O Catecismo de Heidelberg - Dia do Senhor 27


72. Então, a própria água do batismo é a purificação dos pecados?
Resposta: Não, pois somente o sangue de Jesus Cristo e o Espírito Santo nos purificam de todos os pecados.
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Comentário: Nunca elementos materiais tiveram qualquer poder espiritual, mas apenas apontam para ele e o representam. Assim era com elementos usados na Antiga Aliança [sangue, água, óleo, incenso, fogo] assim é na Nova Aliança. Não há qualquer poder na água do batismo, como não há qualquer poder no pão e no vinho da eucaristia. A água nos remete à lavagem que o Espírito Santo operou em nossas vidas, purificando as nossas almas de toda contaminação do pecado. O crente autêntico não tem mais pecado em sua alma. Apenas seu corpo continua sob os efeitos da queda, mas sua alma foi redimida, liberta - “Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres” (João 8.36).
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73. Por que, então, o Espírito Santo chama o batismo "lavagem da regeneração" e "purificação dos pecados"?
Resposta: É por motivo muito sério que Deus fala assim. Ele nos quer ensinar que nossos pecados são tirados pelo sangue e Espírito de Cristo assim como a sujeira do corpo é tirada por água. E, ainda mais, Ele nos quer assegurar por este divino sinal e garantia que somos lavados espiritualmente dos nossos pecados tão realmente como nosso corpo fica limpo com água.
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Comentário: O selo exterior está intimamente ligado com a correspondência interior. Quem recebe o selo é porque tem a promessa de Deus e Ele nunca falha. Se aquele que foi selado confiar e confessar sua fé no Senhor, estará salvo - “Retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu” (Hebreus 10.23).
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74. As crianças pequenas devem ser batizadas?
Resposta: Devem, sim, porque tanto as crianças como os adultos pertencem à aliança de Deus e à sua Igreja. Também a elas como aos adultos são prometidos, no sangue de Cristo, a salvação do pecado e o Espírito Santo que produz a fé. Por isso, as crianças, pelo batismo como sinal da aliança, devem ser incorporadas à igreja cristã e distinguidas dos filhos dos incrédulos. Na época do Antigo Testamento isto se fazia pela circuncisão. No Novo Testamento foi instituído o batismo, no lugar da circuncisão.
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Comentário: Se entendermos que a antiga circuncisão foi substituída pelo batismo, como de fato foi, então naturalmente que as crianças devem receber agora o batismo. Isto era feito no oitavo dia de vida e indicava que aquele indivíduo era um filho da Aliança e tinha sobre si as promessas do Pacto. A marca divina autentica e diferencia os filhos da Aliança dos demais, revela seu status e mostra sua relação com o verdadeiro Deus. A Igreja do Novo Testamento não é algo totalmente novo no sentido que nada tem a ver com a antiga Igreja. Ao contrário, o apóstolo diz que o tronco é o mesmo, e que nós fomos enxertados onde eles estavam - “E se alguns dos ramos foram quebrados, e tu, sendo zambujeiro, foste enxertado em lugar deles, e feito participante da raiz e da seiva da oliveira, Não te glories contra os ramos; e, se contra eles te gloriares, não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti. Dirás, pois: Os ramos foram quebrados, para que eu fosse enxertado... Porque, se tu foste cortado do natural zambujeiro e, contra a natureza, enxertado na boa oliveira, quanto mais esses, que são naturais, serão enxertados na sua própria oliveira!” (Romanos 11.17-19, 24). Deste modo há uma continuidade da comunidade de Israel, que agora inclui também os gentios. Somos os “filhos de Jafé” habitando nas tendas de Sem - “Portanto, lembrai-vos de que vós noutro tempo éreis gentios na carne... Que naquele tempo estáveis sem Cristo, separados da comunidade de Israel, e estranhos às alianças da promessa, não tendo esperança, e sem Deus no mundo. Mas agora em Cristo Jesus, vós, que antes estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto... Assim que já não sois estrangeiros, nem forasteiros, mas concidadãos dos santos, e da família de Deus” (Efésios 2.11-13, 19). Nós fomos chamados a participar de um povo que já existia, portanto tinha suas leis e tradições. A circuncisão era uma prática desde os primórdios daquele povo. Diga-se de passagem que nunca se ouviu falar de “circuncisão infantil” porque isso seria uma redundância absurda. A circuncisão era feita apenas nas crianças, e eventualmente em algum prosélito, isto é, algum adulto que professava sua fé no Deus de Israel. Assim também o batismo deve ser feito quando criança, e naqueles que professam sua fé no verdadeiro Deus, quando adultos. Então, apenas o selo foi mudado, agora ele não tem derramamento de sangue, mas no mais tudo continua como no passado, tendo sido ainda ampliada, agora também as mulheres recebem o selo, o que não acontecia na Igreja antiga. Deus se dirige às crianças como membros da Aliança da mesma forma que se dirige aos seus pais - “Vós, filhos, sede obedientes a vossos pais no Senhor, porque isto é justo... E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e admoestação do Senhor” (Efésios 6.1, 4). “Vós, filhos” e “Vós, pais” significa que todos são membros da Igreja e todos estão na esfera das promessas - “Porque a promessa vos diz respeito a vós, [e] a vossos filhos...” (Atos 2.39).

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