O Catecismo de Heidelberg - Dia do Senhor 40
105.
O que Deus exige no sexto mandamento?
Eu não devo desonrar, odiar, ofender ou matar meu próximo, por mim
mesmo ou através de outros. Isto não posso fazer, nem por
pensamentos, palavras, ou gestos e muito menos por atos. Mas devo
abandonar todo desejo de vingança, não fazer mal a mim mesmo ou, de
propósito, colocar-me em perigo. Por isso as autoridades dispõem
das armas para impedir homicídios.
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O
sexto mandamento exige que honremos o nosso próximo porque ele,
tanto quanto nós, foi criado à imagem e semelhança de Deus. Por
isso o homicídio se constitui num crime inafiançável diante de
Deus - “Quem
derramar o sangue do homem, pelo homem o seu sangue será derramado;
porque Deus fez o homem conforme a sua imagem” (Gênesis
9.6).
Ninguém tem o direito de questionar as leis de Deus nem de avaliar
se elas deveriam ser aplicadas ainda hoje. Quem assim pensa cogita
ser mais sábio que Deus. Não há lei mais justa do que a lei da
restituição: devolver o que se roubou. Como não se pode devolver
uma vida então, deve-se pagar com a própria vida. Porém, apenas as
autoridades legais têm esse poder. Enquanto as autoridades
competentes aplicam as leis e usam suas armas para conter e punir o
mal, individualmente devemos cultivar um espírito manso e perdoador,
jamais nos vingando a nós mesmos e nem mesmo desejando o mal ao
nosso próximo, antes, amando até os nossos inimigos.
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106.
Este mandamento trata somente de matar?
Não, proibindo o homicídio, Deus nos ensina que Ele detesta a raiz
do homicídio, a saber: a inveja, o ódio, a ira e o desejo de
vingança. Ele considera tudo isto homicídio.
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O
assassinato tanto quanto outros pecados, começa no coração. Por
isso mesmo o Senhor Jesus disse que “qualquer
que, sem motivo, se encolerizar contra seu irmão, será réu de
juízo” (Mateus
5.22)
– já
é culpado desse pecado. Porque na verdade Deus vê o coração e o
diagnóstico que Jesus Cristo fez do coração do homem não poderia
ser pior: “Porque
do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos, os
adultérios, as prostituições, os homicídios, Os furtos, a
avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a
blasfêmia, a soberba, a loucura” (Marcos
7.21-22).
Isto quer dizer que mesmo que não houvesse tanta criminalidade e
violência levadas a efeito, ainda assim, aos olhos de Deus, o pecado
estaria patente. Mesmo antes de Caim assassinar seu irmão Abel,
quando ele fazia sua oferta ao altar, seu pecado já estava
descoberto aos olhos de Deus - “Se
bem fizeres, não é certo que serás aceito?” (Gênesis
4.7).
Sua oferta não foi
aceita
porque Caim era do maligno - “Caim,
que era do maligno, e matou a seu irmão” (1ª
João 3.12).
Deus o rejeitou antes mesmo de haver consumado seu pecado. Isso
significa que podemos ser culpados de muitos pecados mesmo não os
tendo levado a efeito. Muitas vezes não levamos a cabo um homicídio,
um adultério, um furto, por medo das consequências, tanto
espirituais quanto físicas, mas o pecado está no coração: o
desejo da vingança, do adultério, a cobiça do que é alheio.
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107.
Mas é suficiente não matar nosso próximo?
Não, porque Deus, condenando a inveja, o ódio e a ira, manda que
amemos nosso próximo como a nós mesmos e mostremos paciência, paz,
mansidão, misericórdia e gentileza para com Ele. Devemos evitar seu
prejuízo, tanto quanto possível, e fazer bem até aos nossos
inimigos.
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Uma
lei não anula outra. O “não matarás”, cujo
sentido é não assassinarás,
não anula o “quem derramar o sangue do homem, pelo homem o seu
sangue será derramado”. Deus
disse ambas as coisas. O
que cabe às autoridades Deus cobrará delas se não o fizerem; o que
cabe a nós, Deus cobrará de nós. E o que Deus quer de nós? Que
amemos nosso próximo, ainda que ele nos odeie e deseje o nosso mal;
que perdoemos o nosso próximo ainda que ele nos tenha feito algum
mal; não apenas que perdoemos, mas que o façamos de todo o coração
e até oremos, abençoemos e façamos o bem a eles - “Se
vires o jumento, daquele que te odeia, caído debaixo da sua carga,
deixarás pois de ajudá-lo? Certamente o ajudarás a levantá-lo”
(Êxodo
23.5);
“Amai
a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que
vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que
sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” (Mateus
5.44).
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