"Segunda Confissão de Fé Helvética" 15. Da verdadeira justificação dos fiéis

Que é justificação?  Segundo o apóstolo no seu tratamento da justificação, justificar significa “perdoar pecados”, “absolver de culpa e castigo”, “receber em graça” e “declarar justo”. Em sua Epístola aos Romanos o apóstolo diz: “É Deus quem os justifica. Quem os condenará?” (Rom 8.33). Justificar e condenar são termos opostos. E nos Atos dos Apóstolos o apóstolo diz: “Tomai, pois, irmãos, conhecimento de que se vos anuncia remissão de pecados por intermédio deste; e por meio dele todo o que crê é justificado de todas as cousas das quais vós não pudestes ser justificados pela lei de Moisés” (At 13.38 ss). Na Lei, assim como nos Profetas, lemos: “Em havendo contenda entre alguns, e vierem a juízo, os juízes os julgarão, justificando ao justo e condenando ao culpado” (Deut 25.1). E em Is. cap. 5: “Ai dos que... por suborno justificam o perverso”. 
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Justificação, como a própria palavra diz é declarar alguém sem culpa, isentá-lo de uma dívida. Não que a culpa ou a sua dívida desapareça, mas ela não é levada em conta. A justificação é um decreto de Deus, um ato judicial do Grande Juiz, que isenta o pecador de seu pecado e sua culpa. Não considera o réu inocente, mas o isenta da sua dívida, declarando-a quitada para com Deus. Na justificação o que muda não é o caráter do réu, mas a sua condição diante de Deus. É um ato solene, de caráter forense, um ato soberano da livre vontade de Deus, portanto irreversível – uma vez justificado, para sempre justificado. Se um decreto de um simples rei terreno não pode ser mudado, como vemos no caso de Dario – “Sabe, ó rei, que é lei dos medos e dos persas que nenhum edito ou decreto, que o rei estabeleça, se pode mudar” - Daniel 6.13, que dizer de um decreto do Rei dos reis? Quando o Espírito Santo chama eficazmente um pecador, ato contínuo ele é justificado e jamais decai dessa condição. Como dissemos ele não é tornado justo no sentido que não pecará mais, mas passa a ter uma nova situação diante de Deus. E ainda mais, a justificação não apenas cancela toda a dívida passada, mas também promete perdão para futuros pecados. Quem é justificado não se torna impecável, mas torna-se agradecido e não deseja jamais tornar aos pecados de outrora. De fato um crente em Jesus Cristo prefere morrer a tornar ao seu estado anterior de pecado. Lutará contra o pecado até ao sangue, mas jamais se renderá, pois aprecia o Dom de Deus mais que a própria vida. Então prefere morrer a pecar.

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