"Segunda Confissão de Fé Helvética" 15. Da verdadeira justificação dos fiéis (Parte V)
Recebemos
Cristo pela fé. Além disso, o Senhor mostra sobejamente que
recebemos Cristo pela fé, em João, cap. 6, onde ele usa comer por crer, e crer
por comer. Pois, como é comendo que recebemos o alimento, assim é crendo que
participamos de Cristo. A justificação não é atribuída parcialmente a Cristo ou
à fé, e parcialmente a nós. Por conseguinte, não compartilhamos do benefício da
justificação em parte por causa da graça de Deus ou de Cristo, e em parte por causa
de nós mesmos, de nosso amor, de nossas obras ou de nosso mérito, mas
atribuímo-lo totalmente à graça de Deus em Cristo pela fé. Mas também nosso
amor e nossas obras não poderiam agradar a Deus, sendo realizados por homens
injustos: por isso, é necessário que sejamos justos antes que possamos amar ou
praticar obras justas. Somos feitos verdadeiramente justos, como dissemos, pela
fé em Cristo, só pela graça de Deus, que não nos imputa os nossos pecados, mas
a justiça de Cristo, e por isso, ele nos imputa a fé em Cristo como justiça.
Ademais, o apóstolo mui claramente deriva da fé o amor, quando diz: “Ora, o
intuito da presente admoestação visa o amor que procede de coração puro e de
consciência boa e de fé sem hipocrisia” (Iª Tim 1.5).
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Como já vimos o homem natural, morto em seu pecado é uma arvore má
e jamais poderia produzir um fruto bom, alguma boa obra. Isto é jamais poderia gerar
de si mesmo uma obra que fosse incontaminada. O Senhor declara que nele só há
corrupção – “E viu
o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a
imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente” - Gênesis
6.5.
Portanto se um homem tiver que ser salvo terá que ser feita nele uma obra
completa. A salvação não é meio resgate, mas um resgate completo. Atribuir a
salvação do pecador parcialmente a Cristo e parcialmente ao próprio pecador é o
mesmo que dizer que Cristo efetuou meia salvação. Mas não é o que a Palavra nos
diz. Jesus Cristo veio aqui para “salvar o que estava perdido”, “salvar o seu
povo dos seus pecados”. Em nenhum momento diz que Ele veio tornar possível uma
salvação àqueles que estavam perdidos, nem tornar possível a salvação ao seu
povo eleito, deixando assim uma parte para eles fazerem. Aos ossos secos nada
valeria um anúncio de que a ressurreição e a vida estavam à sua disposição e
era uma possibilidade para eles. De nada adiantaria o profeta gritar à eles: “Esforcem-se!
Vocês conseguem”. Por isso Deus disse: “Assim diz o Senhor DEUS a estes ossos: Eis que farei entrar em
vós o espírito, e vivereis” - Ezequiel 37.5. Se não tivesse o “Eu farei” de Deus os ossos
continuariam sendo apenas um monte de ossos secos, sem vida. O pecador está
morto e não há nada que ele possa fazer para salvar-se a si mesmo e para ajudar
no processo da justificação e regeneração. Isso é obra de Deus, cem por cento.
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