Confissão Belga - Artigo 16 - Eleição Eterna por Deus
Cremos que Deus, quando o pecado do primeiro homem lançou Adão e toda a sua descendência na perdição, mostrou-se como Ele é, a saber: misericordioso e justo. Misericordioso, porque Ele livra e salva da perdição aqueles que Ele em seu eterno e imutável conselho, somente pela bondade, elegeu em Jesus Cristo nosso Senhor, sem levar em consideração obra alguma deles. Justo, porque Ele deixa os demais na queda e perdição, em que eles mesmos se lançaram.
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Comentário: O lado bom, por assim dizer, da entrada do mal na criação é que o melhor lugar para que a graça, a misericórdia, o amor de Deus se revelem plenamente é este mundo caído. Alguns dos maravilhosos atributos de Deus só podem ser conhecidos plenamente no meio do caos que o pecado criou neste mundo. Foi aqui que o Filho eterno veio para manifestar o maior ato de amor jamais visto. Ele veio para morrer pelos eleitos e salvá-los da condenação eterna que a humanidade sem Deus justamente sofrerá. Um pecador redimido é o único que pode conhecer por experiência própria as dimensões do amor de Deus - “...a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo, que excede todo o entendimento” (Efésios 3.17-19). Apenas um ser que foi redimido pode apreciar devidamente seu Redentor. Por isso também a relação de Cristo com seus redimidos é diferente da que Ele tem com as demais criaturas, incluindo os anjos eleitos, é uma relação descrita como do Noivo Celestial com sua Noiva. Dentre a raça criada e caída, Deus escolheu um povo para si e o redimiu, e quanto aos demais os abandonou justamente às consequências de seus próprios pecados. Os eleitos são um presente do Pai à seu Filho Jesus Cristo - “Assim como lhe deste poder sobre toda a carne, para que dê a vida eterna a todos quantos lhe deste... Eu rogo por eles; não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, porque são teus… Estando eu com eles no mundo, guardava-os em teu nome. Tenho guardado aqueles que tu me deste, e nenhum deles se perdeu, senão o filho da perdição, para que a Escritura se cumprisse” (João 17.2, 9, 12), e tal presente jamais será desprezado – “Todo o que o Pai me dá virá a mim; e o que vem a mim de maneira nenhuma o lançarei fora” (João 6.37). Por isso, e somente por isso, o crente fiel jamais perde sua salvação. Por outro lado, este mundo caído também é o lugar próprio para Deus revelar seu padrão de justiça e seu ódio pelo pecado. Se Deus fosse agir apenas pela Sua justiça ninguém, nenhum filho de Adão, seria salvo, mas todos seriam abandonados na queda e na maldição, justamente. Mas ocorre que todos os seus atributos são revelados na criação: seu poder, sua sabedoria, seu amor, graça e misericórdia, sua justiça e ira santa e assim por diante. Deus não faria nenhuma injustiça se abandonasse todos os homens nos pecados deles; e se desejasse perdoar a todos os homens também poderia fazê-lo; outro tanto, Ele não comete qualquer injustiça quando se propõe a salvar uma parte deles, e deixar os demais seguirem para a condenação. Afinal Ele é o Criador, o Dono de tudo e não deve explicações à quem quer que seja. O ímpio ouve essa doutrina e range os dentes, o santo a ouve, prostra-se e adora.
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