"Segunda Confissão de Fé Helvética" 21. Da Santa Ceia do Senhor (III)

Cristo recebido pela fé.  E como devemos, pelo comer, receber alimento em nossos corpos para que ele atue em nós e prove a sua eficácia em nós - visto que ele não é de comum proveito quando retido fora de nós - assim é necessário que recebamos Cristo pela fé, para que ele se torne nosso e viva em nós e nós nele. Pois, ele diz: “Eu sou o pão da vida; o que vem a mim, jamais terá fome; e o que crê em mim, jamais terá sede” (João 6.35); e também: “Quem de mim se alimenta, por mim viverá... permanece em mim e eu nele” (vs. 57, 56). 
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Alimento espiritual. De tudo isto, fica claro que por alimento espiritual não queremos dizer algum alimento imaginário que não se sabe bem o que seja mas o próprio corpo do Senhor dado por nós, que entretanto é recebido pelos fiéis não corpórea, mas espiritualmente pela fé. Nesta questão seguimos o ensino do próprio Salvador, Cristo o Senhor, segundo João, cap. 6 
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Tudo na vida cristã é recebido pela fé. Tudo começa com Cristo que é recebido pela fé, mas é fé em coisas palpáveis, quero dizer que o Cristianismo não é uma lenda como alguns querem propor; nem uma superstição. Também não se fala de algo que ocorreu nalgum lugar qualquer e que teve uma única pessoa por testemunha. Não. Nossa fé tem história e está encravada na história secular. Não há como estudar uma sem tocar noutra. Quando os apóstolos escreveram eles falaram de coisas que viram, ouviram, tocaram. Eles foram testemunhas oculares do cumprimento de centenas de profecias e promessas de Deus. Quando falamos da Santa Ceia lembramos várias figuras do Antigo Testamento. Mas duas delas nos falam mais de perto – a Páscoa e o Maná. Relembramos a Páscoa instituída no Egito e incorporada pelas leis cerimoniais em Israel. Ela apontava para o Messias, que daria sua vida para nos salvar. Por centenas de anos o antigo povo de Deus sacrificou o cordeiro da Páscoa crendo que um dia viria o verdadeiro Cordeiro de Deus. Ele veio. Ele próprio quando veio disse também ser o Pão do céu tipificado pelo Maná que caiu no deserto por quarenta anos, o maior e mais longo milagre de toda a História, que alimentou fisicamente um povo de mais de um milhão de pessoas por quatro décadas. Tudo isto é história. Quando tomamos o pão da Santa Ceia aquelas figuras históricas vêm à nossa memória, lembrando-nos que isto não é superstição, mas real. Cristo é real, sua carne e sangue são reais, foram de fato dados a nós e por nós. Isto é comer e beber com fé. Não há qualquer necessidade dos elementos serem transubstanciados. Basta-nos a memória daqueles fatos reais. Amém.

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