"Segunda Confissão de Fé Helvética" 13. Do Evangelho de Jesus Cristo, das promessas, do espírito e da letra

Os antigos tiveram promessas evangélicas. O Evangelho opõe-se à Lei. A Lei opera a ira e anuncia a maldição, enquanto o Evangelho prega a graça e a bênção. São João diz: “Porque a Lei foi dada por intermédio de Moisés; a graça e a verdade vieram por meio de Jesus Cristo” (João 1.17). Não obstante, é perfeitamente certo que aqueles que viveram antes da Lei e sob a Lei não estavam totalmente destituídos do Evangelho. Tinham insignes promessas evangélicas, tais como estas: “A semente da mulher te ferirá a cabeça” (Gên 3.15). “Nela serão benditas todas as nações da terra” (Gên 22.18). “O cetro não se arredará de Judá... até que venha Siló” (Gên 49.10). “O Senhor teu Deus te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos” (Deut 18.15; At 3.22) etc. 
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Não é errado dizer que a Lei está plena do Evangelho e vice versa, pois quando se diz que o Evangelho se opõe à Lei, não quer dizer que anule ou negue a Lei. A Lei e o Evangelho são duas metades da mesma porção. A Lei significa o padrão moral de Deus e está relacionada à sua Justiça. O Evangelho significa o beneplácito de Deus para com o homem pecador incapaz de cumprir o padrão daquela justiça. Por isso se diz que a Lei não salva, apenas mostra a justiça, revela o pecado e, consequentemente, ameaça com a condenação. Não há nada de errado nem de mal na Lei, ao contrário, como disse o apóstolo ela é “santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Rom 7.12). Mesmo na época conhecida como da Lei, encontramos inúmeras promessas evangélicas. De fato desde o Éden encontramos o Evangelho junto com a Lei. Junto com a proibição feita a Adão e Eva para não comerem do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, havia graça de poderem comer de todas as demais árvores do jardim. Até a proibição da árvore da vida só veio após eles terem desobedecido e comido da única árvore que Deus havia proibido que comessem. Quando Adão e Eva traíram Deus, unindo-se ao seu inimigo, o querubim rebelde, a justiça da Lei tinha que ser feita, eles perderam a comunhão com Deus, e consequentemente muitos outros privilégios. Ainda assim, não foram abandonados à sua própria sorte, mas Deus os buscou para salvá-los das consequências trágicas da sua desastrosa escolha. Isso é o Evangelho. Naquele contexto de morte e desolação, Deus lhes falou de um Redentor, da escolha da semente da mulher, cuidou de desfazer a infeliz “amizade” entre a descendência santa e a descendência da serpente. É a obra do Evangelho.  

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