"Segunda Confissão de Fé Helvética" 13. Do Evangelho de Jesus Cristo, das promessas, do espírito e da letra (Parte II)

Promessas dúplices. Reconhecemos que duas espécies de promessas foram reveladas aos antigos, como também a nós. Algumas eram de coisas presentes ou terrenas, tais como as promessas da Terra de Canaã e de vitórias, e como, ainda hoje, as promessas do pão quotidiano. Outras eram naquela ocasião, e são ainda agora, de coisas celestiais e eternas, como a graça divina, a remissão de pecados, a vida eterna por meio da fé em Jesus Cristo. 
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Os patriarcas tiveram promessas não só carnais, mas também espirituais. Os antigos não tiveram, em Cristo, apenas promessas externas ou terrenas, mas também espirituais e celestiais. São Pedro diz: “Foi a respeito desta salvação que os profetas indagaram e inquiriram, os quais profetizaram acerca da graça a vós outros destinada” (1ª Ped 1.10). Donde também o apóstolo São Paulo diz: “O Evangelho de Deus... foi... outrora prometido por intermédio dos seus profetas nas Sagradas Escrituras” (Rom 1.2). Por isso é bem claro que os antigos não foram inteiramente destituídos de todo o Evangelho. 
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Sem dúvida alguma quando o testemunho de Deus na terra estava ligado à nação de Israel, havia muitas promessas de bênçãos terrenas. Mas obviamente que as promessas não estavam restritas à terra, tais como saúde, prosperidade e vitória sobre os inimigos. Também tinham as grandes promessas espirituais referentes a redenção das suas almas e a vida eterna. Deus deu a eles preciosas promessas de salvação temporal e eterna. A salvação temporal era necessária à eles como também à igreja de hoje, para a manutenção do testemunho de Deus na terra. Mas as bênçãos mais preciosas nunca foram as materiais e sim as graças de Deus. Tanto para o antigo Israel quanto para o novo Israel de Deus, o melhor não são as conquistas ou riquezas materiais e sim os tesouros espirituais, pois apenas esses últimos perdurarão para a eternidade. Mesmo os crentes que viveram no passado, sob a antiga aliança, contemplaram a pátria celestial e viveram como peregrinos na terra. Essa foi a experiência do próprio rei Davi, que mesmo sendo rei, considerava-se um estrangeiro neste mundo - “Ouve, SENHOR, a minha oração, e inclina os teus ouvidos ao meu clamor; não te cales perante as minhas lágrimas, porque sou um estrangeiro contigo e peregrino, como todos os meus pais” - Salmo 39.12. Nada mais despropositado do que o evangelho da prosperidade financeira pregado hoje, quando o testemunho de Deus não está mais ligado a uma nação terrena e sim a um povo espalhado entre as nações. Tal pregação é falsa, adulterada e produz cristãos mundanos, secularizados, materialistas. A boa nova do evangelho é que Cristo chama os pecadores ao arrependimento e lhes promete um tesouro no céu e não na terra.  

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