"Segunda Confissão de Fé Helvética" 17. Da Igreja de Deus, santa e católica, e do único Cabeça da Igreja (V)
Marcas ou
sinais da verdadeira Igreja. Ademais, visto que não reconhecemos nenhum
outro chefe da Igreja a não ser Cristo, de igual modo não reconhecemos como a
verdadeira Igreja qualquer Igreja que se vangloria de o ser; ensinamos, no
entanto, que a verdadeira Igreja é aquela em que se encontram as marcas ou
sinais da verdadeira Igreja, principalmente a legítima e sincera pregação da
palavra de Deus como nos foi deixada nos escritos dos profetas e apóstolos, que
nos conduzem todos nós a Cristo, que no Evangelho disse: “As minhas ovelhas
ouvem a minha voz; eu as conheço, e elas me seguem. Eu lhes dou a vida
eterna... De modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele porque não
conhecem a voz dos estranhos” (João 10.5, 27, 28).
E aqueles
que são assim na Igreja de Deus têm uma fé e um espírito; e por isso adoram o
único Deus e só a ele cultuam em espírito e verdade, só a ele amando de todo o
coração e de todas as suas forças, só a ele orando por meio de Jesus Cristo, o
único Mediador e Intercessor; e não buscam nenhuma justiça e vida fora de Cristo
e da fé nele. Pelo fato de reconhecerem a Cristo como o único chefe e
fundamento de sua Igreja, apoiando-se nele, renovam-se diariamente pelo
arrependimento e, com paciência, carregam a cruz imposta a eles. Além disso,
congregados juntos com todos os membros de Cristo por um amor não fingido
revelam que são discípulos de Cristo perseverando no vínculo da paz e da santa
unidade. Ao mesmo tempo participam dos sacramentos instituídos por Cristo e a
nós entregues pelos seus apóstolos, não os usando de nenhuma outra maneira a
não ser como os receberam do próprio Senhor. Aquela palavra do apóstolo São
Paulo é bem conhecida de todos: “Porque eu recebi do Senhor o que também vos
entreguei” (1ª Cor. 11.23 ss). Por causa disso, condenamos como alienadas da
verdadeira Igreja de Cristo todas aquelas igrejas que não são como ouvimos que
devem ser, a despeito do muito que se jactam de uma sucessão de bispos, de
unidade e de antiguidade. Além do mais, temos a advertência dos apóstolos de
Cristo, para que fujamos da idolatria e de Babilônia (1ª Cor. 10.14; 1ª João
5.21), e não tenhamos parte com ela se não queremos ser participantes das
pragas de Deus (Apoc. 18.4; 2ª Cor. 6.17).
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Fora da
Igreja de Deus não há salvação. Consideramos a comunhão com a verdadeira
Igreja de Cristo coisa tão elevada que negamos que possa viver perante Deus
aqueles que não estiverem em comunhão com a verdadeira Igreja de Deus, mas dela
se separam. Pois, como não havia salvação fora da arca de Noé, quando o mundo
perecia no dilúvio, igualmente cremos que não há salvação certa e segura fora
de Cristo, que se oferece para o bem dos eleitos na Igreja; e por isso
ensinamos que os que querem viver não podem separar-se da Igreja de Cristo.
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A principal característica da Igreja de Cristo é a pregação fiel do
Evangelho, porque sem este ‘falar de Deus’ a igreja não sobrevive. É assim que
as ovelhas são chamadas e atraídas para o Bom Pastor; é assim que elas são
alimentadas, fortalecidas, ensinadas, guiadas, preservadas e encorajadas a
perseverar em sua jornada neste mundo. Quando o verdadeiro evangelho é
proclamado, as ovelhas desgarradas são atraídas, tal palavra gera nelas uma fé
viva e verdadeira que as leva a crer e confiar única e exclusivamente em Jesus Cristo.
Sim, a fé que é dom de Deus, o dom que leva os eleitos à salvação, é uma fé que
os direciona à Cristo. Não é uma ‘fé’ que confunde, que leva aos ídolos, às
imagens, às outros mediadores. Não e não. A fé salvadora, dom especial aos
escolhidos, direciona-os ao Mediador que Deus estabeleceu: Cristo Jesus. Um a
um, o Espírito Santo chama os eleitos e os reúne ao corpo de Cristo, à Igreja, onde
se encontram todos os salvos. Reiteramos que fora da verdadeira Igreja católica
não há salvação, porque todos os santos estão ligados ao Cabeça da Igreja, que
é Cristo Jesus, o Senhor, e nenhum membro do corpo tem vida se estiver
deslocado dele.
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