"Segunda Confissão de Fé Helvética" 17. Da Igreja de Deus, santa e católica, e do único Cabeça da Igreja (VI)

A Igreja não está limitada aos seus sinais.  Entretanto, pelos sinais acima mencionados, não restringimos a Igreja ao ponto de ensinarmos que estão fora dela todos aqueles que ou não participam dos sacramentos, pelo menos não voluntariamente ou por desprezo, mas antes, forçados pela necessidade, involuntariamente se abstêm deles ou deles são privados, ou em quem a fé algumas vezes falha, embora não seja inteiramente extinta e não cesse de todo; ou em quem se encontram as imperfeições e erros devidos à fraqueza. Sabemos que Deus teve alguns amigos no mundo fora da comunidade de Israel. Sabemos do que aconteceu ao povo de Deus no cativeiro da Babilônia, onde foram privados dos seus sacrifícios por setenta anos. Sabemos o que aconteceu a São Pedro, que negou o Mestre, e o que costuma acontecer diariamente aos eleitos de Deus e às pessoas fiéis que se desviam e são fracas. Sabemos, mais, que tipos de igrejas eram as existentes na Galácia e em Corinto nos dias dos apóstolos, nas quais o apóstolo encontrou muitos e sérios pecados; apesar disso ele as chama santas igrejas de Cristo (1ª Cor. 1.2; Gál. 1.2).
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A Igreja às vezes parece estar extinta. Sim, muitas vezes acontece que Deus, em seu justo juízo, permite que a verdade da sua Palavra, a fé católica e o culto verdadeiro de Deus sejam de tal forma obscurecidos e deformados, que a Igreja parece quase extinta e não mais existir, como vemos ter acontecido nos dias de Elias (1º Reis 19.10, 14), e em outras ocasiões. Não obstante, Deus tem, neste mundo e nestas trevas, os seus verdadeiros adoradores, que não são poucos, chegando mesmo a sete mil e mais (1º Reis 19.18, Apoc. 7.4, 9). Pois o apóstolo exclama: “O firme fundamento de Deus permanece, tendo este selo, ‘O Senhor conhece os que lhe pertencem’”, etc. (2ª Tim. 2.19). Vem daí que pode a Igreja de Deus ser designada invisível; não que os homens dos quais ela é formada sejam invisíveis, mas porque, estando oculta de nossos olhos e sendo conhecida só de Deus, ela às vezes secretamente foge ao juízo humano.
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A Igreja de Cristo aqui na terra, de forma nenhuma é perfeita em todos os sentidos. Moramos num mundo caído, num corpo caído e estamos cercados de fraquezas por todos os lados. O evangelho recebe muito mais oposição do que aceitação. O inferno concentra toda sua artilharia contra os filhos de Deus, mobiliza todos os demônios e todos os homens maus para perseguir, fazer oposição, tentando neutralizar ou paralisar a marcha da Igreja. Então, muitas vezes, em muitas ocasiões, o povo de Deus se encontra fraco, humilhado, oprimido. Nunca, porém desamparado e desanimado. Como disse o apóstolo: “Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos” - 2ª Coríntios 4.8-9. Outras vezes a Igreja luta com erros doutrinários no seu meio, ou falsos ensinos, ou impurezas morais e divisões. Mas Cristo está edificando a Sua Igreja e nada neste mundo o impedirá.

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