“Segunda Confissão de Fé Helvética” 11. De Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, único Salvador do mundo (Parte II)

Cristo é verdadeiro homem, tendo verdadeira carne. Cremos também e ensinamos que o eterno Filho do eterno Deus se fez Filho do homem, da semente de Abraão e David, não com concurso carnal do homem, como diz Ébion, mas concebido do Espírito Santo com toda a pureza e nascido da sempre virgem Maria, como a história evangélica cuidadosamente nos explica (Mat, cap.1). E São Paulo diz: “Ele não assumiu a natureza de anjos, mas a da semente de Abraão”. Também o apóstolo São João diz que todo aquele que não crê que Jesus Cristo veio em carne não é de Deus. Portanto, a carne de Cristo não era nem imaginária nem trazido do céu, como erradamente sonhavam Valentino e Márcion. 
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Alma racional em Cristo. Além disso, nosso Senhor Jesus Cristo não possuiu uma alma desprovida de percepção e de razão, como pensava Apolinário, nem carne sem alma, como ensinava Eudômio, mas alma com sua razão e carne com seus sentidos, pelos quais por ocasião de sua paixão ele suportou dores reais, como ele mesmo testifica quando diz: “A minha alma está profundamente triste até à morte” (Mat 26.38); “Agora está angustiada a minha alma” (João 12.27). 
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Duas naturezas em Cristo. Reconhecemos, portanto, duas naturezas ou substâncias, a divina e a humana, num e no mesmo Senhor nosso Jesus Cristo (Heb, cap. 2). E dizemos que elas estão ligadas e unidas uma com a outra de tal modo que não foram absorvidas, ou confundidas, ou misturadas, mas unidas ou integradas numa pessoa - com as propriedades das naturezas intactas e permanentes. 
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Cristo tinha de fato um corpo de carne como Ele próprio afirmou mesmo depois da ressurreição - “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho” - (Lucas 24.39). O fato de não podermos explicar algo não nos dá o direito de inventar uma explicação. Deus realmente é misterioso. Cristo também possuía uma alma racional, humana, como a nossa. Assim, Ele sofreu tanto no corpo quanto na alma pelos nossos pecados. Todos os seus sofrimentos foram muito reais. “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue, também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que tinha o império da morte, isto é, o diabo” - (Hebreus 2.14). Assim é o nosso Salvador:  verus Deus et verus homo. Não 50% Deus e 50% homem, mas totalmente Deus e totalmente homem. De modo que o Senhor Jesus Cristo não é um misto de Deus mais homem, mas, digamos com toda reverência, uma composição maravilhosa e inexplicável do Filho eterno e Jesus de Nazaré. De uma forma, Unigênito, gerado desde toda a eternidade, de outra, Primogênito, nascido no tempo, de mulher, mas também gerado por Deus, sendo conquanto Um só Cristo Redentor. Assim, a encarnação mudou a história do tempo e da eternidade; do homem e da Trindade. O Filho eterno sai do céu vem à terra, recebe um corpo de carne e retorna ao céu (após morte e ressurreição) nesse corpo glorificado. Maravilha das maravilhas. 

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