Os Cânones de Dort - Capítulos 3 e 4 - Artigo 16
Comentário: Há uma grande e misteriosa diferença entre a queda dos anjos e a dos homens. A queda dos anjos foi total, irremediável e definitiva. De criaturas maravilhosas que eram tornaram-se demônios. Tais criaturas se tornaram tão malévolas quanto poderiam se tornar, ou seja, essencialmente más. Para elas não há resgate, mas já se encontram na condenação eterna. Os homens caíram, mas sua queda foi um pouco diferente. Mesmo caídos, continuam humanos e vivem num mundo caído, porém, assistido pela graça geral de Deus. Assim, os homens naturais, ainda que totalmente depravados, rebeldes e perdidos, não se tornaram tão malignos quanto poderiam tornar-se. Em geral há ainda, digamos, fragmentos da imagem de Deus neles. O pior bandido e malfeitor ainda pode arrepender-se, sentir empatia, apresentar traços de bondade, ainda que muito tênues, mas estão lá. Então quando o Espírito de Deus vem sobre um eleito e a graça soberana nele opera, não acontece algo automático, onde a sua vontade não participa. Ao contrário, a graça de Deus age libertando sua vontade, dissipando as trevas da sua mente, revelando as maravilhas de Cristo - “E até hoje, quando é lido Moisés, o véu está posto sobre o coração deles. Mas, quando se converterem ao Senhor, então o véu se tirará” - 2ª Coríntios 3.15-16. De modo que a obra da conversão, ainda que em alguns casos, seja dramática, contudo é doce e suave como só o Senhor pode e sabe fazer. Contudo, se não fora o novo sopro do Espírito de Deus, fazendo uma nova criação, jamais aquele homem poderia desvencilhar-se da escravidão do pecado e voltar-se para Deus por sua própria iniciativa. Graças, porém a Deus que não nos entregou a nós mesmos! - “Graças a Deus pelo seu dom inefável!” - 2ª Coríntios 9.15.
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