A Confissão de Fé Escocesa - Capítulo 8
8º
CAPÍTULO
A
Eleição
O
mesmo eterno Deus e Pai, que somente pela graça nos escolheu em seu
Filho, Jesus Cristo, antes que fossem lançados os fundamentos do
mundo,1
designou-o para ser nosso chefe,2
nosso irmão,3
nosso pastor e o grande bispo de nossas almas.4
Mas, visto que a inimizade entre a justiça de Deus e os nossos
pecados era tal que nenhuma carne por si mesma poderia ter chegado a
Deus,5
foi preciso que o Filho de Deus descesse até nós e assumisse o
corpo de nosso corpo, a carne de nossa carne e o osso de nossos
ossos, para que se tornasse o perfeito Mediador entre Deus e o
homem,6
dando a todos os que creem em Deus o poder de se tornarem filhos de
Deus,7
como ele mesmo diz: "Subo para o meu Pai e vosso Pai, para o meu
Deus e vosso Deus".8
Por meio desta santíssima fraternidade, tudo o que perdemos em Adão
nos é de novo restituído,9
e por isso não tememos chamar a Deus nosso Pai,10
não tanto por nos ter ele criado - o que temos em comum com os
próprios réprobos -11
como por nos ter dado o seu Filho unigênito para ser nosso irmão,12
e por nos ter concedido graça para reconhecê-lo e abraçá-lo como
nosso único Mediador, como ficou dito acima.
Além
disso, era preciso que o Messias e Redentor fosse verdadeiro Deus e
verdadeiro homem, porque ele seria capaz de suportar o castigo devido
a nossas transgressões e apresentar-se ante o juízo de seu Pai,
como em nosso lugar, para sofrer por nossa transgressão e
desobediência,13
e, pela morte, vencer o autor da morte. Mas, porque a Divindade, só,
não podia sofrer a morte,14
nem a humanidade podia vencê-la, ele uniu as duas numa só pessoa, a
fim de que a fraqueza de uma pudesse sofrer e sujeitar-se à morte
que nós merecíamos - e o poder infinito e invencível da outra,
isto é, da Divindade, pudesse triunfar e preparar-nos a vida, a
liberdade e a vitória perpétua.15
Assim confessamos e cremos sem nenhuma dúvida.
1.
Ef 1:11; Mt 25:34.
2.
Ef 1:22-23.
3.
Hb 2:7-8, 11-12; Sl 22:22.
4.
Hb 13:20; 1Pd 2:24; 5:4.
5.
Sl 130:3; 143:2.
6.
1Tm 2:5.
7.
Jo 1:12.
8.
Jo 20:17.
9.
Rm 5:17-19.
10.
Rm 8:15; Gl 4:5-6.
11.
At 17:26.
12.
Hb 2:11-12.
13.
1Pd 3:18; Is 53:8.
14.
At 2:24.
15.
Jo 1:2; At 20:20; 1Tm 3:16; Jo 3:16.
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Comentário:
Fomos eleitos para ser
salvos em Cristo. Desde a eternidade Deus elegeu Seu Filho para ser o
Redentor do povo eleito e elegeu a cada membro desse povo eleito,
desde Adão até o último homem redimido antes do retorno de Cristo,
no final da história da humanidade. Não
há ninguém dentre esse povo que não haja sido escolhido antes da
fundação do mundo, e no final da história não haverá nenhum
eleito fora desta grande nação. Toda eleição implica uma escolha
e uma rejeição. Assim Deus, em sua infinita sabedoria, santidade e
glória o fez. Entre todos os homens que nasceriam neste mundo, certo
número deles pertenceria ao povo eleito, salvo pelo Redentor, outros
seriam deixados sem redenção, igualmente os anjos que caíram em
rebelião. Após a
queda de Adão,
Deus estende a destra da sua misericórdia aos seus eleitos e lhes
oferece perdão e reconciliação, enquanto que aos demais ele oculta
sua face e os abandona em seus pecados. Essa
doutrina envolve grande mistério, mas a Bíblia no-la expõe nesses
termos. O Filho Eterno
encarnou-se e assumiu nossa culpa e nos resgatou da maldição e
morte eternas. Recebeu sobre si a pena a nós devida e imputou-nos
sua justiça e santidade. Sendo homem-Deus venceu todos os nossos
inimigos – satanás, o pecado, a morte e o inferno, e nos deu nova
vida. Ser cristão é o maior de todos os privilégios deste mundo.
Ser cristão é pertencer ao povo mais bem-aventurado e feliz do
mundo. Ser cristão é
encontrar o sentido da vida.
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