"Segunda Confissão de Fé Helvética" 19. Dos sacramentos e da Igreja de Cristo (VI)

As seitas. Portanto, não podemos absolutamente aprovar os que atribuem a santificação dos sacramentos a não sei que propriedades e fórmulas ou ao poder de palavras pronunciadas por alguém que é consagrado e o que tem a intenção de consagrar, ou por outros acidentes quaisquer, que nem Cristo nem os apóstolos nos entregaram por palavras ou exemplo. Nem aprovamos tampouco a doutrina daqueles que falam dos sacramentos apenas como sinais comuns, não santificados nem eficazes. Nem aprovamos os que desprezam o aspecto visível dos sacramentos por causa do invisível, e assim creem que os sinais são supérfluos porque pensam que já gozam as próprias coisas significados, como dizem que os messalianos sustentavam. 
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A coisa significada não está incluída nos sacramentos nem a eles ligada. Não aprovamos a doutrina daqueles que ensinam que a graça e as coisas significadas estão de tal modo ligadas aos sinais e neles incluídas que, todos aqueles que participarem externamente dos sinais, não importando que espécie de pessoas sejam, são também interiormente participantes da graça e das coisas significados. No entanto, como não julgamos o valor dos sacramentos pela dignidade ou indignidade dos ministros, assim também não os avaliamos pela condição daqueles que os recebem. Pois, sabemos que o valor dos sacramentos depende da fé e da veracidade e exclusiva bondade de Deus. Assim como a Palavra de Deus permanece a verdadeira Palavra de Deus que, em sendo pregada, não são meras palavras repetidas, mas ao mesmo tempo, as coisas significadas ou anunciadas em palavras são oferecidas por Deus, embora os ímpios e incrédulos as ouçam e compreendam, contudo não aproveitam as coisas significadas, porque não as recebem pela verdadeira fé, assim os sacramentos, que pela Palavra consistem de sinais e de coisas significadas, continuam sendo sacramentos verdadeiros e invioláveis, significando não somente coisas sagradas mas, pelo oferecimento de Deus, as próprias coisas significadas, embora os incrédulos não percebam as coisas oferecidas. Neste caso, a culpa não é de Deus que as dá e as oferece, mas dos homens que as recebem sem fé e de modo ilegítimo, cuja incredulidade, porém, não invalida a fidelidade de Deus (Rom. 3.3 ss). 
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O fim para o qual os sacramentos foram instituídos. Desde que o fim para o qual os sacramentos foram instituídos foi também explanado, de passagem, quando logo no começo de nossa exposição se mostrou o que eles são, não há necessidade de se fazer a repetição molesta daquilo que já foi dito. Consequentemente, portanto, falaremos agora, separadamente, dos sacramentos do novo povo. 
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Erram os dois extremos, tanto aqueles que atribuem aos sacramentos um poder supersticioso, como aqueles que não os veem mais do que meros sinais exteriores que não fazem qualquer diferença deles participarem. Nem uma coisa e nem outra. Os sacramentos são sinais da Aliança de Deus com seu povo. Eles não dizem respeito aos ímpios e infiéis. Quando o crente em Deus recebe os sacramentos, recebe juntamente com eles aquela bênção de Deus pronunciada sobre essas ordenanças, mas se o infiel receber os sacramentos, não terá nenhuma bênção ou proveito espiritual. Ao contrário, pode sim ser amaldiçoado Deus por irreverência e profanação. O apóstolo Paulo adverte sobre essa questão: “Porque o que come e bebe indignamente, come e bebe para sua própria condenação” – (1ª Coríntios 11.29). Embora não haja nada de especial nos elementos físicos e nem no ministrante, há contudo, uma comunhão íntima com Cristo, porque ele está presente de uma maneira especial naquela hora em que celebramos a sua vitória e o nosso resgate do pecado, e a completa reversão da queda. 

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