Confissão Belga - Artigo 6 - A diferença entre os livros canônicos e os apócrifos
Distinguimos estes livros sagrados dos livros apócrifos que são os seguintes: III e IV Esdras, Tobias, Judite, Sabedoria, Eclesiástico, Baruc, os acréscimos ao livro de Ester e Daniel (o cântico de Azarias na fornalha, o cântico dos três jovens na fornalha, a estória de Suzana, Bel e o Dragão), a Oração de Manassés e I e II Macabeus. A Igreja pode ler estes livros e tirar deles instrução, até onde concordarem com os livros canônicos. Mas não têm nenhum poder nem autoridade que possam confirmar pelo seu testemunho qualquer artigo da fé ou da religião cristã; muito menos podem diminuir a autoridade dos livros sagrados.
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Comentário: Como os Cânones foram formados? Primeiro o próprio Deus escreveu as tábuas da lei e veio trazê-las pessoalmente ao seu povo no Sinai. Depois Moisés escreveu os cinco livros que compõem o Pentateuco e expandem os Dez Mandamentos. Mais tarde escreveram Samuel, Davi, Salomão, os profetas reconhecidos pelo povo de Deus. Conforme os livros foram sendo escritos, ao longo dos séculos, o povo de Deus os foi agrupando. Todos os escritos de Moisés, os Salmos, e os Proféticos foram sendo copiados e duplicados por escribas fiéis. Assim foi-se formando o Cânone Sagrado do Antigo Testamento, cuja autoridade foi testificada várias vezes pelo próprio Senhor Jesus, numa delas disse: “São estas as palavras que vos disse estando ainda convosco: Que convinha que se cumprisse tudo o que de mim estava escrito na lei de Moisés, e nos Profetas e nos Salmos” - (Lucas 24.44). Por isso os livros supracitados pela Confissão Belga em seu artigo 6 são considerados apócrifos, não inspirados e não fazem parte do Cânone do Antigo Testamento, porque não foram reconhecidos pelo povo de Deus. A composição do Cânone do Novo Testamento foi igual ao do Antigo. Ele foi sendo composto ao longo dos primeiros séculos do cristianismo, sendo todos os livros de autoria apostólica e homens que conheceram e conviveram com o Senhor Jesus, com exceção de Paulo e Lucas. O apóstolo Pedro disse: “Porque não vos fizemos saber a virtude e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, seguindo fábulas artificialmente compostas; mas nós mesmos vimos a sua majestade. Porquanto ele recebeu de Deus Pai honra e glória, quando da magnífica glória lhe foi dirigida a seguinte voz: Este é o meu Filho amado, em quem me tenho comprazido. E ouvimos esta voz dirigida do céu, estando nós com ele no monte santo” - (2ª Pedro 1.16-18); o apóstolo João afirmou: “O Que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida ( Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada ); O que vimos e ouvimos, isso vos anunciamos, para que também tenhais comunhão conosco” - (1ª João 1.1-3). O apóstolo Paulo deu muitas provas de que viu a Cristo ressuscitado que lhe conferiu pessoalmente a missão apostólica - “Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo” - (Gálatas 1.11-12). O evangelho que Paulo ensinava não diferia em nada do ensinado pelos outros apóstolos que conviveram com Jesus; “esses, digo, que pareciam ser alguma coisa, nada me comunicaram” - (Gálatas 2.6). A partir do segundo século já circulavam os livros que hoje temos no Novo Testamento, com exceção talvez de alguns, como Hebreus, Tiago, 2ª Pedro, 2ª e 3ª João e Apocalipse, que demoraram um pouco mais de tempo para receber a aprovação geral da Igreja. Mas em 367dC, Atanásio escreveu a primeira lista com todos os 27 livros que completaram o Cânone Sagrado do Novo Testamento, que foi aprovado pelo Sínodo de Hipona em 393dC. Qualquer outro livro que não pertença a esta lista dos 66 deve ser considerado apócrifo, sem qualquer autoridade.
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