A História da Confissão Belga
A Confissão Belga foi escrita numa época em que os reformados dos Países Baixos sofriam grande repressão e perseguição vindas da Espanha romanista, que governava aquela região da Europa naqueles dias. Também conhecida como Confessio Belgica ou Confissão da Valônia, a Confissão Belga herdou seu nome porque foi escrita no sul dos Países Baixos, atual Bélgica. Guido de Brès, pastor reformado, também conhecido como Guy de Bray, que viveu entre 1522 e 1567, foi quem a escreveu. Ele foi e auxiliado por Adrien de Savaria, H. Modetus e G. Wingen. Sua composição foi em parte inspirada pela Confissão das Igrejas Reformadas Francesas escrita por João Calvino e outros. A Confissão escrita por de Brès se desvincula expressamente dos anabatistas, com os quais os reformados muitas vezes eram confundidos pelas autoridades romanistas. A Espanha governada por Felipe II imprimiu tão grande perseguição contra os reformados, que excedeu em muito as perseguições até então feitas pela Igreja Romana. Talvez essa perseguição tenha produzido mais mártires até mesmo do que o império romano nos primeiros séculos da Igreja. Guido de Brès estava entre eles, e selou o seu testemunho com o próprio sangue, no ano de 1567, aos 45 anos. A perseguição daqueles dias vinha tanto das autoridades civis quanto das religiosas. Como uma forma de protesto contra a perseguição e para demonstrar que os reformados não eram subversivos nem ofereciam quaisquer ameaças à boa ordem do reino, buscaram escrever uma exposição de suas doutrinas. Guido de Brès concluiu a Confissão em 1561. No ano seguinte a mesma foi enviada ao rei Felipe II, junto com uma carta onde os confessantes juravam fidelidade à Coroa em todas as coisas, mas que estavam prontos para "oferecer suas costas aos chicotes, suas línguas às facas, suas bocas para mordaças e seus corpos inteiros para o fogo", antes de negarem a verdade expressa na Confissão. O objetivo imediato de amainar a fúria dos perseguidores não foi alcançado. O próprio de Brès e centenas de outros crentes foram cruelmente assassinados, mas um dos mais valiosos documentos da Igreja Reformada estava escrito. Brès escreveu a Confissão em francês em 1561, ela foi traduzida para o holandês em 1562 e depois para o alemão em 1566. Em 1618-1619 foi realizado pela Igreja Reformada Holandesa, o Sínodo de Dort, em Dordrecht, Holanda. Foram 154 reuniões, desde 13 de novembro de 1618 até 9 de maio de 1619. Essa assembleia analisou, aprovou e reafirmou a Confissão escrita por de Brès. Recebida entusiasticamente pelas igrejas reformadas dos Países Baixos, a Confissão foi adotada por sínodos reunidos em Antuérpia em 1566, Wesel em 1568 e Emden em 1571 tido como o Sínodo de Fundação da Igreja Reformada da Holanda. Foi adotada em definitivo pelo Sínodo Nacional de Dort, em 1618. Tornou-se um dos três padrões doutrinários dessa Igreja, ao lado do Catecismo de Heidelberg e dos Cânones de Dort, que compõem As Três Formas de Unidade.
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