Os Cânones de Dort - Sua História
Jacob Harmenszoon (holandês), que ficou conhecido como Jacobus Arminius (latim), (1560-1609), foi um teólogo e também ministro da Igreja Reformada Holandesa, que se opôs a doutrina da predestinação, conforme Calvino ensinava, e desenvolveu sua própria doutrina, que ficou conhecida depois como arminianismo. Arminius, interpretava a doutrina bíblica da eleição, como sendo condicional, isto é, a oferta divina da salvação, poderia ser ou não, afetada pela vontade livre do homem. Após a morte de Arminius, vitimado pela tuberculose, os adeptos, simpatizantes e defensores de seus ensinos, provocaram grandes distúrbios dentro dos arraiais reformados. Os arminianos, representavam uma espécie de reavivamento das antigas doutrinas semipelagianas, que haviam tanto tempo, perturbado a boa ordem da Igreja cristã. Esses seguidores desses falsos ensinos, compuseram e assinaram em 1610, um documento teológico, chamado Remonstrance, no qual resumiram em cinco pontos a sua rejeição do calvinismo clássico. Por calvinismo, entenda-se a doutrina apostólica e histórica, sobre a salvação pela graça mediante a fé, tudo como um dom de Deus. Foi então, que a Igreja Reformada Holandesa, para resolver a controvérsia arminiana, convocou um concílio, que se reuniu em Dordrecht, entre 13 de Novembro de 1618 e 09 de Maio de 1619, em 154 sessões, onde as ideias arminianas, foram reprovadas e consideradas antibíblicas. Após seis meses de trabalho exaustivo, os teólogos estrangeiros, partiram e os teólogos holandeses permaneceram para 22 sessões adicionais devotadas, em sua maioria, à preparação de uma nova liturgia e ordem eclesiásticas. Nesse concílio, conhecido como o Sínodo de Dort, o arminianismo foi desacreditado, condenado pelo sínodo, e os arminianos foram considerados hereges. Dos teólogos que compuseram esse sínodo, disse um antigo escritor: “Os membros deste sínodo formavam uma constelação dos melhores e mais eruditos teólogos, que já se congregaram num concílio, desde a dispersão dos apóstolos; salvo se excetuarmos a convocação imperial de Nicéia, no quarto século” [Biographia Evangélica II, p. 456]. No Sínodo de Dort, foi escrito um documento, que ficou conhecido como Os Cânones de Dort, que abordam cinco tópicos doutrinários, em 59 artigos: (1) A predestinação divina; (2) A morte de Cristo e a redenção do homem; (3-4) A corrupção do homem e sua conversão a Deus; (5) A perseverança dos santos. As principais ênfases do documento, são as seguintes: Deus elege e reprova, não com base na previsão de fé ou incredulidade, mas por sua vontade soberana; a morte de Cristo, foi suficiente para todos, mas é eficaz somente para os eleitos; mediante a queda, a humanidade ficou totalmente corrompida; a graça de Deus atua eficazmente, para converter os descrentes, embora não o faça por coerção; Deus preserva os crentes, de modo que não podem decair totalmente da graça. Essas declarações, foram resumidas em algumas expressões conhecidas, como “Os Cinco Pontos do Calvinismo”: Depravação total, Eleição incondicional, Expiação limitada, Graça irresistível e Perseverança dos santos, cujas iniciais em inglês formam a palavra “TULIP” – Total depravity – Unconditional election – Limited atonement – Irresistible grace – Perseverance of the saints. Se, os arminianos tivessem prevalecido, e suas doutrinas introduzidas na Igreja de Cristo, uma catástrofe seria inevitável, cujo resultado final seria destruição da doutrina cristã da salvação pela graça. A partir dos Cânones – o caráter incondicional e gracioso da eleição; a expiação de Cristo limitada em seu desígnio e amplitude; a depravação total do homem; a graça irresistível; e a perseverança dos santos – foram todos, em resposta aos cinco artigos da Remonstrance, com a intenção de estabelecer, clara e inequivocamente, o absoluto e gracioso caráter da salvação, que “não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece” (Romanos 9.16).
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