Confissão Belga – Artigo 32 - A Ordem e a Disciplina da Igreja

Cremos que os que governam a igreja devem cuidar para não se desviarem do que Cristo, nosso único Mestre, nos ordenou; embora seja útil e bom que, entre eles, se estabeleça e conserve determinada ordem para manter o corpo da igreja.

Por isso, rejeitamos todas as invenções humanas e todas as leis que se queiram introduzir para servir a Deus, mas que venham, de qualquer maneira, comprometer e constranger a consciência. Aceitamos, então, somente o que serve para promover e guardar a concórdia e a unidade e para manter tudo na obediência a Deus.

Esta ordem (caso desobedecida exige a excomunhão), feita conforme a Palavra de Deus, com todas as suas consequências.

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Comentário: Os oficiais têm a responsabilidade de manter a boa ordem na igreja local. Deus lhes deu autoridade para exercer a disciplina cristã sempre que se fizer necessária. E Jesus ensinou como proceder – Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai, e repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão; Mas, se não te ouvir, leva ainda contigo um ou dois, para que pela boca de duas ou três testemunhas toda a palavra seja confirmada. E, se não as escutar, dize-o à igreja; e, se também não escutar a igreja, considera-o como um gentio e publicano. Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no céu – Mateus 18.15-18. Primeiramente o faltoso deve ser repreendido em particular e se ouvir e arrepender-se será perdoado e o caso encerrado. Se, contudo, isso não for suficiente, a situação deve ser trazida aos oficiais e o faltoso deve ser confrontado e admoestado por mais irmãos; e se ainda assim não houver arrependimento, então o caso deve ser levado ao conhecimento da congregação; esta será sua última chance. Se porém não arrepender-se, mas endurecer-se no pecado, então deve ser reprovado e desligado da comunhão da igreja local. Deve-se sempre primar pela restauração do transgressor, mas havendo endurecimento, depois de muitas exortações, tal pessoa deve ser afastada da comunhão dos santos, para o seu próprio bem e da congregação. O desligamento da igreja local é desligamento do Corpo de Cristo e do Céu. Se, depois de excluído, o faltoso arrepender-se, humilhar-se e rogar pelo retorno à comunhão dos santos, ainda pode ser perdoado e readmitido, mas se permanecer no pecado perder-se-á para sempre. O fato é que alguém que encrueceu no pecado não pode continuar na congregação dos santos, nem participar da comunhão do corpo e do sangue de Cristo. O ensino apostólico diz: E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles – Romanos 16.17. E também: Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais. Porque, que tenho eu em julgar também os que estão de fora? Não julgais vós os que estão dentro? Mas Deus julga os que estão de fora. Tirai, pois, dentre vós a esse iníquo 1ª Coríntios 5.11-13. A disciplina eclesiástica é para manter a saúde espiritual da igreja. Corrigir é amar, por isso Deus nos corrige quando pecamos. Fazer vista grossa para com o pecado de alguém não é amar, apoiar alguém que está em pecado não é amor, não segundo a Bíblia, porque quando amamos alguém não queremos que viva no pecado, uma vez que o o salário do pecado é a morte. Quando Deus entrega e abandona alguém no pecado essa pessoa está debaixo da ira e maldição, pois será destruída. Então, disciplinar e corrigir é um elevado ato de amor ao faltoso. Quando os líderes aplicam seriamente a disciplina estão honrando a Deus. Quando não o fazem, estão dando honra aos homens em detrimento da glória de Deus. É, contudo, necessário lembrar que quando alguma igreja começa colocar regras humanas, tradições de homens, usos e costumes, desvia-se do principal que é a piedade. Alguém pode ser muito rígido em questões secundárias e não ser de fato piedoso. Se alguma igreja apegar-se a preceitos humanos pode incorrer numa adoração vã e num culto inaceitável, como disse o Senhor: Mas, em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens – Mateus 15.9. Somos servos de Cristo e do Seu reino, e não da religião dos homens – Estai, pois, firmes na liberdade com que Cristo nos libertou, e não torneis a colocar-vos debaixo do jugo da servidão – Gálatas 5.1. Por isso alguém deve ser disciplinado se houver pecado contra Deus e não por haver quebrado preceitos ou costumes de homens. Entretanto, a disciplina eclesiástica é marca de uma igreja fiel.

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