comem do pão partido e bebem do cálice?
R.: Na instituição da ceia do Senhor: “O Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Isto é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Por semelhante modo, depois de haver ceado, tomou também o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança no meu sangue; fazei isto, todas as vezes que o beberdes, em memória de mim. Porque todas as vezes que comerdes este pão e beberdes o cálice, anunciais a morte do Senhor, até que ele venha” (1ª Coríntios 11:23-26).
O apóstolo Paulo já havia se referido a essa promessa, quando disse: “Porventura o cálice da bênção que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos, não é a comunhão do corpo de Cristo? Porque nós, embora muitos, somos unicamente um pão, um só corpo; porque todos participamos do único pão” (1ª Coríntios 10:16,17).
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Comentário: O alimento que o corpo e o sangue de Cristo significam para nós são muito mais reais e mais importantes do que o pão material. Ele mesmo disse: “Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre: e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo. Disputavam pois os judeus entre si, dizendo: Como nos pode dar este a sua carne a comer? Jesus pois lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia. Porque a minha carne verdadeiramente é comida, e o meu sangue verdadeiramente é bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim. Este é o pão que desceu do céu: não é o caso de vossos pais, que comeram o maná e morreram: quem comer este pão viverá para sempre” – João 6.50-58. O pão material só serve para nos manter vivos neste mundo - “Os alimentos são para o estômago e o estômago para os alimentos; Deus, porém, aniquilará tanto um como os outros” - 1ª Coríntios 6.13. Mas Cristo nos dá aos seus filhos o alimento espiritual para suas almas, que os nutrirá para a eternidade - quem comer este pão viverá para sempre.
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Dia do Senhor 29
P. 78: Então, o pão e o vinho são transformados no corpo e sangue de Cristo?
R.: Não.
Do mesmo modo que a água do batismo não se transforma no sangue de Cristo, nem é a própria purificação dos pecados, mas é simplesmente um sinal e uma garantia disso da parte de Deus, assim também o pão na ceia do Senhor não se transforma no próprio corpo de Cristo, embora seja chamado de corpo de Cristo, conforme a natureza e o uso dos sacramentos.
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Comentário: O Senhor Jesus deu aos seus discípulos o pão e o cálice e disse: “Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados” - Mateus 26.26-28, mas em seguida afirmou: “E digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide, até aquele dia em que o beba novo convosco no reino de meu Pai” - v. 29. Ele havia acabado de dizer do vinho: “isto é o meu sangue”, para logo em seguida dizer: “este fruto da vide”. Por que? Obviamente porque o vinho nunca sofreu qualquer mudança em sua essência, continuava sendo o fruto da videira, e assim também o pão. Assim a transubstanciação é uma fraude e falso ensino.
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P. 79: Por que, então, Cristo chama o pão “seu corpo” e o cálice de “seu sangue” ou de “a nova aliança no seu sangue”, e por que Paulo fala da “comunhão do corpo e do sangue de Cristo”?
R.: Cristo fala dessa maneira por um motivo importante:
Ele quer nos ensinar pela sua ceia que, do mesmo modo como o pão e o vinho nos sustentam a vida temporal, assim também o seu corpo crucificado e o seu sangue derramado são o verdadeiro alimento e a verdadeira bebida de nossa alma para a vida eterna.
E, ainda mais, por esse sinal e garantia visíveis ele nos quer assegurar: primeiro, que pela operação do Espírito Santo nós participamos do seu verdadeiro corpo e sangue, tão certo como recebemos com a nossa boca esses santos sinais em memória dele; segundo, que todo o seu sofrimento e obediência são nossos, tão certo como se nós mesmos tivéssemos sofrido e pago por nossos pecados.
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Comentário: O pão é um alimento material e alimenta nossos corpos, bem como o vinho. Eles representam o corpo e o sangue de Cristo, os quais alimentam nossas almas. “Porventura o cálice de bênção, que abençoamos, não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do corpo de Cristo?” - 1ª Coríntios 10.16. O Senhor Jesus não poderia dar a todos os crentes de todos os tempos Sua própria carne a comer. Já no Antigo Testamento proveu um tipo: os sacrifícios dos cordeiros; no Novo Testamento, após Ele mesmo haver sido sacrificado, deu-nos o pão e vinho como símbolos. Mas tanto os crentes da Antiga Aliança comungavam, quanto os da Nova aliança comungam verdadeiramente com o corpo e o sangue do Cordeiro de Deus.
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Dia do Senhor 30
P. 80: Qual a diferença entre a ceia do Senhor e a missa do papa?
R.: A ceia do Senhor nos testifica, primeiramente, que temos o perdão completo de todos os nossos pecados pelo único sacrifício de Jesus Cristo, que ele mesmo, uma vez por todas, realizou na cruz; em segundo lugar, que pelo Espírito Santo somos enxertados em Cristo, o qual está agora em seu corpo verdadeiro, à mão direita do Pai, e é onde ele quer ser adorado.
No entanto, a missa ensina, primeiro, que nem os vivos nem os mortos têm o perdão de pecados por meio do sofrimento de Cristo, se ele não ainda sacrificado diariamente em favor deles pelos sacerdotes; e, segundo, que Cristo está presente corporalmente na forma do pão e do vinho, e neles deve ser adorado.
A missa, portanto, não é outra coisa senão a negação do único sacrifício e sofrimento de Jesus Cristo, e é uma idolatria maldita.
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Comentário: A missa é uma invenção humana, absolutamente inútil, perniciosa, que não tem qualquer respaldo na Palavra de Deus, nem na tradição apostólica. Em lugar algum das Escrituras encontramos que a eucaristia seja uma repetição nem uma continuidade do sacrifício de Cristo, nem que haja uma incorporação de Cristo nos elementos consagrados. Os sacrifícios repetidos eram feitos na era das figuras [Antigo Testamento], que passou. E mesmo aqueles sacrifícios eram apenas tipos do verdadeiro. Hoje, na era cristã, rememoramos o verdadeiro sacrifício feito por Cristo uma única vez. Seu sacrifício foi único, eficaz, suficiente, poderoso, de valor eterno. Jamais será repetido. Se pão e vinho, usados na eucaristia, fossem transformados em sua substância, haveria no mínimo, um ensino apostólico sobre isso. Não existe esse ensino, porque isso é completo absurdo. Nem mesmo quando o Senhor instituiu a Ceia isso aconteceu, senão tal sinal teria sido descrito pelos escritores sagrados e inspirados. Transubstanciação, consubstanciação são pensamentos humanos. Não é tão difícil entender que quando o Senhor Jesus disse que nos daria sua carne e seu sangue, não estava dizendo que cada discípulo seu deveria literalmente comer sua carne e beber o seu sangue. É muito óbvio que o Senhor estava falando de uma maneira figurada e espiritual. Isso posto, agora, não podemos fazer como alguns que se ancoram em outro extremo, dizendo que na Ceia do Senhor não há nada além de pão e vinho. Também não é assim. Há muito mais que isso. Conquanto não haja qualquer virtude inerente aos elementos em si, no momento da ceia o Senhor mesmo está conosco e nos abençoa com as bênçãos da sua graça. Naquela hora o Espírito Santo reaviva em nossa memória todos os privilégios que desfrutamos como filhos da Aliança: perdão, reconciliação, justificação, santificação, adoção e glorificação. E nós adoramos, não os elementos da ceia, claro, mas o glorioso Rei que está no céu e em cuja presença estamos.
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P. 81: Quem deve vir à mesa do Senhor?
R.: Aqueles que, verdadeiramente, estão descontentes consigo mesmos por causa dos seus pecados e que, mesmo assim, confiam que eles lhes foram perdoados, e que o mal que ainda resta neles está coberto pelo sofrimento e morte de Cristo, e que também desejam, cada vez mais, fortalecer a sua fé e corrigir a sua vida.
Mas os hipócritas e os que não se arrependem comem e bebem juízo para si mesmos. se aborrecem de si mesmos por causa dos seus pecados, mas confiam que estes lhes foram perdoados por amor de Cristo e que, também, as demais fraquezas são cobertas por seu sofrimento e sua morte; e que desejam, cada vez mais, fortalecer a fé e corrigir-se na vida. Mas os hipócritas e os que não se arrependem, comem e bebem juízo para si mesmos.
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Comentário: Naturalmente que a Ceia do Senhor é para os arrependidos, humilhados e quebrantados de coração. Só aqueles que reconheceram sua total depravação, sua pecaminosidade e indignidade é que entenderam o sentido da comunhão. Mas eles não param aí, antes confiam plenamente no sacrifício de Cristo para purificá-los e têm profundo desejo de ser cada vez mais santos. Aqueles que têm outras motivações ou outros pensamentos ao se aproximar da mesa do Senhor, são severamente advertidos pelo apóstolo: fazem-no para sua própria condenação - “Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação, não discernindo o corpo do SENHOR” - 1ª Coríntios 11.29.
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P. 82: Aqueles que por sua confissão e vida demonstram que são incrédulos e ímpios devem se admitidos à ceia do Senhor?
R.: Não, porque a aliança de Deus seria profanada e a sua ira se acenderia contra toda a congregação.
Por isso, de acordo com o mandamento de Cristo e de seus apóstolos, a Igreja cristã tem o dever de excluir tais pessoas pelas chaves do reino dos céus, até que corrijam a sua vida.
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Comentário: Aqueles que, ao se aproximarem da mesa da comunhão, fazem-no sem ter consciência do que estão fazendo ou agem hipocritamente com desdém, muito melhor fariam se não participassem. Ninguém desdenha das coisas santas e fica impune. É digno de morte aquele que profana a Aliança conscientemente. Por isso a Ceia do Senhor precisa ser supervisionada pelo conselho da igreja. E que todos sejam instruídos da importância de participar da mesa do Senhor, tanto das implicações do não participar e quanto do participar irreverentemente. Judas participou da mesa com Jesus e os apóstolos, mas enquanto os demais foram abençoados Judas foi amaldiçoado. Os piedosos receberam bênçãos, o ímpio recebeu terrível maldição. Ninguém é digno de se chegar à mesa do Senhor, por isso quem o fizer que faça-o com temor e reverência.
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Dia do Senhor 31
P. 83: O que são as chaves do reino dos céus?
R.: A pregação do santo evangelho e a disciplina eclesiástica.
É por esses dois meios que o reino dos céus se abre para os que creem e se fecha para os incrédulos.
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Comentário: Quando a igreja prega o evangelho de Jesus Cristo e chama os pecadores ao arrependimento está lhes assegurando que podem entrar no reino de Deus. E todos quantos creem em Cristo têm a promessa de serem recebidos em seu reino. A estes as portas se abrem. Mas a mesma chave que abre para uns também fecha para outros. Pois muitos há que mesmo ouvindo as boas novas de salvação, não fazem caso. São os que estão perdidos e não sabem, estão naufragando e não têm consciência disso, por isso não acham que precisam de um salvador. A estes as portas se fecham. O mesmo acontece com relação a disciplina bíblica, ela é outro meio de se fechar as portas do reino àqueles que se rebelam contra o Rei, desobedecendo sua Palavra e as autoridades delegadas por Ele colocadas no governo da igreja.
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P. 84: Como se abre e se fecha o reino dos céus pela pregação do evangelho?
R.: De acordo com o mandamento de Cristo, o reino dos céus se abre quando se proclama e se testifica publicamente a todo crente – individual ou coletivamente – que Deus de fato perdoou todos os seus pecados por causa dos méritos de Cristo, sempre que aceitam a promessa do evangelho com fé verdadeira.
O reino dos céus se fecha quando se proclama e se testifica a todos os incrédulos e hipócritas que, enquanto não se arrependerem, a ira de Deus e a condenação eterna permanecem sobre eles.
Segundo esse testemunho do evangelho, Deus os julgará tanto nesta vida quanto na vida porvir.
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Comentário: Para que o pecador se alegre com as boas novas da salvação, primeiro ele precisa saber que está perdido e condenado. Para isto o pecador precisa ouvir a lei de Deus e a maldição que ela lança sobre o homem que não a cumprir. A verdadeira pregação não exclui a lei, sua justiça, seu juízo, antes adverte o pecador sobre a condenação do pecado, que será punido eternamente no inferno. Em seguida aponta o caminho da salvação graciosa que está em Cristo Jesus e revela o dom precioso que Deus dá ao pecador arrependido e compungido. Mas aquele que rejeitar ou não conhecer esse dom deverá arcar com todas as consequências de seus pecados, o que é suficiente para puni-lo no inferno eternamente. Assim a pregação tem o poder tanto de abrir quanto de fechar as portas do reino. Por exemplo, o apóstolo Paulo pregou em Atenas: “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam; Porquanto tem determinado um dia em que com justiça há de julgar o mundo, por meio do homem que destinou; e disso deu certeza a todos, ressuscitando-o dentre os mortos” - Atos 17.30-31. O resultado foi: “E, como ouviram falar da ressurreição dos mortos, uns escarneciam, e outros diziam: Acerca disso te ouviremos outra vez. E assim Paulo saiu do meio deles. Todavia, chegando alguns varões a ele, creram: entre os quais foi Dionísio, areopagita, e uma mulher por nome Dâmaris, e com eles outros” – Vers. 32-34. A pregação abriu o reino para alguns [eles creram] e fechou para outros [escarneceram].
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P. 85: Como se fecha e se abre o reino dos céus pela disciplina eclesiástica?
R.: De acordo com o mandamento de Cristo, aqueles que se chamam de cristãos, mas que se mostram não-cristãos na doutrina ou na vida, devem ser, em primeiro lugar e de modo fraternal, admoestados mais de uma vez.
Se não abandonarem seus erros nem sua impiedade, devem ser denunciados à igreja, isto é aos presbíteros.
Se também não derem ouvidos às admoestações deles, serão proibidos de participar dos sacramentos e excluídos da congregação cristã, pelos presbíteros, e do reino de Cristo, pelo próprio Deus.
Serão novamente recebidos como membros de Cristo e da igreja, quando prometerem e demonstrarem verdadeiro arrependimento.
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Comentário: Excluir um membro da congregação por rebeldia, heresia, apostasia, ou outro pecado qualquer, não é falta de amor, ao contrário, a pessoa está recebendo uma chance para se arrepender e retomar o caminho. É um mandamento de Deus e o Senhor faz isso porque ama os seus filhos. A disciplina sempre visa restaurar o culpado e livrá-lo do laço do inimigo das nossas almas, e preservar a santidade da congregação do Senhor. Contudo se ele endurecer-se no pecado é afastado da comunhão da irmandade definitivamente. O processo da exclusão é estabelecido pelo próprio Senhor: O ofensor deve ser primeiramente admoestado, exortado, depois seu pecado deve ser exposto diante do presbitério da igreja, em seguida exposto diante da congregação, e finalmente o ofensor deve ser excluído da comunhão. Poderá, ainda ouvir as pregações, mas fica excluído da comunhão para que se envergonhe e se arrependa. A irmandade não deve tratar o excomungado como inimigo, mas não deve premiá-lo com sua comunhão como se nada tivesse acontecido. Havendo sincero e comprovado arrependimento, isto é com frutos, sempre haverá chance de ser incluído novamente à comunhão dos santos.
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Parte 3 - Nossa Gratidão
Dia do Senhor 32
P. 86: Se fomos libertos da nossa miséria somente pela graça através de Cristo, sem nenhum mérito nosso, por que então devemos praticar boas obras?
R.: Porque Cristo, tendo nos remido pelo seu sangue, também nos renova por seu Espírito Santo à sua imagem para que, com toda a nossa vida, mostremo-nos gratos a Deus por seus benefícios, e para que, pelo novo viver piedoso, possamos ganhar nosso próximo para Cristo.
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Comentário: A imagem de Deus que foi danificada pelo pecado é restaurada na vida do regenerado e a cada dia vai sendo aprimorada na medida em que ele cresce no Senhor - “Mas todos nós, com rosto descoberto, refletindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor” - 2ª Coríntios 3.18. Esta é a primeira razão porque o crente cresce e frutifica. Todos quantos foram resgatados do reino das trevas e da condenação, são gratos a Deus e produzem frutos de gratidão. Através da nossa vida atraímos os incrédulos, por isso também nos empenhamos mais e mais no exercício da caridade cristã para sermos boas testemunhas de Cristo neste mundo. Tudo quanto fazemos por Cristo e para Ele é porque fomos salvos e estamos abençoados, nunca o contrário. Ele nos comprou e dele somos - “Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” - 1ª Coríntios 6.20. Nada temos que não tenhamos recebido - “E que tens tu que não tenhas recebido?” - 1ª Coríntios 4.7. E mais, toda boa árvore, necessariamente produz bons frutos: “Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons” - Mateus 7.17-18. Os bons frutos acompanham, necessariamente a regeneração. Crente que vive no pecado e más obras, é uma negação do evangelho e da fé cristã. De um príncipe se espera nobreza, de um cristão se espera algo melhor do que o que se vê nos homens comuns.
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P. 87: Podem ser salvo aqueles que não abandonam o modo de viver ingrato e impenitente e não se convertem a Deus?
R.: Não. De modo nenhum.
A Escritura diz que nenhum impuro, idólatra, adúltero, ladrão, avarento, bêbado, maldizente, assaltante ou semelhante herdará o reino dos céus.
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Comentário: Pelos frutos se identifica a árvore. Aqueles ramos cuja seiva de Cristo traz vida produzem os frutos referentes a essa vida. Mas os ramos que continuam produzindo os frutos azedos, amargos, tóxicos da antiga árvore é porque não estão recebendo o fluxo da nova vida. Esses ramos serão destinados ao fogo - “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o lavrador. Toda a vara em mim, que não dá fruto, a tira; e limpa toda aquela que dá fruto, para que dê mais fruto... Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem” - João 15.1-6. O cristão autêntico não vive mais para o pecado e sim para Deus, porque o Senhor não apenas perdoou seus pecados, mas também dá-lhe poder para não mais viver neles. Nosso Pai amoroso não entrega seus filhos ao pecado. A santificação do cristão não é um estágio fixo, mas é um processo contínuo, a cada dia ele cresce e é aperfeiçoado, conformado à imagem de Jesus Cristo. De maneira semelhante, o ímpio também não está numa plataforma fixa, mas ele decai a cada dia sendo conformado ao diabo, ficando mais endurecido, mais rebelde, mais orgulhoso, mais autossuficiente.
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Dia do Senhor 33
P. 88: O que é o verdadeiro arrependimento ou conversão do homem?
R.: É a morte da velha natureza e a ressurreição da nova natureza.
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Comentário: Conversão não é o mesmo que educação religiosa, conhecimento das doutrinas cristãs, não é adotar a filosofia e os princípios bíblicos, ter uma boa conduta moral, nem é estar convencido da verdade do evangelho. Engloba tudo isso, mas vai muito além. A verdadeira conversão implica uma morte e uma ressurreição, uma mudança radical. Muitos dos que congregam com o povo do Pacto podem ter muitas experiências, conhecimento doutrinário, convicção da verdade e ainda assim estarem longe da verdadeira conversão. Isto porque a conversão é uma mudança de coração e de natureza. É uma experiência de morte e ressurreição, isto é o homem velho morre e nasce outro novo, que é uma nova criação de Deus. Com o velho homem morrem todos os antigos hábitos e antigos valores que são substituídos por um comportamento totalmente novo, uma nova visão da vida, um novo propósito e estilo de vida. O novo homem é uma nova criação de Deus. Ele nasce na família de Deus, desenvolve uma relação filial com Deus como seu Pai e com os demais santos como seus irmãos na fé.
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P. 89: O que é a morte da velha natureza?
R.: É a profunda e sincera tristeza por termos ofendido a Deus com os nossos pecados, e cada vez mais abominá-los e fugir deles.
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Comentário: Somente o nascido de Deus tem desejo de se ver livre do pecado, porque o velho homem deleita-se nele e nele está confortável. Quando o Espírito Santo vem a nós, Ele revela a glória de Deus e a nossa natureza depravada e perversa. Então percebemos quão grandemente temos ofendido a Deus e quão merecedores do inferno somos. Desde então passamos a odiar o pecado e a fazer tudo para evitá-lo. O santo está empenhado numa luta contínua contra a sua natureza terrena e anseia por se ver livre da presença do pecado, o que se dará quando ele deixar este mundo para estar com Cristo.
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P. 90: O que é a ressurreição da nova natureza?
R.: É a alegria sincera em Deus por Cristo, e o amor e o deleite de viver segundo a vontade de Deus em todas as boas obras.
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Comentário: O regenerado descobre o verdadeiro sentido da vida que é desfrutar a Deus e glorificá-lo, e isso enche seu coração da verdadeira paz e alegria. Ele não é alegre porque resolveu todos os seus problemas deste mundo, mas porque encontrou o Salvador da sua alma. Muitas vezes seus problemas presentes aumentaram, mas a paz e a alegria que invadiram sua alma, a comunhão com Cristo, a certeza da vida eterna, sobrepujam em muito o desconforto que os problemas deste mundo lhe causam. Ele descobriu que Cristo é a Fonte de todo bem e toda provisão. De fato Cristo é tudo que o crente necessita. Não há nada fora de Cristo que possa trazer verdadeira alegria, consolo, paz e encorajamento. Fora de Cristo tudo é trevas, instabilidade, movediço, desesperador; em Cristo há luz, estabilidade, segurança, certeza de um futuro vitorioso.
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P. 91: Mas o que são as boas obras?
R.: Somente aquelas que são feitas pela verdadeira fé, em conformidade com a lei de Deus e para a sua glória, e não aquelas que se baseiam na nossa própria opinião ou em preceitos de homens.
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Comentário: Boas obras, segundo a Bíblia ensina, têm origem, significado e resultado diferentes das boas ações que são praticadas pelos homens naturais. Os homens naturais e mesmo ímpios até praticam boas ações, ajudam seus semelhantes, fazem benfeitorias para os necessitados. Contudo tais obras têm motivações erradas, não glorificam a Deus e trazem juízo sobre o praticante. Muitas vezes, eles desejam alcançar o favor de Deus dessa forma, desprezando e insultando assim o Salvador. Pois quem pratica boas obras para negociar a sua salvação com Deus está desprezando o Filho de Deus e a expiação que Ele realizou por nós; quem agir assim será condenado por isso. Diferentemente, as obras dos crentes têm origem em sua nova natureza, revelam um coração regenerado, trazem glória para Deus e acumulam galardão para os que as praticam. Por isso a Bíblia diz que “somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas” - Efésios 2.10. Assim uma boa obra envolve fé em Cristo, que só o salvo tem, uma motivação correta, que não tem nenhum interesse oculto envolvido, e um objetivo correto, que é glorificar a Deus.
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Os Dez Mandamentos
Dia do Senhor 34
P. 92: O que diz a lei de Deus?
R.: “Então, falou Deus todas estas palavras, dizendo”:
Prólogo: “Eu sou o SENHOR teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão”.
Primeiro Mandamento: “Não terás outros deuses diante de mim”.
Segundo Mandamento: “Não farás para ti imagem de escultura, nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não te encurvarás a elas, nem as servirás; porque eu o SENHOR teu Deus, sou Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta geração daqueles que me odeiam, e faço misericórdia a milhares daqueles que me amam, e aos que guardam os meus mandamentos”.
Terceiro Mandamento: “Não tomarás o nome do SENHOR teu Deus em vão, porque o SENHOR não terá por inocente o que tomar seu nome em vão”.
Quarto mandamento: “Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do SENHOR teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro que está dentro das tuas portas; porque em seis dias fez o SENHOR os céus e a terra, o mar e tudo o que neles há, e ao sétimo dia descansou: portanto abençoou o SENHOR o dia do sábado, e o santificou”.
Quinto Mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR teu Deus te dá”.
Sexto Mandamento: “Não matarás”.
Sétimo Mandamento: “Não adulterarás”.
Oitavo Mandamento: “Não furtarás”.
Nono Mandamento: “Não dirás falso testemunho contra o teu próximo”.
Décimo Mandamento: “Não cobiçarás a casa do teu próximo. Não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo”.
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Comentário: Deus começa dizendo: “Eu Sou Javé teu Deus” e em seguida diz como deseja que seu povo viva para Ele. A Bíblia é o livro de Deus e não um livro científico. Ela não se propõe a explicar Deus ou sua criação, nem há nela respostas para todas as perguntas que fizermos. Mas ela tem a resposta para nossa necessidade espiritual. Ela responde a pergunta que nem sempre sabemos fazer, e propõe a solução para um problema que nem sempre temos ciência dele. O homem natural está cego espiritualmente e não sabe quais são seus reais problemas e suas reais necessidades. A lei de Deus levanta a questão problemática do homem caído: ele é um infrator que está debaixo do juízo e da condenação de Deus. Mais dia, menos dia, ele será chamado a juízo e prestação de contas. Se não tiver consigo Aquele que foi estabelecido “Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem” - 1ª Timóteo 2.5, receberá pelos seus pecados a eterna punição e maldição.
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P. 93: Como estão divididos esses mandamentos?
R.: Em duas partes:
A primeira nos ensina como viver em relação a Deus;
A segunda, que deveres temos para com o nosso próximo.
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Comentário: Os quatro primeiros mandamentos referem-se a nossa relação com Deus. Eles versam basicamente sobre nosso culto a Deus, o que envolve toda a nossa vida e nosso ser. Deus requer totalidade, pureza, exclusividade, continuidade.
Totalidade: Como seus filhos devemos nos render a Ele com todo o nosso ser [alma e corpo]; devemos entender que tudo é dele - nosso tempo, família, posses, nossa vida, saúde, toda nossa vida.
Pureza: Ele requer que sejamos puros em nossos corpos, mentes, pensamentos, motivações, desejos e expressões; que sejamos santos como o Senhor é santo.
Exclusividade: Deus nos quer só para si e não aceita que nos misturemos com outros deuses ou ídolos deste mundo. Devemos nos satisfazer totalmente em seu amor e providência para conosco.
Continuidade: Ele nos dá esta vida para que vivamos para o seu inteiro louvor e a vida eterna para que o sirvamos eternamente.
A quebra desses mandamentos afeta diretamente nosso relacionamento com o Senhor. Do quinto ao décimo mandamento está em foco a nossa relação com o nosso próximo. Deus exige que amemos e respeitemos o nosso próximo como a nós mesmos. Façamos por ele tudo quanto gostaríamos que se fizesse a nós próprios. Assim também a infração desses mandamentos afeta nosso relacionamento com nosso próximo.
O Senhor Jesus resumiu o Decálogo em dois grandes mandamentos: Amar a Deus e amar ao próximo - “Amarás, pois, ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu entendimento, e de todas as tuas forças; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo. Não há outro mandamento maior do que estes” - Marcos 12.30-31.
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P. 94: O que o Senhor exige no Primeiro Mandamento?
R.: Que, por amor à minha salvação, devo evitar e fugir de toda idolatria, feitiçaria, superstição e invocação a santos ou a outras criaturas.
Devo corretamente conhecer o único e verdadeiro Deus, confiar somente nele, submeter-me a ele em toda a humildade e paciência, e esperar todo o bem somente dele. Também devo amar, temer e honrar a Deus de todo o meu coração.
Em resumo, é preferível repudiar todas criaturas a fazer qualquer coisa, por menor que seja, contra a sua vontade.
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Comentário: Quem quer que seja salvo precisa conhecer o verdadeiro Deus. Jesus Cristo orou assim: “E a vida eterna é esta: que te conheçam, a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste” - João 17.3. A vida eterna consiste em conhecer a Deus na face de Cristo - “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo, e nos deu entendimento para conhecermos o que é verdadeiro; e no que é verdadeiro estamos, isto é, em seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e a vida eterna” - 1ª João 5.20. O primeiro mandamento nos ensina reconhecer que há um único Deus verdadeiro. Portanto devemos honrá-lo, temê-lo, adorá-lo, tendo-o na mais alta consideração e reverência. A Ele devemos obedecer e amar com todo nosso coração, sendo humildes diante dele, esperando e confiando em suas promessas, agradecendo-lhe pelo seu cuidado e louvando-o pelos seus atributos. Além do mais, nenhuma criatura tem os atributos incomunicáveis de Deus. Nenhuma criatura é onipotente, onisciente nem onipresente. Logo devemos dirigir nossas preces somente a Deus através do Seu Filho, nosso Mediador, o Senhor Jesus Cristo.
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P. 95: O que é idolatria?
R.: Idolatria é ter ou inventar algo em que colocar a nossa confiança em lugar, ou ao lado, do único e verdadeiro Deus que se revelou em sua Palavra.
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Comentário: Qualquer coisa, objeto, pessoa, práticas religiosas que nos desviem do verdadeiro Deus é uma idolatria; qualquer coisa, fora Deus, a que nos apeguemos com devoção é uma idolatria; toda superstição, misticismo, sincretismo religioso, crendice é uma forma de idolatria; o mesmo se pode dizer da autoconfiança, ou da fé na própria fé. Mas o mais sutil e enganoso tipo de idolatria é o deus imaginário. Esse é o maior perigo entre os filhos da Aliança: cultuar um deus criado pelas suas mentes. Os judeus caíram nesse pecado muitas vezes. Ezequiel os repreendeu por isso - “Qualquer homem da casa de Israel, que levantar os seus ídolos no seu coração...” - Ezequiel 14.4. Ídolos no coração são deuses imaginários, ou um falso conhecimento sobre quem Deus é. O Senhor Jesus disse aos judeus dos seus dias que eles supunham cultuar o verdadeiro Deus mas, de fato, não O conheciam - “... mas aquele que me enviou é verdadeiro, o qual vós não conheceis... não me conheceis a mim, nem a meu Pai; se vós me conhecêsseis a mim, também conheceríeis a meu Pai...” - João 7.28; 8.19. O mesmo ocorre hoje, muitos não conhecem o verdadeiro Deus revelado nas Escrituras, com todos os seus atributos, sua Aliança incluindo as bênçãos e as maldições, mas pensam que Deus seja de acordo com suas suposições. Por exemplo, é muito comum as pessoas aceitarem que Deus demonstre amor, paciência, longanimidade e que não leve tão a sério a questão do pecado, mas que seja complacente com ele, fazendo vistas grossas; que seja um Deus disposto a levar todos os homens para o céu independente do que eles façam e de como vivam; um Deus que não condene ninguém ao inferno; um Deus que está esperando o homem agir para então Ele ver o que fará; um Deus que decide tudo de última hora; ou seja, um Deus conforme a imagem do homem. Isso é idolatria.
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Dia do Senhor 35
P. 96: O que Deus exige no Segundo Mandamento?
R.: Que não façamos imagem de Deus em hipótese alguma, nem o adoremos de modo diferente daquele que ele nos ordenou em sua Palavra.
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Comentário: É simplesmente impossível representar Deus e sua glória por quaisquer meios humanos, sejam quais forem. Toda tentativa nesse sentido acabaria sempre numa grande ofensa, insulto e desprezo ao grande Criador. Então Ele proibiu terminantemente, toda, absolutamente toda tentativa de nossa parte em representá-lo, seja por figura, imagem, escultura. Por isso Ele nos advertiu por Moisés: “Guardai, pois, com diligência as vossas almas, pois nenhuma figura vistes no dia em que o Senhor, em Horebe, falou convosco do meio do fogo; Para que não vos corrompais, e vos façais alguma imagem esculpida na forma de qualquer figura, semelhança de homem ou mulher; Figura de algum animal que haja na terra; figura de alguma ave alada que voa pelos céus; Figura de algum animal que se arrasta sobre a terra; figura de algum peixe que esteja nas águas debaixo da terra” - Deuteronômio 4.15-18. Através do profeta Isaías: “A quem, pois, fareis semelhante a Deus, ou com que o comparareis? O artífice funde a imagem, e o ourives a cobre de ouro, e forja para ela cadeias de prata... A quem, pois, me fareis semelhante, para que eu lhe seja igual? Diz o Santo” - Isaías 40.18-19, 25. E através do apóstolo Paulo: “Sendo nós, pois, geração de Deus, não havemos de cuidar que a divindade seja semelhante ao ouro, ou à prata, ou à pedra esculpida por artifício e imaginação dos homens” - Atos 17.29. Criar uma imagem de Deus é roubar-lhe a glória e isso é terrível pecado.
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P. 97: Então, não podemos fazer nenhum tipo de imagem?
R.: Deus não pode e nem deve ser visivelmente representado de nenhuma maneira. As criaturas podem ser representadas, mas Deus nos proíbe fazer ou ter imagens delas para adorá-las, ou para servi-lo por meio delas.
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Comentário: A proibição não diz respeito a fazermos uma representação de um animal ou mesmo o busto humano. O que Deus proíbe é a tentativa de representá-lo através de imagens, figuras, desenhos, esculturas, fundições e usá-los como objetos de culto. Os romanistas, para justificar seus ídolos, usam dizer que Deus ordenou a confecção dos querubins da arca ou a serpente de bronze no deserto. Porém, os querubins foram colocados sobre a arca não para serem adorados, menos ainda para servirem de mediadores, pois nem mesmo nome tinham; já a serpente de bronze não era para ser adorada e nem representava Deus. E em ambos os casos os objetos foram fabricados sob ordens específicas de Deus, o que muda tudo. Ainda assim, no caso da serpente levantada por Moisés no deserto, a encontramos oitocentos anos mais tarde, sendo venerada pelos judeus e por isso o rei Ezequias a destruiu. Os romanistas fazem suas estátuas e as põem no templo e lhes atribuem nomes e lhes fazem súplicas como se as mesmas pudessem fazer qualquer mediação entre eles e Deus. Ou então olham para suas imagens e pedem àqueles que elas representam. Resumindo, tudo isso quebra o segundo mandamento – “E derrubareis os seus altares, e quebrareis as suas estátuas, e os seus bosques queimareis a fogo, e destruireis as imagens esculpidas dos seus deuses, e apagareis o seu nome daquele lugar. Assim não fareis ao Senhor vosso Deus” – Deuteronômio 12.3-4.
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P. 98: Que dizer que não se pode tolerar as imagens nas igrejas como “livro para os leigos”?
R.: Não, pois não devemos querer ser mais sábios do que o próprio Deus. Ele não quer que o seu povo seja ensinado por meio de ídolos mudos, mas pela pregação viva da sua Palavra.
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Comentário: Seja por descuido, por ignorância ou por desobediência, muitas vezes os homens ultrapassam os limites estabelecidos por Deus em sua Palavra. Muitos parecem querer ser mais sábios que o próprio Deus. Se Deus quis revelar-se a nós pela sua criação e sua Palavra, não temos o direito de acrescentar outros meios, mas sim crer que seus meios são suficientes e poderosos para fazer cumprir seus propósitos. A Bíblia é suficiente e não precisamos de outro veículo - “Toda a Escritura é divinamente inspirada, e proveitosa para ensinar, para redarguir, para corrigir, para instruir em justiça; Para que o homem de Deus seja perfeito, e perfeitamente instruído para toda a boa obra” - 2ª Timóteo 3.16-17. As imagens atrapalham em vez de ajudar - “Que aproveita a imagem de escultura, depois que a esculpiu o seu artífice? Ela é imagem de fundição ensina mentira... Ai daquele que diz ao pau: Acorda! e à pedra muda: Desperta! Pode isso ensinar?...” - Habacuque 2.18-19. Portanto devemos confiar que a pregação e o ensino da Palavra são absolutamente suficientes para ensinar ao cristão o caminho da vida.
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Dia do Senhor 36
P. 99: O que se exige no Terceiro Mandamento?
R.: Que não blasfememos nem façamos mau uso do Nome de Deus por maldição, perjúrio ou votos desnecessários, e que não participemos, por omissão silenciosa, desses terríveis pecados. Em vez disso, devemos usar o santo Nome de Deus somente com temor e reverência, para que possamos confessá-lo corretamente, invocá-lo e glorificá-lo com todas as nossas palavras e obras.
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Comentário: O nome sempre revela algo da pessoa, de sua origem, seu caráter, sua história, sua vida. Assim também o nome de Deus revela muito do que e de quem Ele é. E o nome de Deus é tão santo quanto Ele próprio. Portanto seu nome só pode ser dito solenemente, com toda reverência, temor e cuidado. Ele se revelou a Moisés como Yahweh [JAVÉ] e disse significar “Eu Sou o que Sou” - “E disse Deus a Moisés: Eu Sou o Que Sou. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: Eu Sou me enviou a vós... E eu apareci a Abraão, a Isaque, e a Jacó, como o Deus Todo-Poderoso; mas pelo meu nome, o SENHOR [JAVÉ], não lhes fui perfeitamente conhecido” - Êxodo 3.14; 6.3. Seu nome é para ser invocado, adorado, louvado, proclamado, tomado em juramento, tudo isso solene e reverentemente. Os judeus, por medo de tomar esse nome em vão, não o pronunciavam. Em lugar de usar o nome de Deus substituíam o tetragrama por Adonai que significa Senhor. Por isso nossas bíblias trazem no lugar do tetragrama a palavra Senhor.
Juntamente com o nome de Deus estão seus atributos, seu governo, suas obras, que manifestam seu maravilhoso ser. Por isso também jamais devemos brincar com essas coisas, pois envolvem sua glória. Como crentes que somos, levamos o nome e o testemunho de Deus, portanto devemos manter um comportamento santo, reverente, solene, para que o nome do Senhor não seja blasfemado pelos infiéis - “Porque, como está escrito, o nome de Deus é blasfemado entre os gentios por causa de vós” - Romanos 2.24; “Todos os servos que estão debaixo do jugo estimem a seus senhores por dignos de toda a honra, para que o nome de Deus e a doutrina não sejam blasfemados” - 1ª Timóteo 6.1. Aquele que carrega sobre si o nome do Senhor deve apartar-se do pecado para que não haja qualquer associação do santo nome com o pecaminoso - “O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade” - 2ª Timóteo 2.19.
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P. 100: Será que blasfemar o nome de Deus por juramentos e maldições é um pecado tão grande, que Deus se ira também contra aqueles que não impedem nem proíbem isso, o tanto quanto podem?
R.: Certamente que sim, porque nenhum pecado é maior nem provoca mais a ira de Deus do que blasfemar o seu Nome.
É por isso que ele ordenou que esse pecado fosse punido com a morte.
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Comentário: Não apenas devemos não dar motivo para os infiéis zombarem do nosso Deus, mas também protestar quando ouvirmos alguma coisa blasfema ou palavra zombeteira com respeito ao Senhor, aos seus atributos e suas obras. Quanto a isto o salmista nos ensina: “Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, nem se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores” - Salmo 1.1; e o apóstolo adverte: “E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-as” - Efésios 5.11.
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Dia do Senhor 37
P. 101: Mas será que podemos, de modo piedoso, fazer juramentos e votos em Nome de Deus?
R.: Sim, quando o governo o exige de seus súditos, ou quando a necessidade o exige para que se guarde e se promova a fidelidade e a verdade, para a glória de Deus e o bem do nosso próximo.
Esse tipo de juramento tem por base a Palavra de Deus e foi assim utilizado da maneira correta pelos santos do Velho e do Novo Testamentos.
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Comentário: A Bíblia nos ensina que nossa palavra deve ser uma só. Nosso sim deve sim, e nosso não deve ser não - “Seja, porém, o vosso falar: Sim, sim; Não, não; porque o que passa disto é de procedência maligna” - Mateus 5.37. Se, contudo, uma situação exigir de nós mais do que nossas palavras, podemos chamar o testemunho de Deus. Isto, porém, só deve ser feito em casos muito especiais e solenes, como, por exemplo, quando as autoridades o exigirem de nós, ou em algum caso muito grave para mantermos a verdade e a paz - “Porque os homens certamente juram por alguém superior a eles, e o juramento para confirmação é, para eles, o fim de toda a contenda” - Hebreus 6.16. Fora disso, jamais devemos pronunciar juramentos levianos e corriqueiros.
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P. 102: Podemos também jurar pelos santos ou por outras criaturas?
R.: Não. Um juramento legítimo é uma invocação a Deus para que ele, o único que conhece o coração, sirva como testemunha da verdade e que me castigue se eu jurar falsamente. Nenhuma criatura é digna de tal honra.
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Comentário: Se jurarmos, devemos fazê-lo apenas pelo nome do Senhor. Primeiro porque só se jura por alguém que é maior que nós, logo jurar pelos homens ou outras criaturas seria um pecado muito grande e insulto a Deus. Segundo, quando tomamos Deus como testemunha, estamos apelando para o Único que é onisciente e sabe todas as coisas. Isto o honra e distingue acima de todas as criaturas, porque estamos reconhecendo que somente Ele pode, não apenas testemunhar, como também, trazer à luz todas as coisas - “E ele [Samuel] lhes disse: O Senhor seja testemunha contra vós, e o seu ungido seja hoje testemunha, que nada tendes achado na minha mão. E disse o povo: Ele é testemunha” - 1º Samuel 12.5. Como crentes em Cristo, devemos honrar nossa palavra, sermos fiéis nos nossos contratos e compromissos, como se cada um deles envolvesse um juramento. Agindo assim honramos o santo nome do Senhor que está sobre nós - “E olhei, e eis que estava o Cordeiro sobre o monte Sião, e com ele cento e quarenta e quatro mil, que em suas testas tinham escrito o nome de seu Pai” - Apocalipse 14.1.
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Dia do Senhor 38
P. 103: O que Deus exige no Quarto Mandamento?
R.: Primeiro, que o ministério do evangelho e as escolas cristãs sejam mantidos, e que eu, especialmente no Dia de Descanso, seja diligente em ir à igreja de Deus para ouvir a Palavra de Deus, participar dos sacramentos, invocar publicamente ao Senhor e praticar a caridade cristã para com os necessitados.
Segundo, que em todos os dias da minha vida eu cesse as minhas más obras, deixe o Senhor operar em mim por seu Espírito Santo e, assim começar nesta vida o descanso eterno.
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Comentário: Além do culto público e ensino da Palavra de Deus, que é a sua principal função, a Igreja deve promover atividades que tenham como objetivo trazer justiça, fazer o bem, ensinar os verdadeiros valores. E fazer isso, sem querer auferir benefícios políticos ou outros, mas visar unicamente a glória de Deus. A observância do dia do Senhor, que para nós é o Domingo, deve ser algo natural e espontâneo. Deus nos dá seis dias para fazer todo o trabalho para o nosso sustento e um dia Ele requer para si. 1. É um dia de agradecer: Nesse dia especial devemos parar todas as demais atividades e ficar em sua comunhão agradecendo por toda sua bênção e provisão. Devemos lembrar que Cristo é o nosso descanso. 2. É um dia de assembleia solene: Nesse dia, historicamente, a Igreja de Cristo se reúne para o culto público e nenhum crente está dispensado. Enquanto os gentios que não conhecem a Deus têm seu prazer nas festas carnais, os santos deleitam-se na congregação e no culto ao Senhor – “Alegrei-me quando me disseram: Vamos à casa do Senhor” - Salmo 122.1. 3. É um dia de fazer caridade: Parte do dia do descanso pode ser dedicado à visitação de enfermos e a levar ajuda aos necessitados. 4. É um dia de parar todas as atividades relacionadas ao trabalho rotineiro, e mesmo aos esportes e lazer. Não se deve roubar o dia do Senhor com viagens desnecessárias, lazer, entretenimentos, futilidades, nem mesmo dormindo o dia todo. 5. O dia do Senhor é como primícias que devolvemos para Deus. Especialmente no novo testamento quando começamos a semana com esse dia. O primeiro dia da semana deve ser dedicado ao Senhor como as primícias do tempo que Ele nos dá. Quando começamos a semana observando o dia do descanso Ele abençoa o restante da semana e prospera a obra de nossas mãos. O significado espiritual do descanso é que devemos deixar Deus trabalhar em nós, entendendo que é a única maneira de sermos salvos. Deus nos ensina a desistir das obras para a salvação e nos render a Ele, confiando na obra de Cristo por nós e na obra do Espírito Santo em nós. Por isso se diz que Cristo é o nosso descanso espiritual, o nosso verdadeiro Sábado.
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Apêndice do Dia do Senhor 38
Comentário: O quarto mandamento do Decálogo não foi abolido com a vinda de Cristo. O que o Senhor Jesus fez foi: 1. Cumprir os aspectos cerimoniais que acompanhavam o sábado judaico, cerimoniais que eram sombras e tipos de Cristo. 2. Transferir o dia do descanso do sétimo para o primeiro quando ressuscitou dos mortos. Ele mesmo disse ser o Senhor do sábado, portanto poderia fazê-lo, e efetivamente o fez. O quarto mandamento não poderia ser abolido porque faz parte das dos dez mandamentos morais, portanto, eternos, que Deus deu a Moisés. Um dia Deus veio a terra, pessoalmente desceu sobre o monte Sinai, escreveu, Ele mesmo, dez mandamentos em tábuas de pedra e ordenou que Moisés os pusesse numa arca construída para esse fim. Mais tarde também lhe deu os mandamentos cerimoniais e judiciais, esses foram escritos por Moisés e nenhum deles foi posto dentro da arca, pois eram temporários, especialmente os cerimoniais que eram figuras e tipos de Cristo. Mais importante do que o dia em si mesmo é o ‘princípio do sábado’ (descanso). Por isso o fato da mudança do sétimo para o primeiro não altera o princípio moral do dia do Senhor. Agora Jesus Cristo é o nosso sábado (descanso) - “Porque nós, os que temos crido, entramos no repouso” - Hebreus 4.3. Estamos em Cristo, portanto no descanso sabático. Aquele que está em Cristo descansou das suas obras, ou seja, entendeu que sua salvação depende, não de si mesmo, mas da obra de Cristo na cruz e do Espírito Santo aplicando seus benefícios em nós. O sábado cristão (dia do Senhor) é um tipo do descanso eterno que gozaremos para sempre na Sua presença. Com a ressurreição de Cristo dentre os mortos veio à luz uma nova criação. O Senhor Jesus passou o seu último sábado na terra dentro do túmulo. Por um lado estava descansando de seus sofrimentos físicos, mas por outro, como que trabalhava pela nossa redenção. Terminando aquele sábado, uma nova criação veio à existência: um novo homem, um novo mundo, nova terra e novos céus, nova criatura, um novo caminho, um novo testamento, um novo Israel, uma nova era, um novo sábado. Tudo isso foi concebido na cruz até a aurora da ressurreição e ainda será maximizado e manifestado plenamente na segunda vinda. Então estaremos no descanso eterno - “Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus” - Hebreus 4.9. Na criação (no início) o primeiro dia após o término foi consagrado e santificado como dia de descanso, assim também na redenção (segunda criação) o primeiro dia depois de consumada foi dedicado a um santo dia - o novo sábado. Os apóstolos, inspirados e guiados pelo Espírito Santo, começaram a congregar no novo sábado, agora no primeiro dia da semana, o dia do Senhor - “E no primeiro dia da semana, ajuntando-se os discípulos para partir o pão, Paulo, que havia de partir no dia seguinte, falava com eles” - Atos 20.7; “No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de parte o que puder ajuntar... para que não se façam as coletas quando eu chegar” - 1ª Coríntios 16.2; “Eu fui arrebatado no Espírito no dia do Senhor” - Apocalipse 1.10. Assim vemos que o sábado não é apenas uma lei cerimonial ab-rogada, mas uma lei moral, parte integrante do decálogo que Deus escreveu e entregou a Moisés quando desceu sobre o Sinai.
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Texto de Lewis Bayly sobre o Dia do Senhor:
1. Nesse dia devemos nos abster de todo tipo de trabalho rotineiro e comum. Não apenas nós, mas todos quantos estão sob nossa tutela, nossos filhos, nossos servos, nossos animais. Todos devem parar nesse dia.
2. Também não é dia de dispendermos tempo na cozinha. Então devemos comer comida simples. Os judeus nem mesmo acendiam fogo no dia do Senhor.
3. É um dia de celebração, mas espiritual. Portanto não se deve gastar esse tempo, que é tão precioso, para cuidar do nosso corpo, preocupando-nos com as vestes e enfeites exteriores.
4. Se não nos é lícito trabalhar no comércio, também evitar fazer os outros trabalharem, indo aos mercados, shopping centers, feiras. Não é dia de fazer provisão para o corpo, mas alimentar a alma.
5. Devemos aplicar tempo desse dia em leitura, mas não qualquer leitura. Nada de livros de ciências, entretenimentos, curiosidades, mas sim meditar na Palavra de Deus.
6. As práticas de esportes e recreações em geral, que são lícitas noutros dias, no dia do Senhor devem ser evitadas, pois se nos abstemos dos trabalhos lícitos, quantos mais devemos fazê-lo com as recreações.
7. Nesse santo dia também devemos comer e beber moderadamente, pois se a gula, comilança e bebedeira já são condenadas nos dias normais, quanto mais nesse dia tão solene.
8. Até nossas conversas devemos controlar, evitando as prosas fúteis, tolas, vazias, inúteis. Assuntos que não trazem benefícios espirituais irão roubar nosso tempo de contemplação nesse dia e poluir nossa mente e pensamentos.
9. Qualquer atividade que não esteja relacionada com Deus e seu reino, que não seja uma beneficência ou obra de misericórdia e caridade, deve ser totalmente evitada nesse dia que não é nosso, mas do Senhor. Dar apenas metade do dia do Senhor a Ele, é lhe roubar a outra metade. Quem se atreveria a fazer isso?
10. Contudo, o crente não deve passar o dia do Senhor dormindo e descansando fisicamente apenas. Quem observa o dia do Senhor assim, observa-o como qualquer animal. Para o crente, todavia, este é um dia de atividade espiritual – (Extraído e adaptado de - Lewis Bayly – The Practice of Piety).
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Comentário: O dia do Senhor, o sábado cristão, é dia de pública assembleia solene, para darmos graças a Deus pelas bênçãos recebidas das suas mãos. É dia de louvar a Deus pela tanto pela sua criação quanto pela sua redenção - “Digno és, Senhor, de receber glória, e honra, e poder; porque tu criaste todas as coisas, e por tua vontade são e foram criadas” - Apocalipse 4.11; “E cantavam um novo cântico, dizendo: Digno és de tomar o livro, e de abrir os seus selos; porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda a tribo, e língua, e povo, e nação; E para o nosso Deus os fizeste reis e sacerdotes; e eles reinarão sobre a terra” - Apocalipse 5.9-10. É o dia de descansarmos das tarefas triviais, tanto quanto possível, para nos lembrar que estando em Cristo, já entramos no descanso espiritual, mas que ainda devemos renunciar a nossa vontade e abandonar nossos pecados e rogar que o Espírito Santo trabalhe em nós dia a dia até que cheguemos ao descanso (sábado) eterno. Amém.
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Dia do Senhor 39
P. 104: O que Deus exige no Quinto Mandamento?
R.: Que eu demonstre toda honra, amor e fidelidade ao meu pai e à minha mãe, e a todos os meus superiores; que eu me submeta devidamente à sua boa instrução e disciplina, e que também seja paciente com as suas fraquezas e defeitos, pois é a vontade de Deus nos governar pelas mãos deles.
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Comentário: Deus nos governa através das suas autoridades delegadas, as quais Ele próprio estabeleceu, primeiro na família, depois na igreja e também no governo civil. Feliz aquele que desde cedo aprendeu a reconhecer a cadeia de autoridade estabelecida por Deus em cada lugar onde está. Na família devemos honrar pai e mãe, na igreja os oficiais, na escola os professores e funcionários, no trabalho aos superiores; como cidadãos devemos honrar todos quantos desenvolvem alguma função de autoridade. Além disso devemos honrar e respeitar os mais idosos, pois isso é humildade. Quem aprendeu o respeito às autoridades, honra a ordenação de Deus porque assim está escrito: “Toda a alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus” - Romanos 13.1. Somos ensinados também a orar por aqueles que estão em posição de autoridade – “Admoesto-te, pois, antes de tudo, que se façam deprecações, orações, intercessões, e ações de graças, por todos os homens; Pelos reis, e por todos os que estão em eminência” - 1ª Timóteo 2.1-2. A Palavra de Deus diz ainda que devemos honrar os anciãos, especialmente os da família da fé - “Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do ancião; e temerás o teu Deus. Eu sou o Senhor” - Levítico 19.32. Ouvir os conselhos dos pais, aprendendo com sua experiência, é dever de todo filho sábio - “Filho meu, ouve a instrução de teu pai, e não deixes o ensinamento de tua mãe... Ouvi, filhos, a instrução do pai, e estai atentos para conhecerdes a prudência” - Provérbios 1.8; 4.1. Mesmo que a autoridade sobre nós seja dura conosco ou então tenha muitos defeitos difíceis de tolerar, precisamos exercer paciência porque Deus está nos conformando a Jesus Cristo. Afinal se todos fizessem as coisas exatamente como gostamos como seríamos tratados? Precisamos ser contrariados, confrontados, constrangidos pelas circunstâncias, tudo para que Cristo seja formado em nós. Quanto mais rápido nos submetemos ao governo da Providência mais rápido também saímos da zona de atrito e turbulência - “Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos Senhores, não somente aos bons e humanos, mas também aos maus. Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente” - 1ª Pedro 2.18-19. Por outro lado maldizer as autoridades delegadas é grande pecado, porque não estamos falando da pessoa e sim nos rebelando contra a cadeia de autoridade de Deus - “E quem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente será morto” - Êxodo 21.17; “... por que, pois, não tivestes temor de falar contra o meu servo, contra Moisés? Assim a ira do Senhor contra eles se acendeu; e retirou-se... e eis que Miriã ficou leprosa como a neve” - Números 12.8-10. Finalmente somos ensinados a nos submeter uns aos outros porque o crente deve ter um espírito submisso, isto afastará a rebeldia do seu coração - “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Deus” - Efésios 5.21.
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Dia do Senhor 40
P. 105: O que Deus exige no Sexto Mandamento?
R.: Que eu não devo, por mim mesmo ou através de outros, desonrar, odiar, injuriar ou matar o meu próximo por pensamentos, palavras, ou gestos, e muito menos por ações; antes, devo fazer morrer todo desejo de vingança. Além disso, não devo me fazer mal nem me expor levianamente ao perigo. Por isso, também, o governo empunha a espada para impedir homicídios.
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Comentário: O sexto mandamento exige que honremos o nosso próximo porque ele, tanto quanto nós, foi criado à imagem e semelhança de Deus. Por isso o homicídio se constitui num crime inafiançável diante de Deus - “Quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado; porque Deus fez o homem conforme a sua imagem” - Gênesis 9.6. Ninguém tem o direito de questionar as leis de Deus nem de avaliar se elas deveriam ser aplicadas ainda hoje. Quem assim pensa cogita ser mais sábio que Deus. Não há lei mais justa do que a lei da restituição: indenizar e compensar aquele que foi ofendido. Quando estiver em caso a morte de alguém, o culpado deve pagar com a própria vida, porque é algo que não pode ser restituído. Porém apenas as autoridades legais têm esse poder, isto é, aplicar a pena capital. Enquanto as autoridades competentes aplicam as leis e usam suas armas para conter e punir o mal, individualmente devemos cultivar um espírito manso e perdoador, jamais nos vingando a nós mesmos e nem mesmo desejando o mal ao nosso próximo, antes, amando até os nossos inimigos.
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P. 106: Mas esse mandamento fala somente de matar?
R.: Ao proibir o homicídio, Deus nos ensina que também detesta a raiz desse pecado, a saber, a inveja, o ódio, a ira e o desejo de vingança, e que ele considera tudo isso como homicídio.
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Comentário: O assassinato tanto quanto outros pecados, começa no coração. Por isso mesmo o Senhor Jesus disse “que qualquer que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo” - Mateus 5.22, já é culpado desse pecado. Porque na verdade Deus vê o coração e o diagnóstico que Jesus Cristo fez do coração do homem não poderia ser pior - “Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os adultérios, as prostituições, os homicídios, Os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfêmia, a soberba, a loucura” - Marcos 7.21-22. Isto quer dizer que mesmo que não houvesse tanta criminalidade e violência levadas a efeito, ainda assim, aos olhos de Deus, o pecado estaria patente. Mesmo antes de Caim assassinar seu irmão Abel, quando ele fazia sua oferta ao altar, seu pecado já estava descoberto aos olhos de Deus - “Se bem fizeres, não é certo que serás aceito?” - Gênesis 4.7. Sua oferta não foi aceita porque Caim era do maligno - “Caim, que era do maligno, e matou a seu irmão” - 1ª João 3.12. Deus o rejeitou antes mesmo de haver consumado seu pecado. Isso significa que podemos ser culpados de muitos pecados mesmo não os tendo levado a efeito. Muitas vezes não levamos a cabo um homicídio, um adultério, um furto, por medo das consequências, tanto espirituais quanto físicas, mas o pecado está no coração em forma de desejo da vingança, de adultério, de cobiça do que é alheio.
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P. 107: Então, basta que não matemos o nosso próximo dessa maneira?
R.: Não. Quando Deus condena a inveja, o ódio, a ira e o desejo de vingança, ele nos ordena amar nosso próximo como a nós mesmos, demonstrar paciência, paz, mansidão, misericórdia e amizade para com ele, protegê-lo do mal o tanto que pudermos e fazer o bem até mesmo aos nossos inimigos.
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Comentário: Uma lei não anula outra. O “não matarás” não anula o “quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado”, e vice versa. O que cabe às autoridades Deus cobrará delas se não o fizerem; o que cabe a nós, Deus cobrará de nós. E o que Deus quer de nós? Que amemos nosso próximo, ainda que ele nos odeie e deseje o nosso mal; que perdoemos o nosso próximo ainda que ele nos tenha feito algum mal; não apenas que perdoemos, mas que o façamos de todo o coração e até oremos, abençoemos e façamos o bem a eles - “Se vires o jumento, daquele que te odeia, caído debaixo da sua carga, deixarás pois de ajudá-lo? Certamente o ajudarás a levantá-lo” - Êxodo 23.5; “Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” - Mateus 5.44. A lei sempre tem um aspecto negativo e um lado positivo, isto é ela proíbe uma coisa e ordena outra. Neste caso ela nos proíbe matar e ordena a amar.
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Dia do Senhor 41
P. 108: O que nos ensina o Sétimo Mandamento?
R.: Que toda a impureza sexual é amaldiçoada por Deus.
Por isso, devemos abominá-la de todo coração e viver de maneira pura e disciplinada, tanto dentro quanto fora do santo matrimônio.
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Comentário: O sexo como todas as coisas que Deus criou é lícito e saudável, quando está dentro dos limites e das restrições que Ele também estabeleceu. Assim como há leis que normatizam o trabalhar, o comer, o beber, o dormir, que sendo ignoradas trarão consequências desconfortáveis para a nossa vida, outro tanto com relação ao sexo. Ninguém que ignore e ultrapasse os limites estabelecidos por Deus para a sua vida sexual deixará de colher os dissabores desse erro. Deus nos conhece melhor que nós mesmos e sabe o que é melhor para nossa vida. Sábio aquele que ouve o que diz a Palavra de Deus sobre esse assunto e segue sua orientação. Em qualquer área da nossa vida, um desequilíbrio pode trazer sérias complicações, mas especialmente na área sexual. Um erro aqui pode acarretar consequências irreversíveis e duradouras, que talvez nos acompanhem pelo resto da vida. Todo cuidado aqui é pouco. Devemos detestar toda impureza sexual, fugir dos apelos que o mundo faz para nos atrair ao seu lodaçal, e primar por um comportamento disciplinado, vigiando e guardando nossos olhos, ouvidos, pensamentos e emoções.
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P. 109: Nesse mandamento, Deus proíbe somente o adultério e pecados vergonhosos semelhantes?
R.: Não. Desde que somos, corpo e alma, templos do Espírito Santo, é a vontade de Deus que nos conservemos puros e santos. Por isso, ele proíbe todas as ações impuras, gesticulações, palavras, pensamentos, desejos, e tudo aquilo que possa nos induzir à impureza.
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Comentário: Deus sabe o que vai em nosso íntimo. Ele se importa com nossos pensamentos, nossas emoções, nossas motivações, nossos desejos, assim por diante. Isso porque nós somos o templo do Espírito Santo que habita em nós. Temos que cuidar tanto das coisas que entram em nós pelos olhos e ouvidos, quanto das coisas que armazenamos dentro de nós, bem como das coisas que saem dos nossos lábios. Numa palavra: tudo em nós deve ser puro. O ideal cristão é receber, armazenar e transmitir apenas coisas boas, que glorificam a Deus e fazem bem ao nosso próximo. Deus nos fez seres pensantes e inteligentes, além disso o Espírito Santo nos dá equilíbrio e bom senso, justamente para sabermos como nos comportar adequadamente neste mundo, sendo bons representantes do reino de Deus. Um crente deve ser disciplinado, buscando a moderação, o recato, a decência, o pudor, a reverência. Nossa alegria, prazer, satisfação têm fonte diferente do ímpio; nossa fonte é o Espírito Santo e não na carne - “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo” - Romanos 14.17, portanto é uma alegria com temor - “Servi ao Senhor com temor, e alegrai-vos com tremor” - Salmos 2.11.
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Dia do Senhor 42
P. 110: O que Deus proíbe no Oitavo Mandamento?
R.: Deus não apenas proíbe o roubo e o furto que as autoridades punem, mas também os esquemas e ciladas malignos como falsos pesos e falsas medidas, negócio enganoso, dinheiro falsificado e usura; não devemos defraudar o nosso próximo de maneira nenhuma, nem pela força nem pela aparência de direito. Além disso, Deus proíbe toda a avareza e todos o abuso e desperdício de suas dádivas.
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Comentário: As proibições deste mandamento são muito abrangentes: o roubo, o furto, a receptação de coisas roubadas, o tráfico ou contrabando, o sequestro, transações fraudulentas, pesos e medidas ou ainda produtos adulterados, extorsão, suborno, usura, infidelidade nos contratos, processos mal-intencionados, todo tipo de enriquecimento ilícito, a sonegação fiscal e outros tantos. Todo meio ilegal, imoral, enganoso, antiético de lucrar é também anticristão porque quebra o oitavo mandamento. Mas não é só isso, estamos proibidos também de roubar o tempo dos outros, seja o tempo de Deus ou do nosso próximo. Muitos crentes roubam o tempo de Deus, gastando o tempo da oração e leitura da Palavra, com lazer e entretenimentos. Há pais que roubam o tempo dos seus filhos, maridos que roubam o tempo das esposas e vice versa; empregados roubam tempo da empresa em que trabalham, não trabalhando todo o tempo pelo qual são pagos; muitos crentes roubam o dia do Senhor, trocando-o por passeios, viagens, práticas esportivas. Aplicar mal o tempo, o dinheiro, a saúde é esbanjar algo que não nos pertence, pois somos apenas mordomos de Deus, isto também é infringir este mandamento. A maldição da Palavra sobre os ladrões não poderia ser pior: “… nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus” - 1ª Coríntios 6.9. Serão banidos do reino de Deus e excluídos do céu.
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P. 111: O que Deus exige de você nesse mandamento?
R.: Que eu devo promover o bem do meu próximo sempre que for possível; que eu o trate do mesmo modo que desejaria ser tratado pelos outros, e que trabalhe fielmente para ter condições de ajudar os necessitados.
Devo promover tanto quanto possível, o bem do meu próximo e tratá-lo como quero que outros me tratem. Além disto, devo fazer fielmente meu trabalho para que possa ajudar ao necessitado.
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Comentário: Nosso Mestre nos ensina que “Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber” - Atos 20.35. Esse é o espírito de Cristo: dar, nunca tomar. Tirar do outro o que lhe pertence é o espírito do mundo anticristão. Então, devemos ser bons mordomos daquilo que Deus coloca em nossas mãos, aplicando bem nosso tempo, nosso dinheiro, nossa saúde. Sempre pensando em honrar a Deus e abençoar ao nosso próximo. É assim que seremos recompensados na eternidade - “E o seu Senhor lhe disse: Bem está, servo bom e fiel, entra no gozo do teu Senhor” - Mateus 25.21.
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Dia do Senhor 43
P. 112: O que se exige no Nono Mandamento?
R.: Que eu não devo levantar falso testemunho contra alguém nem distorcer as palavras de ninguém, não fazer fofoca nem difamar, não condenar nem me juntar com alguém para condenar a outrem precipitadamente e sem o ter ouvido.
Antes, devo repudiar toda mentira e engano, obras próprias do diabo, para não trazer sobre mim a pesada ira de Deus.
No tribunal ou em qualquer outro lugar, eu devo amar a verdade, dizê-la e confessá-la com honestidade, e fazer tudo o que puder para defender e promover a honra e a reputação do meu próximo.
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Comentário: O nono mandamento exige que andemos na luz e essa talvez seja a nossa maior dificuldade. A Bíblia diz que o homem natural ama as trevas, isto é, sua inclinação é, não apenas fazer as coisas erradas, mas ainda encobri-las. Mentir é próprio do homem caído; é um hábito que ele tem que mesmo quando a verdade for mais fácil, ainda assim se inclina a mentir. Mentir não é apenas dizer uma inverdade, mas distorcer os fatos, aumentar ou diminuir tendenciosamente os detalhes, caluniar, espalhar boatos, tudo isso é vício das trevas e está proibido pelo nono mandamento. Como crentes em Cristo, devemos amar a verdade e defendê-la, viver e morrer por ela. Contudo, poucos são os que de fato desejam a verdade, até mesmo no contexto da igreja. Uma grande maioria hoje opta apenas pelo pragmático, isto é, algo que resolva seus problemas e que os façam se sentir bem. E o que a verdade não faz é fazer o pecador sentir-se confortável em seu pecado. A verdade é a luz que expõe as deformidades morais do pecador. Há muitas igrejas que de tão descaracterizadas estão mais para seitas evangélicas que vivem mentindo, e isso em nome de Deus. Marcam dia e hora para reuniões onde haverá cura, libertação e bênçãos de prosperidade. Como ninguém pode saber o que Deus fará e nem quando, então quem faz uma agenda assim está enganando o povo, está mentindo usando o nome de Deus, pois criam uma falsa expectativa nas pessoas que ali estão. Omitir a verdade também é quebrar esse mandamento, uma vez que ele exige de nós total compromisso com a verdade. Contudo aqui há uma ressalva. Não devemos omitir a verdade quando for a hora de dizê-la, porque há hora de falar e hora de calar-se, e o calar-se na hora certa também é uma maneira de defender a verdade - “Há tempo de... estar calado, e tempo de falar” - Eclesiastes 3.1-7. Muitos ministros há que deveriam dizer toda a verdade contida nas Escrituras, mas, por conta própria, escondem grande parte dela e apenas pregam o que lhes convêm, para não ficarem em situação desconfortável. Tanto os que mentem quanto os que omitem, quanto os que distorcem, inventam ou usam qualquer outro subterfúgio para auferir benefícios pessoais, pecam contra o nono mandamento e incluem-se entre os malditos que têm por pai a Satanás - “Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira” - João 8.44. Estão condenados a ficar fora do reino de Deus e da sua cidade - “Mas, quanto aos tímidos, e aos incrédulos, e aos abomináveis, e aos homicidas, e aos fornicadores, e aos feiticeiros, e aos idólatras e a todos os mentirosos, a sua parte será no lago que arde com fogo e enxofre; o que é a segunda morte…”; “Ficarão de fora os cães e os feiticeiros, e os que se prostituem, e os homicidas, e os idólatras, e qualquer que ama e comete a mentira” - Apocalipse 21.8; 22.15.
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Dia do Senhor 44
P. 113: O que exige de nós Décimo Mandamento?
R.: Que nem o mais leve pensamento ou desejo contrário à quaisquer mandamentos de Deus jamais deveria surgir em nosso coração. Antes, de todo coração, devemos sempre odiar todo pecado e nos deleitar em toda justiça.
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Comentário: O décimo mandamento fala daquele aspecto do pecado em seu estado de concepção, quando apenas Deus o pode ver, porque ainda não veio à luz. Nesse estágio o pecado é tão abominável a Deus quanto quando externado. Deus viu o pecado de Caim quando ninguém havia visto. Caim podia cultuar a Deus e ainda odiar e invejar seu irmão. Ele ofereceu seu culto a Deus e saindo de diante do altar, armou uma cilada e assassinou seu único irmão. A cobiça, a concupiscência, a inveja, o ódio, o orgulho, a avareza, entre outros podem ser vistos por Deus antes mesmo de serem detectados por qualquer pessoa. Por isso Jesus disse que “qualquer que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela” - Mateus 5.28. Mas também esse mandamento exige de nós um contentamento com a nossa condição perante a Providência de Deus. O ensino apostólico é que vivamos satisfeitos tendo o que comer e com que nos cobrir - “Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes” - 1ª Timóteo 6.8. Devemos ser gratos a Deus pelo que temos recebido, e jamais murmurar contra a Sua Providência e nem invejar o que os outros têm. Devemos agradecer pelo que temos e nunca reclamar pelo que não temos.
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P. 114: Mas os que se converteram a Deus são capazes de guardar esses mandamentos perfeitamente?
R.: Não. Nesta vida, até mesmo os mais santos têm apenas um leve começo desa obediência. Mesmo assim, com sincero fervor e propósito, eles começam a viver não apenas segundo alguns mandamentos de Deus, mas conforme todos eles.
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Comentário: Ninguém, nem mesmo os mais santos podem guardar perfeitamente a lei de Deus, porque ela exige perfeição. O padrão de Deus não é que o homem seja bom, que tenha boas intenções, que seja sincero, mas que ele seja perfeito. Contudo, mesmo sendo impossível ao homem alcançar esse nível, isso, de forma nenhuma, nos isenta da obediência a lei. Por isso precisamos desesperadamente do Mediador. Sem Ele estaríamos perdidos para sempre. Ninguém está livre para pecar porque está debaixo da graça de Deus. O cristão eventualmente peca mas o pecado não é mais seu estilo de vida. Então, embora saibamos que não atingiremos a perfeição nesta vida, esse deve ser o nosso alvo.
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P. 115: Se nesta vida ninguém consegue obedecer perfeitamente os Dez Mandamentos, por que Deus manda que sejam pregados com tanto rigor?
R.: Primeiro, para que ao longo da nossa vida possamos cada vez mais estar conscientes da nossa natureza pecaminosa, e assim buscarmos com mais fervor o perdão dos pecados e a justiça de Cristo.
Segundo, par que, ao orarmos a Deus pela graça do Espírito Santo, jamais deixemos de batalhar para sermos cada vez mais renovados à imagem de Deus, até que após esta vida alcancemos o alvo da perfeição.
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Comentário: O fato de o homem não conseguir guardar a lei de Deus perfeitamente, de forma nenhuma o livra da sua maldição. Somente estando em Cristo, nossa Cidade Refúgio, estaremos seguros e protegidos. Mas a cada dia precisamos ouvir a lei de Deus para que nunca nos esqueçamos do que fomos resgatados, e também para que nos conheçamos quão corrompidos fomos pelo pecado e quanto dependemos de Deus para perseverar até o fim da nossa carreira aqui na terra e chegarmos a eternidade. O não crente ouve a lei de Deus e pode correr para Cristo; o crente ouve a lei de Deus e apega-se com mais força ao Salvador.
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A Oração
Dia do Senhor 45
P. 116: Por que a oração é necessária aos cristãos?
R.: Porque a oração é a parte mais importante da gratidão que Deus exige de nós. Além disso, Deus só concederá a sua graça e o Espírito Santo àqueles que, constante e sinceramente, lhe pedem esses dons e o agradecem por eles.
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Comentário: A essência do culto a Deus é: Leitura da Bíblia (seguida de exposição ou ensino); Oração (que é a nossa resposta a Deus); Os Sacramentos (administração e recepção do Santo Batismo e Santa Ceia); Comunhão (Comunicação fraternal com os demais irmãos); Cânticos de salmos de louvor a Deus. É o que podemos ver nas páginas do Novo Testamento. Entre esses atos do culto, a oração é a principal parte da nossa resposta a Deus. Na verdade a oração é a atividade mais importante da vida do crente. Cada cristão é um sacerdote e a principal função de um sacerdote é a oração - “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo” - 1ª Pedro 2.5. Nossa oração contínua revela um senso de dependência que agrada ao nosso Pai, e expressa nosso reconhecimento de quem Ele é. Todo pai tem alegria e prazer em suprir as necessidades de seus filhos que dependem dele; muito mais o Pai celestial tem esse prazer em que seus filhos se aproximem dele continuamente para receber da Sua provisão - “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem?” - Mateus 7.11. Isso o honra e glorifica.
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P. 117: O que é preciso para que a nossa oração agrade a Deus e seja ouvida por ele?
R.: Primeiro, devemos invocar de coração, apenas o único e verdadeiro Deus, que se revelou em sua Palavra, e rogar por tudo aquilo que ele nos ordenou orar.
Segundo, devemos ter plena consciência da nossa necessidade e miséria, para que possamos nos humilhar diante de Deus.
Terceiro, devemos descansar no fundamento inabalável, do qual não somos merecedores, de que Deus com certeza ouvirá às nossas orações por causa de Cristo, nosso Senhor, conforme ele nos prometeu em sua Palavra.
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Comentário: Nossa oração deve ser dirigida única e exclusivamente a Deus, pois é o único que pode nos ver, ouvir e atender. O único que é onisciente, onipresente e onipotente é Deus, o Criador. Esses atributos são incomunicáveis e Ele não os repartiu com nenhuma criatura, seja homem ou anjo. Portanto Deus - Pai, Filho e Espírito Santo, é o único que pode ouvir cada oração que se faz em qualquer parte da terra, ainda que todos os crentes orem ao mesmo tempo. A oração é uma maneira de mostrar a nossa dependência, também nossa miséria espiritual e é o nosso reconhecimento de quem o Senhor é. Essa humildade sob a mão de Deus, vindo a Ele pelo Mediador é o que torna a oração aceitável e é a garantia de sermos ouvidos. Embora tenha deixado por último, a primeira coisa que devemos ter em mente antes de pronunciar qualquer palavra nos dirigindo a Deus, é que somente somos aceitos perante Sua Majestade, por causa do Mediador que Ele mesmo estabeleceu – Jesus Cristo, nosso Senhor. Mas que ninguém suponha que basta pronunciar o nome de Jesus como uma senha, porque não funciona desta maneira. Antes de ouvir o nome de Jesus ser pronunciado pelos nossos lábios, Deus já terá nos identificado pelo selo do Espírito Santo. Dizendo de outra forma, há uma senha que é imperceptível aos sentidos humanos, mas Deus a vê em nossas frontes quando nos aproximamos dele - “Não danifiqueis a terra, nem o mar, nem as árvores, até que hajamos assinalado nas suas testas os servos do nosso Deus…”; “E verão o seu rosto, e nas suas testas estará o seu nome” - Apocalipse 7.3; 22.4. Deus está sempre pronto a nos ouvir e socorrer por causa do Senhor Jesus. O que conta de fato é o Mediador que temos.
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P. 118: O que foi que Deus ordenou que lhe pedíssemos?
R.: Tudo aquilo que necessitamos para o nosso corpo e alma, conforme a oração que o próprio Cristo, nosso Senhor, nos ensinou.
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Comentário: Antes de pedir qualquer coisa a Deus é preciso lembrar que não temos nenhum direito e nem merecemos qualquer coisa. Nosso mérito é negativo. Portanto é lícito pedir a Deus a provisão necessária para o dia a dia, mas jamais riquezas, não prosperidade financeira, mas apenas sustento - “Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” - 1ª Timóteo 6.8-10. Os ricos facilmente são atraídos para o altar de Mamon, abandonando a Jesus Cristo e a simplicidade que Ele nos ensina.
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P. 119: Qual é a oração do Senhor?
R.: “Pai nosso, que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu; o pão nosso de cada dia nos dá hoje; e perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos conduzas a tentação, mas livra-nos do mal; porque teu é o reino, e o poder, e a glória para sempre. Amém” (Mateus 6:9-13; Lucas 11:2-4).
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Comentário: Temos nesta oração modelo, sete petições. Três referentes a Deus e quatro referentes a nós. As que se referem a Deus e ao seu reino: 1. Santificado seja o teu nome; 2. Venha o teu reino; 3. Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu. E em seguida as que se referem a nós: 1. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje; 2. Perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores; 3. Não nos conduzas a tentação; 4. Livra-nos do mal. Ela termina com a doxologia: Teu é o reino, e o poder, e a glória para sempre. Amém.
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Dia do Senhor 46
P. 120: Por que Cristo nos ordenou nos dirigir a Deus como o “Pai nosso”?
R.: Para despertar em nós, logo no início da nossa oração, aquela reverência filial e confiante em Deus, que deve ser básica à nossa oração; Deus, por meio de Cristo, tornou-se o nosso Pai, e, se os nossos pais não nos negam as coisas terrenas, muito menos ele nos negará aquilo que lhe pedimos pela fé.
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Comentário: Deus quer relacionar-se conosco como um pai se relaciona com o filho amado de suas entranhas. A grande pena é que o pecado faz separação entre nós e o nosso Deus - “Mas as vossas iniquidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossos pecados encobrem o seu rosto de vós, para que não vos ouça” - Isaías 59.2. Deus criou o homem para estar com Ele. Esse desejo de Deus é muito claro nas Escrituras. No Éden visitava Adão todos os dias para ter comunhão com ele, e o plano era habitarem juntos, pois o homem não foi criado para viver longe de Deus, e sim em Sua íntima comunhão. Unir céus e terra, o que um dia Ele fará, é o plano original do nosso amado Pai. Muitas vezes vemos Deus revelando essa Sua vontade de estar no meio de seu povo - “E porei o meu tabernáculo no meio de vós, e a minha alma de vós não se enfadará” - Levítico 26.11; “E o meu tabernáculo estará com eles, e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo” - Ezequiel 32.27. Após o Juízo Final a terra será purificada e todo mal será eliminado. Os ímpios, bem como todo o pecado, toda maldição, e também Satanás com seus demônios, todos serão removidos da terra a qual ficará totalmente purificada. Então os céus serão unidos à terra, porque o pecado e todo o mal que atualmente os separam serão removidos; então eclodirá a nova criação de Deus - “Porque, eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá mais lembrança das coisas passadas, nem mais se recordarão” - Isaías 65.17; “Mas nós, segundo a sua promessa, aguardamos novos céus e nova terra, em que habita a justiça” - 2ª Pedro 3.13; “E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus” - Apocalipse 21.3.
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P. 121: Por que se acrescentou: “que estás nos céus”?
R.: Porque essas palavras nos ensinam a não pensar na majestade de Deus de modo terreno, e a esperar do seu poder infinito tudo aquilo que necessitamos para o nosso corpo e alma.
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Comentário: Conquanto o Espírito de Deus habite em nossos corações, nosso corpo seja um templo de Deus, e deva haver uma santidade e reverência em nosso interior, todavia não devemos orar a Deus como se Ele estivesse dentro de nós em Sua majestade, porque Deus está no céu. “Não te precipites com a tua boca, nem o teu coração se apresse a pronunciar palavra alguma diante de Deus; porque Deus está nos céus, e tu estás sobre a terra; assim sejam poucas as tuas palavras” - Eclesiastes 5.2. É para o alto que devemos dirigir nossas orações mediadas por Jesus Cristo, nosso Salvador. Cada crente tem uma comunicação livre com Deus por meio do Senhor Jesus, podendo orar a qualquer hora e em qualquer lugar, mas sempre dirigindo-se a Deus no céu. Jesus quando orava levantava seus olhos aos céus - “E Jesus, levantando os olhos para cima, disse: Pai, graças te dou, por me haveres ouvido…”; “Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora” - João 11.41 e 17.1.
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Dia do Senhor 47
P. 122: Qual e a Primeira Petição?
R.: “Santificado seja o teu nome”.
Isto é, que nos concedas, antes de tudo, que possamos te conhecer da maneira correta, e que te santifiquemos, glorifiquemos e louvemos em todas as tuas obras, nas quais brilham o teu poder infinito, sabedoria, bondade, justiça, misericórdia e verdade.
Também que nos concedas que dirijamos toda a nossa vida, pensamentos, palavras e ações, de tal maneira que o teu Nome não seja blasfemado por nossa causa, mas que seja sempre honrado e glorificado.
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Comentário: Devemos orar a Deus com o desejo de que a grandiosidade, a importância de seu nome seja conhecida neste mundo; orar com um anelo de que o nome do nosso Deus seja reverenciado, temido e considerado santo entre os homens. Mesmo porque o que se vê, infelizmente, é o mundo desprezando, brincando, fazendo piadas, zombando assim do nome precioso do nosso Bondoso Deus. E há aqui uma agravante: muitas vezes é por culpa dos próprios crentes que têm em baixa conta o nome do Senhor. E não pode haver coisa mais triste do que essa – que um cristão viva um estilo de vida, ou tenha um comportamento destoante da fé que professa. Foi isso que aconteceu com o povo de Israel - “E, chegando aos gentios para onde foram, profanaram o meu santo nome, porquanto se dizia deles: Estes são o povo do SENHOR, e saíram da sua terra. Mas eu os poupei por amor do meu santo nome, que a casa de Israel profanou entre os gentios para onde foi. Dize portanto à casa de Israel: Assim diz o Senhor DEUS: Não é por respeito a vós que eu faço isto, ó casa de Israel, mas pelo meu santo nome, que profanastes entre as nações para onde fostes. E eu santificarei o meu grande nome, que foi profanado entre os gentios, o qual profanastes no meio deles; e os gentios saberão que eu sou o SENHOR, diz o Senhor DEUS, quando eu for santificado aos seus olhos” – Ezequiel 36.20-23. No nome de Deus está envolvido seu caráter, a revelação da sua pessoa e sua obra. Portanto honrar o nome de Deus é honrar o próprio Deus. Como cristãos que somos nós levamos o nome e o testemunho de Deus por onde andarmos, onde estivermos, em tudo o que fizermos. Portanto temos a responsabilidade de representar bem esse nome. Mas o que o Senhor Jesus ensina nesta oração é muito mais que isso. Ele quer que isso seja um ardente desejo da nossa alma, durante toda a nossa vida, que o nome do nosso Senhor, nosso Amo, seja santificado, temido, honrado, respeitado, desejado na terra. Quanto mais conhecemos a Deus tanto mais o honraremos e santificaremos o seu nome em nossas vidas. Por isso roguemos que o Espírito Santo nos dê crescimento no conhecimento de Deus e nos ajude a viver de maneira irrepreensível para o nome do Senhor seja glorificado - “E farei conhecido o meu santo nome no meio do meu povo Israel, e nunca mais deixarei profanar o meu santo nome; e os gentios saberão que eu sou o SENHOR, o Santo em Israel” - Ezequiel 39.7.
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Dia do Senhor 48
P. 123: Qual é a Segunda Petição?
R.: “Venha o teu reino”.
Isto é:
Que nos governes pela tua Palavra e Espírito, de tal modo que cada vez mais nos submetamos a ti.
Que protejas e faças crescer a tua Igreja.
Que destruas as obras do diabo, todo poder que se levante contra ti, e toda conspiração contra a tua Palavra.
Que faças todas essas coisas até que venha a plenitude do teu reino, em que serás tudo em todos.
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Comentário: Jesus ensinou muitas coisas sobre o reino de Deus. Dos seus ensinamentos entendemos que o reino de Deus já chegou. Quando Jesus veio, Ele o trouxe, pois é o Rei desse reino. Mas quando nos ensinou a orar “Venha o teu Reino”, também quis dizer que o Reino continua vindo. Cada pessoa que se rende ao governo do Senhor e se submete ao Rei Jesus, aumenta os domínios desse reino. Então seu reino continua vindo e se expandindo neste mundo. Mas também sabemos que o seu reino terá sua plena manifestação quando Jesus vier segunda vez. Então haverá uma maximização do reino de Deus, e ele cobrirá a terra como as águas cobrem o mar. O Senhor Jesus ensinou ainda que tanto entramos no reino de Deus como o reino de Deus entra em nós. Isto é, tanto estamos nos domínios de Deus quanto seu domínio está dentro dos nossos corações. Como cristãos sabemos que o problema do homem e da sociedade é o pecado, e nada resolverá esse problema a não ser que o reino de Deus venha aos seus corações, levando-os a submissão a Cristo. Não há nada que possa ajudar a nossa sociedade e este estado de coisas presente. Todas as tentativas para mudar o homem e seu habitat falharam. Da religião à filosofia, da cultura às descobertas científicas, do desenvolvimento industrial à alta tecnologia, dos esportes aos entretenimentos, tudo isso tenta melhorar a sua qualidade de vida, mas o homem continua infeliz, insatisfeito, vazio, e também maldoso, invejoso, vingativo, violento, mau. Uma mudança real só ocorrerá quando o reino de Deus chegar a ele, entrar em seu coração e transportá-lo para os domínios do governo de Deus. O único poder que destrói as obras do diabo é o reino de Deus - “Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo” - 1ª João 3.8. Por isso a petição “Venha o teu reino” é tão importante, e devemos orá-la com ardente desejo que mais e mais homens e mulheres, jovens e crianças, sejam conquistados pelo Rei Jesus, sejam reconciliados com Ele e entrem no reino de Deus agora e aguardem sua plena e gloriosa manifestação no dia final.
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Dia do Senhor 49
P. 124: Qual é a Terceira Petição?
R.: “Faça-se a tua vontade, assim na terra como no céu”.
Isto é:
Que concedas a nós e a todos os homens que renunciemos à nossa própria vontade e, sem murmuração, obedeçamos à tua vontade, a única que é boa.
Também que concedas que todos cumpram os deveres de seu ofício e vocação, tão voluntária e fielmente, como os anjos no céu.
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Comentário: Desejar que a vontade de Deus seja plenamente realizada na terra deve ser o maior desejo dos santos da terra, porque no céu isso é uma realidade eterna. Os santos anjos estão sempre prontos e desejosos de ouvir as ordens de Deus para imediatamente voar a cumpri-las. É um desejo maior do que o desejo que temos pela comida, de fato um desejo que os consome. Foi isso que o Senhor Jesus disse aos discípulos e eles não entenderam: Uma comida tenho para comer, que vós não conheceis, mas Jesus lhes explicou: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e realizar a sua obra” - João 4.32, 34. Deus criou os anjos e os homens e lhes pôs no coração uma satisfação em amá-lo, obedecê-lo e servi-lo. O pecado enganou e cegou o homem para esse fato, mas os regenerados podem sentir novamente esse prazer, essa alegria no servir e obedecer a Deus. Quem tem novo coração sente satisfação em submeter-se as autoridades, ainda que essas sejam injustas e infiéis. Mas infinitamente mais, têm-na em relação a submissão a vontade de Deus que é boníssimo. Os crentes amam servir uns aos outros e amam muito mais ainda servir ao Pai celestial, que reconhece nosso serviço e nos recompensa fazendo-nos sentir plenamente confortados e realizados. Há, todavia, uma luta contra a nossa própria carne que muitas vezes nos desvia da vontade expressa do Pai. Mas é aí que clamamos a Deus que nos capacite com Seu Espírito Santo nessa luta e não cedamos terreno para o inimigo das nossas almas. Por isso mesmo, orar pedindo e desejando que a vontade do nosso amado Deus seja cumprida na terra é motivo de grande alegria para nós, porque sabemos que um dia, céus e terra conhecerão uma única vontade – a do nosso Amo. Devemos, portanto, orar para que cada dia mais, sejamos submissos a vontade de Deus em nossas próprias vidas, renunciemos a nós mesmos e vivamos para aquele que por nós morreu e ressuscitou. E então pregarmos o evangelho chamando os pecadores ao arrependimento e a obediência de Cristo, porque a salvação se resume nisso: o homem trocar sua vontade pela vontade de Deus. “Bendizei ao SENHOR, todos os seus anjos, vós que excedeis em força, que guardais os seus mandamentos, obedecendo à voz da sua palavra. Bendizei ao SENHOR, todos os seus exércitos, vós ministros seus, que executais o seu beneplácito” - Salmo 103.20-21. No céu a vontade de Deus é única. Enquanto não chega o dia do juízo eterno, tanto os anjos caídos quantos os homens rebeldes podem seguir sua vontade caída. Depois do juízo, porém, todos os rebeldes estarão presos no grande abismo e no restante da criação só se conhecerá a vontade de Deus, sem concorrência. Enquanto isso a Igreja ora: “Seja feita a tua vontade, assim na terra, como no céu” - Lucas 11.2.
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Dia do Senhor 50
P. 125: Qual é a Quarta Petição?
R.: “O pão nosso de cada dia dá-nos hoje”.
Isto é:
Que supras todas as nossas necessidades físicas, para que reconheçamos que tu és a única fonte de todo o bem, e que, sem a tua bênção, nem o nosso cuidado, nem o nosso labor, nem mesmo os teus dons podem nos fazer bem algum.
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Comentário: Aqui começam as petições para nós próprios. Depois dos interesses do Reino de Deus, que devemos buscar em primeiro lugar, aí podemos fazer nossos pedidos. Contudo, Jesus ensinou o que devemos pedir. A primeira coisa a ser pedida é a provisão diária para nós e nossa família. É claro que Deus conhece essa nossa necessidade. Mas Ele quer que dependamos dele para tudo e reconheçamos que tudo vem dele. Na verdade, quanto mais levamos a Ele nossas necessidades e o fazemos participar das circunstâncias que envolvem nossas vidas, tanto mais mostramos nossa dependência dele, e isso muito o agrada. Quando não oramos e não participamos a Deus nossas necessidades, estamos excluindo-o das nossas vidas e declarando nossa independência dele. E isto é a pior coisa que nos poderia acontecer. A independência de Deus significa morte eterna. Devemos lembrar aqui que a promessa de Deus é a provisão aos seus filhos. Ele não prometeu grandes riquezas, fortunas, grandes possessões aos seus filhos, mas apenas o sustento. Isso Ele não deixará faltar. Os filhos de Deus deveriam viver uma vida simples e em completa dependência de Deus, como as aves do céu. Jesus disse que elas não semeiam, nem colhem, nem ajuntam em celeiros, isto é um modelo de dependência de Deus - “Por isso vos digo: Não andeis cuidadosos quanto à vossa vida, pelo que haveis de comer ou pelo que haveis de beber; nem quanto ao vosso corpo, pelo que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o mantimento, e o corpo mais do que o vestuário? Olhai para as aves do céu, que nem semeiam, nem segam, nem ajuntam em celeiros; e vosso Pai celestial as alimenta. Não tendes vós muito mais valor do que elas?” - Mateus 6.25-26. Que o Senhor nos ensine a não confiar em nada além dele. Nem em riquezas, nem na nossa sabedoria ou nossa experiência, nem no nosso emprego, na aposentadoria, em nossas economias, mas apenas no Senhor. Que a cada dia roguemos o nosso pão cotidiano e ao final do dia o agradeçamos Àquele de quem nos vem toda boa dádiva e todo o dom perfeito – “Toda a boa dádiva e todo o dom perfeito vem do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança nem sombra de variação - Tiago 1.17.
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Dia do Senhor 51
P. 126: Qual é a Quinta Petição?
R.: “E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos devedores”.
Isto é:
Que, por causa do sangue de Cristo, não imputes a nós, pecadores miseráveis, nenhuma das nossas transgressões, nem o mal que ainda persiste em nós; e que também encontremos em nós essa evidência da tua graça: que estamos plenamente determinados, de todo o coração, a perdoar nosso próximo.
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Comentário: Naturalmente que aqui não está posta uma condição para sermos perdoados, porque só Pode perdoar de fato quem já foi perdoado por Deus, pois quem não recebeu o perdão de Deus não sabe sequer o que significa perdoar. Além do que, se Deus esperasse o pecador perdoar seus ofensores para lhe dar o Seu perdão salvador, isto caracterizaria uma salvação por obras. Ninguém pode dar nada se primeiro não receber de Deus. Contudo, é um fato que as duas coisas caminham juntas: recebemos o perdão e perdoamos. Se não sabemos perdoar é porque não fomos perdoados ou não entendemos o perdão de Deus. Jesus contou uma parábola onde um rei perdoou seu servo, mas este não soube perdoar seu conservo e foi punido severamente. Mesmo depois de haver sido perdoado ele recusou-se a perdoar seu próximo - Por isso o reino dos céus pode comparar-se a um certo rei que quis fazer contas com os seus servos; E, começando a fazer contas, foi-lhe apresentado um que lhe devia dez mil talentos; E, não tendo ele com que pagar, o seu senhor mandou que ele, e sua mulher e seus filhos fossem vendidos, com tudo quanto tinha, para que a dívida se lhe pagasse. Então aquele servo, prostrando-se, o reverenciava, dizendo: Senhor, sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Então o senhor daquele servo, movido de íntima compaixão, soltou-o e perdoou-lhe a dívida. Saindo, porém, aquele servo, encontrou um dos seus conservos, que lhe devia cem dinheiros, e, lançando mão dele, sufocava-o, dizendo: Paga-me o que me deves. Então o seu companheiro, prostrando-se a seus pés, rogava-lhe, dizendo: Sê generoso para comigo, e tudo te pagarei. Ele, porém, não quis, antes foi encerrá-lo na prisão, até que pagasse a dívida. Vendo, pois, os seus conservos o que acontecia, contristaram-se muito, e foram declarar ao seu senhor tudo o que se passara. Então o seu senhor, chamando-o à sua presença, disse-lhe: Servo malvado, perdoei-te toda aquela dívida, porque me suplicaste. Não devias tu, igualmente, ter compaixão do teu companheiro, como eu também tive misericórdia de ti? E, indignado, o seu senhor o entregou aos atormentadores, até que pagasse tudo o que devia. Assim vos fará, também, meu Pai celestial, se do coração não perdoardes, cada um a seu irmão, as suas ofensas - Mateus 18.23-35. Como cristãos que somos devemos ter consciência da imensa dívida que Jesus nos perdoou, a qual se nos fosse cobrada, nos faria permanecer no inferno eternamente sem poder jamais saldá-la. Assim sendo, devemos perdoar sempre a todos os que nos ofenderem, de todo o coração, pois esta é uma evidência de que também fomos perdoados por Deus.
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Dia do Senhor 52
P. 127: Qual é a Sexta Petição?
R.: “E não nos conduzas a tentação, mas livra-nos do mal”.
Isto é:
Somos tão fracos em nós mesmos, que não podemos permanecer firmes por um momento sequer. Além disso, os nossos inimigos declarados – o diabo, o mundo e a nossa própria carne – não cessam de nos atacar.
Queiras, portanto, sustentar-nos de fortalecer-nos pelo poder do teu Espírito Santo, para que não sejamos derrotados nessa batalha espiritual, mas que sempre resistamos firmemente a nossos inimigos, até que finalmente alcancemos a vitória completa.
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Comentário: Que não sejamos conduzidos à circunstâncias favoráveis ao inimigo das nossas almas e estejamos assim expostos aos seus ardis e maquinações. Sabemos que Deus jamais nos tenta mas pode permitir que sejamos tentados por Satanás como Pedro o foi - “Disse também o Senhor: Simão, Simão, eis que Satanás vos pediu para vos cirandar como trigo; Mas eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça; e tu, quando te converteres, confirma teus irmãos” - Lucas 22.31-32. E sabemos que Deus usa todas as coisas para nos fazer crescer espiritualmente, inclusive as tentações. Rogar para que o Senhor não nos exponha às tentações é uma humilde súplica para que não nos deixe expostos às tentações do inimigo mais que podemos suportar e não venhamos a cair, traídos pela nossa própria carne que também se alia aos demais inimigos contra nós. Então rogamos que o Pai nos fortaleça pelo seu Espírito Santo nos fazendo sensíveis e dando-nos discernimento espiritual para detectarmos as sutis armadilhas do inimigo e assim não caiamos nelas. E Deus que conhece a nossa estrutura e sabe que somos frágeis e vulneráveis, nos ouve e nos poupa conforme sua santa vontade e os propósitos que têm para nós.
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P. 128: Como é que você conclui a sua oração?
R.: “Pois teu é o reino, o poder e a glória, para sempre”.
Isto é:
Tudo isso te pedimos porque, como nosso Rei, tendo poder sobre todas as coisas, tanto queres quanto podes nos dar tudo o que é bom; e porque não nós, mas o teu santo Nome é digno de receber toda a glória para sempre.
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Comentário: Essa doxologia no final da oração, é a declaração final que o Reino pertence ao Senhor, o reconhecimento de que Ele reina soberano, como Rei dos reis e Senhor dos senhores, e a confissão de que nos submetemos ao seu domínio para obedecer à sua vontade para sempre. É o reconhecimento de que Ele fará sempre a sua vontade e levará a cabo tudo quanto tem determinado e decretado sem nenhum impedimento.
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P. 129: O que significa a palavra “Amém”?
R.: “Amém” significa: é verdadeiro e certo. Pois é mais certo e verdadeiro que Deus ouviu a minha oração do que o sentimento que tenho em meu coração de desejar isso dele.
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Comentário: Amém é um dos nomes do Senhor Jesus - “E ao anjo da igreja que está em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus” - Apocalipse 3.14, e significa que Ele é fiel e verdadeiro. Ele leva muito a sério quando falamos com Ele e jamais nos deixa de atender, embora sempre faça a sua vontade para a nossa segurança. É bom rogar sempre que sua suprema vontade seja realizada, porque isso é o melhor para nós, porque a vontade dele para nós é perfeita, boa e agradável.
Aqui termina o Catecismo de Heidelberg, com a explicação sobre o Amém da oração do Senhor. E podemos dizer também um Amém, rogando que Aquele que é que Fiel e Verdadeiro sustente e mantenha Sua Igreja unida em torno dessa verdade e da fidelidade a Ele. Amém.
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