Confissão Belga - Artigo 20 - A Justiça e a Misericórdia de Deus em Cristo
Cremos que Deus, perfeitamente misericordioso e justo, enviou seu Filho para assumir a natureza humana em que foi cometida a desobediência. Nesta natureza, Ele satisfez a Deus, carregando o castigo pelos pecados, através de seu mui amargo sofrimento e morte. Assim Deus provou sua justiça sobre seu Filho, quando carregou sobre Ele nossos pecados e derramou sua bondade e misericórdia sobre nós, culpados e dignos da condenação. Por amor perfeitíssimo, Ele entregou seu Filho à morte, por nós, e O ressuscitou para nossa justificação, a fim de que, por Ele, tivéssemos a imortalidade e a vida eterna.
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Comentário: A justiça e a misericórdia de Deus podem até parecer ser contraditórias, mas de fato são irmãs porque são dois atributos eternos de Deus, de modo que uma não anula a outra, mas a completa. E por causa de Jesus Cristo, vemos esses dois atributos operando juntos. Por um lado a justiça divina exigindo do nosso Substituto a punição que nos era devida e por outro lado a misericórdia divina não imputando a nós nossos pecados. Como poderia um juiz ser ao mesmo tempo justo e misericordioso, ou ainda mais, justo e justificador para com um condenado? Se ele for justo apenas sentenciará o réu, se for justificador deverá inocentá-lo, mas não pode fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Contudo foi o que o Supremo Juiz fez em relação a nós. Mesmo sendo nós culpados e réus, Ele numa sentença judicial e forense nos declarou justos – Para demonstração da sua justiça neste tempo presente, para que ele seja justo e justificador daquele que tem fé em Jesus – Romanos 3.26. Jesus Cristo foi declarado justo e inculpável perante os tribunais humanos, mas ainda assim foi condenado a morte pelo mesmo juiz que o considerou inocente, isto para que nós, os verdadeiros culpados, fôssemos declarados justos – Haveis-me apresentado este homem como pervertedor do povo; e eis que, examinando-o na vossa presença, nenhuma culpa, das de que o acusais, acho neste homem. Nem mesmo Herodes, porque a ele vos remeti, e eis que não tem feito coisa alguma digna de morte – Lucas 23.14-15. Fomos declarados justificados porque Deus não requer a mesma dívida duplicadamente. Nossa dívida pecaminosa com a justiça divina foi creditada à Cristo e a justiça e obediência de Cristo foram creditadas a nós. Assim fomos justificados diante de Deus por causa da propiciação feita por Cristo, isto é a morte de Jesus nos tornou propícios diante de Deus, satisfazendo a sua justiça – E ele é a propiciação pelos nossos pecados – 1ª João 2.2, tornando-nos agradáveis a si no Amado – Efésios 1.6. Deus não mediu sofrimento para nos redimir, antes pagou o mais alto preço, deixando que Seu Filho fosse sacrificado em nosso lugar. Nosso Deus e Pai é Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes o entregou por todos nós – Romanos 8.32. Ao mesmo tempo Jesus seria o Mediador, também o Sacerdote, e ainda e ao mesmo tempo o sacrifício ou o Cordeiro. Ele fez-se homem e assumiu a natureza humana mas sem pecado, para que pudesse fazer expiação pelo nosso pecado. Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens; E, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo obediente até a morte, e morte de cruz – Filipenses 2.7-8. Jesus era em tudo semelhante a nós mas sem pecado – Deus, enviando o seu Filho em semelhança da carne do pecado – Romanos 8.3. Por isso diz: “semelhante” não igual, pois Ele era também Deus.
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