Confissão Rochelle Comentada

 

História


Também conhecida como Confissão de Fé Francesa ou Confissão de Fé Gaulesa, a Confissão Reformada Rochelle, data do período da Grande Reforma – 1559. As Igrejas Reformadas da França enviaram a João Calvino sua declaração de fé, isso no ano de 1557, num momento em que estavam sob forte perseguição. Calvino e seu aluno de Saint-Pierre-de-Chandieu mais a ajuda de Theodore Beza e Viret Pierre escreveram uma confissão para os crentes franceses. Confeccionaram-na em trinta e cinco artigos. Mais tarde diminuindo a perseguição, vinte delegados representando setenta e duas igrejas se reuniam secretamente em Paris de 23 a 27 maio 1559. Contando com François de Morel como moderador, aqueles homens produziram uma Constituição Eclesiástica de Disciplina e uma Confissão de Fé. Os trinta e cinco artigos que João Calvino havia produzido foram utilizados na Confissão. Dessa forma, a Confissão Gaulesa surgiu com quarenta e um artigos. No ano de 1560, o documento foi apresentado ao rei da França, Francisco II, apresentando um prefácio onde rogavam-lhe que a perseguição cessasse. Em 1571 a confissão foi aprovada no sétimo sínodo nacional das igrejas francesas na cidade de La Rochelle. Reconhecida também pelos sínodos alemão em Wesel e em Emden. Desde então, inclui-se entre os grandes e preciosos documentos produzidos naquele período especial em que Deus estava promovendo a grande limpeza no seu Templo.


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I. DEUS E SUA REVELAÇÃO

1. Deus


Nós cremos e confessamos que há um só Deus, o qual é constituído de uma única e simples essência espiritual, eterno, invisível, imutável, infinito, incompreensível, inefável, o qual pode todas as coisas, que é sábio, bom, justo e plenamente misericordioso.


Dt. 4.35,39; 1Co. 8.4,6; Gn. 1.3; Êx. 3.14; Jo. 4.24; 2Co. 3.17; Rm. 1.20; 1Tm. 1.17; Ml. 3.6; Nm. 23.19; Rm. 11.33; At. 7.48; 17.23; Jr. 10.7,10; Lc. 1.37; Rm. 16.27; Mt. 19.17; Jr. 12.1; Sl. 119.137; Êx. 34.6,7.

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Comentário: Deus revela-se nas escrituras sagradas como o único Deus verdadeiro, que é o Criador de todas as coisas nos céus e na terra, em oposição a todos os demais chamados deuses pelos homens, os quais são invenções da mente caída e são denunciados, amaldiçoados e que serão destruídos - Antes de mim deus nenhum se formou, e depois de mim nenhum haverá - Isaías 43.10b. Assim lhes direis: Os deuses que não fizeram os céus e a terra desaparecerão da terra e de debaixo deste céu - Jeremias 10.11.

É difícil listar os atributos de Deus pois são muitíssimos e todos infinitos. Além dos que são postos no texto da Confissão - espiritual, eterno, invisível, imutável, infinito, incompreensível, inefável, todo-poderoso, sábio, bom, justo e misericordioso, podemos acrescentar gracioso, benevolente, longânimo, paciente, sofredor, perfeitíssimo, soberano, glorioso, excelso, belíssimo, transcendente, imanente, etc.


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2. A Revelação


Foi Deus quem se fez conhecer aos homens. Primeiramente, por suas obras, tanto pela Criação como pela conservação e maneira como Ele a conduz. Também, e mais claramente ainda, pela Palavra, a qual foi primeiramente revelada verbalmente e em seguida escrita nos livros que nós chamamos: Santa Escritura.


Rm. 1.19,20; Rm. 15.4; Jo. 5.39; Heb. 1.1; Gn. 15.1; 3.15; 18.1; Êx. 24.3,4; Rm. 1.2.

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Comentário: Desde que o homem foi expulso da presença de Deus, após a queda, tornou-se um desconhecido, alienado e fugitivo de Deus. O pecado colocou uma barreira de separação entre Deus e o homem, escondendo a sua face do homem. De tal forma que se Deus nunca mais falasse com o homem este jamais o conheceria e, consequentemente, se perderia eternamente em suas idolatrias e superstições. Mas Deus em sua infinita bondade e misericórdia buscou o homem caído e lhe falou. Deus se revela na sua criação, e seus atributos podem ser conhecidos nela. Ele se revela de forma mais perfeita através da sua Palavra. Todavia o conhecimento perfeito de Deus só vem através de Jesus Cristo, seu Filho Unigênito. Aquele a quem escolher fará chegar a si - Números 16.5b; esse o conhece e ninguém mais Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios; nós seremos satisfeitos da bondade da tua casa e do teu santo templo - Salmo 65.4.


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3. A Santa Escritura


Toda a Escritura está contida nos livros canônicos do Antigo e Novo Testamentos, os quais são detalhados como segue.


O Antigo Testamento:


Os cinco livros de Moisés, a saber: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio. Josué, Juízes, Rute, o primeiro e o segundo livro de Samuel, o primeiro e o segundo livro dos Reis, o primeiro e o segundo livro das Crônicas, ou seja, Paralipômenos, os livros de Esdras, Neemias e Ester. Jó, Salmos, Provérbios de Salomão, Eclesiastes ou o Pregador, Cântico dos Cânticos. Os livros de Isaías, Jeremias, Lamentações de Jeremias, Ezequiel, Daniel, Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias.


O Novo Testamento:


O santo Evangelho segundo São Mateus, segundo São Marcos, segundo São Lucas e segundo São João. O segundo livro de São Lucas, chamado de Atos dos Apóstolos. As epístolas de São Paulo: uma aos Romanos, duas aos Coríntios, uma aos Gálatas, uma aos Efésios, uma aos Filipenses, uma aos Colossenses, duas aos Tessalonicenses, duas à Timóteo, uma à Tito, uma à Filemon. A epístola aos Hebreus, a epístola de São Tiago, a primeira e segunda epístolas de São Pedro, a primeira, segunda e terceira epístolas de São João, a epístola de São Judas, e o Apocalipse.

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Comentário: Primeiro devo dizer que a Bíblia é o livro de Deus. O livro que ele mesmo teve o cuidado de trazer pessoalmente ao seu povo. Sim, quando desceu sobre o Monte Sinai trouxe em suas mãos as tábuas de pedra escritas com a sua santa lei e as entregou pessoalmente a Moisés. Isso nos mostra que foi o próprio Deus quem começou a escrever este livro. Depois usou o próprio Moisés para continuar escrevendo o livro santo. Em seguida, depois de Moisés, Deus levantou outros profetas e apóstolos sobre os quais ele soprou o Espírito a fim de que recebessem inspiração para prosseguir escrevendo e expondo os seus mandamentos. Assim, o próprio Deus reivindica a autoria da Bíblia sagrada - Escrevi para eles as grandezas da minha lei; mas isso é para eles como coisa estranha - Oseias 8.12. “Eu escrevi”, disse Deus. Digo isto para afirmar o respeito que devemos ter por esse Livro. Tudo quanto precisamos saber para alcançar salvação em Cristo Jesus está neste Livro. Ele é perfeito, inerrável, absoluto, suficiente, totalmente inspirado. Por isso podemos encontrar Deus nele. E como congregação do Senhor neste mundo, sendo seu povo da Aliança, devemos saber que Deus nos entregou este Livro para que o amemos e honremos de todo o nosso coração. A Bíblia não é um livro qualquer, um livro dado ao mundo, não. Ela é um livro selado para o mundo, justamente porque é o Livro da Aliança e pertence ao povo da Aliança, o único que pode compreendê-la.

O conhecimento de Deus vem pela criação, pelas escrituras e pelo chamado especial do Espírito Santo. A criação manifesta a glória de Deus, o seu grande poder e multiforme sabedoria, mas o pecador não pode se chegar a ele apenas observando a criação. O santo livro revela mais claramente o seu Autor que também é o Autor de toda a criação, mas mesmo por sua Palavra escrita o homem não pode conhecê-lo intimamente. Muitos são os que observam as obras de Deus e quedam-se maravilhados diante dela, mas não se chegam a Deus. Outro tanto, muitos leem o santo livro de Deus, onde está sua autorrevelação, encantam-se com toda a história da criação e redenção. Contudo, ainda não recebem a iluminação e continuam em trevas. Quando, porém, o Espírito Santo chama efetivamente e o traz ao Pai, pela mediação de Jesus Cristo, então e somente então o pecador tem seus olhos e entendimento abertos para conhecer a Deus. Aqueles que são trazidos a Cristo têm o conhecimento de Deus - Tudo por meu Pai me foi entregue; e ninguém conhece quem é o Filho, senão o Pai, nem quem é o Pai senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar - Lucas 10.22; Mas, …. aprouve a Deus, que desde o ventre de minha mãe me separou, e me chamou pela sua graça, revelar seu filho em mim - Gálatas 1.15-16b. Tendo sido trazido à presença de Deus e tendo seus olhos da alma sido abertos, então pelo santo livro e também pela criação visível, o pecador recebe ou amplia seu conhecimento sobre o verdadeiro Deus.


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4. A Escritura, regra da fé


Nós reconhecemos que estes livros são canônicos e regra infalível de nossa fé, não tanto por comum acordo e consentimento da Igreja, mas pelo testemunho e a persuasão do Espírito Santo, que nos faz distingui-los dos outros livros eclesiásticos, sobre os quais, ainda que sejam úteis, neles não se pode fundamentar nenhum artigo de fé.


Sl. 12.7; Sl. 19.8,9.

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Comentário: A tradição boa da Igreja, isto é, a tradição apostólica, deve ser preservada juntamente com sua doutrina, como disse o próprio apóstolo - Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso SENHOR Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que andar desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu - 2a Tessalonicenses 3.6. Devemos ter em vista a importância da doutrina apostólica, da tradição apostólica, da história da Igreja. A composição do Canon sagrado é uma das maravilhas de Deus. Ele trouxe a sua Palavra através dos profetas e apóstolos, os quais escreveram todo o Conselho de Deus, e usou doutores e mestres para apreciar e avaliar tudo quanto foi escrito e reunir num único compêndio. O próprio apóstolo Paulo revela um grande princípio: “profetas falam e profetas julgam” - E falem dois ou três profetas, e os outros julguem - 1a Coríntios 14.29. Depois que o Canon foi fechado, contendo seus sessenta e seis livros inspirados, não há mais o que julgar ou acrescentar, mas obedecer, observar o Conselho de Deus, cuidando para não dar lugar ao relativismo que diabolicamente tenta minar os absolutos de Deus.


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5. A autoridade da Escritura


Nós cremos que a Palavra contida nesses livros tem sua origem em Deus, e que a autoridade que ela possui vem unicamente de Deus e não dos homens. Esta Palavra é a regra de toda a verdade e contém tudo que é necessário para o serviço de Deus e para nossa salvação; portanto, não é permitido aos homens, nem mesmo aos anjos, acrescentar, diminuir ou alterá-la.

Concluímos que nem a antiguidade, nem os costumes, nem a maioria, nem sabedoria humana, nem julgamentos, nem prisões, nem as leis, nem decretos, nem os concílios, nem visões, nem milagres podem se opor a esta Escritura santa, mas ao contrário, todas as coisas devem ser examinadas, regulamentadas e reformadas por ela.


2Tm. 3.16,17; 1Pe. 1.11,12; 1Pe. 1.20,21; Jo. 3.26-31; Jo. 5.33,34; 1Tm. 1.15; Jo. 15.15; Jo. 20.31; At. 20.27; Dt. 4.2; 12.32; Gl. 1.8; Pv. 30.6; Ap. 22.18,19; Mt. 15.9; At. 5.28,29; 1Co. 11.2,23.

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Comentário: É como temos dito. A Bíblia sagrada, o Livro do povo da Aliança é perfeito, porque veio de Deus. Deus mesmo, veio a terra, sobre o Monte Sinai e entregou a Moisés as duas tábuas da lei escrita de próprio punho. Foi o próprio Deus quem a escreveu. Literalmente os dez mandamentos, são escritos do próprio punho do Criador - E deu a Moisés (quando acabou de falar com ele no monte Sinai) as duas tábuas do Testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus - Êxodo 31.18. Deus fez isso duas vezes. As primeiras tábuas ele trouxe prontas a Moisés. Tendo Moisés quebrado essas tábuas ao pé do monte, teve que preparar outras duas tábuas e levá-las a Deus, que de novo gravou nelas suas palavras - Então, disse o SENHOR a Moisés: Lavra-te duas tábuas de pedra, como as primeiras; e eu escreverei nas tábuas as mesmas palavras que estavam nas primeiras tábuas, que tu quebraste - Êxodo 34.1. Então, escreveu o SENHOR nas tábuas, conforme a primeira escritura, os dez mandamentos, que o SENHOR vos falara no dia da congregação, no monte, do meio do fogo; e o SENHOR mas deu a mim - Deuteronômio 10.4. Portanto, no que se refere a Bíblia sagrada, não há o que discutir ou debater, mas apenas observar, obedecer, cumprir. Abominamos o irreverente relativismo observado em nossos dias com relação as sagradas escrituras. Ele tem arruinado muitas igrejas e causado grande estrago nos arraiais do povo santo.


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Nossos Credos


Neste espírito, nós reconhecemos os três Símbolos, a saber:


O Credo dos Apóstolos.

O Credo de Nicéia.

O Credo de Atanásio.


Porque eles estão de acordo com a Palavra de Deus.

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Comentário: Somos muitas vezes criticados pelos liberais, pelos relativistas, pelos infiéis de seguirmos escritos de homens, referindo-se aos nossos credos, catecismos e confissões. Mas quem faz isso não compreende a diferença entre o Canon sagrado que é inspirado por Deus, sendo nossa única fonte e fundamento para a nossa fé, e outros livros ou documentos que são úteis para fazer-nos permanecer dentro dos limites do Canon. Tal é a grande utilidade dos credos, catecismos e confissões. Eles funcionam com balizas para não sairmos da circunscrição da Palavra. A Igreja de Cristo vem utilizando e se beneficiando há séculos com tais documentos históricos. Contudo, vivemos dias em que grande parte do povo de Deus nem mesmo tem conhecimento desses documentos. Há congregações de igrejas históricas que nem mesmo sabem o que significa uma igreja confessional. Em lugar disso credos, catecismos e confissões dão lugar a livros de psicologia, confissão positiva, batalha espiritual, livros que estão cheios de superstições, o que é muito lamentável.


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6. A Trindade


Esta Escritura santa nos ensina que na única e simples essência divina que confessamos, há três Pessoas, O Pai, o Filho e o Santo Espírito:

O Pai é a primeira causa, princípio e origem de todas as coisas.

O Filho, sua Palavra e sabedoria eterna.

O Espírito Santo, sua virtude, seu poder e eficácia.

O Filho é eternamente gerado do Pai; o Santo Espírito procede eternamente do Pai e do Filho.

As três Pessoas da Trindade não se confundem, mas são distintas; elas, no entanto, não estão separadas, porque elas possuem uma essência, eternidade e poder idênticos e são iguais em glória e majestade.

Nós aceitamos, portanto, neste ponto, as conclusões dos Concílios antigos e rejeitamos todas as seitas e heresias que foram rejeitadas pelos santos doutores, como santo Hilário, santo Atanásio e são Cirilo.


Dt. 4.12; 10.17; Mt. 28.19; 1Jo. 5.7; Mt. 28.19; Jo. 1.1; Jo. 17.5; At. 17.25; Rm. 1.7; 1Jo. 5.7.

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Comentário: A doutrina, da Trindade, é muitíssimo importante, mas para o homem natural, nenhuma doutrina merece muita atenção porque há uma tendência na mente caída de supor que doutrina não é a coisa mais importante que mereça nossa maior atenção, e que talvez o amor, a boa intenção, a sinceridade, a dedicação, junto com sua profissão de fé, sejam mais importantes do que a própria doutrina. Com essa premissa em suas mentes chegam às conclusões mais absurdas possíveis. Imaginemos alguém com um mapa errado em mãos querendo chegar a certo destino. Ora se você tem como guia para chegar a um determinado lugar um único mapa e este mapa estiver errado, um pouco que seja, você jamais chegará onde pretende, inevitavelmente chegará ao lugar errado. Por mais que você esteja bem-intencionado, por mais que você professe fé naquele mapa e creia que ele o levará ao destino certo, por mais que você o deseje, não poderá chegar onde pretendia, pois o mapa o enganará, desviará e o levará a um destino diferente do desejado. Existem muitas igrejas cristãs professas que não veem problema em comungar com crentes que não creem na Trindade, que não creem nas duas naturezas de Cristo, ou que não creem na salvação pela graça soberana, ou ainda não creem na eleição, escolha e decretos de Deus. A doutrina da Trindade é da maior importância, pois o verdadeiro Deus, criador, redentor, mantenedor e governador dos céus e da terra, se revela nas sagradas escrituras dessa forma. Sim, embora a própria palavra trindade ou trino não apareçam nas escrituras, contudo, o Deus Trino revela-se perfeitamente dessa forma. É assim que ele é: Trino, três pessoas perfeitamente distintas e contudo um único Deus. Desde o livro de Gênesis até o livro de Apocalipse, encontramos essa manifestação incompreensível, mas maravilhosa. Os três aparecem na criação, na redenção, na manutenção, preservação e governo de todas as coisas nos céus e na terra.


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7. A Criação


Nós cremos que Deus, em três Pessoas que cooperam entre si, por seu poder, sabedoria e incompreensível bondade, criou todas as coisas, não somente o céu, a terra e tudo que nela existe, mas também os espíritos invisíveis.


Os anjos e os demônios


Destes, uns caíram em perdição, os outros perseveraram na obediência. Cremos que os primeiros, estando corrompidos na perversidade, são inimigos de todo o bem e, por conseguinte, de toda a Igreja; os outros, tendo sido preservados pela graça de Deus, são ministros encarregados de glorificar seu Nome e de servir na salvação de seus eleitos.


Gn. 1.1; 3.1; Jo. 1.3; Cl. 1.16; Heb. 1.2; 2Pe. 2.4; Jd. 6; Sl. 103.20,21; Jo. 8.44; Heb. 1.7-14; Sl. 34.8; 91.11.

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Comentário: Tudo começou com Deus na eternidade. Um propósito, uma decisão, um projeto, um gesto de amor e surgiu a criação dos céus, terra e tudo o que neles há. Nos céus, Deus criou os anjos, criaturas santas, perfeitas e aptas a adorá-lo. Contudo, em seus santos propósitos decretou que uma parte considerável daquelas criaturas viessem a cair em desobediência, enquanto que outra parte permanecesse em obediência. Aqueles que caíram foram excluídos da presença de Deus e expulsos dos céus. Os que caíram, caíram em definitivo. Os que permaneceram, permanecerão eternamente. Esses são os santos anjos eleitos - Conjuro-te diante de Deus, e do SENHOR Jesus Cristo, e dos anjos eleitos - 1a Timóteo 5.21a. Os anjos que caíram tornaram-se criaturas perversas, malignas e inimigas de Deus. Na terra criou Deus o homem e o fez à sua imagem e semelhança. Diferentemente da queda dos anjos, a qual foi coletiva e definitiva, a queda dos homens foi representativa, e temporária para aqueles que Deus escolheu. O primeiro homem, Adão, caiu em desobediência e sendo ele representativo, colocou toda a sua descendência sob a queda, tornando-os culpados. Mas o plano eterno previa redenção para uma parte dos homens caídos. Eles seriam redimidos e reconciliados com Deus, para habitarem juntamente com os anjos eleitos nos céus. Os anjos eleitos servem a Deus e assistem os homens eleitos, enquanto que os anjos caídos resistem a Deus e trabalham contra seus propósitos e contra os homens eleitos. Dessa forma, os anjos e os homens eleitos habitarão com o Senhor para sempre. Já os anjos caídos e os homens caídos que não foram redimidos, serão condenados e sofrerão a pena de punição eterna - Então dirá também aos que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos - Mateus 25.41.


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8. A providência de Deus


Nós cremos não somente que Deus criou todas as coisas, mas que ele as governa e as conduz, dispondo tudo o que acontece no mundo e dirigindo tudo segundo sua vontade. Certamente nós não cremos que Deus seja o autor do mal ou que alguma culpa lhe possa ser atribuída, porque, ao contrário, sua vontade é a regra soberana e infalível de toda a retidão e verdadeira justiça. Mas Deus dispõe de meios admiráveis para se servir dos demônios e dos ímpios, de tal sorte que ele converte em bem o mal que eles fazem e pelos quais são culpados.

Assim, confessando que nada pode ser feito sem a providência de Deus, nós adoramos com humildade aquilo que nos está encoberto, sem questionarmos aquilo que ultrapassa nosso conhecimento. Pelo contrário, aplicamos à nossa vida pessoal o que a Escritura nos ensina, para estarmos descansados e em segurança; porque Deus, a quem todas as coisas foram submetidas, vela por nós com um cuidado tão paternal que não cairá nenhum cabelo de nossa cabeça que não seja de sua vontade. E, entretanto, mantém os demônios e todos os nossos inimigos em prisão, de sorte que eles não podem nos fazer o menor mal, sem sua permissão.


Sl. 104; 119.89-96; 147; Pv. 16.4; Mt. 10.29; At. 2.23; 4.28; 17.24,26,28; Rm. 9.11; Ef. 1.11; Sl. 5.5; Os. 13.9; 1Jo. 2.16; 3.8; Jó 1.22; At. 2.23,24; 4.27,28; Rm. 9.19,20; 11.33; Mt. 10.30; Lc. 21.18; Gn. 3.15; Jó 1.12; 2.6; Mt. 8.31; Jo. 19.11.

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Comentário: A providência é maravilhosa e tremenda. Chamamos também de governo providente porque de fato, providência é seu governo soberano sobre toda a criação, sobre todas as criaturas, seus atos livres, sobre as circunstâncias que as envolvem e seu destino final. Não há nada que se possa fazer contra a providência, antes todas as coisas, sejam boas ou más, sejam intencionais ou sem intenção, sejam conscientes ou inconscientes por parte das criaturas, cumprem os decretos providenciais. Nada há desgovernado ou fora de controle em toda a criação antes da queda, durante a queda e após a queda. O que vemos aparentemente desgovernado, de fato são coisas fora do seu lugar definitivo. Nem o presente estado de coisas é definitivo, nem todas as criaturas estão em seus lugares definitivos. Jesus Cristo já pagou o preço para a completa reversão da queda, mas ainda a terra não está em seu estado definitivo, nem os anjos caídos, nem os homens caídos e os eleitos estão todos em seus lugares definitivos, inferno e céu respectivamente. Mas o Senhor está sustentando, preservando, governando e conduzindo todas as coisas para o fim que ele próprio decretou desde o princípio. Significativo é o fato de ele governar os próprios atos livres de suas criaturas. Ele não criou anjos e homens robotizados ou autômatos que obrigatoriamente fazem sua vontade, mas fê-los criaturas livres e voluntárias. Exatamente por serem criaturas livres que algumas caíram em desobediência, tanto anjos quanto homens, fazendo-o voluntariamente. Por isso também afirmamos que Deus não é autor do mal, mas este nasceu no coração das criaturas rebeldes que escolheram não se submeter a Deus nem seguir sua vontade. Todavia mesmos estas, seguem cumprindo os eternos, misteriosos e insondáveis decretos de Deus. Por isso também dizemos que os homens redimidos buscam voluntariamente a vontade de Deus, enquanto que os ímpios em sua desobediência, cumprem involuntariamente os decretos de Deus.


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II. O HOMEM E SEU PECADO

9. Pureza original e miserabilidade do homem


Nós cremos que o homem foi criado puro, sem a menor mancha e conforme a imagem de Deus; por sua própria culpa caiu da graça que havia recebido. Assim, ele se alienou de Deus, que é a fonte de toda a justiça e de todo o bem, a tal ponto que sua natureza, desde então, foi inteiramente corrompida.


Impossibilidade de uma religião natural


Nós cremos que o homem, estando cego em seu espírito e depravado em seu coração, perdeu totalmente sua integridade, sem restar nenhum vestígio. Ainda que ele tenha algum discernimento do bem e do mal, entretanto, a luz que nele subsiste se tornou em trevas no que diz respeito à sua procura por Deus, de sorte que ninguém pode se aproximar de Deus por sua razão ou inteligência.


A necessidade da graça


Todo o homem tem vontade, pela qual ele é incitado a fazer isso ou aquilo; nós cremos, entretanto, que ela é totalmente prisioneira do pecado, de maneira que não há liberdade para fazer o bem, exceto aquela que Deus lhe dá.


Gn. 1.26; Ec. 7.29; Ef. 4.24; Gn. 3.17; Rm. 5.12; Ef. 2.2,3; Gn. 6.5; 8.21; Rm. 1.20,21; 2.1-20; Rm. 1.21; 1Co. 2.14; Rm. 6.16,17; 8.6,7; Jr. 10.23; Jo. 1.12; 3.6; 8.36; 15.5; Rm. 7.18; 1Co. 4.7; 2Co. 3.5; Fl. 2.13.

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Comentário: A queda foi a maior tragédia de toda a história da humanidade. Naquele dia o homem caiu de um estado de perfeição e pureza, como fora feito a imagem e semelhança de Deus, para um estado de degradação, perversão e completa miséria. Ele saiu do lado de Deus, da sua comunhão, do lugar de bênção, e postou-se ao lado do inimigo de Deus, tornando-se assim também em inimigo de Deus - Porque se nós, sendo inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho - Romanos 5.10. Todos quantos os Senhor não reina sobre eles, ou melhor dizendo, todos quantos não se submetem ao Rei Jesus são considerados inimigos - E, quanto àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim - Lucas 19.27. De fato todos os filhos de Adão são inimigos de Deus e só saem dessa condição quando se convertem a Deus e são trazidos a sua presença, então são reconciliados e retornam a sua comunhão. Éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus - Romanos 5.10. O estrago que o pecado causou não podemos avaliar do ponto de vista deste mundo caído, mas desde o prisma dos céus. Foi um estrago eterno e para uma grande parte da humanidade irreversível. De modo que compreendemos que um homem caído jamais retornaria a presença de Deus, jamais buscaria a Deus, jamais desejaria a Deus, se Deus mesmo não operasse uma profunda mudança em seu ser, tornando-o uma nova criatura. O homem caído é escravo da própria vontade, das suas paixões, inclinado a todo o mal. Assim jamais desejaria retornar a comunhão de Deus. Ele até sabe que algo muito grave está errado com ele, mas não tem entendimento do que seja de fato, não tem forças, não tem vontade de achegar-se a Deus. O homem caído é uma criatura miserável, sem entendimento, sem compreensão, sem percepção espiritual, sem moral, sob opressão de satanás e do pecado, oprimido pelas consequências de seus pecados, vivendo em dúvidas, medo, perturbação, ilusão. É um cego caminhando para o grande abismo da eternidade sem Deus. Todo envolvimento com o mundo espiritual é frustrante pois ele cai no engano de satanás. Ele inventa sua religião própria e perde-se em ilusões. Deus precisa intervir na vida de cada um que ele deseja reconciliar e trazer de volta a sua presença, e ele intervém conforme seus propósitos eternos.


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10. A hereditariedade do pecado


Nós cremos que toda a descendência de Adão está infectada pelo contágio do pecado original, o qual é um mal hereditário e não somente uma imitação, como ensinam os pelagianos, os quais têm seus erros por nós reprovados.

Nós estimamos que não seja necessário procurar saber como o pecado é transmitido de um homem à sua descendência, porque nos basta saber que o que Deus deu a Adão, não era apenas para ele, mas para ele e toda a sua posteridade, e assim, na pessoa mesma de Adão, nós fomos destituídos de todo o bem, e fomos precipitados numa indigência extrema e na maldição.


Gn. 6.5; 8.21; Jó 14.4; Sl. 51.7; Mt. 15.19; Rm. 5.12-18.

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Comentário: Todos os filhos de Adão e cada um deles já nasce com a doença hereditária, congênita, que entrou no mundo com a queda, e seguramente deverá após algum tempo, de fato em pouco tempo, morrer por causa dessa enfermidade. O homem não é pecador porque peca, mas peca porque é pecador. A grande maioria da humanidade nasce no pecado, vive no pecado e perece eternamente no pecado. O pecado é a única coisa que o homem traz a este mundo e, se não for salvo por Cristo, será a única coisa que levará deste mundo, porque a morte não resolve o problema do pecado, antes o eterniza. A morte do corpo não mata o pecado, mas ele continua na alma do pecador. No dia do juízo final, após a ressurreição de todos, o pecador não redimido por Cristo será lançado na condenação eterna de corpo e alma. Os cristãos têm compreensão de que nasceram em pecado e tudo quanto desejam é quando saírem deste mundo deixar o pecado aqui. Só os cristãos têm essa esperança. Os que morrerem sem redenção o pecado será amalgamado as suas almas para sempre; jamais se verão livres da presença e do desconforto desse que é o pior inimigo do homem.


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11. A condenação do pecado


Nós cremos também que este mal do pecado original, é pecado no senso próprio da palavra, o qual é suficiente para condenar todo o gênero humano, até as crianças desde o ventre materno, e como tal ele é reputado diante de Deus.

Nós cremos de fato, que após o Batismo, o pecado original é sempre pecado quanto à culpa; ainda que a condenação dos filhos de Deus seja abolida, não mais lhes imputando culpa, por sua bondade graciosa.


A permanência do pecado.


Nós cremos, também, que o pecado original é uma perversão que sempre produz frutos de malícia e rebelião, mesmo nos mais santos; ainda que eles o resistam, não deixem de ser manchados de enfermidades e faltas enquanto eles habitam neste mundo.


Sl. 51.7; Rm. 3.9-12,23; 5.12; Ef. 2.3; Rm. 7; 2Co. 12.7.

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Comentário: Todo filho de Adão nasce no pecado e com o pecado; ele traz a este mundo o pecado consigo; aliás essa é a única coisa que trazemos a este mundo com nosso nascimento. Esse é o grande problema dos filhos de Adão; esse é o maior problema que ameaça a humanidade, o pecado, aina que muitos não se deem conta disso. Se esse problema não for resolvido aqui neste mundo, ainda que o homem tenha vida bem longa, viverá em vão. De fato o tempo de vida que cada “Adão” tem neste mundo é para reparar o estrago da queda no Éden. O primeiro Adão pecou e imediatamente morreu, porém sua morte foi espiritual. A morte física demorou algum tempo [Adão viveu 930 anos] mas chegou. Os anos que Adão viveu após a queda foi o tempo que ele tinha para reparar seu terrível erro. Obviamente todos sabemos que Adão não poderia consertar a situação; então o Senhor veio a ele, buscou-o e revelou-lhe seu plano de redenção. Adão creu em Deus. Quando veio a morte física, sua alma já estava redimida. Todos os filhos de Adão nascem neste mundo já com a condenação sobre si. Deus lhes dá certo tempo aqui na terra onde cada qual deve acertar sua situação com Deus. De novo lembramos que a salvação é uma impossibilidade para nós. Então Deus vem a nós, isto é, a cada um que Ele escolhe e lhes revela o plano eterno de redenção. Aqueles que crerem no Redentor [Jesus Cristo, o Filho Eterno] serão salvos. Quem não crer não será reconciliado e terá vivido toda a sua vida em vão. A redenção é um processo que se dá em etapas: primeiro Deus nos perdoa toda a culpa do pecado, tornando-nos justificados; em seguida nos liberta do jugo da escravidão do pecado; e finalmente nos chama a eternidade quando nos livra da presença do pecado para sempre. Mas enquanto estamos neste mundo ainda lutamos diariamente contra o pecado, contra nossa inclinação para o mal, contra nossa natureza adâmica que herdamos do nosso pai. Essa luta termina quando Deus nos chama desta vida. Contudo, para quem não foi redimido não haverá paz, mas um tormento eterno o aguarda depois que encerrar sua jornada neste mundo.


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III. JESUS CRISTO

12. Nossa eleição em Jesus Cristo


Nós cremos que desta corrupção e condenação geral na qual todos os homens estão mergulhados, Deus tira os que, em seu conselho eterno e imutável, Ele elegeu por sua bondade e misericórdia em nosso Senhor Jesus Cristo, sem considerar suas obras, deixando os outros naquela mesma corrupção e condenação, para demonstrar neles Sua Justiça, como aos primeiros ele fez resplandecer as riquezas de sua misericórdia.

Porque uns não são melhores que os outros, até quando Deus os separa segundo o Seu conselho imutável, que Ele determinou em Jesus Cristo antes da fundação do mundo, e também ninguém poderia, por sua própria virtude, introduzir tal bem, visto que por natureza nós não podemos fazer um nenhuma boa ação, nem afeição, nem pensamento, até que Deus nos preceda e nos faça dispostos.


Jr. 1.5; Rm. 8.28-30 e todo o cap. 9; Ef. 1.4,5; Rm. 3.28; 2 Tm. 1.9; Tt. 3.5; Êx. 9.16; Rm. 9.22; 2Tm. 2.20; Ef. 1.7; Rm. 3.22,23; 9.23; Ef. 1.4; 2Tm. 1.9; Jr. 10.23; Rm. 9.16; Ef. 1.4,5; 2Tm. 1.9; Fl. 2.13; Tt. 3.3.

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Comentário: A humanidade está perdida; completa e eternamente perdida; o homem é um caso perdido, ele nasce em pecado, vive pecando e morre no pecado e em suas consequências. Depois da queda a situação ficou absurdamente complicada para o homem. Nessa miserável e irreversível condição vivem homens e mulheres neste mundo; e a grande maioria nem se dá conta disso, nem mesmo faz ideia de quão tênue é o fio que os segura sobre o inferno. Estão intoxicados pelos efeitos do pecado e não percebem que estão envenenados pela peçonha da serpente e que neles não há bem algum, assim caminham neste mundo atrás de provisões temporais e esquecem-se que têm uma alma eterna, não atinam para seu futuro que pode estar muito mais perto do que imaginam; futuro esse que é a morte eterna ou o confinamento da sua alma num lugar de horrível juízo, como o próprio Senhor Jesus falou: Onde o seu bicho não morre, e o fogo nunca se apaga. A pior parte é que ninguém pode por si mesmo resolver essa questão; só saem dessa condição aqueles que conhecem o Médico enviado do céu para curar a humanidade - Jesus Cristo. A parte boa é que uma parcela considerável dos filhos de Adão são chamados a sair dessa condição miserável e maldita; esses são escolhidos pelo próprio Senhor que, pela sua infinita misericórdia, os arrebata das mãos de Satanás, os livra do pecado, os separa do mundo para Si. Bem-aventurados aqueles que Deus escolhe, faz chegar a Si e os faz habitar em Seus átrios - Bem-aventurado aquele a quem tu escolhes e fazes chegar a ti, para que habite em teus átrios; nós seremos satisfeitos da bondade da tua casa e do teu santo templo - Salmo 65.4.


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13. Nossa salvação está em Cristo


Nós cremos que em Jesus Cristo, tudo o que era necessário para nossa salvação foi-nos ofertado e comunicado. Nós cremos que Jesus Cristo, o qual nos foi dado para que sejamos salvos, foi feito para nós sabedoria, justiça, santificação e redenção, de sorte que nos separando dele, renunciamos à misericórdia do Pai, na qual devemos tomar como nosso único refúgio.


1Co. 1.30; Ef. 1.7; Cl. 1.13,14; 1Tm. 1.15; Tt. 2.14; Jo. 3.18; 1Jo. 2.23.

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Comentário: Jesus Cristo, o Nazareno, é a única esperança dos filhos de Adão. O próprio Adão o prefigurava, conforme disse o apóstolo: [Adão] o qual é a figura daquele que havia de vir. Imediatamente após a queda, Deus anunciou o advento do Redentor, o qual nasceria da mulher para curar do envenenamento da Serpente os escolhidos de Deus. Em outras palavras, o próprio Deus faria expiação pelos pecados de Adão e seus filhos que nele cressem. A expiação seria feita por sacrifício sangrento cuja vítima seria ninguém menos do que Jesus Cristo, o Filho Eterno encarnado, que derramaria seu sangue na cruz do Calvário. Nem todos os filhos de Adão seriam abandonados no pecado e suas consequências mas, um grande número deles seria alcançado pela promessa de Deus e teria seus pecados perdoados e seriam reconciliados com Deus, retornando à sua comunhão. A salvação está em Cristo Jesus; a salvação é Jesus Cristo. Rejeitar a Cristo ou não crer nele é desprezar a grande misericórdia de Deus. Fora de Cristo tudo é trevas, engano, frustração, decepção; uma sutil ilusão que tornar-se-á numa tenebrosa desilusão após a morte. Aqueles que creem em Cristo Jesus e o recebem como seu Salvador e Senhor, são justificados e santificados por Deus; serão preservados do mal e assegurados enquanto peregrinam neste mundo rumo a Cidade celestial. Para estes, acabando a vida neste mundo começa a felicidade eterna. Amém.


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14. A divindade e humanidade de Jesus Cristo


Nós cremos que Jesus Cristo, sendo a Sabedoria de Deus e seu Filho eterno, revestiu-se de nossa carne a fim de ser Deus e homem em uma mesma pessoa e, em verdade, um homem como nós, capaz de sofrer em seu corpo e em sua alma, não diferente de nós senão no fato de ter sido puro de toda mácula.

Quanto à sua humanidade, nós cremos que Cristo foi autêntico em sua descendência de Abraão e Davi, conquanto que Ele tenha sido concebido pela virtude secreta do Espírito Santo. Assim, nós rejeitamos todas as heresias que, nos tempos antigos, conturbaram as Igrejas. Notadamente, as imaginações diabólicas de Serveto, o qual atribui ao Senhor Jesus uma divindade fantástica, ainda que diz ser Cristo origem e Senhor de todas as coisas, o nomeia Filho pessoal ou figurativo de Deus, e finalmente lhe forja um corpo de três elementos não criados, e dessa maneira mistura e destrói as duas naturezas de Cristo.


Jo. 1.14; Fl. 2.6,7; Heb. 2.17; 2Co. 5.21; At. 13.23; Rm. 1.3; 8.3; 9.5; Heb. 2.14,15; 4.15; Lc. 1.28, 31, 35; 2.11; Mt. 1.18.

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Comentário: A Bíblia começa falando das duas naturezas do Redentor. Logo após a queda, quando Deus anuncia o advento do Redentor, o qual nasceria da semente da mulher e feriria a cabeça da Serpente, isto é, Satanás. Assim está escrito: E porei inimizade entre ti e a mulher e entre a tua semente e a sua semente; esta [Heb. ele] te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar - Gênesis 3.15. Olhando para o texto podemos tirar algumas conclusões. Primeiro, obviamente Deus fala de uma luta entre o descendente da mulher e a Serpente; Segundo, sendo descendente da mulher, seria obviamente humano. Tal humanidade também pode ser vista no fato que ele seria ferido pela Serpente. E mais obviamente podemos daqui concluir que deveria ser humano para poder morrer em nosso lugar, pois somente um da raça humana poderia fazer expiação pelos nossos pecados. Ele não poderia ser um ser celestial, mas deveria ser terreno, nascido aqui, ter a mesma natureza que nós. Ainda como Deus chamou o Redentor de “Semente da mulher” fica claro que nasceria da mulher mas não do homem, o que anuncia a concepção sobrenatural do nosso Redentor. Terceiro, para que derrotasse Satanás [a Serpente] o qual é a criatura mais poderosa que Deus criou, um maravilhoso querubim que se transformou no arqui-inimigo de Deus, o Redentor precisaria ser mais que um humano comum, pois nenhum humano poderia derrotar a Satanás [ferir a sua cabeça, ou subjugar sua autoridade]. Aí entra o lado divino do Redentor, pois somente Deus mesmo poderia derrotar completamente a Satanás. O pecado de Adão exige uma punição eterna, por isso os que se perdem, perdem-se eternamente, serão punidos eternamente. Logo o sacrifício pelo pecado teria que ser um sacrifício eterno; e isto apenas Deus poderia fazê-lo, logo o Redentor teria que ser ninguém menos que o próprio Deus – o Redentor é divino, ele é Deus. Gênesis é um livro de sementes, de princípios. Todas as coisas ali estão em forma embrionária. O plano da redenção e a revelação do Redentor, vão ficando mais e mais claro enquanto percorremos as Escrituras em direção ao Apocalipse. Mas está tudo ali, desde o começo. Quando lemos os evangelhos é impossível não vermos claramente as duas naturezas de Jesus Cristo, o Nazareno. Poderíamos citar muitos textos aqui ora mostrando sua perfeita humanidade, ora mostrando sua deidade. Sim, para os olhos dos eleitos de Deus de todos os tempos, está claro que Jesus Cristo é 100% homem e 100% Deus. Não meio homem e meio Deus, 50% humano e 50% divino, mas completa e verdadeiramente humano e completa e verdadeiramente divino. Amém.


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15. As duas naturezas de Cristo


Nós cremos que em uma mesma pessoa, a saber, Jesus Cristo, as duas naturezas estão verdadeira e inseparavelmente unidas, cada uma delas conservando, entretanto, suas características específicas, se bem que, nesta união das duas naturezas, a natureza divina, conservando sua qualidade própria, permanece não criada, infinita e preenchendo todas as coisas, da mesma maneira a natureza humana permaneceu finita, tendo sua forma, seus limites e suas características próprias. Além disso, ainda que Jesus Cristo ao ressuscitar tenha dado a imortalidade ao seu corpo, nós cremos, entretanto, que não lhe foi subtraída a realidade própria de sua natureza humana.

Nós consideramos, portanto, Cristo em sua divindade, de tal sorte que não diminuímos nada da sua humanidade.


Mt. 1.20,21; Lc. 1.31,32,35,42,43; Jo. 1.14; Rm. 9.5; 1Tm. 2.5; 3.16; Heb. 5.8; Lc. 24.38,39; Rm. 1.4; Fl. 2.6-11; 3.21.

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Comentário: Nosso maravilhoso Redentor sempre viveu em perfeita harmonia com suas duas naturezas distintas; estando aqui na terra ora falava e agia como homem, ora falava e agia como Deus. Quando falou que estava com sede falou como homem, mas quando falou Eu e o Pai somos um ou Pai, eu quero que onde eu estiver, também estejam comigo aqueles que me deste ou O Pai a ninguém julga, mas entregou ao Filho todo o juízo ou Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, o Filho do homem que está no céu, etc., falou como Deus. Sobre sua ressurreição ele disse que, ele mesmo entregaria sua vida e a tomaria de volta - Por isto o Pai me ama, porque dou a minha vida para tornar a tomá-la. Ninguém ma tira de mim, mas eu de mim mesmo a dou; tenho poder para a dar, e poder para tornar a tomá-la. Este mandamento recebi de meu Pai - João 10.17-18; mas o Espírito Santo diz pelo apóstolo inspirado: E matastes o Príncipe da vida, ao qual Deus ressuscitou dos mortos, do que nós somos testemunhas - Atos 3.15. Dizer que Deus o ressuscitou revela o lado humano de Jesus, mas quando ele diz que daria a sua vida e tornaria a reavê-la revela seu lado divino. O fato de ele haver comido e bebido com os discípulos após a ressurreição mostra seu lado humano, mas ele subir ao céu diante dos seus olhos novamente revela sua divindade. Jesus Cristo é 100% Deus e 100% homem. Ele veio do céu como Deus, e ele retornou ao céu como Deus-Homem. E é exatamente assim que ele está assentado no trono com o Deus Pai para todo o sempre, Amém.


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IV. A OBRA DA SALVAÇÃO

16. A morte de Cristo


Nós cremos que Deus, ao enviar seu Filho ao mundo, quis mostrar seu amor e sua inestimável bondade para conosco ao conduzi-lo à morte e ao ressuscitá-lo, para cumprir toda justiça e para nos adquirir a vida celeste.


Jo. 3.16; 15.13; 1Jo. 4.9; Rm. 4.25; 1Tm. 1.14,15.

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Comentário: Jesus Cristo é o Messias dos judeus, profetizado e aguardado por séculos; milhares e milhares dentre os israelitas foram salvos pela fé nele; mas também durante séculos antes de Israel ser uma nação, outros milhares foram chamados à fé no Messias e foram salvos por ele. Deus escolheu e alistou durante toda a história da humanidade aqueles que quis aproximar de Si e reconciliá-los consigo; esses foram chamados a crer no Messias. Há um único Salvador, seja para os judeus ou para os gentios: Eu, eu sou o SENHOR, e fora de mim não há Salvador - Isaías 43.11; por isso também Ele é chamado de Salvador do mundo: … porque nós mesmos o temos ouvido, e sabemos que este é verdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo - João 4.42; E nós o vimos, e testemunhamos de que o Pai enviou a seu Filho para Salvador do mundo - 1a João 4.14. Deus amou aos judeus e dentre eles suscitou Salvador: … porque a salvação vem dos judeus - João 4.22; mas amou igualmente a todos quantos ouvem sua Palavra e vêm a Ele arrependidos de seus pecados e professam sua fé no Messias, o nosso Senhor Jesus Cristo. Ele morreu por nós [na cruz], e esse é o único sacrifício que pode remover pecados completa, definitiva e eternamente. A salvação sempre foi uma impossibilidade para o pecador; todos os que hão de ser salvos, serão por meio do Senhor Jesus Cristo; fora dele não há salvação nem para o judeu nem para o gentio. Jesus [Yeshua] significa “Salvador” ou “Javé é o Salvador”; o anjo Gabriel, ao anunciar o seu nascimento disse: e chamarás o seu nome Jesus; porque ele salvará o seu povo dos seus pecados - Mateus 1.21. Seu nome será Jesus porque salvará. Ele é o único Salvador e ninguém mais pode salvar pecadores da condenação eterna: E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos - Atos 4.12. Somente Jesus Cristo pode reconciliar o homem com Deus: Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem - 1a Timóteo 2.5. É nele e através dele que todos os crentes, de todo o mundo, de todos os tempos, são reconciliados com Deus: E tudo isto provém de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por Jesus Cristo, e nos deu o ministério da reconciliação. Isto é, Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo, não lhes imputando os seus pecados; e pôs em nós a palavra da reconciliação - 2a Coríntios 5.18-19. Amém.


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17. Nossa reconciliação


Nós cremos que, pelo sacrifício único que o Senhor Jesus ofereceu sobre a cruz, somos reconciliados com Deus, a fim de sermos tomados por justos diante dele e considerados como tais. Nós não podemos, com efeito, ser-lhes agradáveis e participar de sua adoção, a menos que Ele nos perdoe os erros e os enterre. Assim, nós protestamos que Jesus Cristo é nossa integral e perfeita purificação, que em sua morte nós temos uma total satisfação para quitar nossos crimes e iniquidades, das quais somos culpados e não podemos ser libertados exceto por esse meio.


2Co. 5.19; Ef. 5.2; Heb. 5.7-9; 9.14; 10.10,12,14; 1Tm. 1.15; 1Pe. 2.24-25; Ef. 5.26; Tt. 3.5; Heb. 9.14; 1Pe. 1.18,19; 1Jo. 1.7; Rm. 3.26.

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Comentário: O homem, por assim dizer, é um território ocupado, ou ele é ocupado por Deus ou por Satanás. Todo filho de Adão nasce no território de Satanás, onde está confinado pelo seu próprio pecado; nesse reino viverá e morrerá. Para tirá-lo dali é necessário um poder maior do que de Satanás; então o nosso Salvador só pode ser Deus. O Senhor Jesus falou assim: Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus, certamente a vós é chegado o reino de Deus. Quando o valente guarda, armado, a sua casa, em segurança está tudo quanto tem; Mas, sobrevindo outro mais valente do que ele, e vencendo-o, tira-lhe toda a sua armadura em que confiava, e reparte os seus despojos - Lucas 11.20-22. O valente é Satanás e ele tem todos os homens pecadores sob seu domínio; o mais valente é o Senhor Jesus; é ele quem resgata os pecadores do domínio de Satanás. Por isso diz que expulsava os demônios e isso era a prova que o reino de Deus estava sendo estabelecido. Cada pecador resgatado torna-se um território ocupado pelo Espírito Santo, uma propriedade do Senhor Jesus Cristo. Onde o reino de Deus chega, dali Satanás tem que sair e, sai expulso pelo Espírito Santo. E esta é a única maneira de Satanás desocupar a casa. Esse é o batismo com o Espírito Santo. Todo homem conquistado pelo Senhor Jesus Cristo é batizado com o Espírito Santo. Aquele corpo antes propriedade de Satanás, é agora propriedade de Jesus Cristo - E eu não o conhecia, mas aquele que me mandou a batizar com água, esse me disse: Sobre aquele que vires descer ao Espírito, e repousar sobre ele, esse é o que batiza com Espírito Santo - João 1.33. Cada homem salvo é um território conquistado pelo Senhor Jesus Cristo; ali flamula a bandeira do reino de Deus. Em princípio, todos os homens são inimigos de Deus, pois estão do lado de Satanás: Em que noutro tempo andastes segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza, filhos da ira, como os outros também - Efésios 2.2-3. Quando o evangelho chega e a pessoa crê no Senhor Jesus Cristo, é uma conquista do Senhor, isto é, o pecador inimigo é conquistado e reconciliado com Deus, tornando-se assim amigo de Deus. Cada crente é um ex-inimigo de Deus que foi conquistado pelo Espírito Santo e agora está no reino do Senhor Jesus Cristo. O Senhor nos traz a sua presença onde poderia nos matar, pois somos dignos de morte; mas, em vez de nos matar ele nos perdoa e nos reconcilia consigo mesmo. Deus não nos tem mais como culpados, mas como justificados; nossa culpa foi perdoada, nossa rebelião e traição também; agora estamos em paz com Deus e ele nos adota em sua família. Isso é a reconciliação.


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18. Nosso perdão gratuito


Nós cremos que toda nossa justiça está fundamentada sobre a remissão de nossos pecados e que nossa única alegria se encontra nesse perdão, como disse Davi. Por causa disso, nós rejeitamos todos os outros meios pelos quais poderíamos pensar em nos justificar diante de Deus e, sem nos atribuir nenhuma virtude ou mérito, nós possuímos unicamente a obediência de Jesus Cristo, a qual nos foi atribuída para cobrir todos os nossos pecados, como também para nos fazer achar graça e favor diante de Deus.


Nossa paz


De fato, nós cremos que nos afastando pouco que seja desse fundamento – a obediência de Jesus Cristo – nós não poderemos achar em outro lugar nenhum descanso, mas que nós seríamos sempre atormentados pela insegurança porque, considerados em nós mesmos, nós somos dignos de ser odiados por Deus, e que não estaremos jamais em paz com Deus até que sejamos firmemente convencidos de que somos amados em Jesus Cristo.


Sl. 32.1,2; Rm. 4.7,8; Rm. 3.19; Rm. 5.19; 1Tm. 2.5; 1Jo. 2.1,2; Rm. 1.16; At. 4.12.

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Comentário: Quando Adão pecou traindo Deus e seu amor, quebrou a aliança; nesse ato Adão perdeu todo direito e privilégio que tinha; ele atraiu sobre si a ira e a maldição de Deus. Adão fez uma troca, o pior negócio que jamais alguém poderia fazer. Foi uma grande tragédia; ele rompeu uma aliança com o Deus Todo-poderoso, que o criou e amou, para aliar-se ao arqui-inimigo de Deus – Satanás. Assim, Adão perdeu sua comunhão com Deus, perdeu sua santidade, sua justiça, sua paz. É assim que todo homem sem Cristo vive. Após a queda Adão foi imediatamente expulso do Paraíso. Não havia nada que justificasse a rebeldia e traição que Adão cometeu. O tamanho da nossa ofensa é medida pela patente daquele que foi ofendido, no caso, Deus. Um pecado contra Deus merece a punição eterna. Com tal ficha Adão jamais poderia justificar-se a si mesmo; outro tanto podemos dizer de cada filho de Adão. Não há nada, absolutamente, que o pecador possa fazer para retornar a comunhão de Deus. Depois da queda, se Deus falasse do céu e confirmasse a sentença de Adão, seria o fim de Adão e de toda a humanidade. Nunca mais um filho de Adão veria Deus, falaria com ele, nem mesmo o conheceria ou saberia da sua existência. Mas depois da queda Deus buscou Adão e falou com ele e, embora predissesse uma vida de sofrimento neste mundo, ainda haveria uma chance, um Redentor foi anunciado. De modo que se alguém tem de voltar a presença de Deus e a sua comunhão precisa ser através do Mediador que Deus estabeleceu. Sempre houve um único Mediador e ainda há; no Antigo Testamento esse Mediador estava velado, no Novo Testamento ele revelou-se; ele é o Senhor Jesus Cristo - Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem - 1a Timóteo 2.5. A justiça que Adão perdeu no Paraíso foi reavida pelo segundo Adão, e essa justiça é atribuída àqueles que creem em Deus e em Jesus Cristo. A única justiça que Deus aceita é a sua própria. Quando Deus chama o pecador, dá-lhe fé para crer em Cristo e assim ele é justificado. É dessa justiça que nos vem a paz, a satisfação, a alegria, a segurança. O pecador que tentar se justificar a si próprio será condenado, porque quando ele faz isso está desprezando Deus e o sacrifício de Cristo; mas todo aquele que se aborrecer e condenar-se a si mesmo, esse justifica a Deus e é por Deus justificado. Mas a sabedoria é justificada por todos os seus filhos - Lucas 7.35. Quem justifica a Deus é por Ele justificado e, quem justificar-se a si mesmo, será por Deus condenado. Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, e procurando estabelecer a sua própria justiça, não se sujeitaram à justiça de Deus - Romanos 10.3. Todo aquele que vive neste mundo supondo que sua justiça será suficiente para salvar-se, diminui o valor do sacrifício de Cristo na cruz, despreza a oferta de Deus e, já está condenado.


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19. A oração


Nós cremos que é por esse meio que temos a liberdade e o privilégio de invocar a Deus, com plena confiança que Ele se mostrará como nosso Pai. Porque nós não teríamos o menor acesso ao Pai, se não fôssemos introduzidos diante dele por este Mediador. Para sermos atendidos em seu Nome, convém receber nossa vida de Jesus Cristo, como de nosso Cabeça.


Rm. 5.1; 8.15; Gl. 4.6; Ef. 3.12; Jo. 15.16; Rm. 5.2; Ef. 2.13-15; 1Tm. 2.5; Heb. 4.14.

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Comentário: Há muita falta de compreensão sobre esse importante tema. Obviamente pelo fato de ser algo importante está sob a artilharia do inimigo. Nem mesmo muitos cristãos sabem o que é oração. Em princípio a oração é a comunicação do homem com Deus. Esse é o espírito da oração. Esse ato [a oração] pode ser em palavras audíveis, pode ser apenas um murmúrio, pode ser sem palavras apenas em pensamento, e ainda pode ser um gesto como o do publicano que prostrado e com olhos baixos batia no peito. Mas de qualquer forma orar é comunicar-se com Deus. Para compreender oração é necessário saber quem é o Deus a quem oramos ou queremos nos comunicar e, quem somos nós. É preciso saber que nenhum homem poder chegar-se a Deus baseado em sua justiça própria. O próprio Deus estabeleceu o protocolo – usando uma expressão terrena - , para um pecador chegar à sua Augusta presença: pela mediação do Senhor Jesus Cristo. Não há outra maneira de comunicar-se com Deus ou de ser aceito em Sua presença. Tem que ser pelo Mediador que ele constituiu. Ninguém deve inventar outros meios de chegar-se a Ele, como por exemplo, por intermédio dos santos que estão no céu. Os santos que se foram e estão com o Senhor não têm permissão para atender nenhuma oração dirigida a eles; e é bom lembrar que não existe nenhuma criatura onisciente, onipresente e onipotente; esses são atributos incomunicáveis de Deus. Somente ele tem o total, completo e perfeito conhecimento; somente ele pode estar em todo lugar da sua criação ao mesmo tempo; e somente ele tem todo o poder para fazer o que desejar no céu e na terra. Tampouco os anjos têm aqueles atributos, nem os caídos e nem os que estão no céu. Onisciência, onipotência e onipresença são atributos do Pai, do Filho e do Espírito Santo e nunca foram transferidos às criaturas. É completa loucura chegar-se a Deus de maneira irreverente. Hoje muitos parecem inverter as posições, isto é, o homem como que dá ordens a Deus ou mesmo aos anjos de Deus para que façam o que ele [o homem] deseja e acha por bem. É uma completa loucura dirigir-se a um soberano dessa forma, quanto mais quando esse soberano é o Dono do mundo, a maior autoridade do céu e da terra. O Senhor Jesus disse que devemos temer Aquele que pode fazer perecer no inferno a alma e o corpo - Mateus 10.28. O Deus vivo é um fogo consumidor - Hebreus 12.29. Há que haver muita humildade em sua presença, e não apenas palavras humildes, mas também um coração quebrantado. Podemos orar, sim, com muita confiança que ele nos ouve, mas apenas vindo a ele em nome do Senhor Jesus Cristo.


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20. A justificação pela fé


Nós cremos que Deus nos faz participar desta justiça (art.18) pela fé somente, porque ele disse que Jesus Cristo sofreu para obter nossa salvação, para que todo aquele que nele crê não pereça. Nós cremos que participamos da justiça de Jesus Cristo, porque as promessas de vida que nos são dadas nele, são adaptadas a nossa vida e sentimos o efeito quando as aceitamos, porque somos convencidos – a boca de Deus mesmo nos dando formal segurança – que nós não seremos frustrados no que elas prometem. Assim, a justiça que obtemos pela fé depende das promessas graciosas pelas quais Deus nos declara e nos atesta que nos ama.


Jo. 3.16; Rm. 3.24,25,27,28,30; 1.16,17; 4.3; 9.30-32; 11.6; Gl. 2.1621; 3.9,10,18,24; 5.4; Fl. 3.9; 2Tm. 1.9; Tt. 3.5,6; Heb. 11.7; At. 10.43; Jo. 17.23-26.

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Comentário: Quanto a justificação é preciso compreender que ela não é um processo mas um ato solene. Muitos supõem que a justificação é um processo e que o pecador conquista fazendo boas obras. Há muitos que passam sua vida tentando agradar a Deus com suas obras, com sua justiça. Esperam que no fim da vida, serão chamados a juízo, então suas obras e justiça serão avaliadas e aí sua justificação será decidida. É mais ou menos isso que muitas seitas e falsas igrejas ensinam. Já vimos antes que o homem é um caso perdido; depois da queda acabou para Adão e seus filhos. Não há o que possam fazer a não ser aguardar o julgamento final e a condenação eterna. Por isso desde a eternidade Deus já havia provido um substituto para morrer no lugar do pecador – Seu próprio e único Filho. Se houvesse uma mínima chance de algum pecador se salvar por suas próprias obras ou mesmo ajudar-se a si mesmo, jamais o Filho Eterno viria a este mundo nem jamais Deus em Seu Filho tomaria a forma humana. Jamais o Pai submeteria Seu Filho ao massacre da cruz. Se Deus fez isto com o Senhor Jesus Cristo, o Nazareno, foi porque não havia, absolutamente, nenhuma alternativa. Então, a justificação não é um processo, mas um ato de Deus, um ato judicial. O pecador é chamado, de fato trazido a presença de Deus que em vez de matá-lo como ele merece, o declara justificado de seus pecados e o reconcilia consigo. Deus, o Juiz, atribui ao pecador a justiça de Seu Filho, Jesus Cristo, tira as vestes sujas e esfarrapadas e o veste com um manto branco. Não existe outra forma de justificação, portanto é nisso que devemos crer. Alguém já disse com muita propriedade que a justificação está no começo da vida cristã e não no fim; as falsas igrejas ensinam que quando a vida cristã termina então vem a avaliação para a justificação, mas a Bíblia ensina que a vida cristã começa com a justificação; a diferença é enormemente grande. Concluindo, quando alguém crê em Jesus Cristo e somente nele, recebe a justificação pela fé. Esse é o ensino apostólico - Concluímos pois que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei … Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso SENHOR Jesus Cristo; Pelo qual também temos entrada pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus - Romanos 3.28; 5.1-2 – pela fé e, pela fé somente. Não é pela fé em Cristo mais boas obras, não é pela fé em Cristo mais a intercessão dos santos, não é pela fé em Cristo mais justiça própria, não é pela fé em Cristo mais a morte. Há uma forte tendência na humanidade crente, supor que a morte justifica. Quando alguém morre todos são unânimes em afirmar: “Foi para uma vida melhor” ou “Foi com Deus”, “Descansou”, etc. Contudo, a morte não justifica e ninguém fica melhor ou pior depois que morre ou por causa da morte. O destino de cada um é decidido aqui, nesta vida, e a morte apenas sela esse destino. Com a morte física inicia-se uma nova era, que pode ser maravilhosa ou tenebrosa. Para o pecador redimido por Cristo será glória, mas para o não redimido será inferno.


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21. O dom da fé


Nós cremos que recebemos a luz da fé pela graça secreta do Espírito Santo, de tal maneira que ela é um dom gratuito e pessoal que Deus dispensa àqueles a quem Ele quer. Os fiéis não têm, portanto, de que se vangloriar; o fato de ter sido preferido aos outros lhes obrigando muito mais.

Nós cremos também que a fé não é dada aos eleitos somente de maneira temporária, para introduzi-los no bom caminho, mas para lhes fazer perseverar até o fim de suas vidas. Porque o início desta obra de graça incumbe a Deus, é também dEle a prerrogativa de terminá-la.


Ef. 1.17,18; 1Ts. 1.5; 2Pe. 1.3,4; Rm. 9.16,18,24,25; 1Co. 4.7; Ef. 2.8; 1Co. 1.8,9; Fp. 1.6; 2.13.

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Comentário: A fé verdadeira e genuína é um dom de Deus e tal dom nos é dado pelo Espírito Santo juntamente com a revelação do Mediador, isto é, quando o Espírito Santo abre os olhos do nosso entendimento para conhecer a Jesus Cristo, ele também nos dá um dom precioso – a fé - Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus - Efésios 2.8. De fato Deus nos dá todas as coisas, pois nada temos que não tenhamos recebido e se temos fé é porque ela nos foi dada. Esse dom é descrito nas Escrituras como “fé dos eleitos”, “fé dos santos” - PAULO, servo de Deus, e apóstolo de Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos de Deus, e o conhecimento da verdade, que é segundo a piedade - Tito 1.1; Amados, procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos, e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos - Judas 1.3. Ao mesmo tempo em que o Espírito Santo nos revela o Salvador também nos dá o dom da fé. A fé dos eleitos é direcionada específica e unicamente para o Senhor Jesus Cristo. Quem recebe esse dom, crê em Cristo para sua salvação e apenas nele; esse pecador eleito coloca toda a sua confiança e esperança apenas e tão somente no Senhor Jesus Cristo. Deus não dá esse dom para alguém crer nos ídolos, nos santos, nas superstições. Quem confia em outros redentores, intercessores, ou acredita em superstições, não recebeu a fé dos eleitos, porquanto esta fé o direciona apenas para Cristo em quem ele deposita toda sua confiança e esperança. Por que é assim? É assim porque quem conhece Jesus Cristo sabe que tem nele tudo quanto precisa; compreende que Jesus Cristo é o Salvador perfeito e suficiente; descobre que Jesus Cristo é a provisão de Deus, logo de que ou de quem mais necessitamos? A fé dos eleitos não é temporária, mas permanente; ela leva o pecador a olhar para Jesus Cristo, a ter sua atenção exclusivamente nele e, concentrado nele, persevera e permanece até o fim da sua peregrinação, sem retornar. Se cair sua queda é temporária e momentânea, mas jamais retrocede. A fé é um dom maravilhoso e quem a recebe vive intensamente em Cristo e para Cristo e jamais andará em busca de outras coisas; quem recebe esta fé não se perde em devaneios espirituais que embaraçam muitos em experiências fantasiosas. Esta fé compreende que Cristo é suficiente e bastante, nele temos tudo que necessitamos para nossa salvação e satisfação espiritual; Cristo é nosso tudo. Amém.

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22. Nossa regeneração


Sendo servos do pecado pela nossa natureza corrompida, nós cremos que é por meio desta fé que somos regenerados, a fim de vivermos em novidade de vida. Estando naturalmente escravizados ao pecado. Ora, nós recebemos pela fé, a graça de vivermos de maneira santa e no poder de Deus, recebendo a promessa que nos é dada pelo Evangelho, a saber, que Deus nos dará seu Espírito Santo.


As boas obras


Assim, a fé não apenas não esfria em nosso coração o desejo de viver de maneira santa, mas ao contrário ela o engendra, excita e produz necessariamente as boas obras. Por fim, bem que Deus, para completar nossa salvação, nos regenera e nos torna capazes de fazer o bem, nós confessamos, entretanto, que as boas obras que fazemos sob a condução de seu Espírito não são levadas em conta para nos justificar ou para merecer de Deus que ele nos tenha como seus filhos, porque seriamos sempre abalados pela dúvida e inquietação, se nossas consciências não se apoiassem sobre a satisfação pela qual Jesus Cristo nos adquiriu.


Tt. 3.5; 1Pe. 1.3; Rm. 6.17-20; Cl. 2.13; 3.10; Gl. 5.6,22; 1Jo. 2.3,4; 2Pe. 1.5-8; Dt. 30.6; Jo. 3.5; Lc. 17.10; Sl. 6.2; Rm. 3.19,20; 4.3-5; Rm. 5.1,2.

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Comentário: A queda de Adão causou uma abrupta interrupção no curso natural da humanidade. Obviamente que tudo estava previsto e ordenado por Deus, mas falemos das consequências e da gravidade da queda. O pecado causou um trágico estrago na criação, levou a criação a um verdadeiro caos, trouxe sobre a criação a maldição, um mal irreversível, tornando a condição irreparável. Deus, em sua infinita sabedoria anunciou uma nova criação. A antiga criação estava condenada. O homem precisava ser regenerado, renascido, recriado. Isto é o novo nascimento que o Espírito Santo opera em todos quantos Deus chama. Cada nascido de novo é colocado numa nova posição diante de Deus; ele é resgatado das trevas, do engano, dos ídolos, das superstições, da ignorância e, é reintroduzido na comunhão de Deus. A posição do cristão é nova, ele tem um novo status, uma nova identidade, uma nova relação com Deus; saiu de sob a maldição e foi trazido para a bênção; saiu da condição de filho da ira e inimigo para a condição de filho adotivo de Deus; ele foi perdoado, justificado, regenerado, reconciliado e aceito por Deus. Enquanto o homem natural vive pelos sentidos, especialmente pelo que vê, ouve, sente, toca, o homem espiritual vive pela fé, isto é, ele crê e vai além dos sentidos naturais; o homem espiritual espera muito mais do que seus olhos veem e suas mãos tocam, ele contacta o mundo espiritual, invisível; a fé ultrapassa os limites físicos e temporais e, salta para a eternidade. Quanto as boas obras, estas o seguem neste mundo e o seguirão até o céu. Sua fé em Cristo Jesus é suficiente para conduzi-lo ao céu independente de qualquer obra, contudo, em seu caminho deixa um rastro de boas obras que honram e glorificam a Deus.


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23. O uso da Lei e dos Profetas


Nós cremos que com a vinda de Jesus Cristo todas as figuras e representações da Lei terminaram. Entretanto, ainda que as cerimônias do Antigo Testamento não estejam mais em uso, nós cremos que encontramos na pessoa de Cristo – em quem todas as coisas foram cumpridas – a substância e a realidade do que elas representavam e significavam. Mais ainda, cremos que é preciso da ajuda da Lei e dos Profetas tanto para regrar nossa vida como para sermos confirmados nas promessas do Evangelho.


Rm. 10.4; Gl. 3 e 4; Cl. 2.17; Jo. 1.17; Gl. 4.3,9; 2Pe. 1.19; Lc. 1.70; 2Tm. 3.16; 2Pe. 3.2.

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Comentário: A lei cerimonial do Antigo Testamento cumpriu-se plenamente com o advento do Messias; as leis judiciais, um tipo de constituição nacional, que foi dada a Israel não mais está em vigência; o que temos hoje é a lei moral que foi dada a Moisés no Monte Sinai. Essa é eterna. O Senhor Jesus Cristo cumpriu todas elas. A lei cerimonial com todos os seus tipos e figuras cumpriu-se em Jesus Cristo, pois todos aqueles tipos eram sombras que apontavam para o Messias. Ele é o corpo e a realidade para o qual aquelas sombras apontavam. Tendo ele chegado e sendo ele o corpo, todas as sombras não são mais necessárias. Portanto ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados, Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo - Colossenses 2.16-17. Todos os sacrifícios que se faziam na antiga dispensação, o sacerdócio, o próprio templo, faziam parte da lei cerimonial. Tudo isso caiu com o advento de Jesus Cristo, o Nazareno. Por sua vez quando o Senhor Jesus esteve neste mundo ele submeteu-se a lei moral e a lei judicial de Israel como nação. Ele foi tão sujeito a lei moral que a cumpriu completa e perfeitamente. Essa obediência de Jesus a lei também é atribuída a nós. Se cremos nele não seremos condenados por não obedecer perfeitamente a lei ou por transgredi-la por completo. Por nossa vez, ainda somos chamados a obedecer a lei, ela é o parâmetro para o qual devemos atentar. A nossa obediência a lei agrada e honra a Deus. Contudo não seremos amaldiçoados quando, desejando fervorosamente obedecê-la, a transgredimos, nos omitimos, enfim quando não pudermos observá-la perfeitamente. A lei moral de Deus deve ser pregada juntamente com o evangelho. Ninguém pode compreender, apreciar e valorizar o evangelho da graça de Deus se primeiro não conhecer a lei, diante da qual somos todos culpados, acusados e condenados. Qualquer que sabe que deve obedecer a lei de Deus e é reprovado por causa da sua impotência e fragilidade, refugia-se em Cristo Jesus. Ele livra o pecador penitente, o transgressor arrependido e o acolhe. Os profetas juntamente com os apóstolos do Senhor lançaram o fundamento da Igreja; os profetas vaticinaram o advento do Messias, a transição da Antiga para a Nova Aliança, a inclusão dos gentios na aliança abraâmica, a formação de um novo povo unindo judeus e gentios; os apóstolos partindo da palavra dos profetas testemunharam que Jesus Nazareno é o cumprimento das profecias e, guiados pelo Espírito Santo, fizeram a transição da era judaica [mosaica] para a era cristã.


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24. Rejeição de falsas doutrinas


Porque Jesus Cristo nos foi dado como único Advogado e nos deu ordem de nos dirigirmos diretamente a seu Pai em seu Nome, e posto que nos é permitido orar apenas conforme a maneira que Deus nos prescreveu em sua Palavra:

Nós cremos que tudo o que os homens têm inventado quanto à intercessão dos santos, não passa de abuso e artimanha de Satanás para lhes desviar da forma correta de orar. Nós rejeitamos também, todos os outros meios que os homens presumem ter para se apegar a Deus, porque eles tiram o crédito do sacrifício da morte e da paixão de Jesus Cristo.

Enfim, nós consideramos o purgatório como um erro proveniente desta mesma fonte, de onde também provêm os votos monásticos, as peregrinações, a proibição do casamento e de consumir certos alimentos, a observação cerimoniosa dos dias, a confissão auricular, as indulgências e todas as coisas como essas, através das quais se pensa merecer a graça e a salvação. Todas essas coisas, nós rejeitamos não somente por causa da ideia mentirosa de mérito nelas contidas, mas também porque elas são invenções humanas que impõem um jugo às nossas consciências.


1Jo. 2.1,2; 1Tm. 2.5; At. 4.12; Jo. 16.23,24; Mt. 6.9s; Lc. 11.2s; At. 10.25,26; 14.15; Ap. 19.10; 22.8,9; Mt. 15.11; 6.16-18; At. 10.14,15; Rm. 14.2; Gl. 4.9,10; Cl. 2.18-23; 1Tm. 4.2-5.

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Comentário: Satanás é o arqui-inimigo de Deus, inimigo da Igreja e inimigo das nossas almas. Há seis mil anos que vem observando o homem, sendo um profundo conhecedor da raça humana com suas fraquezas e debilidades, com sua tendência ao erro e engano. Ele já foi bem sucedido desde que enganou a Adão, atraindo-o do território de Deus para o seu território; foi também astucioso quando colocou o falso adorador Caim ao lado do fiel servo Abel, levando Caim a assassinar seu próprio irmão. Desde então Satanás guerreia contra a semente da mulher para desviá-la do Deus vivo. Satanás é habilidoso em muitas coisas malignas, mas sua especialidade é o engano religioso. Ele conseguiu enganar a Adão, conseguiu levar Noé a embriaguez, Abraão a mentir e negociar sua própria mulher, Davi a cometer um adultério e encomendar um assassinato, Salomão a prostituir-se com os falsos deuses, apenas para citar alguns exemplos de homens santos que foram derrubados pelo grande caçador de almas. A grande estratégia de Satanás no campo da religião são os ídolos e as superstições. Nessas coisas a grande maioria da humanidade sempre esteve embaraçada e ainda hoje está. Não apenas o povo de Israel andou as voltas com os falsos deuses, mas também o novo Israel [a Igreja] desde seus primórdios, tem sido alvejada com a artilharia mais pesada do inferno. Jesus e os apóstolos travaram grande combate contra as hostes infernais e, por esses dois milênios milhares de santos e mártires têm suado e derramado sangue nesse confronto interminável. O engano sempre prosperou mais que a verdade; sempre houve mais pessoas seguindo a mentira do que a verdade; a verdade sempre encontrou muito mais oposição do que aceitação. As seitas são as que mais crescem e prosperam; o evangelho mais aceito é aquele corrompido e misturado com superstições, filosofias, ideologias diabólicas, falsa ciência, esoterismo, xamanismo, e outros. Em nossos dias o evangelho que a maior parte da cristandade conhece está mesclado com a psicologia, positivismo, pragmatismo, utilitarismo, secularismo, materialismo, relativismo e outros mais. É raro encontrar alguém que professe a fé em Cristo e não esteja enganchado nalgum desses artifícios do inferno. Dentro do romanismo encontramos dezenas de erros grosseiros como a intercessão dos santos e o purgatório, ambos ofensivos ao sacrifício que é suficiente para purgar todos os nossos pecados, sendo ele próprio o nosso intercessor no céu. Não precisamos de nada além de Cristo. Nele e somente nele encontramos completa e perfeita salvação.


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V. A IGREJA E SUA NATUREZA

25. O ministério da pregação e dos Sacramentos


Porque nós conhecemos Jesus Cristo e todas as suas graças somente pelo Evangelho, nós cremos que a ordem da Igreja, a qual foi estabelecida por Cristo, deve ser sagrada e inviolável, e que, por conseguinte, a Igreja não pode se manter sem que haja pastores encarregados de ensiná-la.

Nós cremos que os pastores, quando eles são devidamente chamados e exercem fielmente seu ofício, devem ser honrados e ouvidos com respeito, não que Deus dependa de ajuda ou meios inferiores, mas porque lhe agrada nos manter em um único corpo por meio deste ofício e de sua disciplina.

Consequentemente, nós reprovamos os espíritos enganosos que gostariam, tanto quanto pudessem, de aniquilar o ministério de pregação da Palavra de Deus e dos Sacramentos.


Mt. 10.27; Rm. 1.16,17; 10.17; Mt. 18.20; Ef. 1.22,23; Mt. 10.40; Jo. 13.20; Lc. 10.16; Rm. 10.14,15; Ef. 4.11,12.

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Comentário: A Igreja de Jesus Cristo tem uma natureza celestial; ela é distinta de qualquer sociedade ou organização terrena. Ela é o corpo composto pelos discípulos do qual o Senhor Jesus é a cabeça. Jesus, do céu onde está, congrega, governa, dirige, protege e sustenta a Sua Igreja. [Eu] edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela - Mateus 16.18. O governo da Igreja de Cristo se faz de forma espiritual – Cristo no céu e os presbíteros e diáconos na terra. Dentre os presbíteros, uns são qualificados para a pregação [pastores], outros para o ensino [doutores ou mestres], outros para o governo [regentes], todos juntos devem apascentar o rebanho de Deus. Passando a época dos apóstolos os quais o Senhor Jesus Cristo chamou pessoalmente, esses santos deixaram instruções para o estabelecimento de presbíteros e diáconos. Os oficiais devem ser escolhidos e estabelecidos pela congregação, observando as orientações bíblicas. Não há nas Escrituras orientação para o estabelecimento de novos apóstolos, isto porque eles foram uma categoria única. Não há qualquer indicação nas Escrituras sobre uma sucessão apostólica. Essa é uma conveniência arranjada primeiramente pela Igreja de Roma, mantida pela Igreja Ortodoxa e, seguida de variadas formas por outras denominações. Mas a verdade é que não há fundamento para nenhuma prática que reivindique tal sucessão, nem doutrinário nem histórico. Um estudo honesto dos evangelhos e das epístolas do Novo Testamento, e da catolicidade histórica da igreja, chegará a conclusão que não há sucessão apostólica porque os apóstolos de Cristo não deixaram sucessores, mas guiados pelo Espírito Santo, estabeleceram presbíteros em cada localidade - Por esta causa te deixei em Creta, para que pusesses em boa ordem as coisas que ainda restam, e de cidade em cidade estabelecesses presbíteros, como já te mandei – Tito 1.5. Curioso é que as denominações que reivindicam a sucessão apostólica nem mesmo cultuam ou adoram como a Igreja do primeiro século, não há uma sequer que preserve aquela simplicidade e singeleza. Há igrejas que são fiéis e igrejas infiéis, verdadeiras igrejas e falsas igrejas. Uma igreja fiel mantém que Jesus Cristo é o único cabeça, o único dono, o único a quem devemos submissão irrestrita e absoluta; ela não se considera superior ou com mais autoridade que outras igrejas; prima pela pura pregação do evangelho; observa fielmente os sacramentos – o batismo e a ceia; exerce a pura disciplina bíblica; preserva a tradição católica e apostólica dos primeiros pais. De fato existe um modelo de igreja neotestamentária e é simples: uma congregação onde todos são iguais, uns submetem-se aos outros e todos submetem-se ao Senhor Jesus Cristo; os oficiais compreendem que são servos chamados para apascentar o rebanho de Jesus. Seu culto é simples, contendo: doutrina dos apóstolos – leitura, pregação, ensino; sacramentos – santo batismo e santa ceia; orações; louvores – aclamações e cânticos a Deus. As igrejas fiéis compreendem que o modelo da Igreja de Cristo é próximo ao modelo das sinagogas judaicas. Ali havia leitura das escrituras, exposição, orações, cânticos dos salmos. A igreja observa, além disso, os sacramentos. Lá não havia teatros, performances individuais, instrumentos musicais, e outras coisas que encontramos nas igrejas infiéis. A igreja é o resultado da pregação da Palavra; qualquer coisa que surja, que não tenha nascido da pura pregação da Palavra de Deus não é igreja no sentido bíblico. Se nalgum lugar da pregação do evangelho não surgir uma igreja é porque aquele lugar não é digno de ter uma igreja. Jamais o homem de Deus deve baixar os padrões ou usar estratégias humanas para forçar a existência de uma igreja. O Senhor Jesus disse: Mas em qualquer cidade em que entrardes e vos não receberem, saindo por suas ruas, dizei: Até o pó, que da vossa cidade se nos pegou, sacudimos sobre vós. Sabei, contudo, isto, que já o reino de Deus é chegado a vós. E digo-vos que mais tolerância haverá naquele dia para Sodoma do que para aquela cidade - Lucas 10.10-12.


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26. A unidade da Igreja


Nós cremos, portanto, que ninguém deve se separar e se contentar consigo mesmo, mas todos juntos devem guardar e manter a unidade da Igreja, se submetendo ao ensinamento comum e ao jugo de Jesus Cristo, onde quer que seja o lugar que Deus queira estabelecer uma ordem eclesiástica verdadeira, ainda que o poder público e as leis se oponham. Nós cremos que todos aqueles que não se submetem a esta ordem, ou se separam, contrariam a ordenança de Deus.


Sl. 5.8; 22.23; 42.5; Ef. 4.12; Hb. 2.12; At. 4.17,19,20; Hb. 10.25.

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Comentário: Unidade é diferente de união, diferente de ecumenismo. União e ecumenismo são resultado do esforço humano. Unanimidade pode existir até mesmo em torno duma mentira, duma falsa doutrina, duma ideologia qualquer. Unidade fala de algo inerente ao ser, porque para que haja unidade é preciso haver uma conformidade, uma harmonia, uma homogeneidade, uma identificação. O que estamos dizendo é que a Igreja não tem unidade porque os homens se esforçam para criá-la, aliás não somos chamados a criar unidade, mas a guardá-la, a preservá-la - Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz - Efésios 4.3. A Igreja de Cristo é uma e única, logo somos chamados a compreender esse fato, essa realidade e, manter essa unidade e, jamais criar divisões na Igreja. É grande pecado dividir o corpo de Cristo. A Igreja de Cristo é una, santa, católica e apostólica. Somos exortados pelas Escrituras sagradas a preservar a sua unidade. Una, significa singularidade, quer dizer que Jesus Cristo só tem uma Noiva. Todos quantos são chamados e tirados do mundo e regenerados, são parte dessa Igreja. Só há uma Cabeça e um Corpo. Não há outro rebanho; ele mesmo disse que só há um rebanho e um só Pastor – Ainda tenho outras ovelhas que não são deste aprisco; também me convém agregar estas, e elas ouvirão a minha voz, e haverá um rebanho e um Pastor - João 10.16. A Igreja de Cristo tem uma catolicidade e identidade temporal, geográfica, histórica, doutrinária, litúrgica. Temporal, porque todo salvo dentre os filhos de Adão, de todos os tempos, pertencem a essa Igreja; ela inclui desde o primeiro homem que creu em Deus e no Mediador e, foi redimido, até o último eleito que será recolhido antes da volta de Cristo. Geográfica, porque só existe uma Igreja no mundo; ela está espalhada entre as nações e, contém homens de todas as tribos, povos, raças e línguas; nela estão todos os salvos de cada geração. Histórica, porque, obviamente, se ela é única deve ter também uma única história desde o seu nascimento até a completa glorificação. Doutrinária, porque, obviamente, a Igreja tem um único fundamento que é Cristo Jesus. Seus apóstolos e profetas lançaram esse fundamento. Logo onde quer que esteja a Igreja a sua doutrina é a mesma, e nem poderia ser diferente. Duas igrejas locais que pertencem a grande Igreja católica e apostólica, devem, necessariamente ter a mesma doutrina; isto é identidade e catolicidade doutrinária. Litúrgica, significa que onde quer que haja uma congregação da Igreja de Cristo, sua liturgia deve ter uma identidade. Pode haver pequenas variações por causa de costumes locais, ou culturas, mas todas as congregações pertencentes a Igreja de Cristo, independente de onde estejam, devem ser identificadas também pela sua liturgia, pela sua forma de adoração. A liturgia da Igreja não muda de acordo com tradições, costumes, gostos e preferências dos homens, mas permanece a mesma desde o princípio. Quando falamos de liturgia estamos falando de culto. E culto a Deus é algo muito sério pelo qual Deus tem grande zelo. Ninguém está autorizado a introduzir no culto ao Senhor novos atos, novas práticas, novos instrumentos, novos métodos. Assim, a Igreja de Cristo tem esta singularidade; não há nada como a Igreja; ela é a única agência de salvação no mundo; fora da Igreja não há salvação e nem salvos; embora a Igreja não salve, nem os crentes salvem uns aos outros, mas todos quantos Cristo salva Ele agrega a Igreja. Algo precisa ser dito sobre divisões que surgem no meio da Igreja, justamente por causa de heresias e corrupções. Quando surgem tais divisões temos duas reações: primeira de tristeza, porque toda divisão na Igreja é lamentável e a princípio injustificável. Há, contudo, que se dizer que muitas vezes uma separação é necessária, para que a sã doutrina seja mantida, a Palavra de Deus não seja vilipendiada, almas não sejam enganadas, a glória de Deus não seja tocada. Nesse caso a separação traz alívio a consciência, pois ela se justifica. A própria Palavra de Deus orienta os santos a separarem-se dos infiéis - E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles - Romanos 16.17. Mandamo-vos, porém, irmãos, em nome de nosso SENHOR Jesus Cristo, que vos aparteis de todo o irmão que andar desordenadamente, e não segundo a tradição que de nós recebeu - 2a Tessalonicenses 3.6. Então, há situações que exigem uma posição pela verdade e pela glória de Deus e, um enfrentamento aos inimigos de Deus. Apenas nesse caso uma divisão é justificada, pois a verdade vem antes da unidade.


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27. A Igreja verdadeira


Nós cremos, entretanto, que convém discernir cuidadosamente e com clarividência qual é a Igreja verdadeira, porque há muito abuso nesta questão. Segundo a Palavra de Deus, nós então dizemos que a Igreja verdadeira é a comunidade dos fiéis que, de comum acordo, querem seguir esta Palavra e a pura religião que dela depende, que dela fazem proveito ao longo de toda sua vida, crescendo e se fortificando sem cessar no temor de Deus, segundo o que lhes é necessário progredir e andar sempre mais adiante. Ainda mais, qualquer que seja seus esforços, lhes convém recorrer incessantemente ao perdão de seus pecados. Entretanto, não negamos que entre os fiéis não haja hipócritas e reprovados, cuja malignidade não pode, no entanto, privar a Igreja de seu legítimo nome.


Mt. 3.8-10; 7.22,24; 1Co. 3.10,11; Mq. 2.10-12; Ef. 2.19,20; 4.11,12; 1Tm. 3.15; Dt. 31.12; Rm. 3; Mt. 13; 2Tm. 2.18-20.

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Comentário: Onde existe o verdadeiro existe também o falso, onde estiver o trigo ali estará também o joio, todo jardim florido é perseguido por ervas daninhas e nada existe neste mundo que seja precioso que não haja tentativas bem sucedidas de falsificação. E o maior falsificador da história é o próprio Satanás. Ele falsifica profetas e profecias, falsifica o evangelho e seus pregadores, falsificou apóstolos e mestres, falsifica dons e as atividades do Espírito Santo, ilude com seu falso Jesus, falsifica crentes e adoradores, e por conseguinte falsifica a Igreja. De tudo isto temos inúmeros exemplos nas sagradas Escrituras. Os apóstolos exortaram a Igreja sobre esse perigo: Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis… Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito pois que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça…. em perigos entre os falsos irmãos - 2a Coríntios 11.4,13-15,26. Também houve entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição, e negarão o SENHOR que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição - 2a Pedro 2.1. Então existem muitas falsas igrejas. Umas são visivelmente falsas, pois abrigam heresias e corrupções facilmente detectadas, outras são mais difíceis de se perceber, e há algumas que são tão parecidas com as verdadeiras que só podem ser detectadas por discernimento fazendo um minucioso exame. Voltando um pouco no tema, lembremos que mesmo nas igrejas mais fiéis e puras, sempre haverá hipócritas, os quais, diz o apóstolo servem para contrastar com os fiéis: E até importa que haja entre vós heresias, para que os que são sinceros se manifestem entre vós - 1a Coríntios 11.19. Há igrejas que se afastam tanto da verdade, que abrigam tanta corrupção e heresias que se tornam congregações de Satanás – Eu sei as tuas obras, e tribulação, e pobreza (mas tu és rico), e a blasfêmia dos que se dizem judeus, e não o são, mas são a sinagoga de Satanás… Eis que eu farei aos da sinagoga de Satanás, aos que se dizem judeus e não são, mas mentem, eis que eu farei que venham, e adorem prostrados a teus pés, e saibam que eu te amo - Apocalipse 2.9; 3.9. Jesus aqui falava dos que se diziam judeus e não eram. Também o apóstolo Paulo disse: Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra: cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus – Romanos 8.28-29.


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28. As falsas Igrejas


Fundamentados sobre esta definição da Igreja verdadeira, nós afirmamos que onde a Palavra de Deus não é recebida e onde não se lamenta a insubmissão, e onde não é feito nenhum uso autêntico dos Sacramentos, não se pode considerar que haja alguma Igreja.


O Papado


Por isso nós condenamos as assembleias do Papado, porque tendo sido banida a verdade pura de Deus, os Sacramentos foram corrompidos, alterados, falsificados ou totalmente aniquilados, e toda a sorte de superstições e idolatrias nela estão presentes. Nós estimamos que todos aqueles que se reúnem e participam de tais atos se separam e se retiram do Corpo de Cristo. Entretanto, porque ainda resta um pequeno vestígio de Igreja no Papado, e que a realidade essencial do Batismo nela subsistiu – ligado ao fato que a eficácia do Batismo não depende daquele que o administra – nós confessamos que aqueles que foram nela batizados, não necessitam de um segundo batismo.

Entretanto, por causa das corrupções que nela existem, não se pode, sem se contaminar, apresentar as crianças para o batismo.


Mt. 10.14,15; Jo 10; 1 Co 3.10-13; Ef 2.19-21;2 Co 6.14-16; 1 Co 6.15; Mt 3.11; 28.19; Mc 1.8; At 1.5; 11.15-17; 19.4-5; 1 Co 1.13.

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Comentário: O engano religioso é tão próspero neste mundo caído que, de fato, não apenas a maior parte da humanidade está enganada, mas a maior parte dos chamados crentes ou cristãos também estão. Sim, é doloroso, absolutamente lamentável, mas é a realidade. Grande parte do mundo cristão vive um cristianismo paganizado. Há idolatrias e superstições tanto no romanismo papal quanto nas igrejas que abandonaram as reformas do grande movimento do século XVI, especialmente nas pentecostais e neopentecostais. As igrejas fiéis crescem pelo poder do Espírito Santo que se move trazendo avivamento e consequente arrebanho de fiéis. As infiéis crescem através de artifícios humanos e estimulantes artificiais. Este último crescimento é o que mais temos visto. Embora haja grande ajuntamento de pessoas, a motivação e o propósito delas é equivocada. A pregação falsa de um evangelho corrompido, leva as pessoas a confiar num Jesus falso, a receber um falso espírito e o resultado são crentes falsos que formam congregações falsas. Isto não é novo. O apóstolo Paulo falou sobre esse tipo de crescimento ou ajuntamento de pessoas - Porque, se alguém for pregar-vos outro Jesus que nós não temos pregado, ou se recebeis outro espírito que não recebestes, ou outro evangelho que não abraçastes, com razão o sofrereis… Porque tais falsos apóstolos são obreiros fraudulentos, transfigurando-se em apóstolos de Cristo. E não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito pois que os seus ministros se transfigurem em ministros da justiça: o fim dos quais será conforme as suas obras…. em perigos entre os falsos irmãos - 2a Coríntios 11.4,13,14,15,26. Neste contexto o apóstolo fala de falsos mensageiros, dum falso evangelho, um falso Jesus, um falso espírito e falsos irmãos. É assim que tem surgido muitas seitas evangélicas; têm o nome de igreja, mas muitas delas são verdadeiras sinagogas de Satanás. Quanto ao rebatismo, obviamente, sabemos que não há nada que o justifique. Quando a pessoa recebeu o selo da Aliança – água sobre a cabeça, em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo -, por uma autoridade eclesiástica, em geral tal ato não deve ser repetido. Isso desprezaria grandemente o santo sacramento. Partimos sempre do princípio de que a validade do santo sacramento não depende de quem o administrou mas do próprio sacramento que foi instituído e abençoado pelo Senhor Jesus Cristo. Há casos em que a pessoa recebeu uma iniciação que não é o batismo, e nesses casos não seria rebatismo; é o rebatismo que deve ser evitado a todo custo. Antes de aprovar um rebatismo devemos lembrar do antigo sacramento da circuncisão. Obviamente esse sacramento não podia ser repetido, fosse quem fosse que houvesse realizado o ato. Um judeu poderia ter sido circuncidado e não compreender o significado da circuncisão; sua necessidade não era uma nova circuncisão, mas ser ensinado com respeito ao significado daquele selo. Igualmente, quem recebeu o selo cristão da Aliança e não sabe o seu significado, não necessita ser rebatizado em água, mas ser instruído sobre sua implicação. Analogicamente podemos supor num homem foi casado numa falsa igreja, e usa um anel, símbolo do seu matrimônio, foi feito por um não-cristão; quando aquele homem um dia se converte a verdadeira fé, deveria ele refazer a cerimônia de casamento e também fazer outro anel, ou deve agora ser instruído no significado do seu matrimônio e também daquele anel? O que seria mais eficaz? A conclusão é óbvia. E por último, devemos nos lembrar que o batismo não salva; a água que lava os pecados não é aquela que recebemos sobre a cabeça ou sobre o corpo, mas é o Espírito Santo. Jesus respondeu: Na verdade, na verdade, te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus - João 3.5. Não existe nenhum ritual exterior ou elemento físico que salve ou ajude na salvação. Somos purificados dos nossos pecados pelo sangue de Cristo, pela lavagem do Espírito Santo.


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VI. GOVERNO DA IGREJA


29. Os ministérios


Quanto à Igreja verdadeira, nós cremos que ela deve ser governada segundo a ordem estabelecida por nosso Senhor Jesus Cristo, a saber, que nela haja pastores, presbíteros e diáconos, a fim de que a pureza da doutrina nela seja mantida, que os desvios sejam corrigidos e reprimidos, que os pobres e aflitos sejam socorridos em suas necessidades, que as assembleias se reúnam em nome de Deus e que os adultos nela sejam edificados, como também as crianças.


At 6.3,4; Ef 4.11; 1 Tm 3.1-13; Tt 1.5-9; 1 Co 12.

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Comentário: O governo da Igreja de Cristo não tem uma hierarquia como se fosse uma empresa secular; ela não é organizada da mesma forma que uma instituição humana. No Estado há uma hierarquia; existe uma autoridade máxima e depois vem descendo pela cadeia de autoridade até as funções mais simples. Na Igreja a autoridade máxima está no céu – o Senhor Jesus Cristo. Ele deu líderes à Igreja para que haja ordem. A Igreja precisa ter um mínimo de organização – um local para as reuniões, horários preestabelecidos, acomodações. Os líderes convocam a congregação para os cultos solenes, eles supervisionam a doutrina e a vida dos irmãos para que andem de acordo com ela. Eles são os responsáveis por administrar os sacramentos e a disciplina, entre outras coisas. Mas o governo se faz sempre de forma espiritual, sob a autoridade do Senhor Jesus Cristo. Entre os oficiais não há maior nem menor – todos são iguais e, todos os oficiais devem ser honrados pela congregação, não porque são melhores, mas pelo trabalho que fazem. Entre os que o Senhor chama como oficiais, uns recebem a capacidade de organizar e governar, outros a capacidade para pregar, outros para atender os necessitados e assim por diante. Se não existe um oficial maior nem mais importante que outro, também não existe igreja local que esteja acima de outras, nem ainda uma matriz à qual todas as congregações devam satisfações de qualquer forma. Isso por si só exclui a possibilidade do papado ou supremo pontífice, do pastor maior ou sênior, do líder máximo, e outros tipos de hierarquia. As igrejas locais devem ser governadas por um conselho local, formada por oficiais locais, eleitos pela própria congregação.


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30. A igualdade dos pastores


Nós cremos que todos os verdadeiros pastores, em qualquer lugar que seja, têm a mesma autoridade e igual poder sob um único Cabeça, um único Soberano e único Bispo universal: Jesus Cristo.


A igualdade das Igrejas


Por esta razão, nós cremos que nenhuma igreja pode pretender exercer domínio ou soberania sobre outra igreja qualquer que seja.


Mt 20.20-28; 1 Co 3.4-9; Ef 1.22; Cl 1.18,19.

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Comentário: Acrescentando ao que já foi dito anteriormente, todos os oficiais de uma congregação têm a mesma autoridade e honra, todos os oficiais entre as igrejas são iguais e, todas as igrejas locais são iguais entre si. O ensino do Senhor Jesus foi claro aos apóstolos que entre eles não haveria maior ou menor, mas todos seriam iguais. Houve essa discussão entre os discípulos sobre quem dentre eles seria o maior e, o Senhor os esclareceu: E chegou a Cafarnaum, e, entrando em casa, perguntou-lhes: Que estáveis vós discutindo pelo caminho? Mas eles calaram-se; porque pelo caminho tinham disputado entre si qual era o maior. E ele, assentando-se, chamou os doze, e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro de todos e o servo de todos - Marcos 9.33-35; Então Jesus, chamando-os para junto de si disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados, e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser entre vós fazer-se grande seja vosso serviçal; E qualquer que entre vós quiser ser o primeiro seja vosso servo - Mateus 20.25-27. E houve também entre eles contenda, sobre qual deles parecia ser o maior. E ele lhes disse: Os reis dos gentios dominam sobre eles, e os que têm autoridade sobre eles são chamados benfeitores. Mas não sereis vós assim; antes o maior entre vós seja como o menor; e quem governa como quem serve - Lucas 22.24-26. É bem verdade que os mais velhos, via de regra, serão mais ouvidos por causa da sua maturidade, mas nem sempre essa é a norma. Se o Senhor quisesse estabelecer Pedro como o principal líder da Igreja, Ele o teria feito. E se houvesse uma igreja local a ser estabelecida como algum tipo de sede ou matriz, poderia ser Jerusalém ou talvez Antioquia. E o presbítero da igreja em Jerusalém não foi nenhum dos doze apóstolos, mas Tiago, o irmão do Senhor. E, acenando-lhes ele com a mão para que se calassem, contou-lhes como o SENHOR o tirara da prisão, e disse: Anunciai isto a Tiago e aos irmãos. E, saindo, partiu para outro lugar - Atos 12.717. E, havendo-se eles calado, tomou Tiago a palavra, dizendo: Varões irmãos, ouvi-me - Atos 15.13. E no dia seguinte Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali - Atos 21.18. Mas nem a Tiago, nem a Pedro o Senhor estabeleceu como líder principal; nem a igreja em Jerusalém, nem Antioquia, nem a igreja em Roma Deus estabeleceu como sede ou matriz. Isso porque não há igrejas que se sobreponham a outras e nem líderes ou bispos. Todos os oficiais são iguais e todas as igrejas são iguais. Os crentes devem ser submissos aos outros, os bispos e diáconos devem ser submissos a congregação local, e todos devem ser sujeitos ao único Bispo, Apóstolo, Senhor, Rei – Jesus Cristo. Amém.


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31. As vocações


Nós cremos que ninguém pode pretender um cargo eclesiástico baseado em sua própria autoridade, mas que isto deve ser feito por eleição, tanto quanto for possível e Deus permita.

Nós acrescentamos esta restrição em particular, porque às vezes tem sido necessário – pois mesmo em nosso tempo a Igreja verdadeira havia deixado de existir – que Deus levante homens de uma maneira extraordinária para dirigir novamente a Igreja que tenha caído em ruína e desolação.


A Vocação Interior


Mas, em qualquer situação, nós cremos que é preciso sempre se conformar à regra que todos, pastores, presbíteros e diáconos, estejam seguros de terem sido chamados (por Deus) a seu ofício.


Mt. 28.19; Mc. 16.15; Jo. 15.16; At. 1.21; 6.1-3; Rm. 10.15; Tt. 1.5; Gl. 1.15; 2Tm. 3.7-10,15.

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Comentário: A vocação ou chamado vem de Deus e a resposta é do homem. Todo chamado começa sempre com Deus; é o Espírito Santo que prepara o coração do homem para receber o chamado e o inclina para responder. No plano da salvação, o Espírito Santo trabalha no coração do pecador e, o torna disposto e inclinado a obedecer a Deus e a Sua Palavra. Antes dele ser recebido na comunhão da igreja, o conselho da igreja faz uma avaliação e o integra a congregação. Semelhantemente o chamado para exercer algum ofício na igreja, também começa com Deus; ele conscientiza a pessoa da necessidade da igreja, ele torna o coração daquele homem disposto a servir. A própria congregação percebe quando algum irmão tem características [dons e talentos] que podem edificar a igreja. O método bíblico é que tais homens sejam escolhidos e votados pela própria congregação para ocuparem cargos oficiais. Geralmente a escolha da congregação coincide com o chamado do Espírito no coração daquele homem; quando a congregação convida alguém a servir como oficial é porque viu que ele pode ser útil na obra de Deus. As duas coisas são importantes, o chamado [vocação] vindo do Espírito Santo e, a eleição e confirmação da congregação. Obviamente que quem tem vocação para exercer um cargo oficial na igreja deverá preparar-se para tal função; especificamente no caso de vocação para a pregação, tal homem deve, se houver condição, cursar um seminário, e ao final, ser examinado pelo conselho e oportunamente ser estabelecido na função pastoral. Os ofícios da Igreja devem ser ocupados apenas pelos homens, porque é o que a Palavra de Deus ensina. Um dos maiores erros da nossa geração é subestimar a Palavra de Deus relativizando o mandamento de Deus. Se algum ponto da doutrina pode ser relativizado, toda a Palavra pode ser igualmente relativizada; se considerarmos qualquer mandamento irrelevante, logo tudo pode ser irrelevante. O modernismo introduziu na Igreja o liberalismo teológico que trouxe a tiracolo a ideia da contextualização, com seu relativismo e pragmatismo; os resultados são trágicos e notáveis.


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32. A comunhão entre as Igrejas


Nós cremos também que é bom e útil que aqueles que forem escolhidos para ser líderes, procurem juntos os meios a serem empregados para dirigir e administrar todo o corpo da Igreja. Entretanto, que eles não se desviem em nada do que nosso Senhor Jesus Cristo nos ordenou sobre este ponto.


Os costumes locais


Isto não impede que haja alguns regulamentos particulares de cada lugar, segundo a exigência do momento.


At. 15.6,7,25,28; Rm. 12.6-8, 1Co. 14.40; 1Pe. 5.1-3.

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Comentário: Tudo quanto o Senhor nos ensina é sábio, perfeito, útil, edificante e maravilhoso. Assim é a comunhão entre os irmãos. Cantou, o inspirado salmista, sobre a preciosidade da comunhão dos santos - Oh! Quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união! É como o óleo precioso sobre a cabeça, que desce sobre a barba, a barba de Arão, e que desce à orla das suas vestes. Como o orvalho do Hermon, que desce sobre os montes de Sião; porque ali o SENHOR ordena a bênção e a vida para sempre - Salmo 133. Devemos buscar, zelosamente, pela comunhão dos irmãos; nessa comunhão, tanto somos abençoados como abençoamos. Compartilhamos dos dons e das bênçãos recebidas, aprendemos a ser pacientes, misericordiosos, constatamos como Deus opera no meio da congregação e cuida do seu povo, ensinamos e somos ensinados. Se Deus ordenou a comunhão, é porque nela há ricas bênçãos. Contudo, devemos ser maduros, e saber que o inimigo das nossas almas está atento para causar tropeços, escândalos e arruinar a vida espiritual dos santos; portanto, precisamos ser criteriosos e saber com quem temos comunhão. Como dissemos, a comunhão é preciosa, mas com as pessoas certas. Aí entra a questão da disciplina eclesiástica, a qual deve identificar e punir toda transgressão, não deixando de expurgar a congregação daqueles que podem contaminar o rebanho do Senhor. Quanto aos costumes locais, é necessário todo cuidado; não se pode permitir que doutrinas de homens sejam misturadas ao culto solene; este, deve ser preservado, em todas as suas características essenciais, sem que nada lhe seja acrescentado ou tirado. Para isso, temos a Palavra de Deus, os documentos históricos, a própria história da Igreja. Devemos, permanecer e perseverar nas veredas, que andaram nossos pais, que viveram e agradaram a Deus em seus tempos. Regulamentos locais podem ser necessários; contudo, que eles jamais venham trazer prejuízo à liturgia do culto solene.


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33. Leis e regulamentos eclesiásticos

Entretanto, nós rejeitamos todas as invenções humanas e todas as leis que quiseram introduzir sob pretexto de servir a Deus e pelas quais se deseja submeter as consciências. Nós não aprovamos, exceto o que contribua a estabelecer a concórdia e seja apropriado em promovê-la e manter cada um – do primeiro ao último – em obediência.


A excomunhão


Nós devemos seguir o que nosso Senhor declarou quanto à excomunhão, o que nós aprovamos e confessamos ser necessário com todas as suas consequências.


Rm. 16.17,18; 1Co. 3.11; Gl. 5.1; Cl. 2.8; Mt. 18.17; 1Co. 5.45; 1Tm. 1.20.

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Comentário: O cristão é a pessoa mais liberta e livre que existe; Cristo nos libertou de todo jugo, seja de tradições, costumes, folclores, legalismos, regras humanas, e outros. O cristão só teme a Deus. Honra as autoridades, os superiores, os mais velhos, é respeitável, submisso, manso e humilde, contudo, não se deixa escravizar por medo aos homens. Regras, costumes, imposições, exigências caracterizam as seitas. O cristão é livre, ele procura manter uma consciência limpa diante de Deus e dos homens. Como já havíamos falando sobre a disciplina, a excomunhão é prática bíblica e necessária para manter a pureza da congregação. A excomunhão, que deve vir sempre como a última tentativa de recuperar o faltoso, pode ser temporária, dependendo da reação do excomungado. Havendo arrependimento e mudança de atitude, sempre há nova chance de retorno a comunhão da igreja. Se, contudo, apesar de último ato de disciplina, não houver arrependimento, então ela se torna definitiva e com consequências eternas para aquela alma.


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VII. Os Sacramentos


34. Os Sacramentos em geral


Nós cremos que os Sacramentos foram acrescentados à Palavra, para nos confirmar mais amplamente, a fim de nos servir de testemunho e provas da graça de Deus, de sorte que, por causa de nossa fraqueza e ignorância, eles servem de ajuda à nossa fé.

Cremos que os Sacramentos, são sinais exteriores, através dos quais, Deus age pelo poder de Seu Espírito, a fim de que ali nada seja representado em vão. Nós estamos, entretanto, persuadidos, de que toda a substância e realidade dos Sacramentos está em Jesus Cristo.


Êx. 12; Mt. 26.26,27; Rm. 4.11; 1Co. 11.23,24; At. 22.16; Gl. 3.27; Ef. 5.26.

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Comentário: Os sacramentos foram instituídos por Deus e por isso são importantes, necessários, obrigatórios, e uma bênção para os fiéis. Os sacramentos são sinais que falam, pois têm importantes significados. Na Antiga Aliança Deus instituiu a Circuncisão e a Páscoa, ambos sangrentos, como todo cerimonial do Antigo Testamento. Na era cristã, Deus substituiu a Circuncisão pelo Batismo com água, e a Páscoa pela Ceia do Senhor, com pão e vinho. Os sacramentos do Antigo Testamento, eram tipológicos da redenção de Cristo. Contudo, ainda que tipológicos, apontavam para o futuro e estavam carregados de significado. Cada circuncidado, era colocado debaixo da Aliança, com suas obrigações, bênçãos e promessas de redenção. Cada homem que sacrificava a Páscoa, manifestava sua fé naquelas promessas, pois ela apontava diretamente para o Messias Redentor, que quando se manifestou ao mundo foi introduzido como o Cordeiro de Deus, o Cordeiro Pascoal. Os antigos sacramentos eram tipológicos de Cristo, os novos sacramentos são memoriais dele. Assim, crendo nas promessas de Deus, tanto os crentes da Antiga Aliança eram, quanto os da Nova são, fortalecidos e firmados na fé.


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35. O Batismo


Nós reconhecemos somente dois Sacramentos comuns a toda Igreja: o Batismo e a Santa Ceia. O Batismo nos foi dado em testemunho de nossa adoção, porque nós somos enxertados no corpo de Cristo, a fim de sermos lavados e limpos pelo seu sangue, e depois renovados por seu Espírito para vivermos uma vida santa. Posto que nós recebemos o Batismo uma única vez, nós afirmamos também que os benefícios que dele nos são presentes, se estendem pelo curso de toda a nossa vida, e mesmo até nossa morte, de sorte que temos uma prova permanente que Jesus Cristo será sempre nossa justiça e nossa santificação.


O Batismo de crianças


Ora, ainda que o Batismo seja um sacramento de fé e de arrependimento, entretanto, porque Deus recebe em sua Igreja os filhos com seus pais, nós dizemos que, pela autoridade de Jesus Cristo, os filhos gerados pelos fiéis devem ser batizados.


Rm. 6.3,4; At. 22.16; Tt. 3.5; Ef. 5.26; Rm. 4; 6.22,23; Mt. 3.11; Mc. 1.4; 16.16; Lc. 3.3; At. 13.24; 19.4; Mt. 19.14; 1Co. 7.14.

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Comentário: Para compreender o santo Batismo é necessário compreender o antigo sacramento da Circuncisão. A Circuncisão significava o selo da Aliança, isto é, selava as promessas da Aliança e fazia o circuncidado responsável pelas obrigações da Aliança. Nessa Aliança os pais deveriam instruir os filhos circuncidados e quando eles tivessem idade esperava-se que respondessem à Aliança de Deus. A Circuncisão exterior deveria ter uma correspondência interior, que era a operação do Espírito Santo no coração. Deus mostrava a necessidade dessa obra interior: Circuncidai, pois, o prepúcio do vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz - Deuteronômio 10.16; contudo essa obra somente o Espírito Santo poderia realizar: E o SENHOR, teu Deus, circuncidará o teu coração e o coração de tua semente, para amares ao SENHOR, teu Deus, com todo o coração e com toda a tua alma, para que vivas - Deuteronômio 30.6. O apóstolo Paulo expõe que a verdadeira circuncisão é a interior: Porque não é judeu o que o é exteriormente, nem é circuncisão a que o é exteriormente na carne. Mas é judeu o que o é no interior, e circuncisão a que é do coração, no espírito, não na letra: cujo louvor não provém dos homens, mas de Deus - Romanos 2.28-29. Assim como a circuncisão do prepúcio apontava para a circuncisão do coração, também o batismo com água aponta para a regeneração; ambos os selos devem ter a correspondência interior. A Circuncisão foi substituída pelo Batismo na Nova Aliança. Sendo assim, obviamente deve seguir as mesmas orientações do Antigo Testamento, isto é, deve ser realizado logo após o nascimento [oitavo dia]. Assim como era a Circuncisão assim deve ser o Batismo – quando criança. A única opção de circuncidar um adulto, era se um gentio viesse a professar fé no Deus de Israel. Fora disso a Circuncisão era feita nos bebês, filhos da Aliança. Se um judeu ouvisse alguma coisa parecida com “circuncisão infantil” estranharia muito, porque seria redundante. Penso que “batismo infantil” deveria nos soar também estranho. Batismo de adulto só é justificado quado alguém conhece o evangelho em sua fase adulta.


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36. A Santa Ceia


Nós confessamos, que a Santa Ceia, nos traz o testemunho de nossa união com Jesus Cristo. De fato, Cristo não somente foi uma única vez morto e ressuscitado por nós, mas ele verdadeiramente nos alimenta também de sua carne e sangue, a fim de que sejamos um com ele, e que sua vida nos seja comunicada. Ora, ainda que ele esteja no céu até que venha para julgar o mundo, nós cremos, entretanto, que ele nos alimenta e vivifica – pela ação secreta e incompreensível de seu Espírito – da substância de seu corpo e de seu sangue. Nós afirmamos que isso se faz espiritualmente, não para substituição do efeito e da verdadeira realidade da Ceia por imaginação ou pensamento, mas que este mistério ultrapassa por sua grandeza nossa capacidade humana, e toda a ordem da natureza; em resumo, porque ele é celeste, entendemos que não pode ser apreendido a não ser pela fé.


1Co. 10.16,17; 11.24; Jo. 6.55-57; 17.21; Rm. 8.32; Mc. 16.19; At. 1.2-11; 3.21; Jo. 6.35.

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Comentário: Sacramentum [Latim] traduzia mysterion [Grego]; as duas ideias são importantes, tanto a ideia latina que significa um penhor, um depósito feito como garantia do cumprimento da obrigação, quanto a ideia grega de um sinal que oculta uma realidade espiritual. Santo Agostinho dizia que o Cristo é o sacramento de Deus. Jesus Cristo é o Mistério de Deus; nele está Deus transcendente e imanente, o Deus Altíssimo e inacessível tornando-se acessível ao homem. Os sacramentos trazem e selam os mistérios de Deus em nós. Na Santa Ceia está o corpo e o sangue de Cristo compartilhados a nós. Jesus disse: E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome; e quem crê em mim nunca terá sede…. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre: e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo…. Jesus pois lhes disse: Na verdade, na verdade vos digo que, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis vida em vós mesmo…. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele. Assim como o Pai, que vive, me enviou, e eu vivo pelo Pai, assim, quem de mim se alimenta, também viverá por mim - João 6.35,51,53,56,57. Não cremos na transubstanciação como muitos, porque sabemos que quando o Senhor deu o pão e o cálice aos discípulos, na noite da traição, eles não comeram nem sua carne nem seu sangue, embora suas palavras fossem que ali estavam sua carne e sangue: E, quando comiam, Jesus tomou o pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o meu corpo. E, tomando o cálice, e dando graças, deu-lho, dizendo: Bebei dele todos; Porque isto é o meu sangue, o sangue do Novo Testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados - Mateus 26.26-28. Então ali estava o grande mistério, ao participarem daquela ceia, comendo o pão e bebendo o vinho abençoados pelo Senhor, estavam de forma espiritual participando da Sua vida. Quando o ministro distribui o pão e o cálice à congregação, a sua ação de graças não transforma os elementos físicos, mas naquela hora somos abençoados pelas Palavras do Senhor Jesus, e o Espírito Santo ministra a nós o mistério; então de forma espiritual participamos de Cristo e somos unidos a Ele.

Não podemos deixar de dizer que, ainda que os selos exteriores sejam mandamento, contudo não são eles que salvam. O que salva o pecador é a obra do Espírito Santo no seu interior. Não há nada físico ou exterior que possa salvar ou ajudar na salvação. Nada que o homem possa fazer contribui com sua salvação, mas esta é uma obra exclusiva do Senhor Jesus, aplicada a nós pelo Espírito Santo. Sendo assim, os sacramentos não são essenciais à salvação, são, contudo, ordenanças do Senhor e devemos cumpri-los.


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37. A eficácia dos Sacramentos


Nós cremos – como já dissemos – que tanto na Ceia como no Batismo, Deus nos dá realmente e efetivamente o que neles é representado. Por causa disso, nós conjugamos com os símbolos a verdadeira posse e o gozo do que neles nos é apresentado. Assim, todos os que trazem à mesa sagrada de Cristo uma fé pura, recebem verdadeiramente – como um vaso recebe a água que o enche – o que os símbolos testificam, ou seja, que o corpo e o sangue de Jesus Cristo não servem menos de comida e bebida à alma, que o pão e o vinho ao nosso corpo.


Mt 26.26; 1 Co 11.24,25.

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Comentário: Como já afirmamos, não cremos em transubstanciação, porque ela é uma doutrina insustentável. É óbvio que, na noite em que o Senhor foi traído, e também instituiu esse sacramento, os discípulos não comeram, literalmente, a carne e nem beberam, literalmente, o seu sangue. Se fosse assim, seria correto supor também que os israelitas, quando sacrificavam o cordeiro da páscoa, comiam, literalmente, a carne do Messias [o sangue lhes era vedado]. Aquele cordeiro, era um tipo de Cristo, e participando dele, os irmãos da antiga Igreja, participavam de forma espiritual, do Cordeiro de Deus que viria. Outro tanto, nós da era cristã, participamos, de forma espiritual, do Senhor Jesus Cristo. Tanto a Páscoa era, quanto a Santa Ceia é, selo e mistério. Naquela hora, em que tomamos o pão e o cálice, o Espírito Santo traz, vivas, as Palavras do Senhor Jesus: “Tomai e comei, este é o meu corpo”; “bebei dele todos, este é o meu sangue”. De fato, nossa alma é alimentada pela presença do Senhor naquele momento, não nos elementos físicos, mas de forma espiritual entre nós. Não há nenhum elemento físico que transmita Cristo a nós, nem a água, nem o pão e nem o vinho. Esses foram os únicos elementos físicos que o Senhor nos deixou, contudo todos eles são utilizados, como são em sua própria natureza - a água e o vinho serão sempre água e vinho, o pão será sempre pão. Mas esses símbolos misteriosos, são enriquecedores àqueles, que receberam a revelação dos mistérios do reino dos céus. Amém.


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38. A necessidade dos Sacramentos


Nós afirmamos que a água do Batismo, sendo um elemento comum, não deixa de nos testificar, com verdade, a purificação interior de nossa alma pelo sangue de Jesus Cristo, pela eficácia de seu Espírito, e que o pão e o vinho, que nos são dados na Ceia, nos servem verdadeiramente de alimento espiritual, porque eles nos mostram como sem nenhum artifício a carne de Jesus Cristo é nosso alimento e seu sangue nossa bebida. Nós reprovamos, portanto, os espíritos quiméricos e os sacramentais que não querem receber estes símbolos e testemunhos, visto que Jesus Cristo declara: “Isto é meu corpo, e este cálice é o meu sangue”.


Rm. 6.3,4; 1Co. 6.11; Ef. 5.26; Jo. 6.51; 1Co. 11.24; Mt. 26.26; 1Co. 11.24,25.

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Comentário: Como ocorre com todas as coisas que preciosas são, assim os sacramentos sofrem de todo tipo de abuso e corrupção. Assim tem sido desde os primórdios da Igreja, uns pendem para um lado, outros pendem para outro, em vez de ficar simplesmente com o que o Senhor Jesus disse. As superstições criadas por Satanás, juntas com a falta de compreensão do homem natural, com respeito aos mistérios de Deus, têm corrompido também os sacramentos. Por outro lado, alguns por medo de cair em superstições, acabam por menosprezar o valor dos sacramentos, como se fossem apenas uma lembrança ou memorial. Estes, nem mesmo usam a palavra “sacramento”, mas dizem apenas “ordenanças”. Sim, obviamente que batismo e ceia são ordenanças, mas têm muito mais que isso. Assim como Deus via a marca do sangue nas portas das casas dos israelitas, naquela escura e fatídica noite para os egípcios, assim ele pode ver e, efetivamente ele vê, a marca da água sobre a nossa cabeça. Os sinais são para Deus ver, e Ele não tem dificuldade de ver. Basta que obedeçamos e creiamos que Ele vê aquilo que estamos fazendo com simplicidade, fé e obediência. Assim como, com a bênção de Deus, a carne do cordeiro alimentou as hostes de Deus, no Egito, e eles marcharam firmes e fortes ao deserto, também Deus nos alimenta com a Santa Ceia - Mas, a eles, os fez sair com prata e ouro, e entre as suas tribos não houve um só enfermo – Salmos 105.14. O maná abençoado, sustentou o povo de Israel por quarenta anos no deserto. Uma refeição, fortaleceu o profeta Elias, para caminhar quarenta dias pelo deserto. O pão, que o “Peregrino” partiu, e deu aos dois discípulos em Emaús, lhes abriu os olhos, para reconhecerem ali o Senhor ressuscitado. O pão, molhado no vinho, que o Senhor administrou a Judas, o condenou a ser possuído por Satanás. O santo apóstolo disse, que quem comer da mesa do Senhor indignamente, sofrerá maldição e poderá morrer. Sim, numa refeição a nós administrada, pela mão do Senhor, haverá sempre mais do que podemos ver.


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VIII. OS PODERES PÚBLICOS


39. A necessidade dos governos


Nós cremos que Deus quer que o mundo seja dirigido por leis e governos, a fim de que haja alguns freios para reprimir os apetites desordenados do mundo. Nós cremos, portanto, que Deus instituiu os Reinos, as Repúblicas e todas as outras formas de Principados, hereditários ou não, e tudo o que pertença à esfera da justiça, e que Ele deseja ser reconhecido nelas como seu Autor.


Os Magistrados


Com esse fim, Deus pôs a espada na mão dos magistrados para reprimir os pecados cometidos não somente contra a segunda Tábua dos Mandamentos de Deus, mas também contra a primeira.


O respeito devido às autoridades


É necessário, portanto, por causa de Deus, não somente que se apoie as autoridades quando elas exercem soberanamente seus cargos, mas também que sejam honradas e estimadas com profundo respeito, as considerando como oficiais estabelecidos por Deus para exercer um cargo legítimo e santo.


Ex 18. 20,21; Mt 17.24-27; Rm 13.1-7; 1 Pe 2.13,14; 1 Tm 2.2.

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Comentário: Deus governa os céus e a terra, e usa todas as coisas para um fim e aqui entram as autoridades delegadas. Ele é a fonte de toda autoridade no céu e na terra, dele emanam o poderes delegados às suas criaturas, a fim de que seus propósitos sejam executados e cumpridos. Independentemente se a autoridade delegada, que está no comando duma cidade ou duma nação, seja justa ou injusta, Deus fará cumprir por meio deles, independente deles ou até contra eles, os seus eternos desígnios. Ele tanto usa os bons quanto os maus. No plano espiritual ele usa tanto os anjos bons quanto os anjos maus, na execução de seus intentos, igualmente no plano humano, ele usa homens bons e homens maus, para levar a cabo seus decretos, e realizar tudo quanto quer. Ele tem o coração de todos os homens nas suas mãos e os inclina para onde deseja. Como ribeiros de águas, assim é o coração do rei na mão do SENHOR; a tudo quanto quer o inclina - Provérbios 21.1. Nesse provérbio, o autor sagrado devia ter em mente a irrigação feita com os pés para levar a água para regar a plantação. Assim eles levavam a água para onde desejavam. Da mesma forma o SENHOR tem as autoridades delegadas em suas mãos, e os leva para onde deseja. É verdade, que muitos homens que estão em posição de autoridade, não têm entendimento disso, especialmente os que não temem a Deus, mas isso não impede Deus de usá-los, incliná-los e levá-los a fazer o que lhe apraz. Quem tem entendimento do governo de Deus, como o rei Davi tinha, cumpre os propósitos de Deus conscientemente, quem não tem entendimento e nem temor de Deus, cumpre os decretos eternos inconscientemente, mas todos agem dentro dos limítrofes que Deus traçou, nem mais nem menos. Deus nos ensina a respeitar as autoridades delegadas, porque todo poder emana de seu trono no céu. Assim, nós respeitamos a autoridade, ainda que a pessoa que está em posição de autoridade não seja justa e cometa injustiças contra nós. Sujeitai-vos pois a toda a ordenação humana por amor do SENHOR: quer ao rei, como superior; Quer aos governadores, como por ele enviados para castigo dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem…. Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai o rei. Vós, servos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e humanos, mas também aos maus - 1a Pedro 2.13,14,17,18. Lembremos que até no plano de redenção, as autoridades injustas foram usadas para cumprir os propósitos de Deus. Se não houvessem tais autoridades, quem crucificaria o Senhor Jesus Cristo? Veja o que o apóstolo disse: A este que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, tomando-o vós, o crucificastes e matastes pelas mãos de injustos…. Porque verdadeiramente contra o teu santo Filho Jesus, que tu ungiste, se ajuntaram, não só Herodes, mas Pôncio Pilatos, com os gentios e os povos de Israel; Para fazerem tudo o que a tua mão e o teu conselho tinham anteriormente determinado que se havia de fazer - Atos 2.23; 4.27,28.


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40. A obediência devida às autoridades


Nós afirmamos, portanto, que é preciso obedecer às suas leis e regulamentos, pagar os impostos, tributos e outros encargos e obedecê-las de boa e franca vontade – mesmo quando elas sejam infiéis – contanto que a soberania absoluta de Deus permaneça intocada.

Assim, nós reprovamos aqueles que queiram rejeitar as autoridades superiores, estabelecer a comunidade e confusão de bens e inverter a ordem da justiça.


Mt. 17.24; At. 4.17-19.

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Comentário: Quanto a sujeição e obediência as autoridades, a Palavra de Deus nos exorta claramente e diz que toda autoridade é instituída por Deus. Portanto, respeitamos as autoridades para honrar a Deus. Esse é o princípio do quinto mandamento - Honra a teu pai e a tua mãe, para que se prolonguem os teus dias na terra que o SENHOR, teu Deus, te dá - Êxodo 20.12. O aprendizado começa em casa, honrando os pais, os mais velhos, especialmente os anciãos – Diante das cãs te levantarás, e honrarás a face do velho, e terás temor do teu Deus. Eu sou o SENHOR - Levítico 19.32. A única ressalva que deve ser feita, é que, se as autoridades delegadas forem contra as leis de Deus, então devemos seguir a lei maior. Obediência absoluta e irrestrita, devemos apenas a Deus, às autoridades delegadas, nossa obediência vai até onde tais autoridades não nos induzam ou obriguem a desobedecer a Deus. Obedecemos a César até onde isso não nos impeça de obedecer perfeitamente a Jesus Cristo. Todavia, jamais devemos pronunciar injúrias contra as autoridades, nem agirmos com aberta rebeldia; a rebelião jamais se justifica. Ananias, Misael e Azarias agiram com submissão ao rei Nabucodonosor, todavia não o obedeceram, pois obedecê-lo seria desonrar a Deus – Eis que o nosso Deus, a quem nós servimos, é que nos pode livrar; ele nos livrará do forno de fogo ardente e da tua mão, ó rei. E, se não, fica sabendo, ó rei, que não serviremos a teus deuses nem adoraremos a estátua de ouro que levantaste - Daniel 3.17-18. Os apóstolos agiram com o mesmo espírito, quando foram proibidos pelas autoridades de falar de Jesus Cristo. Seu argumento foi que deviam obediência absoluta a Deus, a obediência aquelas autoridades era relativa: E, chamando-os, disseram-lhes que absolutamente não falassem, nem ensinassem, no nome de Jesus. Respondendo, porém, Pedro e João, lhes disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir-vos antes a vós do que a Deus - Atos 4.18-19. Não agiram com rebeldia, apenas seguiram a autoridade maior que estava sobre eles; agiram com a consciência em paz: E chamando os apóstolos, e tendo-os açoitado, mandaram que não falassem no nome de Jesus, e os deixaram ir. Retiraram-se pois da presença do conselho, regozijando-se de terem sido julgados dignos de padecer afronta pelo nome de Jesus. E todos os dias, no templo e nas casas, não cessavam de ensinar, e de anunciar a Jesus Cristo - Atos 5.40-42.


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Tradução do francês por: Paulo Athayde

Comentários por: Nelson Nincao

Londrina - Setembro – 2020

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