A Confissão de Fé Escocesa - Capítulo 17

17º CAPÍTULO

Da Imortalidade das Almas

Os escolhidos, que partiram, estão em paz e descansam de seus trabalhos;1 não que durmam e estejam perdidos no esquecimento, como sustentam alguns fantasistas, mas porque foram libertados de todo medo, de tormentos, e de toda tentação, coisas a que nós e todos os escolhidos de Deus nesta vida estamos sujeitos.2 Por isso a Igreja é chamada Militante. Por outro lado, os réprobos e infiéis falecidos padecem angústia, tormentos e penas inenarráveis.3 Nem estes nem aqueles se encontram em tal sono que os impeça de sentir em que situação estejam, como claramente atestam a parábola de Jesus Cristo em São Lucas 16,4 as suas próprias palavras na cruz ao ladrão5 e o clamor das almas, sob o altar:6 "Senhor, que és justo e imparcial, até quando deixarás sem vingança o nosso sangue entre os habitantes da terra?".

1. Ap 14:13.
2. Is 25:8; Ap 7:14-17; 21:4.
3. Ap 16:10-11; Is 66:24; Mc 9:44,46,48.
4. Lc 16:23-26.
5. Lc 23:43.
6. Ap 6:9-10.
----------------------------------------------------------------------
Comentário: A Bíblia nada fala sobre algum tempo de inconsciência depois da morte do corpo. O próprio texto, geralmente usado para dizer que as almas dos crentes ficam como que adormecidas aguardando o dia do Juízo, sim, esse mesmo texto revela que estão bem despertas. Não diz que as almas estão ali dormindo, ao contrário, estão muito conscientes, e até clamam por aquele dia em que Deus julgará toda a humanidade. “Sob o altar” é apenas uma expressão que significa que estão na presença de Deus. Quando estavam na Igreja militante, aqui na terra, estavam “sobre o altar”, como sacrifícios vivos serviram a Deus. Agora, no céu estão “sob o altar” aguardando sua recompensa (Apocalipse 6.9-11). Apenas uma forma de dizer que esses santos estão esperando o dia final, quando tudo será consumado, quando todas as coisas e pessoas estarão em seus devidos e definitivos lugares. Obviamente que todos os crentes militantes que chegam ao fim da sua carreira, são recolhidos no descanso eterno, onde estão todos os santos de todos os tempos, aguardando a inauguração da “terra-céu”, onde Deus estará no meio deles para sempre. Assim está escrito: “E vi um novo céu, e uma nova terra. Porque já o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe.2 E eu, João, vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que de Deus descia do céu, adereçada como uma esposa ataviada para o seu marido.3 E ouvi uma grande voz do céu, que dizia: Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e o mesmo Deus estará com eles, e será o seu Deus” (Apocalipse 21.1-3). Igualmente os descrentes ou réprobos, para sua tristeza, estarão muito conscientes após deixarem este mundo, onde viveram em desobediência e incredulidade. Obviamente que esses começarão a sofrer a indescritível, interminável e ininterrupta pena pelos seus pecados.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Salmos Metrificados na Melodia Genebrina - I

"Segunda Confissão de Fé Helvética" - A História

Os Cânones de Dort Comentados