O Catecismo de Heidelberg - Dia do Senhor 30


80. Que diferença há entre a ceia do Senhor e a missa do papa?
A ceia do Senhor nos testemunha que temos completo perdão de todos os nossos pecados, pelo único sacrifício de Jesus Cristo, que Ele mesmo, uma única vez, realizou na cruz; e também que, pelo Espírito Santo, somos incorporados a Cristo, que agora, com seu verdadeiro corpo, não está na terra mas no céu, à direita do Pai e lá quer ser adorado por nós. A missa, porém, ensina que Cristo deve ser sacrificado todo dia, pelos sacerdotes, em favor dos vivos e dos mortos, e que estes, sem a missa, não têm perdão dos pecados pelo sofrimento de Cristo; e ainda que Cristo está corporalmente presente sob a forma de pão e vinho e, por isso, neles deve ser adorado. A missa, então, no fundo, não é outra coisa senão a negação do único sacrifício e sofrimento de Cristo e uma idolatria abominável.
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A missa é uma invenção humana que não tem qualquer respaldo na Palavra de Deus, nem na tradição apostólica. Em lugar algum das Escrituras encontramos que a eucaristia seja uma repetição do sacrifício de Cristo, nem que haja uma incorporação de Cristo nos elementos consagrados, isto é que Cristo esteja fisicamente nos elementos pão e vinho, após serem consagrados. Os sacrifícios repetidos eram feitos na era das sombras, na liturgia cerimonial do Antigo Testamento, que passou. E mesmo aqueles sacrifícios eram apenas tipos do verdadeiro. Hoje, na era cristã, rememoramos o verdadeiro sacrifício feito por Cristo uma única vez. Seu sacrifício foi único, eficaz, suficiente, poderoso, eterno. Jamais será repetido, pois não há necessidade, absolutamente. Se, pão e vinho, usados na eucaristia, fossem transformados em sua substância, haveria no mínimo, um ensino apostólico sobre isso. Não existe esse ensino, porque isso é completo absurdo. Nem mesmo quando o Senhor instituiu a Ceia isso aconteceu, senão tal sinal teria sido descrito pelos escritores sagrados e inspirados. Transubstanciação, consubstanciação são pensamentos humanos. Não é tão difícil entender que quando o Senhor Jesus disse que nos daria sua carne e seu sangue, não estava dizendo que cada discípulo seu deveria literalmente comer sua carne e beber o seu sangue. É muito óbvio que o Senhor estava falando de uma maneira figurada. Isso posto, agora, não podemos fazer como alguns que se ancoram em outro extremo, dizendo que na Ceia do Senhor não há nada além de pão e vinho. Também não é assim. Há muito mais que isso. Conquanto não haja qualquer virtude inerente aos elementos em si, no momento da ceia o Senhor mesmo está conosco e nos abençoa com as bênçãos da sua graça. Naquela hora o Espírito Santo reaviva em nossa memória todos os privilégios que desfrutamos como filhos da Aliança: perdão, adoção, justificação, santificação, glorificação. E nós adoramos, não os elementos da ceia, claro, mas o glorioso Rei em cuja presença estamos. Aquele mesmo que instituiu a ceia e pronunciou a bênção sobre ela.

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81. Quem deve vir a santa ceia?
Aqueles que se aborrecem de si mesmos por causa dos seus pecados, mas confiam que estes lhes foram perdoados por amor de Cristo e que, também, as demais fraquezas são cobertas por seu sofrimento e sua morte; e que desejam, cada vez mais, fortalecer a fé e corrigir-se na vida. Mas os pecadores impenitentes e os hipócritas comem e bebem para sua própria condenação.
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Naturalmente que a Ceia do Senhor é para os arrependidos, humilhados e quebrantados de coração. Só aqueles que reconheceram sua total depravação, sua pecaminosidade e indignidade é que entenderam o sentido da comunhão. Mas eles não param aí, antes confiam plenamente no sacrifício de Cristo para purifica-los e têm profundo desejo de ser cada vez mais santos. Aqueles que têm outras motivações ao aproximar-se da mesa do Senhor, são severamente advertidos pelo apóstolo: fazem-no para sua própria condenação - 1ª Coríntios 11.29.
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82. Podem vir a essa ceia também aqueles que, por sua confissão e vida, se mostram incrédulos e ímpios?
Não, porque assim é profanada a aliança de Deus e é provocada sua ira sobre toda a congregação. Por isso, a igreja cristã tem a obrigação, conforme o mandamento de Cristo e de seus apóstolos, de excluir tais pessoas, pelas chaves do reino dos céus, até que demonstrem arrependimento.
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Aqueles que, ao aproximarem-se da mesa da comunhão, não têm consciência do que estão fazendo ou agem hipocritamente com desdém, ocultam pecados não confessados, muito melhor fariam se não participassem. Ninguém desdenha das coisas santas e fica impune. É digno de morte aquele que profana a Aliança conscientemente. Por isso a Ceia do Senhor precisa ser supervisionada pelo conselho da igreja. E que todos sejam instruídos da importância de participar da mesa do Senhor, das implicações do não participar e do participar irreverentemente.

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