"Segunda Confissão de Fé Helvética" 19. Dos sacramentos e da Igreja de Cristo (III)
A essência
ou coisa principal nos sacramentos. Mas, a
coisa principal que Deus propõe em todos os sacramentos e para a qual todos os
piedosos de todos os tempos voltam a atenção que outros chamam substância e
matéria nos sacramentos é Cristo o Salvador, o sacrifício único, o Cordeiro de
Deus morto desde a fundação do mundo, a rocha, também, da qual todos os nossos
pais beberam, por quem todos os eleitos são circuncidados não por mãos, pelo
Espírito Santo, e são lavados de todos os seus pecados e alimentados com o
próprio corpo e sangue de Cristo para a vida eterna.
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Semelhança
e diferença dos sacramentos do velho e do novo povo de Deus. Com respeito ao que é o principal e
a própria matéria, os sacramentos de ambos os povos são iguais. Pois Cristo, o
único Salvador e Mediador dos fiéis, é o principal elemento e a própria
substância dos sacramentos em ambos; porquanto o mesmo Deus é o autor dos dois
sacramentos.
Eles foram
dados aos dois povos como sinais e selos da graça e das promessas de Deus, para
que tragam à mente e renovem a lembrança dos grandíssimos benefícios de Deus e
para que distinguissem os fiéis de todas as outras religiões do mundo;
finalmente, para que fossem recebidos espiritualmente pela fé e ligassem à
Igreja os participantes, e os lembrassem dos seus deveres. Nesses e em outros
pontos semelhantes digo que os sacramentos de ambos os povos não são diferentes
como parecem, embora exteriormente o sejam. E, na verdade. No que diz respeito
aos sinais, fazemos uma maior distinção. Os nossos são mais firmes e mais
duradouros, visto que nunca serão mudados até o fim do mundo. Mais ainda, os
nossos testificam que tanto a substância como a promessa foram cumpridas ou
consumadas em Cristo; os anteriores significavam o que estava para ser
cumprido. Os nossos são também, mais simples e menos complicados, menos pomposos
e menos envolvidos com cerimônias. E ainda mais, pertencem a um povo mais
numeroso, disperso por toda a face da terra. E, porque são mais excelentes e
pelo Espírito Santo despertam maior fé, resultam ainda, em maior abundância do
Espírito.
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Nossos sacramentos
sucedem aos antigos, que foram abolidos. Certamente, visto que Cristo, o verdadeiro Messias, nos é apresentado e
a abundância da graça é derramada sobre o povo do Novo Testamento, os
sacramentos do velho povo de Deus foram abolidos e cessaram; e em seu lugar
colocaram-se os símbolos do Novo Testamento - o Batismo em lugar da
Circuncisão, a Ceia do Senhor em lugar do Cordeiro Pascal e dos sacrifícios.
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O lado
principal dos sacramentos está naquilo que eles representam ou sua essência espiritual. Todos os sacramentos, tanto
os antigos – circuncisão e páscoa, quanto os novos – batismo e santa ceia, têm
a função de representar uma única realidade: somos o povo de Deus, em Cristo
Jesus, redimidos pelo seu sangue, alimentados pela sua carne, e trazemos o selo
do Espírito, que nos distingue dos ímpios e incrédulos. Os sacramentos apontam
todos para esse fato glorioso: somos o povo eleito, separado do restante da
humanidade. Os sacramentos representam a nossa unidade com Deus em Cristo. Também
são os selos da graça e das promessas de Deus, portanto, mesmo sendo exteriormente
diferentes na Antiga Aliança, do que são na Nova Aliança, seus significados
continuam os mesmos. E devemos observar também que assim como a Nova Aliança é
superior a Antiga, da mesma forma os sacramentos de hoje são muito superiores
do que os antigos. Os sacramentos que o Senhor Jesus instituiu em lugar dos
antigos, são mais duradouros, pois são para até o fim dos tempos. Além disso,
eles são menos complicados e mais abrangentes. Os antigos eram cercados de
cerimoniais, e diziam respeito ao Israel terreno; os novos são despidos dos
cerimoniais e também derramamento de sangue, e pertencem não apenas aos judeus mas
também aos gentios de todas as nações da terra.
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