"Segunda Confissão de Fé Helvética" 19. Dos sacramentos e da Igreja de Cristo (II)

O autor dos sacramentos. O autor de todos os sacramentos não é nenhum homem, mas Deus somente. Os homens não podem instituir sacramentos. Estes fazem parte do culto de Deus. E não é da competência do homem estabelecer e prescrever o culto de Deus, mas receber e preservar o que por Deus foi entregue. Além disso, os símbolos têm juntas as promessas que requerem fé. E a fé se apoia exclusivamente na Palavra de Deus; e a Palavra de Deus assemelha-se a escritos ou cartas, e os sacramentos a selos, que somente Deus coloca nas cartas. 
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Cristo ainda opera nos sacramentos. E sendo Deus o autor dos sacramentos, assim ele continuamente opera na Igreja, em que os sacramentos são devidamente celebrados; de modo que os fiéis, quando recebem dos ministros os sacramentos, reconhecem que Deus opera em sua própria instituição, e portanto, recebem os sacramentos como da mão do próprio Deus; e os defeitos do ministro (ainda que sejam muito grandes) não podem prejudicá-lo, se eles reconhecem que a integridade dos sacramentos depende da instituição do Senhor. 
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Deve-se distinguir entre o autor e o ministro dos sacramentos. Por conseguinte, na administração dos sacramentos distinguem eles, também claramente, entre o Senhor mesmo e o ministro do Senhor, confessando que a substância dos sacramentos lhes é dada pelo próprio Senhor e os símbolos pelos ministros do Senhor. 
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Deus deixou muito claro em sua Palavra que ele mesmo é quem diz como o homem deve cultuá-lo, quais são os atos do culto, os elementos que deveriam ser usados, enfim como o homem deve apresentar-se diante dele. Assim, está claro também que o próprio Deus estabeleceu a Aliança conosco e determinou quais seriam seus selos exteriores, quais sejam os sacramentos com seus devidos elementos físicos. É Deus quem vê os sinais externos e lembra-se das suas maravilhosas promessas. Então obviamente ninguém pode tirar e nem acrescentar aos sacramentos. Desde o Antigo Testamento, Deus instituiu a circuncisão, ainda na época dos patriarcas. Esse era o principal selo ou sinal exterior que cada membro da Aliança deveria trazer sobre si. Há que se entender que Deus instituiu os sacramentos e quando os recebemos Deus mesmo opera em nós. Devemos fazer separação entre o Deus da Aliança que nos promete suas bênçãos através dos sacramentos, dos ministros de Deus que os ministram. Assim, independentemente da condição do ministro, somos abençoados pelo Espírito de Deus que assiste e opera nos sacramentos. Também devemos evitar a superstição de supor que haja algum poder inerente aos elementos físicos, como a água, o pão ou o vinho. Não há nada de especial nos elementos e tampouco no ministro, mas na graça que Espírito de Deus nos concede através do ato sacramental. Toda vez que recebemos o pão e o vinho, por exemplo, não há nada de especial nesses elementos, nem no ministrante, mas naquele momento Deus ministra a nós e nos alimenta a alma. 

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