"Segunda Confissão de Fé Helvética" 12. Da lei de Deus (Parte III)
Até que
ponto foi a lei ab-rogada. A Lei de
Deus é, pois, ab-rogada na medida em que ela não mais nos condena, nem opera
ira em nós. Estamos debaixo da graça e não debaixo da Lei. Além disso, Cristo
cumpriu todas as formas da Lei. Daí, vindo o corpo, cessaram as sombras, de
modo que agora em Cristo temos a verdade e toda a plenitude. Contudo, de modo
nenhum rejeitamos por isso a Lei. Lembramo-nos das palavras do Senhor, que
disse: “Não vim para revogar, vim para cumprir” (Mat 5.17). Sabemos que na Lei
nos são ensinados os padrões de virtudes e vícios. Sabemos que a Lei escrita,
quando explicada pelo Evangelho, é útil à Igreja, e que, portanto, sua leitura
não deve ser excluída da Igreja. E, embora a face de Moisés estivesse recoberta
com um véu, no entanto o apóstolo diz que o véu foi retirado e abolido por
Cristo.
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As seitas. Condenamos tudo o que os heréticos,
antigos e modernos, ensinaram contra a Lei.
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O próprio Deus escreveu de próprio punho
um resumo da lei moral em duas tábuas de pedra e veio pessoalmente entrega-la
num encontro marcado com Moisés sobre o Monte Horebe. Tendo Moisés quebrado
aquelas tábuas porque ficou irado com a infidelidade e traição do povo, Deus ordenou
que ele preparasse outras tábuas nas quais novamente o Decálogo foi esculpido.
Depois Deus acrescentou as leis cerimoniais e as leis judiciais, que estiveram
em vigor enquanto o testemunho de Deus na terra estava sobre a nação de Israel.
As leis cerimoniais regulamentavam todo o serviço e atividades religiosas cujos
tipos e figuras apontavam para o Messias, o Redentor. Eram as sombras que
anunciavam a chegada do corpo - “são sombras das coisas futuras, mas o
corpo é de Cristo” - Colossenses 2.17. Quando o Senhor
Jesus veio Ele cumpriu todas aquelas figuras, sendo Ele próprio a essência e realidade
delas. De modo que, depois da morte de Cristo na cruz, qualquer obediência àqueles cerimoniais tornar-se-ia um
retrocesso na obra na redenção, que saiu da era dos tipos e está na era da
realidade. Reconstruir o velho templo, restabelecer o sacerdócio levítico com
os sacrifícios como parecem desejar muitos judeus sinceros, seria uma regressão
no plano da redenção, seria andar para trás. Jesus também cumpriu a lei moral no sentido de
que a obedeceu perfeitamente e o fez por nós, em nosso lugar, por isso dizemos
que Sua obediência é nossa obediência. A lei moral, portanto não foi abolida,
nunca esteve em desuso, nem será substituída, pois se constitui no padrão
moral, absoluto, supremo e eterno de Deus. O evangelho não cancela nem eclipsa
a lei mas ambos estão em tão plena harmonia quanto os atributos de Deus. A lei está
para a justiça de Deus assim como o evangelho está para a misericórdia.
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