O Catecismo de Heidelberg - Sua História

O grande movimento religioso do século XVI, conhecido como a Grande Reforma Protestante, que marcou e mudou a história da Igreja, deu origem a muitos escritos, com o objetivo de trazer a Igreja de volta às Escrituras, entre eles estão as declarações doutrinárias - as confissões de fé e os catecismos. E um dos mais extraordinários desses documentos escritos naquele período foi o famoso Catecismo de Heidelberg - o mais importante documento confessional da Igreja Reformada Alemã, que veio a tornar-se também, a mais amplamente aceita das confissões de fé protestantes. Ele surgiu na cidade de Heidelberg, Alemanha, a pedido do Eleitor Frederico III, governador entre 1559 e 1576, da mais influente província alemã, chamada Palatinado. Frederico queria um catecismo que fosse conciliador e combinasse o melhor da sabedoria luterana e reformada, que servisse para instruir as pessoas comuns nos elementos básicos da fé cristã. Confiou a importante tarefa a dois homens notáveis: Zacarias Ursinus e Gaspar Olevianus, talentosos teólogos de orientação suíça, ambos muito jovens, mas muito experientes. Ursinus foi nomeado professor de teologia - ele havia iniciado os seus estudos teológicos com Philipp Melanchton (principal colaborador de Martinho Lutero) e também estudou pessoalmente com João Calvino. Olevianus era um protestante reformado francês que também havia estudado com Calvino e apreciava os escritos de Melanchton. Este tornou-se o pastor da principal igreja de Heidelberg. Seus nomes ficariam permanentemente associados ao produto mais influente do movimento reformado alemão - o Catecismo de Heidelberg, publicado no dia 19 de janeiro de 1563. Zacarias Ursinus (1534-1583) nasceu na cidade de Breslau (hoje na Polônia), passou sete anos em Wittenberg (1550-1557) sob a orientação de Melanchton, ao qual se apegara fortemente. Ali ele estudou lógica, dialética e teologia. Gaspar Olevianus (1536-1587) nasceu em Treves, na fronteira de Luxemburgo. Ursinus e Olevianus trabalharam no Colégio da Sabedoria, a escola de teologia criada por Frederico III. Olevianus atuou principalmente como pregador e Ursinus como professor. Nasceu o Heidelberg, uma das peças mais preciosas da herança reformada, e foi publicado sob o título Catecismo ou Instrução Cristã como tem sido transmitida nas Igrejas e Escolas do Palatinado Eleitoral. Uma edição latina publicada em 1563 foi usada como base para várias traduções para o inglês. O Catecismo Palatino, como veio a ser chamado, teve também ampla aceitação na Escócia e depois de sua aprovação e reconhecimento pelo Sínodo de Dort (1618-1619) aumentou grandemente a sua autoridade. A importância do Catecismo de Heidelberg como um guia para a vida cristã é evidenciada pelas suas muitas edições e traduções. Somente nas últimas décadas do século XVI foram feitas quarenta e três edições e traduções. No século XVII, no Brasil, foi traduzido para o tupi, a língua mais falada aqui naquela época. Hoje, seguramente, mais de 200 versões são conhecidas. O Catecismo é uma belíssima exposição da fé calvinista e reformada. São 129 perguntas e respostas, que fazem uma perfeita exposição sistemática da doutrina bíblica, dividida em 52 seções, para ser aplicada uma a cada Domingo. Ele enfatiza três coisas: 1) cada homem necessita saber de sua miserável condição diante de Deus; que está condenado a perdição eterna sob a ira de Deus; 2) ele pode ser salvo dessa condição; como? crendo e confiando unicamente em Jesus Cristo, o Mediador; 3) como ele deve viver como salvo: em total gratidão a Deus, durante toda a sua vida, sempre crescendo mais e mais através dos meios da graça de Deus.

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