"Segunda Confissão de Fé Helvética" 15. Da verdadeira justificação dos fiéis (Parte VI)
Tiago comparado com Paulo. Por isso, aqui falamos, não de uma fé
imaginária, vã e inerte ou morta, mas de uma fé viva e vivificante, a qual, por
apreender a Cristo, que é vida e vivifica, é viva e se chama “viva” e se mostra
viva por obras vivas. E assim São Tiago não contradiz coisa alguma nesta nossa
doutrina. É que ele fala de uma fé vã e morta, da qual alguns se vangloriavam,
mas que não tinham Cristo vivendo neles pela fé (Tiago 2.14 ss). São Tiago
disse que as obras justificam, contudo sem contradizer o apóstolo (do contrário
ele teria de ser rejeitado), mas mostrando que Abraão provou sua fé viva e
justificadora pelas obras. É isso o que fazem todos os piedosos, confiados,
porém, só em Cristo e não em suas próprias obras. O apóstolo ainda diz: “Já não
sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim; e esse viver que agora tenho na
carne, vivo pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por
mim. Não anulo a graça de Deus; pois, se a justiça é mediante a lei, segue-se
que morre Cristo em vão”, etc. (Gál 2.20).
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Obviamente que quando Tiago disse que a fé sem
obras é morta, não tinha em mente uma justificação por meio de boas obras,
muito pelo contrário, pois não há qualquer discordância entre o apóstolo Paulo
e Tiago, mas sim uma perfeita complementação. O ponto de Tiago é que a
verdadeira fé é viva e operante, portanto, produz resultados transformadores na
vida do crente. Aliás ela pode ser vista pelas mudanças que opera no seu
comportamento. Tiago insiste no ponto que a fé dos salvos é uma fé distinta da
fé professada pelos ímpios, a qual ele compara com a crença dos demônios – “Tu crês que há um só Deus;
fazes bem. Também os demônios o creem, e estremecem” - Tiago 2.19. Esses seres caídos também creem na existência de Deus e o temem, mas isso
não os ajuda em nada. Tiago insiste que muitos são os que professam o
cristianismo, cuja profissão de fé não é acompanhada por obras que a comprovem.
Tiago e Paulo, ambos escreveram sob inspiração do Espírito Santo e por isso
nunca poderia haver contradições entre seus escritos, e não há. Paulo enfatiza
a salvação exclusivamente pela fé, enquanto Tiago diz que a fé salvífica é
operante, e que portanto, devemos mostrar nossa fé pelas obras que ela produz.
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